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O novo Instrumentum Laboris mostra por que os católicos não são bem-vindos na Igreja Sinodal

Por Robert Morrison

“O diálogo ecumênico é fundamental para desenvolver a compreensão da sinodalidade e da unidade da Igreja. Mas sobretudo incentiva-nos a imaginar práticas sinodais verdadeiramente ecumênicas, incluindo formas de consulta e discernimento sobre questões de interesse mútuo e urgente”. (Sínodo sobre a Sinodalidade, Instrumentum Laboris para a Segunda Sessão (outubro de 2024))

Embora já tenhamos visto mais do que suficiente para condenar de forma inequívoca o Sínodo sobre a Sinodalidade de Francisco como um ataque blasfemo à Igreja Católica, vale a pena considerar como o recém-lançado Instrumentum Laboris refina os contornos anticatólicos da Igreja Sinodal. Como discutido num artigo recente, tem sido evidente há algum tempo que a Igreja Sinodal de Francisco está se moldando para ser um Protestantismo em união com um Bispo de Roma. O novo Instrumentum Laboris elabora dois aspectos-chave para a Protestantização da Igreja Sinodal: a celebração da diversidade de crenças religiosas, e a descentralização das decisões doutrinárias.

Celebrando a Diversidade de Crenças Religiosas

Vimos que a Igreja Sinodal encoraja os católicos confusos a abraçar os pecados daqueles que não seguem o ensinamento moral católico, mas o novo Instrumentum Laboris inclui algumas passagens que deixam claro que os membros da Igreja Sinodal também devem celebrar a diversidade de crenças religiosas:

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  • Ao longo do processo sinodal, o desejo de unidade da Igreja foi crescendo ao mesmo tempo com a consciência das diversidades que nela coexistem. A partilha entre as Igrejas recordou precisamente que não existe missão sem contexto, isto é, sem um claro reconhecimento de que o dom do Evangelho é oferecido a pessoas e comunidades que vivem em tempos e lugares específicos, não fechadas em si, mas portadoras de histórias que são reconhecidas, respeitadas e convidadas a abrirem-se a horizontes mais vastos. Um dos maiores dons recebidos ao longo do caminho foi a possibilidade de encontrar e celebrar a beleza do «rosto pluriforme da Igreja» (S. João Paulo II, Novo Millennio Ineunte, 40)… Deste modo, culturas diferentes podem receber a unidade que está subjacente e completa a sua vibrante pluralidade. A valorização dos contextos, das culturas e da diversidade é um ponto chave para crescer como Igreja sinodal missionária” (11)
  • “O horizonte de comunhão do intercâmbio de dons, explicitado na Parte I, constitui o critério inspirador da relação entre as Igrejas. Combina o ênfase colocado nos laços que dão forma à unidade da Igreja com a valorização das peculiaridades associadas ao contexto em que vive cada Igreja local, com a sua história e a sua tradição. A adoção de um estilo sinodal permite deixar de pensar que todas as Igrejas devam forçosamente mover-se ao mesmo ritmo relativamente a cada questão. As diferenças de ritmo devem, pelo contrário, ser valorizadas como expressão de uma legítima diversidade e como ocasião para um intercâmbio de dons e enriquecimento mútuo”. (95)
  • A experiência do pluralismo das culturas e da fecundidade do encontro e do diálogo entre elas, é condição de vida da Igreja e não uma ameaça à sua catolicidade. A mensagem salvífica permanece una e única: «Há um só corpo e um só Espírito, do mesmo modo que a esperança para a qual fostes chamados é uma só. Existe um único Senhor, uma só fé e um só Batismo. Há um só Deus, Pai de todos, que está acima de todos e que atua através de todos e em todos» (Ef 4,4-6). Esta mensagem assume uma forma plural, expressa na diversidade de povos, culturas, tradições e línguas. Tomar a sério esta pluralidade de formas afasta pretensões hegemônicas e o risco de reduzir a mensagem salvífica a uma única compreensão da vida eclesial e das expressões litúrgicas, pastorais ou morais. A trama das relações no seio de uma Igreja sinodal torna-se visível no intercâmbio de dons entre as Igrejas e, garantida pela unidade do Colégio Episcopal guiada pelo Bispo de Roma, constitui a defesa dinâmica de uma unidade que nunca se pode transformar em uniformidade”. (81)

Isso tudo pode parecer sutil, mas os arquitetos sinodais mostram sua verdadeira intenção na terceira passagem: “Tomar a sério esta pluralidade de formas afasta pretensões hegemônicas e o risco de reduzir a mensagem salvífica a uma única compreensão da vida eclesial e das expressões litúrgicas, pastorais ou morais”. Isto remove quaisquer dúvidas razoáveis ​​– é evidente que a Igreja Sinodal celebra não somente a diversidade da cultura, mas também a diversidade da “vida eclesial” e da “expressão litúrgica, pastoral [e] moral”.

Descentralizando Decisões Doutrinárias

O Instrumentum Laboris também revela outro aspecto da Protestantização da Igreja Sinodal que é ainda mais claro que o anterior, a descentralização das decisões doutrinárias:

  • Compete às Igrejas locais promover insistentemente todas as possibilidades de dar vida a processos decisórios autenticamente sinodais, adequados às especificidades dos diferentes contextos. Trata-se de uma tarefa de grande importância e urgência, na medida em que dela depende substancialmente o bom resultado da fase de implementação do Sínodo. Sem alterações concretas, a visão de uma Igreja sinodal não será credível e afastará os membros do Povo de Deus que retiraram alento e esperança do caminho sinodal“. (71)
  • “A partir do que emergiu no decurso do processo sinodal, propõe-se: a) reconhecer as Conferências Episcopais como sujeitos eclesiais dotados de autoridade doutrinal, assumindo a diversidade sociocultural no quadro de uma Igreja poliédrica e favorecendo a valorização das expressões litúrgicas, disciplinares, teológicas e espirituais apropriadas aos diferentes contextos socioculturais…” (97)
  • Hoje em dia, as Igrejas locais integram também realidades associativas e comunitárias que são expressões antigas e novas da vida cristã. Os Institutos de vida consagrada e as Sociedades de vida apostólica, em particular, contribuem em larga medida para a vida das Igrejas locais e o dinamismo da ação missionária. O mesmo é válido para as associações laicais, os movimentos eclesiais e as Novas Comunidades. A pertença à Igreja manifesta-se atualmente com um número crescente de formas que não remetem para uma base geograficamente definida, mas para ligações de tipo associativo. Esta variedade de formas é promovida, tendo sempre presente a perspectiva missionária e o discernimento eclesial daquilo que o Senhor pede em cada contexto particular”. (90)

À primeira vista, a terceira passagem pode não parecer relacionar-se especificamente com a descentralização das decisões doutrinárias, mas tem as implicações mais intrigantes, porque permite a tomada de decisões ao nível dos “Institutos de vida consagrada e Sociedades de vida apostólica” que podem abranger diversas geografias. Conforme discutido num artigo recente, isto pode ajudar na explicação do porquê Roma (pelo menos temporariamente) tem mostrado favorecimento às comunidades ex-Ecclesia Dei (por exemplo, o FSSP e o ICKSP): isso valida o modelo para “reconhecer” a catolicidade não somente de verdadeiros institutos católicos que discordam da revolução de Francisco, mas também de grupos não-católicos (isto é , Protestantes) que discordam tanto da revolução de Francisco como do Catolicismo.

Repetindo, não era preciso mais nada para ficarmos alertas à necessidade de lutar contra a Igreja Sinodal de Francisco, mas o novo Instrumentum Laboris pode abrir os olhos de alguns que ainda não viram. Neste momento, restam poucas desculpas àqueles que apoiam o Sínodo, na espera de que o sínodo evite que seja dado um passo significativo, como a aprovação da ordenação de mulheres. Tais manchetes não parecem ser outra coisa do que deliberadas distrações que visam impedir que os católicos mais racionais percebam que Francisco e os seus colaboradores têm criado uma forma universalizada de Protestantismo em união com um Bispo de Roma.

Tudo isso nos ajuda a melhor entender por que os bispos alemães e outros bispos heréticos permanecem em boa situação enquanto o Arcebispo Carlo Maria Viganò foi “excomungado”. A diversidade de crenças religiosas é celebrada na nova Igreja Sinodal de Francisco, de modo que aqueles que fazem muita questão de dizer que os não-católicos estão errados (e precisam de conversão) não serão bem-vindos. Que Deus nos conceda toda a graça necessária para nos mantermos firmes nas crenças que não são bem-vindas na blasfêmica Igreja Sinodal de Francisco.

Imaculado Coração de Maria, rogai por nós!

Fonte: The Remnant

Sobre Robert Morrison

Robert Morrison é católico, marido e pai. Ele é o autor de A Tale Told Softly: Shakespeare’s The Winter’s Tale e Hidden Catholic England.

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