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Após a pandemia, teremos aumento ou diminuição de fiéis?

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Uma questão de grande valia que tem suscitado preocupação e discussão dentro dos meios católicos mais devotos – preocupação que não escapou ao Instituto Santo Atanásio – é: Afinal, ao final desta pandemia, com o retorno da obrigação do preceito dominical a todos os fiéis (sem limitação de espaço e restrição ao grupo de risco), teremos igrejas mais cheias (por causa da saudade) ou mais vazias (por causa do aumento da descrença)?

Sem querer dar uma resposta cabal a esta pergunta, limitamos a transcrever um trecho de nosso próximo lançamento, onde o intelectual argentino Alberto Caturelli, em “A Igreja Católica e as Catacumbas de Hoje”,  já expunha sintomas de uma crise de fé atuando na Igreja. Conforme dissemos, não temos uma resposta final para a questão, a qual a história responderá mais apropriadamente, mas o elemento de crise não pode ficar alheio da conjectura a esta resposta.

Caturelli narra e explica os sinais que já percebia em 1973, e hoje o que nós temos visto são lugares onde os fiéis ficaram inclusive impedidos dos sacramentos. Pode haver mudado os questionamentos, mas não cessou, antes agravou, a Crise na Igreja.

A PERDA DA VENERAÇÃO E A NOSTALGIA DOS LEIGOS

– Trecho de “A Igreja Católica e as Catacumbas de Hoje” de Alberto Caturelli, Editora Santo Atanásio, 2020.

Não se trata somente de apagar a distinção essencial, e não de grau, entre o sacerdócio comum e o ministerial. Já se tem avançado para muito mais longe, uma vez que se aceitou o processo de secularização que afeta a medula da Igreja. Se o que importa primordialmente é apenas o homem “situado” como existência temporal histórica, o que se encontra além da história é “utópico” [a vida eterna seria, neste sentido, utópica]. Se se aceita esse historicismo relativista, postular-se-á na ordem sobrenatural uma evolução homogênea histórico-dogmática que afetará o sacerdócio ministerial em sua essência. Por conta disso, alguns grupos sustentam que a evolução histórico-dogmática conduziu (posteriormente ao colégio primitivo) à organização atual do sacramento da ordem. Logo, somente tardiamente é que se teria introduzido o sacerdócio hierárquico. Reduzido o ministério a um resultado do processo histórico, torna-se necessário perguntar sobre quem teria tido o poder para consagrar na primeira comunidade cristã. É simples concluir, como fizeram alguns, que foi “toda a Igreja”. Deste modo, não só desaparece a função do Bispo, senão que, em tal situação histórica, apareceria tal ministério, e em outra situação histórica… Bem, quem sabe o que poderá ocorrer!?

Perante semelhante perspectiva extrema, não teria sentido a contemplação, pois faria com que o sacerdote se sentisse alheio “ao mundo”, não “comprometido” com a realidade social e, sobretudo, carregando uma impressão de “inutilidade”. Por esse motivo, observamos comunidades nas quais toda a vida se ordena à ação e à prática. Em certos seminários, só se pensa na ação pastoral, sem se importarem com a filosofia e com a teologia, porque requerem a “inútil” contemplação. Não se percebe a contradição, dado que é inconcebível a ação pastoral sem a prévia contemplação, amplio: sem a permanente e habitual contemplação que alimenta e torna fecunda a ação pastoral. O resto é puro ativismo enlouquecido, extravio e ignorância, armadilhas ocultadas por trás de palavras e de ações.

Se o Senhor tivesse sido um ativista e somente uma pessoa humana (monofisismo), do homem velho não teria mudado nem teria emergido, pela obra da Redenção, o homem novo. A obra de regeneração interior não se teria produzido. O Sumo Sacerdote, Cristo, mal poderia ter sido o sal do mundo. Analogamente, reduzido o ministério à horizontalidade da evolução histórico-dogmática e apagada sua diferença essencial com o povo cristão, já não se pode ser mais “o sal da terra”. Não sei se os sacerdotes que paradoxalmente se converteram ao mundo percebem o vazio, o desencanto do povo cristão, mesmo desconhecendo o motivo de sua nostalgia.

Ao não encontrar nos sacerdotes os sinais interiores e exteriores de sua “segregação”, o povo cristão tende a perder a veneração pelo sacerdote. Entenda-se bem: não se trata de servilismo clericaloide, nem de “submissão” perante os representantes da “Igreja-poder opressor” (como dizem os especialistas em “libertação”), mas do reconhecimento, respeito e amor confiado a quem é instrumento de sua salvação. Veneração espontânea do sacerdote, porque torna possível a participação do Sacrifício Eucarístico, a recobração ou aumento da Graça pela recepção dos sacramentos. Por isso, São Francisco de Assis, que não era sacerdote, dizia:

“Ouvi-me, irmãos meus: se a bem-aventurada Virgem Maria é honrada, com razão, porque carregou o próprio Senhor em seu santíssimo ventre; se o bem-aventurado João Batista estremeceu e não ousou tocar na cabeça sagrada de seu Deus; se é venerado o sepulcro no qual por algum tempo Ele jazeu, então que santidade, justiça e dignidade não se requer daquele que trata com suas mãos, recebe no coração e na boca, e distribui aos outros, como alimento, Aquele que já, agora, não morre, mas vive eternamente glorioso, o Cristo, a quem os anjos desejam contemplar? (I Pe 1, 2)”.[1]

“Vós sois o sal da terra. Ora, se o sal se tornar insosso, com que o salgaremos?  Para nada mais serve, senão para ser lançado fora e pisado pelos homens” (Mt 5,13).

Assim como o sal condimenta as comidas, o sacerdote é fermento de salvação e regeneração do mundo. Assim como o sal é sinal de sabedoria, assim os apóstolos fazem ouvir a Palavra de sabedoria divina (não a deles). A figura do sal é estritamente sobrenatural (“não comprometida com ideologias nem doutrinas políticas”), sinal da missão do ministério. É o melhor. Caso contrário, é o pior. Não existe meio termo: ou sacerdote santifica ou corrompe. Não há uma terceira possibilidade. Por isso, se o sal se torna insípido, nada nem ninguém salga o sal.

Quando o povo fiel comprova que a decomposição não é um caso isolado, mas uma epidemia, e deixa de perceber os sinais positivos do “sal do mundo”, não se pode evitar o peso e o pesar que produz a memória lancinante de um bem perdido. Daí a nostalgia dos leigos que perderam, simultaneamente, a veneração pelo sacerdote, que se traduz em expressões populares bastante conhecidas. Nostalgia ou sentimento de uma ausência, ou seja, de um bem necessário que se perdeu, e que se deseja recuperar.

Notas:

[1] Avisos espirituais, Carta III.

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