Entenda-se bem: nós precisamos ter mais ódio ao mal, não aos maus.
Anteontem, após participar das manifestações no Centro Cívico, resolvi passar na praça Santos Andrade para ver como estava o clamor da esquerda por mais ditadura do judiciário, mais cerceamento de direitos, mais estupros da Constituição, mais atentados adelianos ao presidente e, claro, mais sacanagem com verba pública, desinformação, covidismo orweliano, assistencialismo e comunismo!
O que mais me causou impressão entre os vermelhinhos foi que, embora a gritaria deles não tenha sido capaz de encher nem um quinto da praça onde se aglomeraram (contrariando, mais uma vez, os seus próprios mandamentos covidiotas), eles pareciam ter mais força, mais poder de mobilização e maior capacidade de realmente coagir as “otoridades da ré-pública” do que a multidão de conservadores pacíficos que lotou as imediações dos palácios do Centro Cívico, povoando suas amplas praças, pátios e estacionamentos, e descendo pela Avenida Cândido de Abreu até o Shopping Mueller.
O clima da primeira era muito distinto do da segunda. A atmosfera das duas manifestações, o ar que se respirava numa e noutra, era algo totalmente diferente!
Em uma, circulava uma massa inofensiva de famílias, crianças, jovens bem intencionados, além de tiozões e tias do zap em prol da justiça, de legítimos direitos civis, do respeito à liberdade de informação e de opinião. O ambiente era quase como o de um show de algum padre pop ou banda gospel; um lugar perfeitamente tranquilo para levar uma criança pequena ou a avó de 80 anos.
No Centro Cívico, figuras pouco eloquentes faziam discursos desencontrados em cima de três caminhões diferentes e bem próximos entre si, um atrapalhando a compreensão do outro pelo público. Em um deles discursou uma senhora que muito lembrava a famosa tia Aracy da iogurteira Top Therm, inclusive na voz rouca e fraca de vovó (nada contra as vovós, por favor, só acho que, pra esse tipo de manifestação, uma voz forte e enérgica viria a calhar melhor).
As tias do zap intercalavam críticas no máximo indignadas contra o STF com orações e mensagens de apoio ao presidente Bolsonaro – que sequer tem sido o maior alvo das investidas autoritárias da nova STASI e, até o presente momento, tem se mostrado até condescendente demais com elas!
Na outra aglomeração, a da Santos Andrade, o que vi foi um número reduzido de velhos militantes e universitários fanáticos e enraivecidos que ouviam atentamente e respondiam, em uníssono, ao discurso coeso e único proferido com voz forte de cima do carro de som ladeado de bandeiras vermelhas.
Era constante o tom ameaçador, carregado de gritos de guerra, incendiárias palavras de ordem e grudentos chavões marxistas. Naquele ambiente exasperado e empesteado pelo cheiro de maconha – bem similar a uma manifestação de DCE –, as bandeiras vermelhas não paravam de tremular e era possível sentir um espírito de ódio e revolta sem igual.
Ao comando do líder em cima do carro, a horda revolucionária saiu em passeata descendo até a Av. Marechal Deodoro e seguindo em marcha por ela, ao som de batuques em ritmo de batalha e palavras de ódio gritadas com furor.
A minha impressão foi realmente de que, apesar de estarem em um número muito menor, a manifestação dos comunistas, com toda a sua virulência, era muito mais ameaçadora, muito mais tomada por um espírito de guerra (e capaz de realmente mudar algo) do que a dos inofensivos conservadores do Centro Cívico.
Convenhamos, só a esquerda sabe fazer manifestações que, mesmo com baixo número de aderentes, ameaçam e impõem certo medo aos poderosos! Pois estes sabem que os jacobinos, quando querem, não pensam duas vezes para invadir, depredar, incendiar, etc. E o discurso dos seus líderes instiga eficazmente a isso; eles conhecem bem os gatilhos que despertam o espírito de revolta e de luta nos seus militantes.
Quando Bolsonaro era deputado e falava sem papas na língua, doesse a quem doesse, a esquerda se ressentia tanto da sua “truculência” apenas porque gosta de reservar somente para si o “direito” de ser truculenta. É com um discurso agressivo que a esquerda mobiliza os seus zumbis e faz e acontece.
Mas como ela consegue usar tão bem esses métodos agressivos e fazer tanto barulho político, mesmo com tão pouco apoio na sociedade?
A razão é simples: ela odeia muito mais o bem do que nós odiamos o mal. Logo, ela se empenha muito mais em destruir do que nós nos empenhamos em construir.
Entenda-se bem: nós precisamos ter mais ódio ao mal, não aos maus.
Nosso Senhor mandou amar os nossos inimigos (isto é, os maus), o que não exclui ministros do STF, velhos políticos da esquerda corruptora ou do centrão e até mesmo figuras cínicas do mundo artístico e da imprensa embusteira.
A estes maus, diz Jesus, devemos querer bem e rezar por eles. (Até porque os homens que servem ao Inferno não passam de joguetes nas mãos dos poderes infernais.)
Entretanto, ao mal que eles fazem e aos espíritos perversos que os controlam, sim, nós devemos odiar. E com todas as nossas forças!
Pois assim como não é realmente bom quem não ama até os maus, é fato que não ama realmente o bem quem não odeia profundamente o mal – isto é, o pecado, a mentira, a tirania, a injustiça, etc. – de todo o seu coração!
Falta-nos isso: sangue nos olhos, garra, combatividade e uma santa ira contra todas as iniquidades que hoje desfilam diante de nossos narizes!
Não estou defendendo que nossas manifestações se tornem violentas. Mas elas precisam ser, pelo menos, mais enérgicas, ameaçadoras e convincentes do que têm sido! É legítimo cerrar os punhos, marchar e bradar a plenos pulmões, num coro forte e unânime, contra as perversidades que vem sendo cometidas contra os brasileiros de bem!
Sim, nós fomos às ruas. Mas a nossa voz ainda é fraca e a nossa vontade de mudar as coisas ainda é hesitante!
Se a esquerda cínica convence bem a sua plateia até quando vocifera contra o que é bom, justo e correto neste país, o que nos impede de elevar mais a nossa voz para denunciar e bradar contra as injustiças?
Não estamos nos deixando intimidar demais pela ditadura do politicamente correto e por certas normas de bom mocismo que as elites nos impõem, mas que elas mesmas violam o tempo todo?
Recentemente, eu e o presidente do Instituto Santo Atanásio fomos intimados a comparecer e prestar depoimento em uma delegacia de polícia por causa de um artigo que escrevi em 2019 interpelando a PUC-PR, enquanto universidade confessional católica, sobre a presença de um “coletivo LGBT” em seus domínios para promover uma ideologia que contraria frontalmente a doutrina católica sobre a sacralidade e o emprego ordenado da sexualidade humana.
No texto, não fiz nem passei perto de fazer nenhuma apologia a qualquer tipo de violência ou injusta discriminação contra pessoas que sentem atração pelo mesmo sexo. Tampouco sugeri que a universidade não deveria aceitar tais cidadãos como alunos.
O que questionei foi a presença de um aparelho ideológico de propaganda e recrutamento LGBT no seio de uma instituição que, supostamente, deveria existir para ensinar a Verdade de acordo com a ciência (sem excluir a finalidade biológica da sexualidade humana) e a bimilenar sabedoria dos santos e doutores da Igreja.
Uma suposta “universidade católica” que despreza fatos biológicos evidentes e ignora a moral sexual cristã mais básica não pode ser chamada nem de “universidade” e muito menos de “católica”.
Mesmo assim, o meu texto, publicado no site de um instituto cultural católico e dirigido, sobretudo, aos dirigentes de uma universidade católica (o que evidencia até o seu caráter de debate interno entre membros de uma mesma confissão religiosa), foi o bastante para o Ministério Público (MPF-PR) bancar a STASI e fazer uma queixa-crime contra este articulista e contra o Instituto Santo Atanásio por “homofobia”.
Prestamos os devidos esclarecimentos, mas não sabemos ainda que fim terá essa novela.
É claro, isso não está acontecendo só no Brasil. Em junho deste ano, na Alemanha, um tribunal distrital condenou o Padre Dariusz Oko, teólogo polonês e primoroso formador de seminaristas, a pagar uma multa de 4.800 euros (cerca de 30 mil reais) por “discriminação contra minorias”.
Mas qual teria sido o terrível crime deste sacerdote? Teria ele imposto castigos físicos e humilhações a seminaristas que descobriu serem homossexuais?… Será que pregou práticas de agressões físicas e verbais contra gays em plena homilia?… Nada disso.
Seu “crime” foi escrever, em uma revista teológica especializada, o artigo “Sobre a necessidade de resistir aos lobbies homossexuais na Igreja” (questão urgente, aliás, também na Igreja do Brasil).
O Pe. Oko é também autor do livro “A Máfia da Lavanda”, que trata do mesmo problema: homossexuais no clero que fazem avançar, contra o sensus fidei e a doutrina perene da Igreja, uma agenda progressista liberal, com pautas de interesse muito particular destes indivíduos.
Nas páginas do livro não há, porém, qualquer sugestão de agressão contra gays ou coisas do tipo. O que há são denúncias de coisas que estão efetivamente acontecendo hoje na Igreja!
Logo, estamos numa situação em que todos podem ser criticados, menos os judeus que controlam a mídia e as finanças (sob o risco de você ser rotulado de “nazista”) e os militantes da ideologia LGBT (blindados, aqui no BR, pela equiparação da “homofobia” com o crime de racismo, mercê dos ditadores do STF).
Essa gente detesta a Verdade dos fatos e quer calar quem quer que ouse proferi-la, ainda que se passe muito longe de uma apologia a qualquer tipo de crime real.
Eles nos odeiam tanto que não permitem mais que digamos uma palavra fora da cartilha do politicamente mesmo, nem mesmo para defender as nossas próprias comunidades religiosas contra agendas e discursos ideológicos nocivos a elas.
Na prática, estamos sendo obrigados a concordar com coisas que, no fundo, não concordamos. Os direitos de objeção de consciência e liberdade de opinião estão deixando de existir!
Mesmo sendo uma minoria, a esquerda está nos vencendo não só porque ela detém o poder financeiro, o judiciário, a mídia de massas e as universidades, mas também porque ela age com mais garra e mais ódio. Ela não hesita em atacar, pois desconhece essa preocupação burguesa ridícula de certos setores “conservadores” que querem ser “comedidos” e “equilibrados” até quando falam dos inimigos que estão nos acossando ano após ano!
Sim, eles são nossos inimigos. Não são meros “adversários no campo das ideias” ou palermice que o valha. Cristo não negou que os inimigos por quem devemos rezar sejam nossos verdadeiros inimigos (e inimigos d’Ele, sobretudo)!
Se Nosso Senhor fosse um pacifista politicamente correto, como hoje alguns O descrevem, não teria mandado os discípulos sacudirem até a poeira dos pés contra aqueles que não aceitam a Verdade! E o Seu apóstolo São Paulo não teria mandado excomungar os que ensinam doutrinas estranhas ao Evangelho!
Os santos odiaram sim. E bendito seja Deus pela santa ira deles!
Nosso Senhor orou por seus inimigos quando rezou “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem”, mas odiou a transformação do templo de Deus em “covil de ladrões” a ponto de expulsar os responsáveis com chicotadas! Odiou igualmente a atitude hipócrita dos fariseus (“raça de víboras!”, “sepulcros caiados!”), odiou os muitos demônios que expulsou de tantos possessos, odiou a injustiça e a perversidade humana!
Sei que estou dando margem aqui para que o MPF agora me acuse de “discurso de ódio”. Que seja! Mas que fique bem claro: não é um discurso de ódio contra pessoas, mas sim contra as ideias perversas e contra os atos de tirania e de corrupção moral que merecem ser detestados e devidamente combatidos pelos católicos honestos que ainda resistem!
Chega dessa coisa de a esquerda ter o monopólio da ira!
Chega de eles terem licença para pregar, pública e abertamente, até o assassinato do presidente da república, enquanto nós não podemos dizer um “a” nem contra os assaltos à democracia cometidos por um biltre ordinário como Alexandre de Moraes ou um patife abortista como Luís Roberto Barroso!
A conta é simples: ou você é um cristão que odeia e combate o mal, ou você não é cristão!