A História escondida por trás de Traditionis Custodes
“Porque não há nada oculto que não venha a ser revelado e nada escondido que não venha a ser conhecido e trazido à luz” (Lc 8,17).
Às vezes as coisas não são o que parecem. E às vezes existem duas “realidades”: uma que é manifestada oficialmente por aqueles que estão no poder, e outra que nós descobrimos ser a verdadeira.
Quando, em 16 de julho de 2021, o Papa Francisco promulgou Traditionis Custodes, restringindo a Missa em Latim Tradicional, disse que, de acordo com os resultados de uma consulta recente do Vaticano aos bispos, as normas de seus predecessores, Papa João Paulo II e Papa Bento XVI, tinham sido exploradas por alguns que assistem à Missa em Latim para semear discórdia em relação ao Concílio Vaticano Segundo.
Na carta apostólica, o Papa Francisco escreve a respeito da pesquisa aos bispos:
Em linha com a iniciativa do meu Venerável Predecessor Bento XVI de convidar os bispos a avaliarem a aplicação do Motu Proprio Summorum Pontificum três anos após sua publicação, a Congregação para Doutrina da Fé organizou uma ampla consulta em 2020. Os resultados foram cuidadosamente considerados à luz da experiência adquirida nesses anos.
Ele prossegue:
Tendo considerado os desejos expressados pelo episcopado e tendo ouvido a opinião da Congregação para Doutrina da Fé, eu agora desejo, com esta Carta Apostólica, prosseguir ainda mais na constante busca pela comunhão eclesial. Por isso, considerei apropriado estabelecer o seguinte:
Então o Papa Francisco passa a delinear as novas restrições à Missa Tradicional em Latim.
Junto com o decreto, o Papa Francisco também publicou uma carta de acompanhamento dirigida aos bispos do mundo. Introduziu-a fazendo notar que, do mesmo modo como Bento XVI havia feito com a Summorum Pontificum em 2007, ele também queria explicar “os motivos que levaram a [sua] decisão” de restringir a Missa Tradicional em Latim.
O primeiro dentre estes motivos – diz – são os resultados da pesquisa enviadas aos bispos de todo o mundo pela Congregação para Doutrina da Fé (CDF). Explica Papa Francisco:
Instruí a Congregação para Doutrina da Fé a distribuir um questionário aos bispos para avaliar a implementação do Motu proprio Summorum Pontificum. As respostas revelam uma situação que me preocupa e entristece e que me persuade da necessidade de intervir. Lamentavelmente, o objetivo pastoral dos meus Predecessores, que tentaram “fazer todo o possível para garantir que todos aqueles que verdadeiramente possuíssem o desejo por unidade encontrassem a possibilidade de permanecer nesta unidade ou de redescobri-la novamente”, foi muitas vezes gravemente desconsiderada. Uma oportunidade oferecida por São João Paulo II e, com ainda mais magnanimidade por Bento XVI, destinada a recuperar a unidade de um corpo eclesial com sensibilidades litúrgicas diversas, foi explorada para alargar as lacunas, reforçar as divergências e encorajar discordâncias que ferem a Igreja, bloqueia seu caminho, e a coloca em perigo de divisão.
Baseado nesses resultados, Papa Francisco conclui que:
Em defesa da unidade do Corpo de Cristo, sou forçado a revogar a faculdade concedida pelos meus Predecessores. O uso distorcido que tem sido feito desta faculdade é contrário às intenções que levaram a conceder a liberdade para celebrar a Missa com o Missale Romanum de 1962.
Mais adiante, na carta de acompanhamento, há ainda outra referência feita aos resultados do questionário. Papa Francisco diz:
Respondendo a suas requisições, eu tomei a firme decisão de abrogar todas as normas, instruções, permissões e costumes que precedem o presente Motu proprio, e declaro que os livros litúrgicos promulgados pelos santos Pontífices Paulo VI e João Paulo II, em conformidade com os decretos do Concílio Vaticano II, constituem a única [unica] expressão da lex orandi do Rito Romano
Segundo o Papa Francisco, portanto, a consulta aos bispos desempenhou um papel fundamental na sua decisão de restringir severamente a Missa Tradicional. Conforme ele mesmo disse, os resultados “preocuparam-no” e “entristeceram-no” tanto, que o “persuadiram” a “intervir”. Então ordenou que o decreto tivesse efeito imediato.
Após a promulgação de Traditionis Custodes, seguiu-se uma considerável especulação em torno da pesquisa, mas o Vaticano não publicou seus resultados.
O Superior da CDF se manifesta
Quatro dias depois, em 20 de julho de 2021, apareceu uma entrevista da Catholic News Service no National Catholic Reporter e na America Magazine na qual um superior da CDF, o Arcebispo Augustine Di Noia, que trabalha como secretário adjunto na Congregação para Doutrina da Fé, expressou seu apoio à narrativa oficial apresentada pelo Papa Francisco. Di Noia insistiu que a carta de acompanhamento do Papa “destemidamente mata a cobra e mostra o pau: o movimento em pró da Missa em Latim Tradicional sabotou as iniciativas de São João Paulo II e Bento XVI para seus próprios fins”.
Surgem questionamentos
Mas Traditionis Custodes reflete verdadeiramente a situação real? A pesquisa sobre a qual o Papa Francisco disse ter baseado sua decisão foi uma consulta justa aos bispos de todo o mundo? Esta consulta poderia ser considerada justa se parte do conteúdo de Traditionis Custodes já tivesse sido sugerido durante uma plenária da CDF, ao fim de janeiro de 2020, originando uma consulta que se destinava a justificar as decisões a serem tomadas em Traditionis Custodes? Poderia ser chamada de justa se viesse à luz a existência de um segundo relatório paralelo criado dentro da Congregação para Doutrina da Fé, o qual foi concluído antes que todas as respostas dos bispos tivessem sido recebidas pela CDF? E poderia ser chamada de justa se Traditionis Custodes não representasse com precisão o relatório principal preparado para o Papa Francisco pela quarta seção da CDF, ou seja, a antiga Ecclesia Dei? Muitas pessoas, de fato, sabiam que este relatório estava sendo preparado.
Examinemos o que agora veio à luz a respeito de cada uma dessas três questões.
A Sessão Plenária de 2020
Sobre nossa primeira questão: Faria sentido pensar que Traditionis Custodes foi somente o resultado da consulta com os bispos de todo o mundo, quando agora se sabe que no fim de janeiro de 2020 houve uma sessão plenária da Congregação para Doutrina da Fé onde três cardeais já tinham oferecido a base para o Motu Proprio de 16 de julho de 2021?
Na tarde de 29 de janeiro de 2020, uma sessão plenária foi realizada para discutir a quarta seção da Congregação para Doutrina da Fé, que foi formalmente conhecida como Comissão Pontifical Ecclesia Dei. Na ocasião o Prefeito da Congregação da Doutrina da Fé, Cardeal Luis Ladaria, SJ, não estava presente devido a motivo de doença.
Antes de prosseguir, devo dizer que é bem conhecido o fato do Cardeal Ladaria estar “relutante” quanto a publicar Traditionis Custodes. Diz-se dele que é um homem bom, extremamente discreto, mas que certamente não iria ficar contra os desejos do Santo Padre.
Na ausência do Cardeal Ladaria, a assembleia foi liderada pelo secretário da CDF, Arcebispo Giacomo Morandi. Morandi, alguns podem até lembrar, foi nomeado como subsecretário em 2015, antes da remoção de três funcionários que estavam sob comando do Cardeal Muller. Quando Cardeal Muller foi “deposto” em 2017, e Cardeal Ladaria foi nomeado Prefeito, Morandi foi promovido a secretário.
Também estavam presentes na sessão plenária de 29 de janeiro de 2020 outros membros da CDF, incluindo o Secretário de Estado do Vaticano, o Cardeal italiano Pietro Parolin; o cardeal canadense Marc Ouellet, prefeito da Congregação para os Bispos; o cardeal italiano Giuseppe Versaldi, prefeito da Congregação para a Educação Católica; o cardeal Beniamino Stella, então prefeito da Congregação para o Clero, os cardeais americanos Sean Patrick O’Malley e Donald Wuerl; o arcebispo italiano Rino Fisichella, presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização; o arcebispo Charles Scicluna de Malta, que atua como secretário adjunto da CDF; o cardeal francês Jean-Pierre Ricard, o arcebispo francês Roland Minnerath e outros. O Papa não estava neste tipo de reunião.
Segundo fontes confiáveis, Cardeal Parolin, Cardeal Ouellet e Cardeal Versaldi estavam liderando a discussão e conduzindo-a para uma direção definida.
Para dar um aperitivo sobre o que foi dito, um cardeal – que é mais considerado “acólito” do que líder de gangue – expressou certa preocupação por aproximadamente 13 mil jovens terem se inscrito para a peregrinação de Chartres. Ele disse que era necessário ir a fundo para descobrir por que esses jovens eram atraídos pela Missa Tradicional, e explicou aos demais presentes que muitos desses jovens tinham “problemas psicológicos e sociológicos”. O cardeal em questão é especialista em direito canônico e em psicologia, por isso suas considerações sobre “problemas psicológicos” foram recebidas com maior peso, principalmente pelos bispos e cardeais que não estão familiarizados com os círculos em torno da Missa Tradicional em Latim ou da Missa em Latim.
Outro cardeal disse que, da pouca experiência que tinha, “esses grupos não aceitam mudanças” e “participam sem concelebração”. A CDF deveria, portanto, solicitar um “sinal concreto de comunhão, de reconhecimento da validade da Missa de Paulo VI”, e insistiu acrescentando que “não podemos continuar assim”. Ele reforçou a preocupação de que esses grupos atraem jovens e solicitou que fossem encontrados meios concretos para demonstrar que essas pessoas estão na Igreja.
Um Arcebispo Italiano disse que era a favor da CDF não realizar discussões com a FSSPX, porque “não existe diálogo com surdos”. Ele lamentou do Papa Francisco ter dado concessões à FSSPX no Ano da Misericórdia, mas não ter recebido nada em troca.
A reunião de uma hora e meia terminou com a seguinte frase: “A tradição é a fé viva dos mortos. O tradicionalismo é a fé morta dos vivos”.
Apesar das várias observações feitas nesta sessão plenária – que, novamente, durou cerca de uma hora e meia – houve somente uma conclusão que se manteve nas propostas finais oferecidas ao Santo Padre. Qual foi? Estudar cuidadosamente a eventual transferência de competência sobre os Institutos da Ecclesia Dei e dos assuntos referentes a Quarta Seção para outros discatérios do Vaticano que lidam com assuntos do tipo: a Congregação para o Culto Divino, a Congregação para Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica (também conhecida como Congregação para os Religiosos) e a Congregação para o Clero.
Nos artigos 6 e 7 da Traditionis Custodes, o Papa Francisco estabelece as seguintes normas:
Art. 6: Institutos de vida consagrada e Sociedades de vida apostólica erigidos pela Comissão Pontifical Ecclesia Dei passam a estar sob a competência da Congregação para Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica.
Art. 7: A Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos e a Congregação para Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica, para assuntos de sua competência particular, exercem a autoridade da Santa Sé no que diz respeito à observância destas disposições.
Tenha em mente que o questionário foi enviado cinco meses depois, em maio de 2020. É desconhecido quem escreveu as perguntas.
Ao que parece, a bola já estava sendo rolada na sessão plenária dos fins de janeiro de 2020.
Um Segundo Relatório Paralelo
Eis a nossa segunda questão: A consulta poderia ser chamada de justa se viesse à luz a existência de um segundo relatório paralelo criado dentro da seção doutrinal da Congregação para Doutrina da Fé, o qual foi completado antes de que todas as respostas dos bispos fossem recebidas pela CDF?
Fontes confiáveis confirmaram que, enquanto o relatório principal estava sendo preparado, superiores da CDF encomendaram um segundo relatório com objetivo de garantir que o relatório principal refletisse o feedback dos bispos. A Congregação precisava ter certeza de que o relatório principal não apresentaria as conclusões usais, por exemplo, que a Missa Tradicional é um elemento positivo na vida da Igreja, etc., etc., etc. O segundo relatório foi faturado como uma espécie de segunda opinião, uma checagem do relatório principal. Para isso, os superiores da CDF encarregaram um funcionário pertencente à sessão doutrinal para escrever seu próprio relatório.
É importante ter em conta que as respostas chegariam por carta ou e-mail, ou através das nunciaturas e conferências episcopais.
Revisando a linha do tempo sobre como as coisas se desenrolaram: A sessão plenária acima referida foi realizada em janeiro de 2020. O questionário foi enviado em maio do mesmo ano. Os bispos tinham até outubro de 2020 para responder, mas como é usual em Roma, as respostas continuaram a chegar até janeiro de 2021, e todas elas foram recebidas, revisadas e consideradas para o relatório principal.
Em relação ao segundo relatório paralelo, não se sabe se foi dito ao funcionário escalado para escrevê-lo para que chegasse a certas conclusões.
O que é certo é que, segundo me foi relatado, o segundo relatório paralelo foi solicitado por volta de novembro de 2020 e terminado antes do Natal. No entanto, nesta altura do campeonato, a CDF ainda estava recebendo e processando as repostas da pesquisa, e continuou fazendo isso até janeiro de 2021. Portanto, o segundo relatório certamente estava incompleto, e também provavelmente superficial, uma vez que foi rapidamente finalizado levando-se em conta o volume de material a ser analisado e o fato dos materiais estarem sendo recebidos em quatro ou cinco idiomas diferentes.
Eis que dois relatórios foram preparados. Um deles estava melhor ajustado para que certa agenda fosse escolhida como base para a Traditionis Custodes? Ou aqueles que estavam no comando – percebendo que o material que chegava à CDF não refletia nem justificava o que aqueles que pressionavam por restrições queriam aprovar – encomendaram o segundo relatório, concluindo-o em menos de um mês, para que uma espécie de texto paralelo pudesse ser oferecido ao Santo Padre?
É desconhecido se o Papa Francisco leu o segundo relatório, ou se o recebeu antes ou depois do relatório principal. Isso foi mantido em silêncio.
Mas o que veio à luz, e o que veremos na questão a seguir, é que Traditionis Custodes não refletiu as premissas ou conclusões do relatório principal detalhado. Portanto, fica o questionamento: reflete as premissas e conclusões de outro relatório? Este outro poderia ser o segundo relatório? Ou talvez poderia não ter refletido a conclusão de nenhum relatório, senão elaborado de outra forma?
O Relatório Principal
Agora a nossa terceira questão: Poderia ser considerado justo se Traditionis Custodes não representasse com precisão o relatório principal e detalhado preparado para o Papa Francisco pela Congregação para Doutrina da Fé?
Anteriormente eu fiz referência a uma entrevista feita com o secretário adjunto da CDF, Arcebispo Augustine Di Noia, que foi publicada no dia 20 de julho de 2021, apenas quatro dias depois da promulgação de Traditionis Custodes.
Insistindo que falava “como um teólogo”, e não como um funcionário da CDF, o Arcebispo Di Noia colocou a si próprio como distante do questionário, dizendo que não tinha os resultados. Ele também minimizou a importância da consulta, dizendo do Papa que a “razão para abrogação de todas as disposições anteriores nesta área não foi baseada nos resultados do questionário, mas somente ocasionada por eles”. Uma formulação bastante estranha, dada as próprias explicações do Papa Francisco sobre seus motivos.
O artigo foi apresentado como resumo de uma correspondência por e-mail ou telefone, então talvez o Arcebispo Di Noia não tivesse o relatório em sua mesa enquanto falava pelo telefone ou respondia o e-mail. Porém, como superior da CDF, é impossível, é inconcebível que ao menos não tivesse acesso ao relatório esboçado pela Congregação para Doutrina da Fé. Não é preciso ser um Einsten para se dar conta disso.
Poderia uma pessoa dizer “como teólogo, eu não tenho os resultados” quando, como superior da CDF, deveria ter recebido uma cópia antecipada e estado presente quando o relatório preliminar foi revisado? O resumo do relatório foi visto na forma de minuta por alguns da CDF.
Por outro lado, o artigo também afirma que o Papa Francisco “provavelmente consultou ou pelo menos enviou cópias preliminares do documento ao Papa Bento aposentado”. Disseram-me que o artigo que publiquei em Remnant em 1 de junho de 2021, seis semanas antes da promulgação de Traditionis Custodes, e que descrevia o conteúdo do primeiro e do terceiro esboços, foi entregue ao Papa Bento XVI. Uma fonte confiável me disse posteriormente que o papa emérito ficou “chocado” com meu artigo. Por isso é difícil acreditar que ele tenha sido consultado de alguma maneira.
Foi entregue o relatório principal ao Papa Francisco? Fontes dizem que, durante uma audiência com o Prefeito da CDF, Cardeal Ladaria, o Papa Francisco literalmente puxou a cópia do relatório em progresso de suas mãos, dizendo que queria vê-lo imediatamente por conta de sua curiosidade sobre ele. Mas que o Papa Francisco tenha realmente lido o relatório principal, não se sabe.
Conteúdos do Relatório Principal à Luz da Consulta
É de meu conhecimento que o relatório principal foi bastante completo e foi divido em várias seções. Uma parte foi bastante analítica, realizado a análise de diocese por diocese, país por país, região por região, continente por continente, com gráficos analíticos e gráficos circulares. Outra parte foi um resumo de todas as argumentações apresentadas, junto com recomendações e destaques. E é do meu conhecimento que uma parte do relatório continha citações tomadas das respostas que chegaram das dioceses individuais. Esta coletânea de citações seria incluída para dar ao Santo Padre uma amostra geral do que os bispos disseram.
Eu relatei em junho que somente um terço dos bispos do mundo responderam a pesquisa. Pode-se argumentar que esta não é uma má representação, uma vez que não se deveria esperar pela resposta de muitos países, por exemplo, onde as liturgias Bizantinas e Orientais são celebradas.
Naquelas regiões onde a Missa Tradicional foi mais difundida (isto é, França, Estados Unidos e Inglaterra) a situação é muito favorável. A CDF recebeu 65-75% de respostas desses países, e a porcentagem foi mais de 50% favorável. Isso estaria constatado no relatório principal.
NO resumo do relatório também constataria que muitos frutos estavam nascendo da Missa Tradicional.
O que uma pessoa de bom senso tiraria deste relatório principal? Que uma razoável maioria de bispos, usando diferentes palavras e de diferentes formas, basicamente estavam enviando a mensagem: “Summorum Pontificum vai bem. Não mexam nele”. Certamente não teria sido 80% os que se expressaram desta maneira. Mas mais de 35% dos bispos teriam dito “Não mexam em nada, deixe tudo como está”. Além disso, outra porcentagem de bispos teria dito: “Basicamente, não mexam nisso, mas haveria uma ou duas coisas que eu sugeriria, como bispo, para ter um pouco mais de controle”. Até mesmo os bispos que deram as repostas mais positivas no questionaram fizeram este tipo de comentários ou sugestões.
Ao todo, então, de mais de 60% a dois-terços dos bispos manteriam as coisas como estavam, talvez com algumas pequenas modificações. A mensagem foi basicamente para que deixasse a Summorum Pontificum em paz, e que continuasse com uma prudente e cuidadosa aplicação.
O relatório principal falou de áreas onde há espaço para melhoramento, como mais treinamento nos seminários. Alguns bispos falaram da necessidade de haver mais treinamento na Forma Extraordinária, e da importância para o bem da liturgia em geral. Alguns bispos falaram da necessidade de mais Latim. Em vez disso, como vimos em Traditionis Custodes, o oposto foi decretado.
Também sei que o que realmente aconteceu é que tudo o que foi secundário no relatório principal foi projetado como problema principal, sendo expandido e ampliado de maneira extremamente desproporcional. Considere o problema da unidade. A falta de unidade, tomada daquilo que os bispos disseram, vinham de ambas as direções, não somente dos grupos tradicionais.
Alguns bispos – embora eles próprios não celebrassem a Missa Tradicional – disseram que estão felizes com o fato de os fiéis terem um lugar para ir. Eles disseram que, fora os malucos que podem ser encontrados nos círculos tradicionais – e igualmente, se não mais, em qualquer lugar – geralmente esses grupos são formados por jovens casais com muitos filhos. Eles rezam, eles ajudam a paróquia e a diocese financeiramente, eles estão ativamente envolvidos com a vida paroquial e diocesana. Eles são bem formados e apreciam boa música. Comentários muito positivos.
Novamente, em relação à formação no seminário, alguns bispos disseram que desejavam que houvesse uma maior presença da Forma Extraordinária da Missa em seus seminários e entre os padres mais jovens, mas eles não podem fazer mais do que fazem atualmente, porque os padres mais velhos, especialmente aqueles que viveram a transição de antes para depois do Vaticano II, poderiam gerar o caos na diocese. Esses padres mais velhos veriam que algo em que estiveram intensamente envolvidos, que lhes foi apresentado como uma espécie de vitória, estaria sendo retomado pelos padres mais jovens e por um bispo apoiador, mais apoiador da tradição do que do objeto de sua vitória. Este tipo de resposta, embora em pequena porcentagem, não se limitou a uma localização geográfica.
Curiosamente, na Ásia, alguns bispos disseram que têm problema com o Latim, porque é oriundo de uma região diferente, o que é completamente compreensível. Eles efetivamente disseram à CDF: “Nós ficaríamos muito felizes se alguém de Roma viesse e ensinasse nossos padres, assim eles poderiam celebrar a Forma Extraordinária. Em nosso seminário, nós não a temos porque os padres não sabem Latim e não sabem como celebrá-la. Ficaríamos felizes se eles soubessem, pois aumentaria a oração e a devoção”. Mas tudo isso desvaneceu, não recebendo nenhuma menção na Traditionis Custodes.
Obviamente que alguns bispos fizeram comentários negativos, mas fontes confiáveis disseram que nem as respostas, nem o relatório principal, foram predominantemente negativos.
A situação verdadeiramente trágica, foi me dito, está na Itália. Em muitas dioceses, além de lugares como Roma, Milão, Nápoles e Gênova, e talvez mais alguns poucos, o Summorum Pontificum mal foi, se é que foi, implementado. Mesmo assim, muitos bispos, que não possuem conhecimento prático da implementação do Summorum Pontificum, responderam em termos ideológicos, dizendo (e eu parafraseio): “Não pode haver. Não reflete o Vaticano II”.
Há inclusive razão para acreditar que alguns bispos italianos combinaram suas respostas. A Itália tem aproximadamente 200 bispos, num espectro que representam regiões muito diferentes. Eles são de diferentes regiões geográficas, de diferentes seminários e universidades, e de diferentes experiências de formação sacerdotal. Mesmo assim, muitos deles usaram a mesma na frase em suas respostas: “retorne ao regime pré-Summmorum Pontificum”. Em italiano, a frase é: “Tornare al regime precedente di Summorum Pontificum”. O que é estranho, especialmente quando até bispos que não têm nenhuma presença real da Forma Extraordinária em suas dioceses incorporaram esta frase em suas respostas.
Outro ponto: No artigo mencionado anteriormente, o Arcebispo Di Noia afirmou que “as coisas ficaram totalmente fora de controle e se tornaram um movimento, especialmente nos Estados Unidos, França e Inglaterra”. (Na verdade, não são países onde a Missa Tradicional em Latim está “fora de controle”, mas simplesmente onde está difundida). Porém, uma vez que Traditionis Custodes providencia meios para tomar o controle desta situação “fora e controle” segundo Di Noia, seria possível pensar que os bispos americanos, franceses e ingleses iriam aplicá-la imediatamente com a interpretação mais forte possível. Presumidamente, eles iriam tomar vantagem do fato de que o motu proprio poderia ser imediatamente aplicado, mas não foi isso o que aconteceu. Sendo assim, onde está o “fora de controle”?
Isso foi refletido nas respostas dos bispos depois da promulgação de Traditionis Custodes. A primeira reação, na maioria dos casos, foi decretar que tudo permaneceria como estava, até que se tivesse tempo para estudar, discutir, etc. Nos locais onde os bispos já tinham oposição à Forma Extraordinária, eles decidiram ser mais santos do que o Papa e baniram-na. Porém, a maioria dos bispos disseram que eles iriam garantir o cuidado pastoral daqueles vinculados à Missa Tradicional em Latim. O que estava em conformidade com suas respostas à pesquisa. De fato, os decretos que foram publicados refletiam o tom que o bispo havia usado ao responder.
O ponto principal, como provavelmente já se deve ter notado até aqui, é que as premissas e conclusões de Traditionis Custodes não são as mesmas daquelas apresentadas no relatório principal e detalhado elaborado pela Congregação para Doutrina da Fé. Traditionis Custodes não foi consistente com o que o relatório principal recomendou ou reportou. Conforme uma fonte disse: “No que eles realmente estavam interessados é em cancelar a Missa Antiga, porque a odeiam”.
Conforme eu mencionei anteriormente, tenho conhecimento de que uma parte do relatório contém citações retiradas das respostas que vieram das dioceses individuais. Elas foram inseridas para fornecer ao Santo Padre uma amostragem representativa das respostas, e foram divididas em várias categorias. Incluindo: “avaliações negativas sobre a atitude de certos fiéis”; “sobre o isolamento da comunidade”; uma breve seção “sobre a irrelevância da EF (Forma Extraordinária) para as pessoas”; “sobre a necessidade e/ou adequação pastoral da EF”; “Sobre aqueles que são atraídos pela EF”; uma seção considerável com citações sobre “o valor da EF para a paz e unidade da Igreja”; “sobre o valor teológico, litúrgico e catequético da EF”; “sobre o valor histórico da EF”; “sobre a influência da EF sobre a OF (Forma Ordinária)”; “sobre a influência da EF nos seminários e/ou casas de formação”; e uma longa sessão final sobre “propostas para o futuro”. Pode-se ver pelas citações que foram inclusas que os resultados não foram acobertados com açúcar. Vamos considerar apenas algumas dentre as várias categorias (EF = Forma Extraordinária; OF = Forma Ordinária).
Avaliações negativas sobre a atitude de certos fiéis
Em sentido negativo, [a EF] pode fomentar um sentimento de superioridade entre os fiéis, mas, uma vez que este rito seja mais amplamente usado, este sentimento diminuiria (um Bispo da Inglaterra, resposta à questão 3).
Eu não vejo aspectos negativos no uso da EF enquanto tal. Quando há aspectos negativos, são devidos às atitudes negativas daqueles que têm opiniões fortes, seja num sentido ou em outro, no que diz respeito a esta forma de celebração. Quando é a ideologia, e não o bem pastoral da Igreja, o que guia o discernimento sobre o uso da EF, então surgem conflitos e divisão. Eu repito: isto é algo extrínseco ao uso da Missa em si (um Bispo dos Estados Unidos, resposta à questão 3).
Pode existir uma tendência entre alguns fiéis em verem esta [a EF] como a única Missa “verdadeira”, mas eu acho que isso acontece pelo fato dessas pessoas serem vistas como “estranhas”, ou marginalizadas. Se você tentar “regularizar” o tanto quanto possível, então essas pessoas podem se sentir cuidadas e guiadas pastoralmente, e poderão ser muito fiéis e leais (um Bispo da Inglaterra, resposta à questão 3).
Os aspectos [da EF] em si mesmo são somente positivos: é uma grande graça para todos poder conhecer e participar da celebração na forma extraordinária. Os aspectos negativos só estão presentes na medida em que essas celebrações são celebradas e/ou assistidas por pessoas desequilibradas ou ideologizadas (um Bispo da Itália, resposta a questão 3).
A divisão e a discórdia não vêm do uso da EF, mas da percepção pessoal daqueles que participam dela. Pessoas que atribuem motivações e tendências que não são de nenhum modo verdadeiras (um Bispo dos Estados Unidos, resposta à questão 3).
Sobre a irrelevância da EF para as pessoas
Às vezes a forma foi aplicada não para o bem das almas, mas para atender os gostos pessoais do presbítero (um Bispo da Itália, resposta à questão 4).
Sobre a necessidade e/ou conveniência pastoral da EF
O atual oferecimento de Missas e celebrações na EF vai ao encontro das necessidades dos fiéis. Os conflitos iniciais em relação ao estabelecimento das Missas na EF foram pacificamente resolvidos nos últimos anos (Relatório Conjunto da Conferência Episcopal Alemã, resposta à questão 1).
A EF oferece àqueles fiéis um contexto para o crescimento em santidade através da celebração Eucarística que depende de sua comunhão com Cristo e com os outros de uma maneira conforme às suas sensibilidades. Uma afirmação similar pode ser feita a respeito daqueles que crescem espiritualmente e eclesialmente através das formas mais contemporâneas de celebração (um Bispo dos Estados Unidos, resposta à questão 3).
A atração exercida pela EF é mais uma reação a uma forma insatisfatória de celebração da OF do que um desejo específico pela liturgia em Latim (um Bispo dos Estados Unidos, resposta à questão 9).
Sobre aqueles que são atraídos pela EF
Este movimento atrai muitas famílias jovens que estão confortáveis com esta liturgia e com as atividades circundantes em torno dela. E penso que tal diversidade é bom para a Igreja, e que a diminuição de praticantes não deve gerar a todo custo uma uniformidade de propostas. Esta forma litúrgica é nutritiva para muitos. Há um senso do sagrado que é agradável e que orienta para Deus (um Bispo da France, resposta à questão 3).
Nós observamos que essas famílias frequentam muitos dos eventos diocesanos de juventude e vocação em uma proporção superior a qualquer outro grupo (um Bispo dos Estados Unidos, resposta à questão 9).
Em nossa diocese, as Missa na EF atraem algumas poucas famílias devotas. Enquanto alguns dos pais praticam “homeschooling”, outros colocam seus filhos em escolas Católicas locais. Essas famílias aceitam muitos dos princípios promovidos pelo Vaticano II, incluindo a necessidade de cultivar a Igreja Doméstica e a vocação universal à santidade (um Bispo dos Estados Unidos, resposta à questão 3).
Um número significativo de jovens fervorosos se sentem nutridos – não exclusivamente – pela EF. A presença pacífica da EF permite que alguns jovens (aliás, típicos da sua geração) que sentem um chamado ao sacerdócio confiem na Diocese (um Bispo da França, resposta à questão 8).
Sobre o valor da EF para a paz e unidade da Igreja
A EF, sob a prudente liderança da Ordinária, tem permitido que mais Católicos possam rezar de acordo com seu desejo, dissipando os conflitos anteriores. É uma presença silenciosa que não deveria ser perturbada (um Bispo da Inglaterra, resposta à questão 9).
O aspecto mais positivo do uso da EF é que agora não há mais nenhum “clã” afirmando ser a “Missa verdadeira”. O Mistério Eucarístico foi libertado de uma divisão ideológica muito nociva. Isso permitiu um grande progresso na percepção da unidade da Igreja em torno da Eucaristia (um Bispo da França, resposta à questão 3).
Eu veria como um benefício para toda a Igreja se a Santa Sé continuar apoiando os fiéis que estão vinculados com a EF do Rito Romano. Mesmo porque, em termos gerais, promover diferenças genuínas de pensamento e expressão é um benefício para a Igreja universal. Ter uma seção devotada a ela na CDF é benéfico, pois desenvolvimentos litúrgicos ou esclarecimentos são necessários. Em posse das normais universais, nossa Arquidiocese também passou a estabelecer um diálogo com os líderes locais e nacionais da FSSPX. Eu acredito que este passo positivo foi facilitado pela existência da Summorum Pontificum e das comunidades que a aplicam (um Bispo dos Estados Unidos, resposta à questão 9).
Eu creio que muitos daqueles que se sentiam separados da Igreja e frequentavam comunidades extra-eclesiais se sentiram bem-vindos ao retornarem à estrutura da Igreja por causa da Summorum Pontificum (um Bispo dos Estados Unidos, resposta à questão 3).
Sobre o valor litúrgico, teológico e catequético da EF
Eu mesmo celebrei ordenações presbiteriais na EF ainda que não fosse minha forma usual, e pude apreciar sua riqueza, beleza e profundidade litúrgica (um Bispo da França, resposta à questão 3).
Não seria difícil dizer que se fizesse uma enquete, aproximadamente 100% dos que assistem à EF responderam que acreditam na presença real de Cristo na Eucaristia, enquanto números drasticamente baixos seriam mostrados quanto aos Católicos que vão predominantemente à OF (um Bispo dos Estados Unidos, resposta à questão 3).
Sobre a Influência da EF na OF
Apesar da EF não ser amplamente celebrada, ela influencia a OF em uma direção muito saudável, que eu poderia resumir como “em direção a uma maior devoção [reverência]” (um Bispo dos Estados Unidos, resposta à questão 9).
A OF e EF representam dois entendimentos diferentes sobre a Eucaristia, Eclesiologia, batismo sacerdotal e sacramento da Ordem (apenas para mencionar as diferenças teológicas mais óbvias). A tentativa de adotar elementos da EF somente enviaria sinais inconsistentes aos fiéis (um Bispo do Japão, resposta à pergunta 5).
Dois padres paroquiais que aprenderam a EF introduziram em seguida celebrações ad orientem em algumas ou em todas as suas Missas, o que foi bem recebido pelos fiéis, os quais foram bem catequizados quanto a isso. Além disso, para alguns de nossos padres, houve um maior cuidado com a hóstia consagrado, tanto pela reintrodução do uso habitual da bandeja da comunhão quanto por um maior zelo do próprio sacerdote no altar (um Bispo do Caribe, resposta à questão 5).
Proposta e/ou perspectivas para o futuro
A prática [do Motu Proprio Summorum Pontificum] aplicada até o momento tem comprovado o seu valor, e, por razões pastorais, não deveria ser modificado (Relatório conjunto dos Bispos da Conferência Alemã, resposta à questão 9).
Eu tenho medo de que, sem a EF, muitas almas deixem a Igreja (um Bispo dos Estados Unidos, resposta à questão 3).
Movimentos eclesiais [como os que estão ligados à EF] têm um grande potencial para renovar a Igreja (…). Ao mesmo tempo, movimentos eclesiais também podem caminhar por contra própria, criando quase que uma Igreja paralela e caindo em uma atitude elitista que enxergam somente a si como “verdadeiros Católicos”. É o que acontece quando são abandonados. Em outras palavras, eles somente poderão renovar a Igreja se a hierarquia se envolver com eles, permitindo que se desenvolvam de acordo com o Espírito, mas também mantendo a comunhão com a Igreja. Quando os membros desses movimentos se sentem desafiados ou ignorados por seus pastores, eles se afastam e ficam ressentidos, mas quando sentem que seus pastores estão entre eles, orientando-os, então se tornam poderosos meios de evangelização (um Bispo dos Estados Unidos, resposta à pergunta 9).
Eu penso que esta é a melhor abordagem a ser usada em relação a EF: a escola de Gamaliel: “Se esta atividade é de origem humana, então será destruída, mas se vem de Deus, ninguém será capaz de derrotá-la; que ninguém se encontre lutando contra Deus” (Atos 5, 38-39) (idem).
Pedir aos padres que celebram na EF que aprendam a celebrar na OF, e que a celebrem em grandes encontros em torno do bispo, e que também se disponham a prestar serviços nas paróquias (um Bispo da França, resposta à questão 9).
Eu devo afirmar, com plena consciência, que repensar as escolhas feitas é mais necessário e urgente do que nunca (um Bispo da Itália, resposta à questão 9).
Eu tenho a impressão de que realizar qualquer intervenção explícita irá causar mais mal do que bem: se a linha do Motu proprio for confirmada, as reações perplexas do clero encontrarão uma nova intensidade; se a linha do Motu proprio foi negada, as reações de dissidência e ressentimento dos amantes do rito antigo encontrarão uma nova intensidade (um Bispo da Itália, reposta à questão 9).
Eu não acredito que seja apropriado abrogá-la ou limitá-la novamente, para que não se crie contrastes e novos conflitos, gerando um sentimento de falta de respeito pelas minorias e suas sensibilidades (um Bispo da Itália, resposta à questão 9).
Conclusão
O que virá a seguir? É difícil dizer. Alguns sugerem que uma instrução para implementação da Traditionis Custodes poderia estar vindo, talvez até o Natal, mas isso ainda é desconhecido.
Nós crescemos acostumados com a Santa Sé apoiando a paz litúrgica da Igreja, mas não se pode mais tomar isso como certo. Em conclusão, e a título de conselho:
- Padres, grupos estáveis e indivíduos devem abster-se de qualquer correspondência com a Santa Sé. Aqueles que estão vinculados com a Missa Tradicional em Latim também devem evitar a impressão de que são “guerreiros” em suas dioceses ou paróquias, que estão sempre protestando ou infelizes. O objetivo deve ser o de não perder a Missa Tradicional em Latim como forma normal de rezar. E, como filhos do Pai Celestial, devemos rezar pela hierarquia. Este é nosso dever.
- Padres de dioceses individuais devem continuar oferecendo Missas privadas, já que o Missal de 1962 não foi abrogado.
- Os bispos a quem o Santo Padre confiou a tarefa de guardar a tradição devem verdadeiramente avaliar se a implementação de Traditionis Custodes irá trazer benefícios reais ao seu rebanho. Os bispos podem perceber que o que inspirou o Santo Padre pode ser algo totalmente diferente da situação presente em sua própria diocese, e então agir de acordo com isso.
Hoje é o 450º aniversário da Batalha de Lepanto (1571), onde comemoramos a vitória da Santa Liga (uma aliança dos Estados Católicos formada para derrotar os Turcos) sobre a frota do Império Otomano. Foi a maior batalha naval da história do ocidente desde a antiguidade clássica. São Papa Pio V (1504-1572), quem organizou a Santa Liga, pôs tanta ênfase no poder do Rosário quanto na formação da Santa Liga. Ele também é conhecido por seu papel no Concílio de Trento, por codificar o Rosário, e por promulgar o Missal Romano de 1570 com a bula papal Quo Primum. Com esta bula, o papa santo buscou assegurar que ninguém jamais pudesse mudar a Missa. Na Batalha de Lepanto, a única coisa que se mantinha entre a Europa e sua destruição certa eram os homens da Cristandade dispostos a responder o chamado da Igreja, bem como sua disponibilidade para rezar o Rosário em defesa da Europa Católica. Que este tipo de homem se levante para defender a liturgia Romana Tradicional, e que Nossa Senhora possa dar-lhes a vitória!
Fonte: The Remnant