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A Análise de Conjuntura apresentada na CNBB é muito ruim

Bispos dormindo durante a 58ª Assembleia Geral da CNBB (Crédito: Fratres in unum)
Bispos dormindo durante a 58ª Assembleia Geral da CNBB (Crédito: Fratres in unum)

Na 58ª Assembleia Geral da CNBB foi apresentado uma Análise de Conjuntura Política que mais parece ter sido escrito por estudantes de DCE que gostam de desfilar com a camiseta do Che Guevara. A análise é ruim, mas o conteúdo é perigoso, tanto que o Instituto Santo Atanásio julgou conveniente fazer uma live (ver vídeo ao final) para tratar do que lá estava escrito. Abaixo segue as anotações que eu fiz para participar da live.

Serviço para a CNBB: Não foi um documento da CNBB, mas uma análise de conjuntura para a CNBB. Assim é possível disfarçar os preconceitos ideológicos sob o disfarce de uma análise técnica, mas será que foi feito uma análise de conjuntura de fato?

Análise de Conjuntura: Faz-se esse tipo de análise buscando os aspectos gerais das diferentes motivações e jogo de poder em jogo. O que se vê no documento? Críticas – ora fundadas, ora infundadas – só a um espectro político. Contudo, atualmente todo mundo sabe que há uma polarização política em relação às próximas eleições. De um lado Lula; de outro, Bolsonaro. Este documento, contudo, só envolve a parte crítico-negativa ao primeiro, tornando uma “análise de conjuntura” com viés, mostrando assim que não se trata de uma análise técnico-política de conjuntura, mas de uma análise meramente ideológica. Qual ideologia? Veremos.

Mensagem de fé: O documento fala de mensagem de fé, mas não fala dos sacramentos, por que será? É que mensagem de fé pode ser dada virtualmente, os sacramentos não! Ora, mas é a fé, por sua vez, que nos move aos sacramentos. O documento omite esse detalhe, mas que não é mero detalhe, é a essência do catolicismo! No contexto do documento, “mensagem de fé” só diz respeito a um aspecto psicológico de esperança, o que não quer dizer muita coisa, pois está no âmbito meramente sentimental.

“O Capitalismo venceu!” – Segundo o documento, a democracia ocidental (ou liberal) limitou os mercados, contudo a globalização fez o capitalismo vencer! Que narrativa é essa? Basicamente a dialética revolucionária de capitalismo x socialismo está modificada para globalismo capitalista x democracia liberal-social. As palavras mudam, a mentalidade é a mesma.  Ademais, culpar apenas o aspecto econômico pelos problemas sociais é característico da ideologia marxista clássica, que sustenta que as injustiças sociais (tida por eles como “estrutural”) são geradas por uma superestrutura econômica.

Ademais, o documento cita frases de Papas criticando os problemas de ordem material devido a sistemas políticos injustos. Entretanto, omitem que a Doutrina Social da Igreja, que é donde os Papas se fundamentam, critica tanto o capitalismo liberal (globalista no documento) quando o socialismo (democracia ocidental e liberal no documento).

Crise Sanitária x Crise Econômica: O documento por um lado critica essa falsa dicotomia, mas por outro pede (e na conjuntura atual, são os movimentos de esquerda radical que estão pedindo) um lockdown nacional, que é de uma irracionalidade econômica formidável. É um morde e assopra desavergonhado. Por um lado, diz para defender os trabalhadores (que querem trabalhar); por outro, quer paralisar a economia em abrangência, o que dificultará sobretudo a vida dos trabalhadores. Típica hipocrisia esquerdista aqui. Ademais, para lockdown de ampla abrangência, basta mencionar as medidas dracônicas aplicadas por muitos governadores.

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Aumento do dólar e inflação: O documento diz que o aumento da exportação foi positivo, para depois culpá-la pela inflação no preço dos alimentos. Criticou o aumento do dólar, associando à insegurança política e econômica, para depois defender o não-pagamento do juros da dívida (que aumentaria a insegurança e, consequentemente, o dólar e, consequentemente, o preço dos alimentos e dos combustíveis). Que análise de conjuntura é essa?

Atividade econômica: Para provar que não há perspectiva de boas políticas para o Brasil retomar o crescimento, o documento cita a narrativa esquerdista do desmatamento da Amazônia. É um non sequitur de dar vergonha alheia.

Democracia: Falam de participação cidadã (pautas da esquerda identitária), mobilização popular (movimentos esquerdistas) e controle social (uma elite esquerdista mandando de cima para baixo, já que o trabalhador estaria, na cabeça deles, alienado de neoliberalismo).

Paixão pela ignorância: Diz o texto que o que está por trás da “paixão pela ignorância é, também, um ódio à inteligência, um desejo de seu apagamento por conta de uma cegueira optada e decidida por pessoas e instituições”. Trata-se de uma narrativa cuja crença de fundo é que a esquerda possuiria a consciência do movimento revolucionário e, portanto, devem ser os seus intelectuais os guias a sociedade, enquanto seus opositores, os anacrônicos conservadores (o que inclui os cristãos), seriam os ignorantes e defensores de um “atraso”.

Uma análise não ideológica do texto mostra que a ideologia, seja à esquerda ou à direita, cega a pessoa, porque seus desejos são colocados acima da inteligência. Ora, tomemos a pauta de libertação sexual. Ela é a que melhor define a paixão pela ignorância, e tanto liberais de direita quanto toda a esquerda defendem, em diferentes graus, seus princípios. A paixão pela ignorância abrange a maioria simplesmente porque a maioria está longe da fé católica.

Bolsonaro e Bolsonarismo

Violência estrutural: Ora, mas o histórico de defesa de bandido e aumento da violência é oriundo da difusão cultural e práticas políticas da ideologia de esquerda. Se há uma violência estrutural, a culpa é principalmente da esquerda.

Ademais, é preciso desmascarar o que é o estruturalismo para a esquerda. É a velha relação marxista de superestrutura que formam as instituições, e estas, por sua vez, foram o estruturalismo onde uma classe se sobressai à outra. É o modo marxista de enxergar a coisa. A esquerda se considera justa não porque buscam uma verdadeira justiça, mas porque eles se dizem detentores das políticas de redução de “desigualdade social”. Mas tal redução deve ser conquistada com o prejuízo de outrem. Assim, os LGBT, por exemplo, vão conquistando maior “justiça social” com o enfraquecimento dos valores cristãos (burgueses para  mentalidade esquerdista) na sociedade. Por isso a perseguição à religião e o crescimento da homoheresia é aplaudida por eles, pois eles enxergam isso como “avanço da justiça”.

Por outro lado, o cristão enxerga a justiça como cumprimento dos mandamentos de Deus. A esquerda, em suma, em nome de uma falsa justiça, só alimenta a injustiça na sociedade. Ela fala de igualdade, justiça e paz social, mas fomenta o ódio de classes. O remédio da esquerda só tem um resultado: o aumento do estruturalismo que eles tanto criticam.

Militarização: A esquerda é desamarmentista por motivo de militarização. Quer o monopólio da força policial e, em paralelo, a articulação de frente para-militares. O pacifismo esquerdista é monopólio do uso da violência por vias seja “democráticas” ou “não-democráticas”. É só lembrar, por exemplo, a ameaça feita pelo Lula através do “exército do estédile (MST)”.

Executor da vontade do povo: Se é certo que “o que o Bolsonaro quer, é o que o povo quer”, o mesmo vale para Lula e Dilma. Não há como esquecer que durante o impeachment da “presidenta”, a narrativa petista era que a Dilma, a voz do povo, estava sendo perseguida pela “elite” (os opressores do povo). Contudo, era o povo que estava lotando as ruas para pressionar o impeachment.

Messianismo: Se Bolsonaro se alicerça na “teologia da prosperidade” e na “teologia do domínio” (demonização de adversários); Lula assenta-se na Teologia da Libertação, a qual tem o mesmo problema de messianismo e também tem a sua própria teologia do domínio, onde o diabo são os ultraconservadores, os católicos tradicionais, etc.

Hostilidade à ciência: critica-se o obscurantismo religioso e científico. Em relação à esquerda, isso é ainda mais grave, pois, os movimentos lgbt negam a ciência biológica; as ações afirmativas, a ciência sociológica, etc. O dogmatismo da esquerda não funciona como meio obter “justiça social”, pois sua lógica de fundo é o ódio e o ressentimento, não a virtude cardeal da Justiça e o temor a Deus.

O feminismo cada vez mais degrada a mulher e a deixa mais refém do “neoliberalismo” (que eles juram combater). O feminismo também cataliza a desestrutura familiar, que está ligada à dificuldade de ensino (e o documento reclama por melhor educação), à violência (e o documento reclama de “violência estrutural”), à desigualdade social (e a esquerda se acha igualitária).

Em relação ao obscurantismo religioso, o que dizer dos cultuadores de Pachamama? Aliás, esse documento, em seu início afirma gratuitamente o seu filo-panteísmo obscurantista e pseudo-científico ao dizer que “segundo cientistas no mundo todo, devido às agressões ambientais, outras pandemias estão por vir”.

Anticomunismo: No caso da esquerda, a narrativa muda de anticomunismo para neoliberalismo. E se a caserna usa o mito de que a ditadura foi necessária para proteger o Brasil do comunismo, a esquerda tem como “mito fundador” a de que ela lutava por “democracia”, o que é falso. Ela lutava por ditadura comunista.

Lavajatismo: o documento endossa a opinião do jornalista Cesar Calejon, que por sua vez aplica a narrativa petista de que a Lava Jato foi uma manobra para retirar o PT do Poder e impedir que Lula concorresse às eleições de 2018. Diz ainda que o ‘centrão’ é um tipo de extrema-direita fisiológica, o mesmo centrão que, na época de Lula e Dilma, formavam o presidencialismo de coalizão.

Diz ainda que é a busca do poder pelo poder, sem quaisquer outros parâmetros ideais, morais ou científicos: o que vale, sem tirar nem por, para descrever o comuno-petismo. O DCE da CNBB precisa se olhar no espelho.

Corrupção: O documento defende que o problema da corrupção não está na “pureza” dos incorruptíveis, porque, dirá no outro parágrafo, o problema está relacionado com a exclusão social e desigualdade. Ou seja: mais um obscurantismo científico da esquerda, pois ela crê que o “sistema” faz o homem e não o homem o sistema. Que a corrupção seja um problema da falta de temor a Deus? Isso nem passa perto do documento, aliás, como se viu, diz exatamente o oposto. Eles creditam o combate à corrupção pela “inclusão social” e “fortalecimento da cidadania”, ou seja, pelo aparelhamento ideológico das instituições. Já vimos com o PT o que acontece quando tal tipo de “inclusão” e “fortalecimento” chega ao poder.

Lula: No tópico sobre o Lula disputar a próxima eleição, fala menos do Lula e mais contra o autoritarismo de Bolsonaro. Que análise de conjuntura é essa?!

Conclusão: Apenas destaco a arrogância de tal texto, onde os autores se colocam como lúcidos. Assim sendo, claro, quem se posicionar contra essa ideologia anticatólica transvestida de análise de conjuntura, como um Instituto Santo Atanásio, só podem ser os obscurantes bolsonaristas. Os “lúcidos” e essa mania de criar rotulagens e mais rotulagens que impede qualquer tipo de desenvolvimento da inteligência: é eles que estão aplicando a ignorância e a coação psicológica como método de poder.

Tal tom arrogante é, em si mesmo, um impeditivo para qualquer diálogo, mostrando a hipocrisia da frase que escreveram ao final do texto:

“Diante das diversas tensões que estão presentes em toda a complexa realidade brasileira, o caminho é construir pontes e diálogos, tarefa dos cristãos e de todos de boa-fé”.

Live: CNBB e a obstinação partidária

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Augusto Pola Júnior

Vice-presidente do Instituto Santo Atanásio, seu maior interesse de estudo é psicologia (em especial a tomista) e espiritualidade. Possui especialização em Logoterapia e Análise Existencial e em Aconselhamento e Orientação Espiritual.
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