Encerrando a série “Refutação ao Terço da Amizade Social” criado pela CNBB na Campanha da Fraternidade 2024, hoje analisaremos os mistérios gloriosos.
1º Mistério glorioso – Ressurreição de Nosso Senhor
A Campanha da Fraternidade (CF) deste anos nos faz pensar que é possível um caminho de paz. Na verdade, ele é urgente e necessário para que conheçamos um desenvolvimento humano integral. Como nos recorda o Apóstolo Paulo na leitura que acabamos de ouvir, devemos estar firmes na vivência do Evangelho. A Ressurreição de Jesus é a convicção que fundamenta a nossa fé. A nossa confiança em Deus nos dá a certeza de que, quem segue Jesus, não acaba na cruz; mas, como Ele, vence a morte! O mal e a morte são derrotados. Cada irmão que se levanta neste processo de iluminação, de transformação e de santificação pelo qual passamos na vida, é a imagem da Ressurreição acontecendo. Nas aparições, a saudação do Ressuscitado é sempre o desejo da paz. Não realizaremos o desejo da paz se não ressurgirmos do ódio, da divisão e da indiferença [1].
[1] É isso aí. Jesus é ao mesmo tempo fonte de união e de paz. Fora de Cristo, só há falsa união e falsa paz.
2º Mistério glorioso – Ascensão de Jesus ao Céu
A CF deste ano nos faz pensar que o enfraquecimento dos valores espirituais, tão presente nas sombras de um mundo fechado, nos inquieta. Como pessoas de fé, seguidoras de Jesus, e como líderes religiosos, somos chamados a ser verdadeiras pessoas de diálogo [2], a agir na construção da fraternidade e da amizade social [3]. A Ascensão de Jesus já é nossa vitória [4]. Não vamos desistir, podemos ser melhores na dinâmica da cultura do encontro, que passa pelo caminho da proximidade [5]. Ele não se distanciou. Ele está no meio de nós, é Deus conosco, nos quer vivendo assim, em estado permanente de missão, em vista de uma sociedade justa, fraterna e solidária [6].
[2] A missão dos seguidores de Jesus não é necessariamente dialogar (embora muitas vezes seja aconselhável), mas testemunhar o Evangelho (a Boa Nova de que Jesus é o Filho de Deus, e meio para salvação de nossa alma através de sua Igreja).
[3] A agir em pró da salvação das almas. Fraternidade e amizade social não é garantia da salvação eterna.
[4] É a vitória dos que morrem em estado de graça.
[5] Cultura do encontro é um conceito vago, para não dizer vazio. Existem encontros vãos e infrutíferos.
[6] Jesus quer que vivamos com Ele em estado permanente de GRAÇA, cujo efeito – e a missionariedade é um deles – terá como reflexo o aumento da justiça e do amor em nosso entorno! E talvez, quem sabe, a partir do nosso entorno a sociedade possa ficar menos pior.
3º Mistério glorioso – Vinda do Espírito Santo sobre o Apóstolos
A CF deste ano nos faz pensar que todos recebemos a força do Espírito Santo que “foi derramado em nossos corações” (Rm 5,5) [7]. Iluminados por Ele, busquemos nos entender pela linguagem universal do Amor. O Espírito Santo é o Amor de Deus, é Criador, é a Força que vem do alto, é a Sabedoria divina [8]. Caminhando juntos, à luz deste Espírito e movidos por Ele, somos capazes de amar até os nossos inimigos [9]. Animados por Ele, discerniremos o caminho da felicidade e da valorização de sua presença em cada pessoa [10].
[7] Todos podem receber a força do Espírito Santo no coração, mas só quem está em estado de graça tem efetivamente o Espírito Santo no coração.
[8] O que significa que a linguagem do amor exige que sejamos dóceis na recepção da Sabedoria divina, o que está longe de ser a construção de uma “fraternidade humana” cheia de “ternura e afagos”.
[9] De fato. O Espírito Santo nos dá tanto a força para resistir aos inimigos quanto o desejo de que o inimigo se converta e passe a ser aliado de Deus (deixando assim de ser inimigo, e tornando-se aliado).
[10] O Espírito Santo só está presente na pessoa batizada e que está em estado de graça.
4º Mistério glorioso – Assunção de Maria ao Céu
A CF deste ano nos faz pensar que, na virtude da esperança, fazemo-nos peregrinos. Elas nos faz olhar para além das comodidades pessoais. Ela não nos deixa cair em desencanto. O que nos une é bem mais forte. É preciso estender a mão, compreendermo-nos no plural: nós e nosso, pois temos “um só Deus e Pai, e somos todos Irmãos”. “Ser irmãos” é o coração do Evangelho, o sentido pleno pleno da fraternidade que une a todos [11]. Contemplando o coração materno de Nossa Senhora e praticando as mesmas virtudes dessa Discípula exemplar, não deixemos o desânimo tomar conta, construamos um mundo melhor, pois a plenitude nos espera [12].
[11] Novamente, os irmãos são todos os batizados e que mantém a fé íntegra da Igreja Católica. Fora disso, é falsa fraternidade humana da maçonaria.
[12] Para construir um mundo melhor, é necessário antes “construir” uma alma melhor. E a plenitude nos espera não nesse “mundo melhor”, pois aqui estamos num vale de lágrimas, mas no Reino dos Céus.
5º Mistério glorioso – Assunção de Maria ao Céu
A CF deste ano nos faz pensar que Nossa Senhora é a primeira de nós na peregrinação da fé, mulher feliz e bendita, porque acreditou. Uma nova cultura em favor da dignidade de toda pessoa humana nasce da fé em Deus, que é Pai de todos e Deus da Paz [13]. Por isso, é predominante o estilo mariano na ação evangelizadora da Igreja, que se entende como uma casa com as portas sempre abertas, porque é mãe. Que a Virgem Maria nos dê a graça da perseverança na “Fraternidade e Amizade Social” [14] e na nossa “vocação para formar uma comunidade feitas de irmãos que se acolhem mutuamente e cuidam uns dos outros” (Fratelli Tutti, n. 96)
[13] Deus só é Pai de quem é batizado. E Deus só é Paz para quem permanece obediente à fé, em estado de graça.
[14] O católico pede a intercessão de Nossa Senhora para que ela dê a graça da perseverança final, cuja base é Deus! Já fraternidade e amizade social são projetos humanos que, sem necessariamente pressupor a graça divina, são como construir sobre a areia (cfr. Mt 7).