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Frei carmelita incita distribuição irrestrita e sacrílega da Comunhão Eucarística

Por Luiz de Moraes

Em vídeo gravado durante a celebração de uma Missa, Frei Gilvander promove a distribuição da Comunhão Eucarística para divorciados e pessoas de qualquer “orientação sexual. O religioso também atacou verbalmente os Padres e ministros extraordinários da Comunhão que defendem critérios mínimos de coerência moral para receber o Santíssimo Sacramento e negou a necessidade da confissão e do estado de graça para comungar. O material foi divulgado no domingo, 3 de novembro, pelo blogueiro e ativista católico Bruno Braga em suas redes sociais. Fiéis têm manifestado na Internet o seu repúdio aos ataques e opiniões do frei, que contrariam patentemente a orientação do Magistério da Igreja.

Durante um tipo de “pregação” feita de forma deslocada na liturgia, um pouco antes do momento da Comunhão, o frei alegou estarem errados os religiosos que afirmam a necessidade de uma “situação de pureza” para receber Jesus Eucarístico. Em seguida, o celebrante afirmou que quem está “amasiado“, é “divorciado“, “gay” ou não se confessa regularmente também deve, na sua opinião, receber o Sacramento. As declarações foram gravadas durante uma Missa celebrada na capela de uma comunidade de Paula Cândido/MG no final de outubro deste ano.

Gilvander Luís Moreira é padre e frei carmelita, licenciado em Filosofia pela UFPR, em Teologia pelo ITESP, mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma, doutor em Educação pela FAE/UFMG, além de assessor e militante de diversos “movimentos sociais”, entre eles a Comissão Pastoral da Terra (CPT), entidade apoiada pelo clero “progressista” e ligada ao MST e a partidos políticos de viés socialista. O religioso, que transita sobretudo entre as arquidioceses de Belo Horizonte e Mariana, ambas em Minas Gerais, é conhecido por seu envolvimento com militâncias políticas de esquerda e abusos litúrgicos.

Em 2011, o frei deu uma entrevista para o jornal O Globo na qual comemorou a decisão do STF de reconhecer a união civil entre homossexuais e expressou sua “alegria” pelo que classificou como “vitória” em favor do “direito à liberdade sexual homossexual. O religioso ainda citou como fonte o acadêmico Luiz Mott, histórico líder do discutível Grupo Gay da Bahia, que já foi acusado de inflar e manipular dados em favor da agenda LGBT, e disse que dentro das CEBs e dos grupos ligados à Teologia da Libertação há muitos que, como ele, apoiam a medida. 

Na sua fala antes da Comunhão, Frei Gilvander também vociferou e classificou como “moralistas” os Padres e leigos que procuram recordar aos irmãos que as condições mínimas para se receber a S. Comunhão devem ser respeitadas. Acusou estes fiéis, ainda, de quererem “privatizar Deus” e insinuou que eles pretendem definir subjetivamente quem pode ou não pode comungar. No mesmo contexto de fala, aproveitou para discursar contra a “privatização da mãe Terra“, das “águas” e das “empresas estatais“. 

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Em defesa da Comunhão irrestrita, o religioso argumentou que “a Eucaristia não é prêmio para os puros“, que Jesus veio “principalmente para os pecadores” e que até Judas Iscariotes estava presente e comungou na primeira Missa durante a Santa Ceia. Mediante alegações deste tipo, repetiu pretextos frequentemente usados pelos segmentos mais “progressistas” que pretendem liberar a Comunhão para todos indistintamente (exceto crianças, o exato oposto do que queria São Pio X, por exemplo) e sem quaisquer critérios de coerência moral.

Em seguida, valendo-se do recurso de argumentar a favor da liberalização geral apelando para um caso excepcional, extremo e comovente (muito propício para comover a plateia em prol da sua agenda), Frei Gilvander contou a situação de uma mulher que, tendo se separado do marido unicamente por sofrer maus tratos e violência doméstica, sentia muita vontade de comungar, mas se via impedida pelas normas da Igreja. O frei não explica se ela era divorciada e estava em uma segunda união ou se era apenas separada do marido por razões justas e vivia castamente. Neste último caso, a norma da Igreja não lhe vetaria a Comunhão.

Sintam-se todos [aptos a comungar], independente se é casado [com o atual parceiro] ou se não é, qual a orientação sexual que segue… A Eucaristia é alimento espiritual, é força espiritual para nos humanizar, pra gente ser mais gente boa, justa, solidária, ok?“, declarou o carmelita. 

Talvez o frei tenha perdido a fé na Presença real do Divino Redentor na S. Comunhão. Talvez ele imagine que Jesus Eucarístico na hóstia consagrada não difere muito de um simples pãozinho bento. Que o senso de respeito, reverência e sacralidade litúrgica tenha se esvaído completamente nas fileiras da “igreja libertadora” já não é novidade para ninguém. Mas como puderam chegar ao cúmulo de banalizar a tal ponto o próprio Jesus Eucarístico?

Será que a Comunhão é realmente um “direito” de todos?… Então talvez o frei queira nos explicar: por que, na Igreja primitiva, os catecúmenos sequer podiam participar da liturgia Eucarística com os cristãos já batizados? Ou por que os batizados reincidentes em algum pecado só podiam ser readmitidos à Comunhão mediante confissão pública das próprias faltas e árduas práticas de penitência (condições hoje já muito facilitadas com a confissão privada e penitências mais brandas)?

Não seria a Eucaristia, em vez de um “direito” universal (invocado, talvez, em nome do igualitarismo revolucionário), uma concessão amorosa e imerecida que o Senhor nos faz e um dom inestimável, diante do qual deveríamos dar o melhor de nós para sermos cada dia menos indignos d’Ele? Não seria o Santíssimo Sacramento um gesto de amor tão precioso e um presente tão grande que, para recebê-Lo, cada fiel deveria querer estar sempre bem preparado?

Acaso alguém receberia em sua casa um Rei Santo e Benevolentíssimo tendo a sala de estar toda suja e bagunçada? Receberíamos sequer o Presidente da República numa sala toda emporcalhada e os demais cômodos igualmente cheios de sujeira, podridão e mau cheiro? Se jamais o faríamos em sã consciência, que direito temos nós de pretender receber o Divino Rei do Universo e nosso Salvador num corpo cheio de desonestidades, volúpia e pecado?

Será que o fato de Judas Iscariotes ter comungado indignamente na Santa Ceia não pesou contra ele, não acrescentou ainda mais à sua já consumada culpa e, sendo um ato mau em si (porque profanador e desrespeitoso) e inegavelmente agravante e corruptor, não acabou por torná-lo ainda mais inclinado a trair o Salvador pela quatia de dinheiro pré-combinada?

Antes de trai-Lo entregando-O aos chefes dos judeus, o Iscariotes traiu-O tomando indignamente do Seu Corpo e Sangue sacramentais. Jesus não o impediu pelo mesmo motivo que não impediu os carrascos que o torturaram e mataram. Muito provavelmente Judas já tinha consciência da sua própria maldade, já sabia muito bem que era indigno de estar ali na Ceia do Senhor e, apesar disso, já tinha se decidido a ir até o fim no seu plano perverso.

E, sim, frei Gilvander, Jesus veio principalmente pelos pecadores, mas para resgatá-los do pecado, não para confirmá-los nos seus erros e vícios e torná-los ainda mais condenáveis mediante um ato sacrílego que implica em grande soberba e presunção. Sim, é nisto que consiste o ato de comungar sem estar minimamente preparado para fazê-lo! O penitente humilde, tal como o publicano arrependido, bate no peito e se considera indigno sequer de levantar os olhos diante do Senhor. Mas o homem que está confortável no seu pecado e se acha “no direito” de receber algo que só lhe é concedido por imensa graça e privilégio (e pelo qual ele deveria ter uma tremenda reverência) que outra coisa poderia ser senão um soberbo, um orgulhoso, um ser extremamente presunçoso?

Na Primeira Carta aos Coríntios, São Paulo Apóstolo nos ensina:

Portanto, todo aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente será culpável do corpo e do sangue do Senhor. Que cada um se examine a si mesmo, e assim coma desse pão e beba desse cálice. Aquele que o come e o bebe sem distinguir o corpo do Senhor, come e bebe a sua própria condenação.” I Cor 11, 27-29

Será que o frei Gilvander julga entender mais do assunto do que o grande apóstolo dos gentios? Terá o militante da libertação maior assistência do Espírito Santo do que aquele que foi admoestado e convertido por um chamado extraordinário do próprio Senhor Jesus Cristo para pregar o Evangelho aos pagãos?

Vejamos o que ensinou, clara e pedagogicamente, um dos mais insignes sucessores dos apóstolos São Pedro e São Paulo nos últimos tempos:

626) Quantas coisas são necessárias para fazer uma comunhão bem feita?

Para fazer uma comunhão bem feita, são necessárias três coisas:

1º estar em estado de graça;

2º estar em jejum desde uma hora antes da comunhão;

3º saber o que se vai receber e aproximar-se da sagrada Comunhão com devoção.

627) Que quer dizer: estar em estado de graça?

Estar em estado de graça quer dizer: ter a consciência limpa de todo o pecado mortal.

628) Que deve fazer antes de comungar quem sabe que está em pecado mortal?

Quem sabe que está em pecado mortal, deve fazer uma boa confissão antes de comungar; porque para quem está em pecado mortal, não basta o ato de contrição perfeita, sem a confissão, para fazer uma comunhão bem feita.

629) Por que não basta o ato de contrição perfeita, a quem sabe que está em pecado mortal, para poder comungar?

Porque a Igreja ordenou, em sinal de respeito a este Sacramento, que quem é culpado de pecado mortal, não ouse receber a Comunhão, sem primeiro se confessar.

630) Quem comungasse em pecado mortal, receberia a Jesus Cristo?

Quem comungasse em pecado mortal receberia a Jesus Cristo, mas não a sua graça; pelo contrário, cometeria sacrilégio e incorreria na sentença de condenação.” (Do Catecismo do Papa São Pio X)

Também o Papa São João Paulo II, recordando um dos Santos Padres da Igreja Primitiva, advertiu:

Com a sua grande eloquência, S. João Crisóstomo assim exortava os fiéis: ‘Também eu levanto a voz e vos suplico, peço e esconjuro para não vos abeirardes desta Mesa sagrada com uma consciência manchada e corrompida. De facto, uma tal aproximação nunca poderá chamar-se comunhão, ainda que toquemos mil vezes o corpo do Senhor, mas condenação, tormento e redobrados castigos‘. […] Desejo, por conseguinte, reafirmar que vigora ainda e sempre há-de vigorar na Igreja a norma do Concílio de Trento que concretiza a severa advertência do apóstolo Paulo, ao afirmar que, para uma digna recepção da Eucaristia, «se deve fazer antes a confissão dos pecados, quando alguém está consciente de pecado mortal». A Eucaristia e a Penitência são dois sacramentos intimamente unidos. Se a Eucaristia torna presente o sacrifício redentor da cruz, perpetuando-o sacramentalmente, isso significa que deriva dela uma contínua exigência de conversão, de resposta pessoal à exortação que S. Paulo dirigia aos cristãos de Corinto: «Suplicamo-vos em nome de Cristo: reconciliai-vos com Deus» (2 Cor5, 20).

Se, para além disso, o cristão tem na consciência o peso dum pecado grave, então o itinerário da penitência através do sacramento da Reconciliação torna-se caminho obrigatório para se abeirar e participar plenamente do sacrifício eucarístico. Tratando-se de uma avaliação de consciência, obviamente o juízo sobre o estado de graça compete apenas ao interessado; mas, em casos de comportamento externo de forma grave, ostensiva e duradoura contrário à norma moral, a Igreja, na sua solicitude pastoral pela boa ordem comunitária e pelo respeito do sacramento, não pode deixar de sentir-se chamada em causa. A esta situação de manifesta infração moral se refere a norma do Código de Direito Canónico relativa à não admissão à comunhão eucarística de quantos ‘obstinadamente perseverem em pecado grave manifesto’.” (Encíclica Ecclesia de Eucharistia, IV, 36-37)

Assim, parece-nos inevitável concluir que a enfezada e profanatória campanha de Frei Gilvander pela distribuição banal, liberal e irrestrita da Comunhão Eucarística ampara-se não na sã doutrina e no testemunho dos santos, mas unicamente nas ideologias em voga no mundo pós-moderno e suas demandas quase sempre tão despropositadas quanto nocivas para a humanidade.

Que Nossa Senhora do Carmo, a quem o frei carmelita deveria estar ocupado em honrar e promover no lugar da agenda esquerdista, interceda para que o seu Divino Filho se compadeça da Igreja e leve à plena conversão e santificação todos os seus membros que se afastaram da Fé apostólica e da vida na graça. Amém.

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