Se queremos saber como Nosso Senhor se digna recompensar, na morte, aqueles que amam seu Divino Coração, basta lermos a narração dos últimos momentos da Senhora de Angelis, jovem Romana, que morreu a 30 de maio de 1869.
A 28 de maio, ela recebeu o Santo Viático, durante a ação de graças, ela apertou por muito tempo sobre o peito a imagem do Coração de Jesus, falando-lhe com tal ternura, que julgaram-na arrebatada em êxtase:
Oh! Como estou contente, como sou feliz, ó meu Jesus, por ser chegado o momento de me ir para junto de vós! Oh! Quanta consolação sinto! Sabeis, ó meu Deus, quanto vos amo.
Tendo mandado chamar seu irmão mais velho e seu sobrinho, falou-lhes com zelo apostólico sobre a importância da salvação, o apego à Igreja, a assistência quotidiana à Santa Missa, a fugida das más companhias. Tendo-lhe seu confessor dito que ela iria logo para o paraíso, exclamou:
Ó meu pai! Que doce palavra! O paraíso! Vou para o paraíso! Vou enfim ver meu Jesus, unir-me à Maria, minha boa Mãe. Sim, vou para o paraíso.
Ela se pôs então a beijar mil vezes a imagem do Coração de Jesus, depois a de Maria e a de São José.
Em verdade – dizia ela – não sou mais deste mundo, estou no Coração de Jesus sob o manto de Maria. Oh! Como sou feliz! Nunca esperei ser tão consolada nos meus últimos momentos.
Em meio das mais violentas dores, ela falava a Nosso Senhor com a maior ternura:
Vinde, vinde já, ó meu Jesus! Quanto me tarda unir-me a vós! Oh! Quão amável sois, Senhor! Quão alegre paraíso é o vosso Coração! Ah! Quando verei o rosto tão arrebatador de meu Jesus? Quando beijarei suas mãos, seus pés, seu Divino Coração? Sim, este Coração, cujo amor para comigo é sem limites, este Coração, que será minha morada eterna, este Coração tão cheio de doçura e amabilidade!
Enfim, tendo nas suas mãos a imagem do Coração de Jesus e olhando-a com ternura, repetiu muitas vezes:
Jesus! Jesus! Jesus!
E deu tranquilamente sua alma a Deus. Todos os que a conheceram concordaram em proclamar que sua bem-aventurada morte foi o fruto de sua devoção verdadeiramente extraordinária ao Sagrado Coração de Jesus.
Trecho do livro Sagrado Coração de Jesus segundo Santo Afonso Maria de Ligório