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Desnudando o “O Catequista”. Como “O Catequista” e Miguel Soriani são parte do mesmo problema.

Stonks

No artigo “Assédio, agressão e ataques à “bolha católica”“, comentamos que o caso Miguel Soriani talvez fosse um sinal de uma erosão da nova onda conservadora do Catocilismo pós-pandêmica, essencialmente marcada por ser moralmente laxista, feminista, antitradicional e dinheirista. Argumentamos que o Miguel Soriani era filho dessa onda.

Conforme expomos no artigo “Conservadores católicos se rendem à imodéstia“, a página de Instagram O Catequista certamente é um dos maiores expoentes dessa onda. O que decididamente marca a principal característica da página é o seu laxismo moral.

Relembremos que O Catequista já apoiou: católico organizar festa de casamento LGBT, pessoas casadas darem carona para colegas de trabalho do sexo oposto, banhos públicos e mistos, uso de leggings na academia, entre outros.

A lista é imensa e, infelizmente, a tendência é de crescimento.

Recentemente, como dissemos, estourou nas redes sociais o caso Miguel Soriani, um terapeuta católico que vendia cursos e consultoria contra a pornografia, mas que, ao final, sucumbiu a ela e passou a trair a esposa encaminhando nudes para suas seguidores e pedindo o mesmo delas.

A página O Catequista foi uma de muitas que não só criticou o terapeuta como também tirou sarro da situação.

O Catequista debocha de Miguel Soriani

Apesar de Soriani merecer todas as críticas, consideramos o hábito do Catequista e de outras páginas de debocharem dos outros por causa de suas faltas lamentável. A derrisão ou zombaria, que consiste em expor a faltas alheias para ser alvo de chacota dos outros, é pecado, como ensina Antonio Royo Marin em sua “Teologia Moral para Leigos“:

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821. Entende-se por zombaria ou derrisão do próximo o vício ou pecado de lançar na face do próximo suas culpas ou defeitos de forma jocosa para envergonhá-lo diante dos demais.

O zombador não trata diretamente de injuriar o próximo (isso é próprio do contumelioso), mas unicamente de ridicularizá-lo diante dos demais. Claro que indiretamente obscurece também a honra do próximo, e neste sentido a derrisão se relaciona muito de perto com a contumélia, da qual constitui uma subespécie.

Este feio pecado se opõe diretamente à justiça – porque viola o direito do próximo ao apreço e estima dos demais – e indiretamente à caridade. Se o zombador pretender diretamente o desprezo do próximo, faltará direta e gravemente à caridade.

Assim, a atitude de O Catequista merece todo o nosso reproche. Porém, o que vamos demonstrar a seguir é que a página, apesar de zombar de Soriani, não é uma real opositora das atitudes dele.

Em uma recente resposta à caixinha de perguntas do Instagram, O Catequista deu uma resposta a respeito da licitude de um católico assistir o reality show “Largados e Pelados”. Vejamos:

O Catequista a favor de "Largados e Pelados"

Largados e Pelados” é um reality show americano, no qual os participantes são enviados nus para lugares inóspitos para sobreviverem dias ou semanas. Muitos dos participantes são pessoas que não se conhecem, de sexos opostos e até mesmo casadas. Ocorre muito a situação de um homem casado dormir com uma mulher solteira ou casada, ambos nus, numa cabana improvisada.

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Devia ser evidente para qualquer católico de consciência bem formada que o reality show é imoral, uma vez que promove o nudismo, a infidelidade e a imodéstia dos participantes. Lembremos que o compartilhamento de leito e cama (tori et mensae) e a visualização da nudez do próximo são direitos exclusivos dos esposos.

Porém, o que são verdades muito evidentes para este modesto blog são coisas inalcançáveis e incompreensíveis para o O Catequista. Notemos como a página responde a pergunta do seguidor.

Primeiro, o O Catequista, que tanto ataca os influencers, responde a pergunta igual um, isto é, dando bronca no seguidor e pedindo pra comprar o seu produto salvador.

Após, a página aborda a questão reduzindo o problema moral do programa à existência ou não de tapa sexo.

A resposta é bastante reveladora, porque, no fundo, traz à luz o que O Catequista verdadeiramente pensa sobre várias coisas. Fica mais fácil entender os seus posicionamentos morais, porque eles nada mais são do que uma consequência lógica da adesão de vários princípios morais laxos. Senão vejamos:

a) Se é possível aceitar que pessoas não casadas durmam juntas nuas, então não há inconveniência de um homem casado dar carona para uma colega do trabalho.

b) Se é possível assistir um programa de pessoas nuas cobertas apenas por um tapa sexo digital, então não há problemas de pessoas seminuas usarem biquínis ou sungas na praia.

c) Se é possível se entreter com um programa que incentiva o nudismo, a luxúria e a infidelidade conjugal, então que mal haveria em levar a família ao Carnaval, à praia ou aos festivais de Halloween?

Daí se vê que a dificuldade da página em condenar entretenimentos notadamente mundanos decorre de uma consciência moral deficiente e cauterizada pelo laxismo.

Entretanto, para o que nos interessa neste artigo, a resposta revela ainda mais: o O Catequista adere todos os princípios que levaram Soriani à queda.

Expliquemos.

Ora, se é lícito ao católico assistir um programa de nudismo onde se pratica a infidelidade conjugal, como se pode condenar um homem casado, como Miguel Soriani, pelo compartilhamento de nudes com outras mulheres? 

Diríamos até que o O Catequista incentiva algo ainda mais grave, pois “Largados e Pelados” promove todas essas coisas em rede nacional enquanto Soriani o fez apenas no particular.

Alguém dirá: “Não é a mesma coisa. O Catequista defende o uso de “tapa sexo digital”.

Na verdade, é a mesmíssima coisa. Como dissemos em vários lugares deste blog, não é o bastante cobrir as partes íntimas para tornar a coisa aceitável. É gravemente desonesto e pecaminoso não cobrir as partes privadas e semiprivadas quando se está na presença do sexo oposto, conforme ensina Antonio Peinador Navarro em “Cursos Brevior Theologiae Moralis”:

“Não devem ser escusados de pecado grave as pessoas de diferente sexo que mutuamente se olham, conversam, passeiam, etc., quase nuas, nos balneários públicos, com trajes sumaríssimos que cobrem apenas as partes genitais dos homens ou das mulheres e os seios destas últimas. Embora não se procurem movidos por má intenção, entretanto o convívio demorado será necessariamente gravemente excitante. Ademais, quem assim se expõe à contemplação pública, comete pecado de grave escândalo” (COCULSA, Madrid, 1956, t. III, p. 596.)

E Dom Pius Mary Noonan em “Fig Leaves Are Not Enough: Open Letters on Modesty in Dress“:

“Vamos começar descartando categoricamente e condenando vigorosamente o biquíni, para o qual não há literalmente nenhuma justificativa. Longe de respeitar a medida da modéstia, é o epítome da extrema e grave imodéstia. Embora satisfaça erroneamente o requisito legal de não estar nu (felizmente ainda existem leis na maioria dos lugares que proíbem a nudez pública), não atende aos requisitos da razão. Sejamos claros: usar um biquíni é estar nu, pela simples razão de que o próprio design não deixa opção ao olho a não ser ver as partes que faltam.

Uma observação simples provará meu ponto. Todos nós sabemos por experiência que tudo o que se destaca visualmente irá capturar e prender nossa atenção primeiro. Por exemplo, se temos um grupo de dez pessoas vestidas de preto e uma no meio vestida de vermelho, é a de vermelho que atrai a maior parte da atenção; a vermelha simplesmente se destaca. O primeiro ponto de interesse chama nossa atenção. Aplicando isso ao biquíni, quando o corpo nu de uma mulher tem apenas duas pequenas peças de roupa que cobrem as partes íntimas, mas revelam cuidadosa e intencionalmente sua forma, o olho do observador é, necessariamente, atraído precisamente para essas partes íntimas. Essas pequenas peças de roupa, portanto, não são projetadas para vestir, mas para revelar, atraindo toda a atenção para essa área. Sendo esse o caso, o observador está vendo essas áreas como objetos — isso explica por que o observador tende a objetificar a mulher — em vez de parte da pessoa inteira.⁠ Portanto, fica claro que o biquíni não é projetado para vestir, mas para despir. Em outras palavras, não se qualifica como roupa e parece ter sido projetado para despertar intencionalmente a luxúria nos homens. Aliás, se o biquíni fosse útil para nadar, nadadores profissionais os usariam, mas não o fazem. Sobre esse assunto, quando você for comprar roupas, lembre-se deste ponto fundamental: roupas são sobre esconder. Se você se pegar perguntando o quanto pode escapar em termos do que revela, você não está realmente procurando por roupas, mas por nudez.”

Portanto, sim, o O Catequista é do mesmo time de Miguel Soriani. Debocham do último, mas Alexandre e Viviane Varela levam os filhos à praia moderna, com todos os problemas graves de imodéstia que ela tem, e defendem como eventual entretenimento dominical um programa cujo propósito é promover a nudez e a infidelidade matrimonial.  Pelas premissas aderidas pela página até mesmo a Banheira do Gugu estaria liberada para a família católica.

Em um nível mais profundo e considerando os princípios que se adota, portanto, conclui-se que O Catequista não é uma página realmente oposta ao comportamento de pessoas como Soriani, ao contrário, é uma investidora das mesmas ações (Stonks).

A pergunta do seguidor apenas relembrou vagamente ao O Catequista essa singela verdade, mas a página preferiu reprimir a própria consciência e chamar o seguidor de neurótico, maluco e sugerir a busca de um psicoterapeuta (pelos critérios da página podia ser o próprio Soriani).

Esse tipo de pertinácia do O Catequista já vimos em outros lugares, como demonstramos aqui (onde o O Catequista nega que a condenação dos Papas e teólogos dos banhos públicos seja das praias modernas), e não é um bom sinal. Em geral, significa uma cauterização profunda da consciência para diversos pecados.

Esperamos, no entanto, que um dia a página se atente para o que está fazendo e encaminhe seu apostolado para uma direção realmente sadia.

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