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Conservadores católicos se rendem à imodéstia.

Praia de Ipamenma lotada
Crédito da imagem: Wilton Júnior/Estadão Conteúdo

Breve contextualização

Entre os anos 2011-2019 o catolicismo tradicional atingia seu ápice no Brasil e o que mais se ouvia falar era:

1) Padre Paulo Ricardo;
2) Consagração a Nossa Senhora;
3) Missas Tridentinas;
4) Retomada da modéstia no vestir;
5) “Reforma da Reforma”;
6) Uso do véu;
7) Famílias numerosas;
8) Valorização da maternidade;
9) Centros culturais católicos;
10) Livrarias católicas.

Do início da pandemia em 2020, no entanto, cresceu o fenômeno do marketing digital e com ele o número de “influencers” católicos de estilo “coach” num discurso marcado pelo dinheirismo. A partir de então os valores sacros do catolicismo conservador brasileiro passaram a ser o que nomearemos aqui de “opusdeísmo cultural“, isto é, o trabalho, o sucesso na vida e a amizade com o mundo.

(Obs: Não estamos nos opondo à espiritualidade do Opus Dei de buscar a santidade no mundo e pelo trabalho, mas aos erros gerais que a má compreensão dessa espiritualidade trouxe nos últimos anos. Por “opusdeísmo cultural” denominamos esses erros.)

Os frutos do “opusdeísmo cultural” têm sido a frequente contestação da onda tradicional anterior promovendo a atual “vibe” espiritual de seguintes características:

Sucesso profissional. “Nenhuma pobreza resiste a 14h de trabalho”; “Trabalhe de domingo a domingo”. Frases como estas e a hipervalorização do espírito workaholic se tornaram comuns no catolicismo instagrâmico, principalmente entre os homens. Católico de sucesso é o católico milionário.

Desconstrução da modéstia no vestir. Influencers católicas, principalmente olavetes e marsiletes, fazem chacota do uso de véu, saias e vestidos. Elas precisam acabar com as inimigas “trads”. Prega-se então a “modernização”, isto é, que mulheres se vistam como executivas de grandes empresas. “Empoderamento” é o espírito que as roupas devem transmitir. Nega-se ainda a necessidade de elevar a modéstia em certos locais onde ela não é garantida como praias e academias, pois a conformidade total com o ambiente que se está é a regra absoluta. Valoriza-se, ademais, a autenticidade ao invés dos princípios de pudor.

Queda da devoção a Nossa Senhora. Aumento da devoção a São Josemaria Escrivá. Fora dos círculos tradicionais e de grupos como Arautos do Evangelho, não se fala mais em devoção e consagração a Nossa Senhora. Por outro lado, explodiu a devoção a São Josemaria Escrivá. O compartilhamento massivo de frases de “Sulco”, “Caminho”, “Forja”, principalmente aquelas que servem ao estilo “coach” de desenvolvimento pessoal, se tornaram norma nas redes sociais. Aqui, obviamente, os santos não têm culpa. São santos e amamos a todos. No entanto, estamos tentando descrever um fenômeno religioso. Nos últimos anos, o que se observou foi o declínio da devoção mariana (devoção muito característica dos círculos tradicionais), que deveria ser universal, e o aumento da devoção a santos que, de alguma forma, representam o zeigeist católico do momento, o que é muito particular. Não é um problema o aumento da devoção a determinado santo, mas ela deve significar também a manutenção da devoção à Mãe de Deus, a quem devemos culto de hiperdulia. Quando a devoção à Virgem diminui, devoção ínsita do espírito católico, é manifesto que o espírito do mundo de alguma forma tomou conta.

Feminismo. Surgiram pessoas e apostolados especificamente determinados a zombar da “mulher tradicional”, isto é, comprometida com a família. Impugna-se a hierarquia do lar (o marido como chefe), os filhos como fim primário do matrimônio e a necessidade da mulher submeter a vida profissional aos interesses da família. Tratam estas doutrinas como “ideologias da direita” e não como ensinamentos autênticos da Igreja.

Indiferença à crise litúrgica. Abandonou-se o debate sobre a qualidade das missas. Jargões como “Domingo sem missa, semana sem graça”, mesmo numa celebração cheia de abusos litúrgicos e música insuportável, passaram a ser a tônica do momento. De repente, os abusos não têm mais importância, desde que haja muita “devoção” na liturgia. Sem nenhuma surpresa, o carismatismo ganhou grande força entre católicos conservadores nos últimos anos. 

Mundanização da santidade. O arquétipo de santo para esses católicos é o que chamaremos de “santo de calça jeans”, isto é, aquele que se parece mais mundano do que cristão; aquele que pouco renuncia às coisas mundo. É santo, mas vai à praia, à balada, aos shows, etc. Santo não é mais aquele que pratica a caridade e a penitência com heroísmo, e sim aquele que é “feliz por ser católico” e também por ser mundano.

Coachs e consultorias. Ao invés do estudo sério e pessoal busca-se o conhecimento pronto em um storie de Instagram ou em uma consultoria de R$ 500,00/hora.

Como diria Nosso Senhor, “pelos seus frutos conhecereis a árvore“…

Do combate à modéstia

Como dissemos a desconstrução da modéstia no vestir tem sido uma grande bandeira da nova “vibe” espiritual entre católicos. Compõe esta nova tendência a absoluta ojeriza a princípios e regras na modéstia no vestir. Deve reinar a liberdade e a consciência da pessoa, algo muito próprio do “opusdeísmo” cultural. Esta característica é oriunda do problema da centralidade da consciência na teologia moral contemporânea como bem diagnosticou o teólogo Matthew Levering aqui.

Nas últimas semanas, tem sido notória a campanha por influencers para a desconstruir a ideia de que ir à praia e usar biquínis seja um grande problema moral para o católico.

Entendamos esse movimento. Se ir à praia cheia de pessoas do sexo oposto seminuas não é um problema de imodéstia, então absolutamente nada é. Por isso é importante quebrar o “preconceito” contra a praia.

Angélica Baldi e sua definição de modéstia

Comecemos a nossa análise pelo comentário da terapeuta católica Angélica Baldi em seu reels do Instagram do dia 06 de junho de 2024.

Angélica define que modéstia é “passar despercebido”, que devemos ler o que a realidade nos pede e que isso vale para praias e academias.

Angélica não diz a fonte que define modéstia no vestir como “passar despercebido”. Citemos então, por ela, a definição de modéstia de alguns moralistas católicos lidos e recomendados por todos:

Antonio Royo Marín em “Teologia Moral para Seglares“:

“É uma virtude derivada da temperança e tem por objeto guardar a devida ordem da razão na disposição do corpo e da vestimenta e no aparato das coisas exteriores.” (Moral Especial, 514.1)

Dominic Prümmer em “Handbook of Moral Theology“:

“A modéstia no vestir e nos adornos corporais leva a pessoa a evitar não apenas tudo o que é ofensivo e insuficiente, mas também tudo que é desnecessário.” (n. 527.4.c)

Augustin Lehmkuhl: em “Theologiae Moralis“: 

“A rigor, a modéstia é uma virtude que regula a atitude externa do homem, os movimentos, os gestos e todo o homem externo, para que tudo esteja de acordo com os ditames do decoro e da razão. No qual, é claro, deve-se levar em conta a pessoa, o lugar, o tempo, o negócio, etc.” (n. 722)

Notemos, portanto, que “passar despercebido” não integra essencialmente a definição de modéstia. O que integra a modéstia é a ordem da razão na atitude externa do homem. Em uma praia ou academia, onde as pessoas, em regra, estão mal vestidas, dificilmente uma pessoa de ornato modesto irá passar despercebida. Contudo, agindo assim ela estará sendo modesta, apesar de estar sob o olhar atento de todos.

“O Catequista” e sua opção preferencial pelo laxismo

Passemos agora para uma recente postagem da página O Catequista, já bastante conhecida pela sua “opção preferencial pelo laxismo“. A página de Viviane e Alexandre Varela publicou, em 17 de junho de 2024, o seguinte reels:

ocatequistaoficial: Nenhum papa jamais proibiu os fiéis de frequentarem praias ou piscinas mistas. Certamente, há um alerta sobre a decência dos trajes, e cada um deve velar por si, nesse sentido.
Não se deve confundir ocasião remota de pecado com ocasião próxima de pecado (...)
ocatequistaoficial: Nenhum papa jamais proibiu os fiéis de frequentarem praias ou piscinas mistas. Certamente, há um alerta sobre a decência dos trajes, e cada um deve velar por si, nesse sentido.
Não se deve confundir ocasião remota de pecado com ocasião próxima de pecado (…)

Como já indicamos acima, a nova “vibe” espiritual dos católicos conservadores valoriza acima de tudo a liberdade e a centralidade da consciência sobre a norma moral objetiva. Assim O Catequista, na mesma tendência e para reforçar a liberdade absoluta do católico de ir à praia, utiliza três justificativas:

1) Nenhum Papa proibiu praias ou piscinas mistas.
2) Não se deve confundir ocasião remota de ocasião próxima de pecado.
3) Cada um deve velar pela própria modéstia.

Analisemos. 

De fato, nenhum Papa proibiu explicitamente praias ou piscinas mistas. Contudo, se encontrássemos uma censura papal a ambientes similares a uma praia moderna, isto é, com pessoas de sexos opostos com pouquíssima roupa, poderíamos, com certeza moral, concluir que também há condenação das praias e piscinas mistas.

Pois bem, existe tal censura. Em 1930, o Papa Pio XI fez a seguinte advertência aos pais católicos:

“III. Que os pais mantenham suas filhas longe do público de jogos e competições de ginástica, mas se as suas filhas são obrigadas a frequentar essas exposições, deixá-los ver que elas estejam totalmente e modestamente vestidas.”  (AAS, 1930, vol. 22)

Em competições de ginástica, em regra, as mulheres não estão de biquíni, mas de “maiôs” ou de vestidos curtos. Este modo de vestir já foi suficiente para Pio XI ordenar que os pais deixassem suas filhas longe do público, isto é, de homens. Este é exatamente o princípio da separação de sexos.

Nota-se ainda que Pio XI escusou a ida de mulheres a esses ambientes apenas se fossem obrigadas a estar neles. E, se fossem, deveriam estar TOTALMENTE vestidas. Assim, caso um católico fosse à praia, onde sabidamente as pessoas estivessem seminuas, ele só poderia estar lá por obrigação, não por opção.

Esta dedução é tão óbvia que a opinião comum dos moralistas a respeito das praias mistas não seguiu de diferente modo. Citemos alguns:

Antonio Royo Marín em “Teologia Moral para Seglares“:

“O banho ao ar livre em praias ou piscinas é altamente benéfico e saudável, mas com tal pretexto se cometem gravíssimos escândalos.

O ideal seria a separação absoluta dos sexos, como já se estabeleceu em algumas praias beneméritas e em muitas piscinas públicas.” (Moral Especial, 551.6)

Antonio Peinador Navarro em “Cursus Brevior Theologiae Moralis“:

“Não devem ser escusados de pecado grave as pessoas de diferente sexo que mutuamente se olham, conversam, passeiam, etc., quase nuas, nos balneários públicos, com trajes sumaríssimos que cobrem apenas as partes genitais dos homens ou das mulheres e os seios destas últimas. Embora não se procurem movidos por má intenção, entretanto o convívio demorado será necessariamente gravemente excitante. Ademais, quem assim se expõe à contemplação pública, comete pecado de grave escândalo” (COCULSA, Madrid, 1956, t. III, p. 596.)

 Henry Davis em “Moral and Pastoral Theology“:

“Os banhos de sol e de ar tomados juntos por membros de ambos os sexos e sem fantasias são fontes férteis de pecados graves, e não há justificativa para eles. […] Nos exercícios de ginástica, mesmo quando se usam uniformes, deve-se ter cuidado especial com a modéstia cristã das moças e meninas, que é tão gravemente prejudicada por qualquer tipo de exibição em público.” (p. 228, vol. II)

Pe. José Maria Iraburu em “Elogio ao Pudor”:

“Não é decente que homens e mulheres fiquem seminus em praias e piscinas, ou dito de outro modo, é indecente este costume está hoje moralmente aceito pela imensa maioria, também dos cristãos: Mas é mundano, não é cristão. Jesus, Maria e José não aceitariam tal uso, por mais generalizado que estivesse em sua terra e tampouco os santos.

[…] Certas modas, certas praias e piscinas mistas – nas quais é quase eliminado este velamento do corpo humano desejado por Deus – nada mais são do que um costume mundano, certamente contrário ao antigo ensinamento dos Padres e à tradição cristã, que superou o atrevimento dos pagãos. A nudez total ou parcial – relativamente normal no mundo greco-romano, nos banhos, nos ginásios, nos jogos atléticos e nas orgias – foi e tem sido rejeitada pela Igreja sempre e em todo o lado. Voltar a ele não indica nenhum progresso – recuperar a naturalidade do nu, retirando-lhe assim a malícia, generalizando-o, etc. – mas antes uma degradação.”

Teodoro Del Greco em “Compêndio de Teologia Moral” aponta que é reprovável a visão de pessoas seminuas:

“É reprovável o costume vigente em muitas academias de exibir pintores modelos de mulheres, cobertas somente nas partes genitais. Aqueles que, por necessidade, são obrigados a frequentar tais academias, usando as necessárias cautelas, estão justificados.” 

O Pe Antonio Laburu, espanhol, em Conferência na cidade de Bilbao em 1934, disse:

“Se em lugar da farsa farisaica de crer que se cumpre com a consciência de cristãos alargando uns imperceptíveis milímetros ou centímetros nos trajes de banhos e espetáculos para aplacar o peso na consciência e permanecer tranquilos, persuadindo-se que assim já não serão como os demais, se ao invés disto se procede-se com verdadeira perfeição e valentia cristã, ressuscitando os trajes com que nossas gerações se banharam, e com os que não se sufocaram nem perderam a saúde, se conseguiria, além de dar a face pelo pudor – de regressar para os direitos da moral de Jesus vilipendiada -, fixar claramente os campos entre aqueles que em público vendem seus corpos e com ele não lhes importa roubar almas a Deus, nem desprezar o sangue de Jesus Cristo, e os que não se rebaixam ao nível mais abjeto de animalidade e são coerentes com as doutrinas católicas que professam.”

O Episcopado também não ficou indiferente. O I Sínodo da Arquidiocese do Rio de Janeiro em 1949 estabeleceu os seguintes critérios:

“art. 499. A frequência a praias ou piscinas públicas não pode deixar de ser veementemente condenada como atentatória à moral, salvo quando houver a possibilidade de conciliar-se:

a) lugar discreto, ou hora não frequentada indistintamente por todos; 
b) traje decente;
c) companhia escolhida, e nunca mista.”

O Pe. Luiz Fernando Pasquotto em Sermão em ocasião do Domingo da Septuagésima faz uma importante citação de um Decreto do Episcopado argentino:

O Episcopado argentino, preocupado também pela onda de imoralidade nestes temas, ditou em junho de 1933, um Decreto que diz: “Considerando com grande dor de nossas almas os gravíssimos danos espirituais que leva ao povo cristão a difusão da imoralidade pública em todas as suas manifestações; e tendo presente as instruções e decretos emanados da Santa Sé durante estes últimos anos; além disso, querendo estabelecer em alguns pontos normas práticas e concretas, que sirvam tanto aos fiéis como aos diretores de almas para ajustar os costumes externos de uma vida verdadeiramente cristã: Os Bispos, reunidos para velar pelo bem das almas que Nos foram destinadas, estabelecemos que não são conformes com a conduta cristã: 1) (…) a mistura simultânea de sexos nas piscinas públicas de natação e em certas diversões em que o traje é completamente inadequado (…)“.

Basta. O exposto acima é suficiente para demonstrar o erro indesculpável do O Catequista. Os teólogos, os Papas e o episcopado, de maneira geral, reprovam banhos mistos e sustentam que se trata de ocasião grave de pecado, ao contrário do que diz a página de que a ocasião seria apenas remota. Seria preciso uma certa dose de pertinácia, obstinação pra negar a verdade sobre este tema. Contudo, foi exatamente o que a página fez. Nos comentários à postagem, uma moça objetou que havia muitos textos como os que expusemos acima condenando os banhos públicos e mistos. A resposta do O Catequista foi a seguinte:

ocatequistaoficial: banhos públicos não são como praias. É uma cultura sobretudo oriental. São casas de banho, algumas mistas, em que homens e mulheres tomam banho (com sabão e tudo) na mesma banheira.
ocatequistaoficial: banhos públicos não são como praias. É uma cultura sobretudo oriental. São casas de banho, algumas mistas, em que homens e mulheres tomam banho (com sabão e tudo) na mesma banheira.

Como vimos, praticamente todos os moralistas e membros do Episcopado chamam de “banhos públicos” as praias e piscinas mistas. Para que fique ainda mais evidente este fato, segue mais uma citação da obra “Teologia Moral para Seglares” de Antonio Royo Marin:

“Apresentam especiais perigos as excursões campestres com banho misto em açude ou rio; pois aos inconvenientes do banho público em geral devem acrescentar-se os que provém da frivolidade, leviandade e liberdade excessiva de um dia de excursão. Os pais católicos não permitirão jamais às suas filhas semelhantes excursões mistas.” (Moral Especial, 551.6)

A honestidade intelectual, portanto, requer que se reconheça que, quando os Papas e os teólogos falam de banhos públicos, eles estão se referindo às praias e piscinas modernas.

Ademais, o O Catequista sustenta que “banhos públicos” se referem a uma “cultura oriental” de banhos mistos na mesma banheira. Ora, mas no que isso se difere de banhos mistos na mesma piscina ou na mesma praia? O sabão? É uma distinção sem diferença.

Uma objeção, no entanto, se levanta. São João Paulo II, no livro “Amor e Responsabilidade“, não ensina que o uso de trajes de banho não é contrário à modéstia?

Sim, ensina. Contudo, não negamos isso. Todos os moralistas admitem que é possível tomar banho em praias, piscinas e rios e, consequentemente, usar trajes de banho. Negam, no entanto, que esses banhos possam ser públicos e mistos. São João Paulo II não aborda no livro a questão dos banhos mistos. Portanto, seria temerário extrair consequências revolucionárias para a teologia moral a partir de coisas que o então cardeal não disse.

Thiago Vieira: paladino do biquíni

Deixemos o O Catequista, já devidamente exposto. Passemos para o influencer Thiago Vieira, dono de uma página no Instagram de 114 mil seguidores, que fez o seguinte comentário:

As bolhas da direita e da esquerda possuem a mesma estrutura de operação para dominar o pensamento da massa. O que o feminismo faz não é muito diferente do que essas bolhas extremistas da direita fazem ao condenar a mulher que pinta a unha de vermelho e usa biquíni.
As bolhas da direita e da esquerda possuem a mesma estrutura de operação para dominar o pensamento da massa. O que o feminismo faz não é muito diferente do que essas bolhas extremistas da direita fazem ao condenar a mulher que pinta a unha de vermelho e usa biquíni.

É muito possível que Thiago Vieira desconheça completamente os autores e textos que trouxemos há pouco sobre o tema “trajes de banho”. Pois bem, ainda assim, citemos mais alguns:

Heribert Jone em “Moral Theology“:

“Em si mesmo é ilícito usar mulheres e meninas como modelos apenas com os órgãos genitais cobertos” (n. 237.c)

Teodoro del Greco em “Compêndio de Teologia Moral”

“Concursos de Beleza. Outra ocasião de pecado e de cooperação no mal, com escândalo, é constituída hoje pelos chamados “Concursos de Beleza”, subproduto de uma sociedade depravada. São concursos de caráter regional, nacional e universal, nos quais é escolhida a joven que apresenta maiores perfeições de beleza física, para receber o título de “Miss” ou “Rainha”. O atual processo seletivo é repugnante não só à consciência cristã, mas também a qualquer pessoa que tenha o mínimo senso de pudor. As candidatas ao título devem usar trajes reduzidíssimos, geralmente de tecido muito sutil, que permita os relevos de todo o corpo, até nas suas partes mais intimas. O exame é longo e minucioso, e o chamado desfile realiza-se perante numeroso público. O fato é reprovável sob todo e qualquer ponto de vista, porque constitui ocasião direta de pecado. A responsabilidade agrava-se, outrossim, pelo escândalo que causa o comparecimento da jovem ante o público muita vez heterogêneo. Isso, sem falar nas fotos e minuciosas me suras levadas aos quatro ventos pelos rápidos veículos de publicidade, quais são a imprensa, o cinema, o rádio e a televisão.” (n. 147)

No livro “Mary Was Her Life“, da Irmã Mary Pierre, R.S.M., relata-se a descrição do desgosto sentido pela Venerável Maria Teresa Quevedo quando foi à praia com as amigas [na década de 1940] e viu “uma coleção vulgar de biquínis“:

“Chegamos à praia de Sainte Jeanne de Luz no início da tarde. O Sr. Vinuesas nos disse para desembarcarmos e nos juntarmos aos nossos vizinhos franceses para nadar. Carmen e eu saltávamos como cangurus, estávamos tão ansiosas para conversar com eles em francês. No entanto, paramos de repente antes de alcançá-los. Nines, não posso dizer o quanto estávamos enojadas – cercadas por uma coleção vulgar de biquínis. Estragou o que poderia ter sido uma tarde perfeita. Acredite, não houve protesto quando a Sra. Vinuesas tocou a campainha do convés que anunciava a hora de nosso retorno a Fuenterrabia.” (p. 72)

Portanto, o que Thiago Vieira chama de opiniões das “bolhas extremistas da direita” a respeito de biquínis nada mais é do que o ensino da Igreja a respeito da modéstia no vestir.

Conclusão

Do exposto, é imprescindível que o católico saiba como investigar e estudar certos temas, para não odiar aquilo que deveria amar. A melhor maneira de fazer isso é se deixar formar pelos bons sacerdotes e buscar erudição com os autores católicos lidos e recomendados por todos. Se fizer isso, dificilmente o católico será enganado pelo mau conselho de influencers, que falam qualquer coisa nas redes sociais sem o devido estudo e preparo.

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