Neste 16 de julho, dia dedicado à augustíssima Virgem Maria aparecida no Monte Carmelo, publicamos um artigo que explica a profunda e bela simbologia por trás de um dos títulos marianos mais icônicos que aparecem na ladainha lauretana.
No Antigo Testamento, Deus escolheu Bezaleu, filho de Uri, para construir a Arca da Aliança dentro da qual foram guardados os três símbolos da Aliança entre Javé e o povo de Israel e que viriam a prefigurar o próprio Nosso Senhor Jesus Cristo.
São Paulo recorda na carta aos Hebreus: “aí estava o altar de ouro para os perfumes, e a Arca da Aliança coberta de ouro por todos os lados; dentro dela, a urna de ouro contendo o maná, a vara de Aarão que floresceu e as tábuas da aliança” (Hb 9, 4).
Cada um desses três símbolos representam um dos atributos de Nosso Senhor Jesus na Nova Aliança.
As tábuas da Lei representam a Palavra se Deus que é o Verbo que se fez carne, que se esvaziou de si mesmo e veio até nós para dar testemunho da Verdade e complementar a Lei, ensinando-nos o Amor e a verdadeira Caridade que só pode frutificar em nossos corações se começarmos por obedecer aos mandamentos: “se me amais, guardareis os meus mandamentos” (Jo 14, 15).
O maná representa o Pão da Vida, o pão dos Anjos, o Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, o qual Ele nos oferece em Sua infinita bondade como alimento espiritual, que sustenta e dá vida a nossas almas, nos fortificando, santificando e dando-nos graças para resistir às tentações e ciladas do inimigo, e corrigir nossas imperfeições. Por consequência nos preservar de cair em pecados graves.
Por fim, a vara florida de Arão prefigura o Sumo Sacerdócio Perpétuo de Nosso Senhor. No Salmo 109:4, o profeta Davi já dizia “tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedec”.
Por que da ordem de Melquisedec? Porque Nosso Senhor é Rei e Sacerdote perpétuo. Além de sacerdote, Nosso Senhor é a própria vítima oferecida em sacrifício, e como já também prefigurado em Levítico, Jesus ofereceu de maneira perfeita e perpétua os três sacrifícios do agrado de Deus: o sacrifício de expiação, o holocausto e a ação de graças, os quais são renovados nos altares das nossas igrejas no rito da Santa Missa, e o serão até o fim dos tempos.
Como vimos, no Antigo Testamento, as tábuas da Lei, a vara de Arão e o Maná eram guardados na Arca da Aliança. No entanto, a Palavra de Deus, o Sacerdote Perpétuo, e o Pão da Vida foram guardados, na Nova Aliança, no ventre de Maria Virgem, o primeiro sacrário vivo, a primeira arca viva do Altíssimo.
Por isso a Santíssima Virgem Maria recebe o título de Arca da Aliança e, como sempre, onde está a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, também está o Pai e o Espírito Santo. Por conseguinte, ela também é chamada Templo da Santíssima Trindade.
É importante salientar também que Maria participou da geração desses três grandes bens para nossa salvação, pois a Carne e o Sangue de Jesus são os de Maria, e somente Ela pode oferecer a Deus o único sacrifício que Jesus não pode: o sacrifício da Fé. Pois Jesus, sendo Deus, mesmo na Terra já via o Pai face-a-face. Logo, ele não precisava ter fé, o sacrifício da fé não lhe cabia; então, Maria o ofereceu.
Quão grande fé teve Nossa Mãe Santíssima! Quando Jesus expirou na Cruz, a Igreja se resumiu em Maria, pois só Ela cria firmemente que, em três dias, seu Filho ressuscitaria.
Concluo rogando a Nossa Senhora que nos ensine a Sua grande fé, para que alcancemos a perseverança final e despertemos para a eternidade, com o Amor que Nosso Senhor quer de cada um de nós.
Nossa Senhora do Carmo, Arca da Aliança, rogai por nós!