Definição
Royo Marín
“Pode-se definir a consciência escrupulosa dizendo que é aquela que por motivos insuficientes e fúteis acredita que há pecado onde não há, ou que é grave o que é apenas leve” (Teologia Moral para leigos, vol. I, p. 234)
Heribert Jone:
“A consciência escrupulosa, motivada por razões puramente imaginárias, está em constante temor do pecado onde não há, ou do pecado mortal onde só existe venial” (Moral Theology, n.86, p.39).
Salmans:
“É aquela que, por motivos leves, sem causa ou fundamento razoável, muitas vezes teme pecado onde não há.” (Institutiones Theologiae Moralis, vol I, n.55, p. 46)
Especialidade
Muitas vezes, a consciência escrupulosa é confundida com a consciência duvidosa ou com a consciência delicada. Convém, porém, distinguir.
Consciência duvidosa define-se como aquela que “se receia sobre a licitude ou ilicitude de uma ação” (Royo Marin, Sentir com a Igreja, p. 67)
Consciência delicada é aquela que “julga retamente até os menores detalhes” (ibidem).
É comum pessoas de consciência laxa (que se inclina para a inobservância dos preceitos por motivos fúteis ou insuficientes) acusarem pessoas de consciência delicada ou duvidosa de “farisaicas” (consciência farisaica, aquela que julga o pequeno como grande ou grande como pequeno) ou de “escrupulosas”. Para a consciência laxa parecer haver uma proibição psicológica de fazer análises morais profundas ou de duvidar com justiça se uma determinada ação é pecaminosa ou não.
Contudo, o que diferencia a consciência escrupulosa de todas as outras são seus efeitos, sendo o principal a ansiedade. O escrupuloso perde a paz e nunca chega a uma conclusão firme. O duvidoso, por outro lado, não perde a paz, mas opta pela resolução mais segura, provável ou ordinária. O delicado pode até ter labor para encontrar a solução, mas também não sofre. Antes acerta com perícia a conclusão. A consciência delicada, ao contrário da escrupulosa, é altamente desejável e é dever de todo cristão fomentá-la.
Temeridade
É importante que se faça essas distinções, pois há muitos equívocos a respeito. Há pessoas que acusam outras de serem escrupulosas quando, na verdade, estas estão diante de uma situação que pode realmente causar iminente risco de pecado, onde a dúvida e o escrutínio moral são bastante pertinentes, razoáveis e mesmo obrigatórios (Ex: casais irem para motel; casados darem carona sozinhos para colegas de trabalho do sexo oposto; certas roupas de praia e de academia, etc).
É injusto acusar uma pessoa de escrupulosa quando ela se preocupa com uma ação que, por exemplo, uma plêiade de teólogos e autoridades eclesiásticas fizeram juízo negativo. Ademais, ainda que ela tenha verdadeiros escrúpulos com a situação aumentando demais a gravidade, a preocupação pode ser legítima. Neste caso, é necessário verificar se a raíz da dúvida é legítima e tratar com gravidade ou leveza de acordo com a situação.