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Refutação ao Terço da Amizade Social – Mistérios Gozosos

João Paulo II repreende Ernesto Cardenal
Amizade Social: João Paulo II repreende a Ernesto Cardenal em sua visita à Nicarágua em 1983. A CF 2024 nos faz pensar que para praticar a Amizade Social, precisamos denunciar e refutar os hereges da Teologia da Libertação.

Como disse em um ISA NOTÍCAS, postarei neste blog a refutação do Terço da Amizade Social confeccionado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em razão da Campanha da Fraternidade 2024 – Fraternidade e Amizade Social (CF 2024). Mais especificamente, as notinhas “fraternais” que colocaram para envenenar a piedosa prática da recitação do Santo Terço. No post de hoje, analisaremos os mistérios gozosos da CF 2024.

1º Mistério gozoso (Anunciação)

A CF deste ano nos faz pensar que o verdadeiro cristianismo precisa de muito humanismo [1]. Maria de Nazaré, escolhida por Deus para uma tão grande missão, é uma jovem plenamente humana [2]. Com ela aprendemos a virtude da humildade [3]. Rezemos esta dezena com o coração aberto, a fim de acolher o chamado divino e propor percursos de um novo caminho para humanidade [4].

[1] Esta lógica está invertida: é necessário o cristianismo para a purificação do humanismo. Pois é a graça que purifica a natureza humana.

[2] Sim, Maria de Nazaré é plenamente humana, mas mais plenamente é a cheia de graça: gratia plena.

[3] Nossa Senhora é modelo de humildade não porque é humana, mas porque se deixa levar pela graça a que é cheia de graça.

[4] O caminho para humanidade já foi dado. Chama-se: conversão à Igreja Católica e perseverança na vida da graça. É característica da alma revolucionária, não da alma devota, essa “adoração” pelo novo.

2º Mistério gozoso (Visita à Santa Isabel)

A CF deste ano nos faz pensar que, nas sombras de um mundo fechado, no qual a convivência humana está ameaçada, a cultura do encontro e o diálogo serão nosso melhor testemunho [5]. A oração do Terço nos leva à fraternidade e à caridade para com o próximo [6]. Foi isso exatamente o que Nossa Senhora fez ao visitar sua prima Isabel [7]. Um encontro feliz que concretizou o sonho da solidariedade [8]. Sejamos a Igreja da visitação, sempre em saída! [9].

[5] Trata-se de fake news: Aprende-se a convivência humana no seio da família. A família é a educadora natural do ser humano, porque é no seio do amor que se aprende a formar relações amorosas. Encontro e diálogo sem o background das virtudes é incapaz de realizar isso. Só é capaz de fazer avançar o método revolucionário hegeliano, que é o que está por trás dessa pastoralidade modernista.

[6] Depende de quem é o próximo, e depende se a alma está em estado de graça.

[7] Sim. Destacando apenas que Nossa Senhora não tinha pecado, e por isso de fato foi um ato de caridade.

[8] Forçação de barra. Este encontro concretizou a profetização do Evangelho, sendo São João Batista o último profeta da Antiga Aliança, quem teve a incomensurável honra de anunciar o Redentor.

[9] Com essa pastoral moderna e revolucionária? É melhor ser a Igreja Católica que não simplesmente sai, mas sai com a intenção sempre presente de pregar e praticar a Fé.

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3º Mistério gozoso (Nascimento de Jesus)

A CF deste ano nos faz pensar que devemos ser promotores da comunhão universal, de uma nova ordem social, que Jesus, tão humano e tão divino, nos ensinou [10]. Ele é a esperança de todos os tempos e veio habitar entre nós [11]. Na pobreza e simplicidade, o Menino de Belém se revela a nós [12]. A nossa condição humana é o caminho escolhido por Deus para vir até nós [13]. O seu amor redentor muda mentes e corações; convence, renova e nos ajuda a acolher o outro [14].

[10] Ok. Mas a comunhão universal só está presente na conversão das almas, o que inclui a alma de quem está rezando, de modo que se tem pecado deve confessá-lo, à verdadeira Igreja, que é justamente a Católica, visto que fundada por Jesus, tão humano e tão divino.

[11] Ele não é a esperança de todos os tempos. Ele é a esperança para todos os tempos, pois durante este vida terrena, sempre é possível converter-se e mudar de vida conformando-se a Ele. Não é a esperança de todos os tempos, pois há épocas – como a nossa – que claramente resiste à exortação de se arrepender e crer no Evangelho. É Cristo que é a luz para os tempos; e não a luz dos tempos, pois neste caso, presumisse que o tempo está sempre vociferando o que Deus quer, que é o que crê os modernistas revolucionários, os quais creem que a Igreja deve se adaptar ao tempo presente, porque o tempo é a luz de Deus, e não Deus a luz para o tempo, ou seja, tendo sempre que o tempo se conformar a Deus.

[12] Fato histórico incontestável, mas…

[13] Não é a condição humana, é a natureza humana; pois a condição humana está ferida pelo pecado. Dizer que Jesus veio em nossa ‘condição humana’ dá brecha – portanto é inconveniente – para alegar blasfemicamente que Jesus pecou (como ousam dizer muitos hereges, por exemplo, os teólogos pornocráticos ou pensadores freudianos). Mas a inconveniência é método revolucionário. De fato, eles forçam a ambiguidade para poder a longo prazo dizer blasfêmias que a curto prazo seriam de imediato rejeitada

[14] De fato, seu amor redentor muda – termo mais correto seria converte – mentes e corações, convence e renova a alma humana, pois a fé é a adesão de nossa inteligência às verdades reveladas por Deus e a graça purifica nossa natureza e eleva nossa natureza à vida sobrenatural. Porém, quanto a nos ajudar a acolher o outro, vai depender de várias questões prudenciais. Ora, Deus quer acolher a todos no Céu, mas nem todos querem converter-se para ter a recompensa desta graça. Do mesmo modo, é imperativo da caridade querer ajudar os outros a irem para o céu, mas se o outro está fechado, não há acolhida que resolva. Permanece, contudo, a resolução de lançarmos sementes (ou seja, buscar sempre, na medida do possível, fazer o bem). Por todas essas considerações, acolhida é termo temerário para dar orientações pastorais, pois ela por si mesma não é frutífera, depende da vontade do outro de querer mudar de vida.

4º Mistério gozoso (Apresentação de Jesus no Templo)

A CF deste ano nos faz pensar que toda pessoa é valiosa e tem direito de viver com dignidade, em uma abençoada pertença comum. Queremos nos comprometer com a alegria do Evangelho. Consagrados ao Senhor e conduzidos por sua luz, que brilha e ilumina os corações, acolhemos a mensagem de Jesus, reconhecendo-nos todos com alegria irmãos e irmãs que vivem na Casa Comum confiada a nós pelo Pai. [15].

[15] Só tem um detalhe. Embora é correto – e isso deixa claro a Doutrina Social da Igreja – que todos têm o direito de viver com dignidade, esta dignidade, contudo, só é realmente válida numa vida reta, ou seja, afastada do pecado. Com efeito, viver com dignidade significa viver segundo a natureza humana, ou seja, de modo que o obrar seja antecedido pela razão, que a verdade seja a guia da boa ação. Ora, no pecado está a mentira e o erro, e todo obrar pecaminoso é, por definição, um obrar desumano. O acúmulo de más ações engendra maus hábitos, também chamado de vícios. Portanto, os vícios, os quais são adquiridos quando o homem se conforma não ao bem revelado pela verdade, mas pelo pecado instigado pela falsidade ou aparência de bem, o tornam menos digno. E, sendo assim, a luta pela dignidade humana passa, necessariamente, pelo combate contra o pecado, e isto, neste contexto, em âmbito social. Todavia, por fé, sabemos que só a graça é capaz de dar forças ao homem para vencer o pecado. Portanto, a promoção da dignidade humana não se dá pela mal-dita “fraternidade humana”, mas pela “fraternidade cristã” mediante a conversão à Igreja Católica. Em resumo: somente a santidade é fonte de dignidade humana; a santidade só pode ser obtida mediante a cooperação com a graça divina; logo, só há dignidade humana convertendo-se a verdadeira fé. Esta é a doutrina católica, e fora dela não há salvação, nem tampouco esperança de uma sociedade melhor

5º Mistério gozozo (Perda e o reencontro do menino Jesus no Templo, aos doze anos)

A CF deste ano nos faz pensar que “a vida é a arte do encontro” e a amizade social não exclui ninguém [16]. Os processos que conduzem a um novo encontro são muitos necessários no caminho da paz [17]. Ligados à paz estão o perdão e a verdadeira reconciliação [18]. Precisamos procurar Deus em todos os caminhos e em todas as coisas [19]. Cresçamos na fé, na graça divina e em sabedoria [20]. Para isso, [21] rezemos conforme nos ensina o Papa Francisco, para que “Deus prepara os nossos corações para o encontro com os irmãos, independentemente das diferenças de ideias, língua, cultura, religião” [22].

[16] A vida é o corpo animado pela alma; e só há amizade se houver vida de virtude, que é oposta ao vício. Tal frase, portanto, embora soe bonitinha, é sem sentido.

[17] A paz só é possível mediante a boa vontade. Para adquirir boa vontade, é necessário uma vida de virtude. Para haver uma vida de virtude, é necessário o combate aos vícios. O combate aos vícios é, por definição, combater o pecado. Mas até agora, essas orações “A CF deste ano nos faz pensar…” falou de luta contra o pecado? Até a abertura do pokémon mostra saber uma coisa que a pastoralidade moderna passa por cima: “a minha vida é fazer o bem vencer o mal”. Não é possível encontros salutares (pois na vida real e concreta, existem encontros danosos, ou para usar a linguagem da esquerda, encontro tóxicos) e caminho da paz sem o combate ao pecado, primeiro em mim mesmo e depois pela exortação social.

[18] Mas o perdão mais importante e do qual todos os outros são validados é o perdão que inicialmente devemos pedir a Deus mediante o sacramento da confissão.

[19] Sim, por isso o sacramento da Confissão. Sem isso, é cego guiando outros cegos, representação fiel dos pastoralistas modernos.

[20] Esclareçamos: Fé compreende a adesão à integridade da fé católica; graça divina significa ter a alma purificada, mediante o sacramento da Confissão, dos pecados; sabedoria envolve oração – “o temor do Senhor é princípio de sabedoria”.

[21] Lá vem… Qual será o método proposto para que cresçamos em fé, graça e sabedoria?

[22] Era esperado, mais uma fake news. O que está proposto é um meio de indiferentismo religioso e cultural (ditadura do relativismo, para resumir em conformidade com Bento XVI), não um meio para crescer na fé, na graça divina e na sabedoria.

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Augusto Pola Júnior

Vice-presidente do Instituto Santo Atanásio, seu maior interesse de estudo é psicologia (em especial a tomista) e espiritualidade. Possui especialização em Logoterapia e Análise Existencial e em Aconselhamento e Orientação Espiritual.
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