A partir do Instrumentum Laboris do Sínodo da Amazônia, José Antonio Ureta comenta em vídeos as rupturas que vão tentar ser emplacadas:
A primeira ruptura – e a mais importante – é a ruptura teológica. Na verdade, o Instrumentum Laboris é baseado na teologia índia, que é uma reciclagem da teologia da libertação. A teologia da libertação não considera a Deus como um Ser transcendente que se revela, que na Bíblia e na Tradição nos ensina certas verdades que o espírito humano não consegue conhecer por si, mas que, pelo contrário, Deus é um ser imanente na história, sendo nos movimentos sociais que Deus está presente. Tradicionalmente, pela inspiração marxista da Teologia da Libertação, esses movimento sociais eram considerados bons (os partidos políticos, MST, movimentos populares, etc.). Com o tempo, houve o desprestígio dos movimentos de esquerda pelo colapso da União Soviética e pela condenação da teologia da libertação pelo Vaticano em 1984. A teologia da libertação caiu no total desprestígio. Então o que fizeram? Eles se reciclaram. Em vez de adotar essas correntes revolucionárias marxistas como forças propulsoras, passaram a diversificar aquilo que eles chamam de classes exploradas, que no caso seriam os índios e a própria natureza. Daí nasceu a teologia índia. O que a teologia índia diz? Diz que, na realidade, Deus já se revelou a esses povos indígenas, 2000 mil anos de história, e que nos mitos e na cosmovisão que eles têm do mundo é que se encontra uma revelação própria para eles e, portanto, os missionário não tem que ir para a Amazônia pregar o Evangelho, pois isso seria destruir a cultura ancestral dentro da qual eles vivem e a partir da qual eles vêem as realidades religiosas e sobrenaturais. E isso inclui, evidentemente, o respeito pelos pajés, pelas cerimônias de magia, etc.
Como na cosmovisão indígena a natureza é sagrada e eles veneram os espíritos do rio, o espírito da montanha, o espírito da árvore, o espírito dos animais, o que na realidade é uma visão panteísta de Deus, onde Deus não é transcendente, mas está imerso na natureza e, além do mais, politeísta, porque são vários deuses os diferentes espíritos que governam. Então aceitar a cosmovisão dos povos originários é renunciar ao cristianismo e aceitar as religiões pagãs sobre as quais o Evangelho triunfou. Na Bíblia está escrito expressamente que os deuses dos pagãos são demônios e os missionários que há séculos catequizaram os índios, falam que nessas cerimônias de curandeiros há um elemento diabólico.
Então a maior ruptura que o Instrumentum Laboris, aparentemente o trabalho do sínodo, representaria para a Igreja é mudar da Teologia Cristã, baseada no Deus criador do universo e transcendente ao mundo, e adotar uma teologia pagã e panteísma pela qual Deus está imerso na natureza.
Além desta ruptura, Ureta ainda menciona a ruptura antropológica (o homem como um ser preso a sua própria cultura, portanto não é preciso batizá-lo – “fora da cultura não há salvação” – ou seja, regime de apartheid, os índios não devem ser civilizados, mas permanecer folclóricos); ruptura social (exaltação ao coletivismo da vida tribal, não há nada de individual e tudo deve ser feito por consenso social. Joga-se fora a individualidade do homem que, em sua liberdade, precisa, valendo-se do social, desenvolver suas próprias potências). Por fim, ruptura ecológica (o homem deixa de ser criado a imagem e semelhança de Deus, com domínio sobre a natureza, para ser apenas um mero elemento dentro cadeia ecológica e, portanto, deve estar ao serviço da natureza, renunciando a parte racional em favor da animal).