Filme católico do diretor italiano Marco Pontecorvo é o mais impactante do gênero nos anos recentes e merece entrar no ranking das melhores produções cinematográficas de temática cristã já feitas!
{{Crítica livre de spoilers}}
“É um filme que deveria ser exibido em cada paróquia e em cada sala de aula de História e de catequese do mundo!” – Foi com essa impressão que saí do cinema neste belo dia 12 de outubro – aliás, poucos dias seriam mais apropriados para ver o longa, que também evoca muito a importância de manter a fé contra toda prova, de esperar em Deus sem esmorecer, e não se desesperar nas Suas demoras.
Foi uma grata surpresa, na verdade! Mesmo tratando-se de um filme com um elenco de estrelas, eu não esperava ver tanta qualidade de fotografia, de figurino, de enredo, de atuação…
Os filmes anteriores que vi sobre Fátima tinham se revelado bem fraquinhos em termos de qualidade técnica e o último filme mariano que assisti, Terra de Maria, também tinha sido um tanto decepcionante, sobretudo pela tônica de comédia quase infantil do protagonista, que faz uma espécie de paródia de investigação policial para trazer à cena as testemunhas dos milagres e seus impressionantes relatos (estes sim, valiosos).
Fátima: a História de um Milagre, porém, tem êxito em capturar o espectador quase que do começo ao fim. O enredo consegue inquietar, indignar, comover, consegue dar um nó na garganta em várias cenas, enternecer e encantar em outras, e consegue, last but not least, dispor o espírito à oração – e filmes orantes são raríssimos, mesmo entre os de temática religiosa.
Sem exageros, considerei-o um must-watch para os cinéfilos em geral (sobretudo se devotos de Nossa Senhora) e um longa que, de quebra, cumpre o papel de belíssima obra de introdução ao violento conflito entre as opacas ideologias modernistas e as diáfanas verdades da Fé.
Pontecorvo explicita essa guerra cultural-espiritual entre as trevas que se vestem de “luz” e a verdadeira Luz que aquela “iluminação” trevosa tenta, a todo custo, apagar. Até deixa claro, logo no começo da película, que a virulenta e obscurantista política anticlerical do Estado português nos idos de 1917 se devia à sua larga inspiração nos embustes iluministas e liberais que até hoje nos atormentam, ora sob formas mais autoritárias, ora com uma roupagem “democrática” relativista.
Trailer: Fátima – A História de Um Milagre | Trailer Dublado – YouTube
A mentalidade revolucionária (esta sim, negacionista, como mostra o diretor) cultua o falso deus do progresso materialista enquanto tenta abafar e encobrir o brilho das verdades eternas que são atestadas por uma plêiade de acontecimentos sobrenaturais que atravessam a História da Igreja, entre as quais o milagre assombroso resgatado nas cenas de desfecho do filme.
Os fanáticos do liberalismo progressista – como os que torturaram os três videntes de Fátima – se fazem de cegos, surdos e mudos perante fatos que desafiam toda aparente inteligência orgulhosa e são inexplicáveis à ciência humana.
É muito interessante observar como o diretor resgata os eventos de Fátima para dar um chacoalhão nas múmias enrigecidas do “progressismo” anticatólico, e expor, “em pleno século XXI”, – como se diz na lacrosfera – o fechamento cognitivo, a estreiteza psicológica e a baixeza ética dos promotores da república liberal e iluminista.
No filme há cenas de ameaças do poder civil local à família dos videntes e à Igreja, além de perseguições, invasões armadas e fechamento da paróquia local, retratando com precisão o que os católicos padecem sob um Estado laicista.
O filme é satisfatoriamente fiel aos acontecimentos reais, mas, como é usual, não se atém exclusivamente aos fatos narrados pelos pastorinhos videntes e por outras testemunhas oculares. Embora tenha se baseado sobretudo nas Memórias da Irmã Lúcia, o diretor também “enfeita” um pouco a história com cenas referentes, por exemplo, à dor de Maria pelas ofensas feitas a Deus (sugere um Imaculado Coração sangrante), aos dramas históricos da família de Lúcia (um irmão servindo na guerra e outras agruras domésticas) e também a pesadelos com os quais o demônio procura dissuadir a pastorinha de continuar indo à Cova da Iria.
Pontecorvo ainda peca por algumas omissões que julgo relevantes, mas não deixa de mostrar diversas cenas verídicas que certamente seriam omitidas por diretores mais politicamente corretos, como as cenas da visão do Inferno. O dito “terceiro segredo de Fátima” revelado em 2000 também aparece no filme.
Espero ter a oportunidade de ir outra vez ao cinema apreciar esta obra. Então, talvez esta minha crítica seja mais tarde enriquecida com novas considerações.
E se você ainda não o assistiu, vá logo! E nada de tentar baixar o filme de graça na internet, Sr. “católico” avarento. Só criticar os maus filmes não adianta. É de máxima importância apoiar o bom cinema, assim como a boa imprensa, o bom design, a boa literatura, a música sadia e todas as demais artes e técnicas que edificam o espírito – em vez de o corromper, como faz a maioria – e que lutam para sobreviver num mundo que só recompensa a mentira e o vício.
Desembolsar uns trocados para assistir produções como esta bela apologia de Pontecorvo à autenticidade (e sobrenaturalidade) das aparições da Virgem de Fátima é, sem sombra de dúvida, um dever e um prazer.
Site oficial: Fátima – A História de Um Milagre (fatimaofilme.com.br)
Em Curitiba, o longa está em cartaz nos cinemas UCI do Shopping Estação e em vários outros shoppings.
Bom filme!