Em entrevista para Bússola, o prefeito emérito da Congregação para Doutrina da Fé, Cardeal Müller, também falou dos temores sobre uma restrição do Papa ao Summorum Pontificum, defendendo o uso da Missa na Forma Extraordinária:
Bento XVI foi capaz de reconciliar, isto sim seria autoritarismo. Os fiéis devem ser respeitados, não podem ser tratados como crianças do primário. Além disso, é preciso prudência: os desafios de hoje são o secularismo e o niilismo, não iniciativas como essas que só irão aumentar a tensão.
No decorrer de sua entrevista com o diretor da Nouva Bussola Quotidiana, Riccardo Cascioli, o Cardeal Müller também respondeu à pergunta relacionada ao temor do Papa Francisco estar disposto a limitar severamente a liberação da Missa na Forma Extraordinária, codificada pelo Summorum Pontificum de Bento XVI.
Sobre o Motu Proprio do antecessor de Bergoglio, o prefeito emérito da CDF disse:
O Papa Bento XVI foi sábio: ele conseguiu uma boa reconciliação entre as duas formas. A Igreja tem autoridade para regular os elementos externos da liturgia, mas obviamente, não a substância. Por isso, nessas situações, é preciso prudência: não se pode com autoritarismo querer antes proibi-la, indo de encontro a tantos fiéis sensíveis à antiga liturgia.
Müller acrescentou:
Sempre falamos de diálogo, diálogo sinodal, etc, etc… Mas se formos agir com um autoritarismo sem precedentes na história da Igreja, deixaremos de ser prudentes e respeitosos com esses grupos de fiéis que desejam celebrar a Santa Missa nesta forma, que, repito, tem a mesma substância, inclusive foi a forma mais usada até o Papa João XXIII.
O purpurado alemão acolheu então o apelo dos grupos estáveis que estão preocupados diante dos rumores de uma revisão do Summorum Pontificum, surgidos no contexto da assembleia da Conferência Episcopal Italiana:
Esta oposição não faz sentido, a não ser o de provocar novas reações e novos problemas e tensões na Igreja. Em vez de acalmar a situação e nos concentrarmos nos grandes desafios do cristianismo para os dias de hoje, que nos impõe uma reação ao secularismo e aos niilismo, estamos preocupados em criar novas tensões na comunidades dos fiéis.
Müller destacou ainda que
O respeito pelos fiéis é muito importante. Os fiéis não podem ser tratados como crianças do primário, como fizeram na Basílica de São Pedro quando proibiram missas celebradas por padres com pequeno grupo de fiéis em várias línguas, mesmo em latim e na Forma Extraordinária. São Pedro é a igreja de todos os cristãos: se chegar, por exemplo um francês, é justo que ele tenha a oportunidade de assistir à missa em latim ou na sua língua.
Fonte: Nouva Bussola Quotidiana