A Vida vale a pena ser vivida quando não se a considera como a coisa mais importante.
A vida do Santo é sobre-humana; a do pecador, infra-humana. Ou demoníaca.
O diálogo com as criaturas deve fundar-se no diálogo com o Criador.
A principal causa da tagarelice é não falar com Deus.
Quem descobriu o Criador, nada lhe impressiona o criado.
Aquele cuja vida é típica, não está seguindo o plano que Deus tem para ele, já que como o Paráclito não se repete, os Santos tampouco.
Deus não é comunista, por isso nos fez a todos distintos.
O que mais necessita a Igreja é um testemunho inequivocamente corajoso, um testemunho puro e total, sem nenhuma negociação, um testemunho radical, absoluto, martiríaco.
Quem não se atreve a tentar o impossível quando entende que Deus se o pede, não pode ser reputado como um aspirante sério à santidade. No máximo será um habitué da religiosidade padronizada.
Conservar a existência tem sentido quando junta com a busca da Santidade, continuar vivendo não tem importância.
Aquele que ama a aventura, saiba que a Santidade verdadeira é a máxima. Ao lado desta, as demais são entretenimentos que agoniam o coração.
Assim como a erudição não faz sábio, a mera acumulação de devoções externas não faz santos.
Aqueles que já alcançaram a Santidade, creem que nem sequer tendem seriamente para ela.
A Santidade é consubstancial a um sagrado belicismo.
Onde não há parresia, não há santidade.
Todos os Santos sabiam que o bom exemplo não basta senão que urge proclamar a Fé, oportuna e inoportunamente, mesmo que aos “católicos de negócios” lhes resulte pouco lucrativo.
A ânsia humana de extremismo não se sacia na adesão intelectual a teses radicais e verazes, senão em tender a amar a Deus do modo mais absoluto.
Um dos fenômenos eclesiais mais repugnantes de nossa era é a dos beatos que por princípio querem converter os demais através de um mero exemplo silencioso, fazendo pouco caso de Mt XXVIII, 19. Os demais, por sua vez, têm todo o direito de sentir-se enganados por esses novos Pilatos, que costumam estar prontos para falar de tudo, menos de nosso divino Salvador.
A mentira mais absurda é o pecado. Como então nos deixamos enganar tantas vezes ao dia?
Na vida espiritual, não se deve ir titubeando, mas combatendo.
Por que em vez de tomar a Santidade por assalto, andamos às voltas na vida espiritual? Porque preferimos o calorzinho do esterco no qual nos chafurdamos em vez do vento gelado do Calvário.
Publicadas em Highton, F., Esbozo de Aforismos, Parresía, Buenos Aires, 2017.
Fonte: Mar Adentro