Por Juliano Antonio Rodrigues Padilha*
Não se fala em outra coisa nos últimos dias, senão do sucesso do assim chamado blockbuster Barbie. Um dos mais importantes, senão o principal fator de sucesso deste filme é o fato de ser direcionado especialmente ao público infanto-juvenil. E afinal, depois de dias cansativos, em que os pais precisam conciliar suas atividades quotidianas de trabalho com as férias escolares das crianças, ir ao cinema, seria em nossa sociedade hodierna, uma ótima forma de ocupar o tempo com os filhos para compensar a ausência em casa nesse período considerado tão estressante, em que os pais não sabem o que fazer com seus filhos.
Até aí, nada de mal! O grande problema é que a exemplo da escola e dos meios de comunicação, também o cinema, como parte da cultura geral constituída pela música, pela literatura e pelo teatro, tornou-se o meio mais eficaz para a implantação de mudanças comportamentais estabelecido por uma elite mundial, através da chamada Engenharia Social. Digo mais eficaz, devido à sua popularização, através das plataformas de streaming e das sessões de cinema, que pela disseminação e baixo custo, tornaram-se mais acessíveis para todos.
Após serem encharcados com doutrinação nas escolas e nas telas, o único tempo livre em família, acaba sendo despendido com nova manipulação através do cinema. O filme Barbie, em si, de acordo com os comentários realizados, apresenta um conteúdo apelativo que levanta diversas vezes as pautas que compõe a causa feminista como por exemplo: a visão da maternidade como forma de escravidão, a ideologia de gênero e a futilidade das mulheres que procuram valorizar a sua feminilidade, fazendo eco às denúncias da protofeminista Mary Stone Craft, que durante a Revolução Francesa, carregava nas tintas o ataque à vida fútil das mulheres que perdiam seu tempo em ociosidades, ao invés de se unirem à causa revolucionária.
O ser humano, por ser composto de corpo e alma, depende precipuamente dos sentidos para construir uma visão de mundo que vai delinear o seu comportamento e as decisões subsequentes. Os grandes ditadores da história mundial, sempre compreenderam que toda mudança estrutural numa sociedade, não se faz sem abordar o problema cultural. Os aspectos culturais fazem parte da vida humana e sem eles, a vida se tornaria vazia, fria e, portanto, insuportável. Até mesmo Nietzsche, no auge do seu niilismo, já declarava que a cultura é importante para fazer o homem passar por este mundo que tende ao triste destino do nada e da morte, de forma mais maleável, reduzindo a dor que provém do peso desta inexorável verdade.
A importância do teatro e mais recentemente do cinema como arma cultural, também foi observada por ditadores. Não foi à toa que o próprio Marx acabou fracassando em sua profecia acerca da inevitabilidade da revolução proletária, fazendo com que seus sucessores revisassem a sua teoria, até descobrir que as chamadas “superestruturas” (moral, costumes, cultura e lei), são os fatores determinantes para a revolução, embora negligenciados num primeiro momento. O resultado a posteriori, foi o surgimento da ditadura que se impôs na Revolução Russa, onde os meios de cultura eram controlados pelo Estado e das variantes heterodoxas do marxismo que buscavam uma construção cultural para o Ocidente, preparando-o para a revolução através do Socialismo Fabiano e da hegemonia de Gramsci.
No tocante aos temas cruciais da sociedade hodierna, como família, vida e propriedade, os fatores culturais não deixam de ser negligenciados. Durante a década de 1950, muitos membros da elite mundial, crendo ter uma missão de salvar o mundo de uma catástrofe iminente, dedicaram sua vida e recursos para o controle populacional, garantindo o desenvolvimento de meios para redução das taxas de fecundidade no mundo. Contudo, num primeiro momento, apesar de conseguirem algum êxito, ainda não tinham alcançado os resultados esperados. Coube a sociólogos como Kingsley Davis, o papel de acordar essa elite, que a exemplo da construção marxista tinha negligenciado as superestruturas e seu papel proeminente sobre o comportamento humano. Aqui começaram a se unir capitalistas e marxistas, naquilo que ficou conhecido como Metacapitalismo, ou seja, um capitalismo que está acima do interesse da economia de mercado e da circulação de bens, mas constituído pelo uso do poder econômico para manipulação de massas.
Chamei a atenção no início deste artigo para o filme da Barbie, mas não podemos negar que as mudanças culturais que se planejavam na década de 1970, se fazem presentes na vida da sociedade ocidental como um todo. Trabalhar muito para comprar muito, ter somente um ou nenhum filho, usar o sexo como meio de prazer apenas, manipular embriões pela satisfação de gerar, terceirizar a educação dos filhos para o Estado… Tudo isso era um sonho utópico e distante, que se tornou uma realidade palpável. Marxistas e grandes milionários uniram as forças para direcionar seus recursos para um objetivo em comum: destruir a família, célula mãe da sociedade e também único meio de transmissão de valores perenes. Uma vez derrubada esta barreira, o ser humano se torna dependente ou do Estado ou de outrem que define seu destino. Quem conseguirá sair dessa Matrix depois que ela for implantada?
* Juliano Antonio Rodrigues Padilha é Economista e Coordenador do Núcleo de Estudo e Formação da Casa Pró Vida Mãe Imaculada
Fonte: Casa Pró Vida Mãe Imaculada