Há poucos dias tivemos a notícia de que em Santa Marta, a residência pontifícia, se pretende novamente limitar a possibilidade de celebrar a Missa Tridentina. Os motivos da aversão ao rito antigo por parte dos Bispos, sacerdotes e do atual Papa escapam aos que não acompanham os acontecimentos eclesiásticos, enquanto que no imaginário coletivo a Igreja deveria ser a guardiã de uma Tradição milenar.
Infelizmente, porém, a autopercepção do alto clero é bastante diferente. Explicaremos o porquê.
Fracasso geracional
O que está acontecendo hoje no mundo católico é culpa de todo um fracasso geracional. Aqueles que, com a reforma litúrgica de Paulo VI, acreditaram estar adaptando a Igreja ao espírito do tempo, ficaram amargamente decepcionados. Eles bem o sabem. As multidões católicas não os seguiram e, nos últimos 50 anos, depois do Concílio e da promulgação do novo missal, assistiram a uma longa e triste ruptura entre a Europa e a Igreja. A filha, ao ver as birras de sua mãe, despediu-se dela e seguiu o seu caminho. As pessoas queriam entender melhora missa – explicou o Cardeal Ottaviani – não queria que ela fosse perturbada.
Não obstante o desastre já observado por Paulo VI e da tentativa dos papas posteriores, o clero, em todos os níveis, continuou a perseverar no erro. Tudo deveria ser desconstruído: Missa, teologia, edifícios sagrados.
Hoje as igrejas estão vazias e os proponentes da mudança, junto com seus discípulos mais jovens e idiotas, encontram-se celebrando pseudo-missas em galpões horríveis, ouvindo guitarras desafinadas e canções ridículas. Vê-se dançarem e rebolarem alguns jovens padres que são ainda mais imbecis. Coisas bacanas.
Não obstante a evidente bagunça, em vez de admitir que construíram um circo de afeminados, eles perseveraram. Além disso, por outro lado, temos que a revolução obscurece a mente dos revolucionários.
Aqueles que ousaram escapar do circo, voltando-se à missa em latim, garantia de seriedade e retidão doutrinária, criticam a construção mental materialista de uma geração falida. Mas esta geração não aceita tal realidade, não elabora um luto para com sua juventude traída, e por isso tenta mais uma vez eliminar todos os vestígios do passado.
A falta de formação dos jovens padres
Esses personagens estão de má fé. Há algum tempo, ao conversar com um padre que ensina liturgia no seminário, ouvi que “os jovens sacerdotes não sabem latim, apenas repetem as fórmulas”. O problema é que deviam lhe ensinar latim, assim como deveriam ter ensinado a liturgia, a história da Igreja, a teologia, o magistério. Nos seminários, por outro lado, vem sendo ensinado que a história do catolicismo é um grande equívoco desde o Édito de Constantino, mas que tudo foi resolvido com o Concílio Vaticano II. Não estamos de brincadeira. Nos cursos litúrgicos, só o rito moderno é ensinado enquanto só o antigo é estigmatizado.
No entanto, o sistema de doutrinação no seminário também fracassou. Muitos jovens padres estão travando as engrenagens do mecanismo ao redescobrirem a tradição, estudando de forma independente, questionando a lavagem cerebral sofrida. Não aceitam fazer o papel de bobo da corte em vilarejos turísticos proposto por seus bispos. E isso é um problema.
Algumas frases interessantes
“Quando eu era jovem, odiava os mais velhos com hábito longo [batina], e agora estás aí andando com ele também. Jamais nos livraremos de vocês”, disse um idoso pároco ao seu jovem vigário.
“Por favor, não me crie problema, não venha para a cúria com a batina. Não vejo problema, mas aqui outros vêem”, disse um bispo a outro jovem sacerdote.
O que dizer? Estamos falando do fim de uma época sombria e não sabemos se os referidos jovens terão força para permanecer em retidão. De todo modo, eles ainda são uma minoria. Seus pares doutrinados e pouco viris acreditam nas idiotices que lhes foram ensinadas.
Outro elemento interessante
Em meio a esses pensamentos descontrolados, podemos encontra um elemento interessante. As Superintendências das Belas Artes, instituições do Estado italiano, há anos lutam silenciosamente contra o clero modernista.
Representantes desta última categoria vêem constantemente os seus planos para destruir as igrejas antigas sendo rejeitados, e reclamam da interferência das autoridades civis. Os únicos que permaneceram para salvar o que ainda pode ser salvo. Às vezes, com razão, as reclamações também são denunciadas.
Há algum tempo, um padre, que infelizmente faleceu prematuramente, mostrou-me que na igreja onde celebrava, cuja construção primeira data do século X, existia ainda um antigo portal por onde entravam os fiéis prestes a serem batizados. O pároco precedente pediu para intervir, por causa de uma infiltração, chamando um pedreiro da cidade, o qual, com espátula e cimento fechou o buraco, estragando um monumento.
Em outra ocasião, na França, vimos concretamente o que aconteceu a respeito da reconstrução de Notre Dame. Os imbecis já planejavam confiar o projeto de reconstrução para algum arquiteto-pop-star, enquanto que o Estado francês impôs a reconstrução tal como era.
Esta situação não é outra senão a milésima confirmação do que dissemos até agora. A geração de destruidores não pára, e é cada vez mais agressiva. Ela se reproduziu e agora já são duas gerações, a segunda é mais selvagem que a primeira.
Eles não têm senso de proporção, lêem a realidade com lentes distorcidas, erram todas as análises há 50 anos. Os resultados obviamente são visíveis.
Fonte: Campari & de Maistre