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Direita feminista atualiza novos delírios: “Homens de Verdade” e “Padrão de feminilidade causa transexualismo”

Direita feminista atualiza novos delírios: "Homens de Verdade" e "Padrão de feminilidade causa transexualismo"
Olimpíadas de Paris 2024 - Boxe - 66kg feminino - Semifinal - Estádio Roland-Garros, Paris, França - 06 de agosto de 2024. Imane Khelif da Argélia reage antes de sua luta contra Janjaem Suwannapheng da Tailândia. REUTERS/Peter Cziborra

Neste blog já dedicamos algumas postagens para explorar a nova onda pandêmica entre católicas conservadoras: o feminismo.

Buscamos identificar padrões e argumentos de feministas católicas da forma mais abrangente possível e respondê-los. Contudo, parece que o besteirol e o lixo feminista é interminável e a cada dia se renovam novos delírios e novas problematizações por moças profundamente afundadas no feminismo e na confusão mental.

O novo delírio feminista agora é da socióloga Geisiane Cristina Freitas, pesquisadora das relações raciais e de gênero, e da influencer Jules Freitag, colunista do site Church Militant e do Jornal BSM de Bernardo Küster.

Geisiane parece ser a típica “feminista acadêmica”, ou seja, aquela que vela seu feminismo implícito em “pesquisas” e explicações sociológicas que quase sempre tem como “resultado” a reprovação das posições católicas sobre a mulher, algo que outras moças como Preta de Rodinhas e Letícia Barbano também fazem. Em outro momento explicaremos melhor sobre esse perfil. Já Jules é puro suco do que chamaremos aqui de “feminismo olavético”, isto é, da católica outrora conservadora, mas que agora se reduz a criticar o conservadorismo de modo desbocado, debochado e revoltado.

Como dissemos em algumas oportunidades neste blog, o feminismo católico é completamente avesso a padrões de feminilidade, principalmente quando o tema é modéstia, tendo em vista a sua origem liberal. Por isso procura rotular padrões perfeitamente adequados para mulher (Ex: mulheres que usam véu, vestido e que trabalham dentro do lar) como uma “caricatura”.

Geisiane e os “Homens de Verdade”

Uma nova variante desse ódio aos padrões foi apresentado por Geisiane e Jules. Geisiane possui um Destaque em seu Instagram chamado “Caricatura” e nele a socióloga critica o que chama de “feminilidade instagrâmica”. Geisiane indica que “feminilidade instagrâmica” seria o conjunto dos perfis que reduzem a feminilidade a “ferramentas externas” e ao trabalho no lar. Ela considera que esses perfis agem igual o feminismo, que compreende a feminilidade como uma “performance social”.

Quanto à feminilidade externa, Geisiane não deu exemplos de perfis que reduzem a feminilidade apenas aos aspectos externos. Tudo o que sabemos é que a socióloga “surtou” quando o influenciador João Menna afirmou que mulheres deveriam andar maquiadas dentro de casa. Segundo Geisiane, o influenciador não estaria compreendendo a realidade da maioria das mulheres brasileiras e que ele ficar se importando com isso seria coisa de “tchola”.

Contudo, nos perguntemos: é um tremendo absurdo a opinião de João Menna?

Aqui lembramos de um famoso caso narrado por Dom Rafael Llano Cifuentes em seu livro “Crises Conjugais“. O bispo conta a história de Gilberto e Cida, um casal do qual ele era diretor espiritual. Narra Dom Rafael que numa direção Gilberto fez a seguinte reclamação:

“O meu casamento entrou em crise. Morro de tédio e monotonia. Todos os dias, quando me levanto, vejo a Cida despenteada, sem se arrumar, horrorosa, com os pés enfiados nuns chinelos horríveis que não troca faz quinze anos, arrastando-se pelos corredores, cansada… Abro a porta do quarto e encontro as crianças, que já são adolescentes, discutindo, brigando… A minha casa parece um zoológico…

«Depois, chego ao escritório e encontro lá a Mônica, uma estagiária. O panorama muda da água para o vinho. Ela é encantadora. Acho que tem uma queda por mim… Aproxima-se, charmosa…: “O senhor parece cansado…; não quer que lhe traga uma aspirina com uma coca-cola?” E afasta-se com um andar cadenciado que me arrebata… Estou perdendo a cabeça… Em casa, sinto-me acorrentado… Tenho necessidade de libertar-me. Por que condenar-me à prisão de um amor que já morreu? O contraste entre a Mônica e a Cidinha é muito forte… Não sei, não…” (p. 89)

A solução de Dom Rafael foi chamar Cida e dar-lhe o seguinte conselho:

“Veio a Cida, toda inocente, desarrumada, despenteada:

Cida, por favor, arrume a «fachada» e… compre outros chinelos!

A Cida era inteligente. Foi ao cabeleireiro, comprou roupas novas, uns chinelos novos, tornou-se mais carinhosa com o Gilberto, preparou as «comidinhas de que ele gostava… e terminou  «reconquistando» o marido.”

O conselho de Dom Rafael é essencialmente o mesmo de João Menna. A esposa deve se adornar para agradar o marido. Se é com maquiagem, penteado bem feito ou com roupas melhores dependerá do gosto de cada marido, mas o conselho é espiritualmente o mesmo.

Nesse sentido ensinava o Doutor Angélico:

“Pode contudo, a mulher aplicar–se licitamente em agradar ao seu marido, afim de que ele, por desprezo, não venha a cair em adultério. Por isso diz o Apóstolo: A mulher casada cuida das coisas que são do mundo, de como agradará ao marido.” (S.Th. II-II, q. 169, a. 2).

Da mesma forma, São Francisco de Sales em “Filoteia

“Uma mulher pode e deve se enfeitar melhor quando está com seu marido, sabendo que ele a deseja.” (A decência dos vestidos, cap. 25)

Será que essas moças adoentadas pelo feminismo irão brigar com Santo Tomás, São Francisco de Sales e Dom Rafael por eles serem “incompreensivos” com a realidade da mulher brasileira?

Ademais, há outra razão para o adorno de mulheres quando estão com seus maridos: favorecer a união mútua mediante o débito conjugal.

Uma mulher que não se cuida ou que é arrebatada pela rotina e se esquece frequentemente de adornar-se para o marido, geralmente, não está com o débito conjugal em dia e pode criar uma crise no seu casamento.

“Homens de verdade”

Muitas mulheres, no entanto, preferem negar essa realidade. Elas possuem a ingênua crença de que devem ser amadas por si mesmas sem precisar que façam ou se esforcem para alguma coisa. Assim, quando lhe são mostrados os deveres que devem cumprir ou os esforços que precisam fazer para manter um casamento, muitas delas apelam para a figura do “homem de verdade”. O “homem de verdade” seria aquele que ama sua mulher sem que ela precise fazer nada para ser amada ou desejada. Portanto, um homem que não desejasse sua mulher nessas condições seria menos homem ou um “tchola”, um “boiola”, um “viado”. Esse expediente é apenas uma variação de deboche, mecanismo amplamente usado pelo feminismo católico como dissemos no artigo “O Deboche como Arma do Feminismo Católico“.

Este recurso foi utilizado por várias influenciadoras que acompanharam a polêmica como, por exemplo, a própria Geisiane, a pedagoga Ana Paula Sousa (@pur.ana), entre outras. Todavia, o melhor exemplo desse expediente talvez tenha sido o da professora de filosofia Natália Sulman, que fez uma postagem intitulada “O homem quer ver sua mulher sem roupa, não com maquiagem” e nela ela dá a entender que “homens de verdade” desejam suas mulheres bastando que elas sejam elas mesmas. Se isso não for suficiente, então “algo está de errado com ele”. 

Natália Sulman - Falácia do Homem de verdade: "O homem quer ver sua mulher sem roupa, não com maquiagem.
Natália Sulman - Falácia do Homem de verdade: "Quanto aos relacionamentos amorosos, não devemos transformá-los em uma performance social. Sempre ouvi que um homem prefere ver sua mulher sem roupa do que toda produzida. Isso dá confiança de que ela não precisa se vestir ou se comportar de maneira específica para excitá-lo. Basta ser ela mesma. Se precisar de mais do que isso, algo está errado com ele.

Contudo, como vimos, o adorno das mulheres para os maridos é orientado e mesmo ordenado por santos doutores e padres de larga experiência de direção espiritual, considerando a natureza masculina de ser muito visual. Certamente, se Cida ouvisse os conselhos de Natália Sulman e cia e não de Dom Rafael Llano Cifuentes, o casamento com Gilberto teria acabado.

O que nos leva à seguinte conclusão: mulheres que não fazem caso da sua “feminilidade externa” estão a um passo de destruir também a sua feminilidade interna, pois destroem o seu casamento e consequentemente a boa vivência da maternidade.

Curiosamente, Geisiane, Natália e cia aplicam o mesmo veneno que dizem repelir: rejeitam qualquer enquadramento de feminilidade enquanto aplicam um enquadramento de masculinidade.

Quanto ao trabalho externo da mulher casada, Geisiane diz que não há nada mais feminino do que uma mulher sair de casa para trabalhar em prol dos filhos e pede para que as mulheres valorizem a sua própria realidade. Porém, como demonstramos no artigo “Trabalho da Mulher Casada e a Direita Feminista“, a Igreja não presume lícito o trabalho fora do lar e o considera, em regra, uma injustiça social contra a mulher, porque a priva do reto cumprimento dos seus deveres domésticos e maternais, deveres estes que performam a sua autêntica feminilidade, pois foi para ser mãe que a mulher foi criada, não para ser escrava de inúmeros patrões. Como diria o Papa Francisco:

A realidade é que «a mulher apresenta-se diante do homem como mãe, sujeito da nova vida humana,que nela é concebida e se desenvolve, e dela nasce para o mundo». O enfraquecimento da presença materna, com as suas qualidades femininas, é um risco grave para a nossa terra.” (Amoris Laetitia, 173)

O correto, portanto, não seria valorizar a realidade decaída, mas tentar sair dela.

Jules: Padrão de Feminilidade Causa Transexualismo

Jules, por sua vez, pega o gancho de Geisiane e afirma que a “feminilidade instagrâmica” favorecerá o aumento de transexualismo em uma sequência de stories:

Jules bate numa genérica “caricatura de feminilidade católica”, mas não define o que é a feminilidade católica autêntica. Traduzamos então o que ela provavelmente quer dizer: não existem padrões fixos de feminilidade. Entende ela que padrões fixos ajudam a fortalecer o movimento trans, porque uma moça confusa que não se visse nesses padrões se enxergaria como um “homem”.

O argumento, no entanto, é um absurdo completo. O que sempre fortaleceu o movimento LGBT e a ideologia de gênero nunca foi o estabelecimento de padrões de feminilidade, mas a destruição deles, o qual o feminismo é o principal contribuinte. O feminismo é o maior defensor da “diversidade” quando o assunto é feminilidade. E é exatamente o que Jules está fazendo. Ela acusa perfis católicos de serem muito “rígidos” na definição de feminilidade e, consequentemente, de mulher, como se houvesse uma infindáveis variações de feminilidade e não algo que pudesse ser condensado numa pessoa só, a saber, na Virgem Maria, e imitado por tantas outras pessoas.

A menos que Jules mostre ou defina o que é a sua ideia de autêntica feminilidade, o seu ataque à “feminilidade católica” só tem um efeito: fazer muitas moças desistirem de buscarem ser mais femininas. Em outras palavras, é Jules que estará favorecendo o Movimento Trans.

Conclusão

O que notamos tanto no comportamento de Geisiane, Jules e de outras moças conservadoras é cada vez mais a rejeição de algum conceito de feminilidade. Se alguém defender que mulheres devem voltar a usar saia e vestido como sempre usaram, alguma delas dirá que isso é “cagação de regra” da “seita da saia”. Se alguém disser que as famílias deveriam lutar para que as mães não precisem trabalham fora, então alguma feminista católica dirá que tal pedido é reduzir a mulher a um papel burguês do século XIX. Se alguém disser que a mulher deve estar bonita para o marido, alguma delas também dirá que isso é um desrespeito com as “mães trabalhadoras” que não tem tempo pra se olhar no espelho. Ou seja, de pouco em pouco, evapora-se qualquer conceito possível de feminilidade que não seja apenas as diferenças anatômicas entre homem e mulher. Não lhes basta compreender que um ideal de feminilidade deve existir e que os casos concretos serão analisados segundo as circunstâncias concretas. Não, é preciso atacar o ideal. É preciso rotulá-lo de “cagação de regra” contra a mulher, é preciso chamá-lo de “caritura”, é preciso ainda fazer múltiplas “problematizações”, para que o ideal não seja vivido nem tentado.

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