A Homilia de Páscoa (ou sermão pascal), conhecida também por Homilia Catequética, é um sermão de João Crisóstomo (ano 407) lido em voz alta na manhã de Páscoa nas Igrejas Orientais de rito bizantino.

Quem tiver piedade e amor a Deus,
regale-se nesta gloriosa e brilhante festa!

Quem for servo bom,
entre alegre no gozo de seu Senhor!

Quem suportou a fadiga do jejum,
receba agora a sua remuneração!

Quem trabalhou desde a primeira hora,
receba hoje o seu justo salário!
Quem veio após a terceira hora,
festeje com gratidão!
Quem chegou após a sexta hora,
entre sem hesitar, porque não será castigado!
Quem atrasou-se até a nona hora,
venha sem receio; de nada duvidando!
Quem chegou somente na undécima hora,
não tenha medo por causa de sua demora!
O Patrão é generoso,
acolhe o último como o primeiro!
Dá descanso ao obreiro da undécima hora,
como ao que laborou desde a primeira!

Cobre este com sua misericórdia, e aquele com sua graça:
a este dá, àquele perdoa!
Aceita as obras e acolhe a intenção,
recompensa o trabalho e aprova a oferta!
Entrai, pois, todos no gozo de nosso Senhor!

Primeiros e últimos, gozai de vosso salário!
Ricos e pobres, alegrai-vos juntos!
Justos e pecadores, honrai esta jornada!
Vós que jejuastes ou não, regozijai-vos hoje!
A mesa está farta, saciai-vos à vontade!

O vitelo é gordo, que ninguém se retire com fome.
Tomai todos parte no banquete da fé.
Participai todos da abundância da graça!

Que ninguém se queixe de fome,
porque o reino universal foi proclamado.

Que ninguém chore por causa de seus pecados,
porque o perdão jorrou do sepulcro.

Que ninguém tema a morte,
porque nos libertou a todos a morte do Salvador!
Ele destruiu a morte, quando a ela se submeteu.
Despojou o inferno, quando nele desceu.
O inferno tocou sua carne e foi aniquilado.

Foi isto que profetizou Isaías ao clamar:
“O inferno ficou aflito ao encontrar-Te”
Encheu-se de amargor pois foi arruinado;
encheu-se de amargor pois foi menosprezado;
encheu-se de amargor pois foi morto;
encheu-se de amargor pois foi espoliado;
encheu-se de amargor pois foi subjugado.

Agarrou um corpo e encontrou um Deus.
Apossou-se da terra e achou-se defronte ao Céu.
Tomou o que via e caiu no que não via.

Ó morte, onde está o teu aguilhão?
Ó inferno, onde está tua vitória?

Cristo ressuscitou, e tu, ó morte, foste subjugada!
Cristo ressuscitou, e os demônios foram vencidos!
Cristo ressuscitou, e os anjos rejubilaram-se!
Cristo ressuscitou, e a vida foi restituída!

Cristo ressuscitou, e nenhum dos mortos ficou nos sepulcros;
porque Cristo, ao ressuscitar dos mortos,
tornou-se primícias de todos os que dormem.

A Ele a glória e o poder pelos séculos dos séculos. Amém.