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O Trabalho da Mulher Casada e a Direita Feminista

Mulher, direita feminista, carreirismo

Introdução

Uma das bandeiras do feminismo é que toda mulher, independente de ser casada ou não, tem o direito de trabalhar fora de casa.

Recentemente, esta visão tem crescido entre alguns católicos e muitos deles já enxergam a defesa da mulher do lar como uma “ideologia de direita”.

Contudo, como veremos, é contrário ao ensino das Escrituras e do Magistério da Igreja que a mulher possua direito de trabalhar fora de casa independente do seu estado de vida. Uma religiosa, por exemplo, possui votos de obediência e assim não possui “direito” ao trabalho independente da autorização dos seus superiores. Um sacerdote  também não possui “direito” ao trabalho independente da autorização do seu bispo. Igualmente, no matrimônio, a mulher possui deveres próprios do seu estado de vida e também possui uma autoridade a que está submetida, a do seu marido. O matrimônio não é um estado de vida “pro-choice”. Há, na sociedade familiar, uma ordem estabelecida por Deus que se não for seguida dará ocasião para a destruição das famílias.

O ensino da Igreja

Para abordarmos se de fato a mulher possui “direito ao trabalho” no casamento precisamos responder a pergunta: para que serve o trabalho no contexto familiar?

Segundo São João Paulo II, na Encíclica Laborens Exercens, “o trabalho constitui o fundamento sobre o qual se edifica a vocação familiar. […] O trabalho, de alguma maneira, é a condição que torna possível a fundação de uma família.” (n.10)

O trabalho, portanto, “cria” a sociedade familiar, pois lhe garante a subsistência. Sendo assim, a pergunta que fazemos, então, é a seguinte: a quem cabe a responsabilidade de sustentar a família?

Influencers deslocados do Magistério. O desvio doutrinal de “O Catequista” e Patrícia Silva

Em uma sequência de stories em vídeo, infelizmente perdida, a página O Catequista assim respondeu:

Livraria do ISA 350x350

“A Igreja não tem documentos estabelecendo papéis fixos nesse sentido de quem traz dinheiro pra casa, se é o homem ou a mulher. Isso não é estabelecido pela Igreja e não faz sentido nenhum que seja. Às vezes, é a mulher que vai ganhar mais; às vezes, quem vai trabalhar fora é o homem e outra fase pode-se entender que é o homem que vai ficar com as crianças e quem vai trabalhar fora é a mulher. Isso pode ser fluido na família.”

Em recente postagem de feed no Instagram intitulada “O elitismo da bolha conservadora no Brasil” a socióloga católica Patrícia Silva (perfil @pretaderodinhas) fez duras críticas à “bolha conservadora” por travar uma guerra cultural contra a “mulher trabalhadora” por ela não conseguir conservar o “ideal burguês” de mulher, isto é, a mulher dona de casa, dando a entender que também é responsabilidade da mulher sustentar a casa:

Ao contrário, engajam-se em uma guera cultura que coloca as mães trabalhadoras como desleixadas por não cumprirem o ideal burguês de esposa/mãe/dona de casa.
Ao contrário, engajam-se em uma guerra cultural que coloca as mães trabalhadoras como desleixadas por não cumprirem o ideal burguês de esposa/mãe/dona de casa.

Estas opiniões, contudo, erram enormemente e demonstram desconhecimento do Magistério da Igreja. Primeiro, porque existem documentos magisteriais que definem a quem cabe o sustento da casa. E este alguém é o homem. Segundo, porque não é “ideal burguês” que a mulher casada seja esposa, mãe e dona de casa, mas sim ensino da Igreja.

Trabalhar e prover. Dever primário do marido.

Pio XII:

As responsabilidades do homem diante da mulher e dos filhos nasce, em primeiro lugar, dos deveres para com suas vidas, pelas quais empenha sua profissão, sua arte e seu trabalho. Com o trabalho profissional deve conseguir para os seus uma casa e alimento cotidiano, os meios necessários para um seguro sustento e um conveniente vestir.” (Discurso aos esposos, 8 de abril, 1942)

Ao marido cabe o papel de garantir a subsistência e o futuro das pessoas e da casa, de tomar decisões que comprometam a ele e aos filhos” (Discurso aos esposos – 25 de fevereiro, 1944)

Francisco:

“O homem «desempenha um papel igualmente decisivo na vida da família, especialmente na proteção e sustentamento da esposa e dos filhos. (…) Muitos homens estão conscientes da importância do seu papel na família e vivem-no com as qualidades peculiares da índole masculina.” (Amoris Laetitia, 55)

Viver a vida doméstica e cuidar do lar. Dever primário da mulher.

As Escrituras relacionam a boa esposa com a vida doméstica:

“Assim também as mulheres de mais idade mostrem no seu exterior uma compostura santa, não sejam maldizentes nem intemperantes, mas mestras de bons conselhos. Que saibam ensinar as jovens a amarem seus maridos, a quererem bem seus filhos, a serem prudentes, castas, cuidadosas da casa, bondosas, submissas a seus maridos, para que a Palavra de Deus não seja desacreditada.” (Tt 2,3-5)

“Quero, pois, que as viúvas jovens se casem, cumpram os deveres de mãe e cuidem do próprio lar, para não dar a ninguém ensejo de crítica.” (1 Tm 5,14)

Catecismo Romano:

De boa vontade vivam dentro da casa. Não saiam senão por necessidade, e nunca se atrevam a fazê-lo, sem a permissão do marido.”

Bento XV:

“Com o declínio da religião, as mulheres cultas perderam o sentimento de vergonha e a piedade. Muitas, para assumirem ocupações inadequadas ao seu sexo, começaram a imitar os homens. Outras abandonaram os deveres de dona de casa, para os quais foram formadas, para se lançarem de forma imprudente na corrente da vida.” (Epístola Natalis Trecentesimi)

Pio XI na Quadragesimo Anno:

“As mães de família devem trabalhar em casa ou nas suas adjacências, dando-se aos cuidados domésticos.”

Pio XII :

“À mulher cabem  aquelas diligências numerosas, particularizadas, aquelas imponderáveis atenções e cuidados cotidianos, que são os elementos da atmosfera interna de uma família, e, conforme agem retamente, ou ao contrário, alteram-se, ou mesmo faltam totalmente, tornam segundo o caso: sã, confortável, ou apressiva, viciada, irrespirável a convivência familiar.” (Discurso aos esposos – 25 de fevereiro, 1944)

Trabalho externo da mulher casada. Quando forçoso, intolerável abuso. Quando voluntário, condenável feminismo.

Bento XV:

“Com o declínio da religião, as mulheres cultas perderam o sentimento de vergonha e a piedade. Muitas, para assumirem ocupações inadequadas ao seu sexo, começaram a imitar os homens. Outras abandonaram os deveres de dona de casa, para os quais foram formadas, para se lançarem de forma imprudente na corrente da vida.” (Epístola Natalis Trecentesimi)

São Pio X em discurso para a Delegação do Sindicato das Senhoras Católicas Italianas em 1909 ensina:

“Depois de criar o homem, Deus criou a mulher e determinou a sua missão, a saber, a de ser sua companheira, auxílio e consolação… É um erro, portanto, sustentar que os direitos da mulher são iguais aos do homem. As mulheres na guerra ou no parlamento estão fora da sua esfera adequada, e a sua posição lá seria ser o desespero e a ruína da sociedade. A mulher, criada como companheira do homem, deve permanecer sob o poder de amor e carinho, mas sempre sob seu poder. Quão equivocado, portanto, é esse feminismo que busca corrigir a obra de Deus. É como um mecânico tentando corrigir os sinais e movimentos do universo. As Escrituras, e especialmente as três epístolas de São Paulo, enfatizam a dependência da mulher do homem, o seu amor e assistência, mas não sua escravidão a ele.”

Pio XI na Quadragesimo Anno:

“É um péssimo abuso, que deve a todo o custo cessar, o de as obrigar, por causa da mesquinhez do salário paterno, a ganharem a vida fora das paredes domésticas, descurando os cuidados e deveres próprios e sobretudo a educação dos filhos. Deve pois procurar-se com todas as veras, que os pais de família recebam uma paga bastante a cobrir as despesas ordinárias da casa.

Pio XI em Casti Connubii:

“Os mesmos mestres do erro, que por escritos e por palavras ofuscam a pureza da fé e da castidade conjugal, facilmente destroem a fiel e honesta sujeição da mulher ao marido. Ainda mais audazmente, muitos deles afirmam com leviandade ser ela uma indigna escravidão de um cônjuge ao outro; visto os direitos entre os cônjuges serem iguais, para que não sejam violados pela escravidão de uma parte, defendem com arrogância certa emancipação da mulher, já alcançada ou por alcançar.

Estabelecem, mais, que esta emancipação deve ser tríplice: no governo da sociedade doméstica, na administração dos bens da família e na exclusão e supressão da prole, isto é, social, econômica e fisiológica. Fisiológica por quererem que a mulher, de acordo com sua vontade, seja ou deva ser livre dos encargos de esposa, quer conjugais, quer maternos (esta mais do que de emancipação deve apodar-se de nefanda perversidade, como já suficientemente demonstramos). Emancipação econômica por força de que a mulher, ainda que sem conhecimento e contra a vontade do marido, possa livremente ter, gerir e administrar seus negócios privados, desprezando os filhos, o marido e toda a família. Emancipação social, enfim, por se afastarem da mulher os cuidados domésticos tanto dos filhos como da família, para que, desprezados estes, possa entregar-se até às funções e negócios públicos.” (n. 75) 

 São João Paulo II:

“Uma justa remuneração do trabalho das pessoas adultas, que tenham responsabilidades de família, é aquela que for suficiente para fundar e manter dignamente uma família e para assegurar o seu futuro. Tal remuneração poderá efectuar-se ou por meio do chamado salário familiar, isto é, um salário único atribuído ao chefe de família pelo seu trabalho, e que seja suficiente para as necessidades da sua família, sem que a sua esposa seja obrigada a assumir um trabalho retribuído fora do lar;

A experiência confirma que é necessário aplicar-se em prol da revalorização social das funções maternas, dos trabalhos que a elas andam ligados e da necessidade de cuidados, de amor e de carinho que têm os filhos, para se poderem desenvolver como pessoas responsáveis, moral e religiosamente amadurecidas e psicologicamente equilibradas.

O abandono forçoso de tais tarefas, por ter de arranjar um trabalho retribuído fora de casa, é algo não correto sob o ponto de vista do bem da sociedade e da família, se isso estiver em contradição ou tornar difíceis tais objetivos primários da missão materna.

Nesta ordem de ideias, deve realçar-se que, numa visão mais geral, é necessário organizar e adaptar todo o processo do trabalho, de tal sorte que sejam respeitadas as exigências da pessoa e as suas formas de vida, antes de mais nada da sua vida doméstica, tendo em conta a idade e o sexo de cada uma delas.” (Laborem Exercens,  n. 19)

Francisco, por fim, pontua os limites da emancipação feminina quando nega os deveres maternos:

“Hoje reconhecemos como plenamente legítimo, e até desejável, que as mulheres queiram estudar, trabalhar, desenvolver as suas capacidades e ter objetivos pessoais. Mas, ao mesmo tempo, não podemos ignorar a necessidade que as crianças têm da presença materna, especialmente nos primeiros meses de vida. A realidade é que «a mulher apresenta-se diante do homem como mãe, sujeito da nova vida humana, que nela é concebida e se desenvolve, e dela nasce para o mundo». O enfraquecimento da presença materna, com as suas qualidades femininas, é um risco grave para a nossa terra. Aprecio o feminismo, quando não pretende a uniformidade nem a negação da maternidade.” (Amoris Laetitia, 173)

Portanto, tanto o abandono forçoso quanto o abandono voluntário do lar e dos deveres domésticos pela mulher casada são reprovados pela Igreja.

Observemos ainda que, caso a mulher casada realmente precise de um trabalho externo, o Magistério pede uma completa adaptação do processo de trabalho às suas peculiaridades de mãe e esposa. Porém, ressalvemos, o mesmo não é pedido para o homem. A razão é óbvia: já se presume que o homem possui o dever de sustentar a família seja dentro ou fora de casa. Mas não se presume o mesmo da mulher. Para a mulher casada só se presume lícito o trabalho dentro do lar. O trabalho fora vai depender das circunstâncias e da autorização do marido.

A Igreja, assim, não defende, como querem alguns tanto à esquerda quanto à direita, um mercado de trabalho 50/50, dividido igualmente entre homens e mulheres, pelas seguintes razões:

Primeiro, porque o trabalho deve ser dividido segundo à índole de cada sexo. A guerra e o governo, por exemplo, como ensinou São Pio X, não estão na alçada feminina. Não há real problema dessas funções serem majoritariamente ou mesmo 100% ocupadas por homens.

Defender a igualdade absoluta seria assumir as premissas da ideologia de gênero de que a natureza feminina ou masculina em nada influenciam no tipo de trabalho que homens e mulheres devem fazer.

Segundo, porque apenas o homem, solteiro ou casado, possui a presunção de necessitar de um emprego. A mulher não possui esta presunção, pois, uma vez casada, o marido deverá sustentá-la. Do que se conclui que o carreirismo é uma vocação natural do homem, mas não da mulher.

Daí a necessidade das feministas de direita enfatizarem tanto a expressão “mulher trabalhadora” ou “mãe trabalhadora”, para acentuar a ideologia carreirista que permeia seus pensamentos.

Resumo do ensino magisterial

Do exposto, podemos resumir o ensino da Igreja sobre o trabalho externo da mulher casada da seguinte forma:

1. A mulher foi pensada por Deus para a vida doméstica justamente para que pudesse ser mãe;
2. Depois de casada, o trabalho principal da mulher é dentro de casa ou perto do lar.
3. A mulher só pode trabalhar fora de casa com autorização do marido e pondo a salvo os deveres domésticos.
4. O trabalho deve ser compatível com a índole feminina e adaptado aos seus deveres de mãe e esposa, ou seja, não é a família que tem que se adaptar à carreira da mulher, mas a carreira à família.

O drama da “mulher de Linkedin”. Da necessária maturidade que deve ter.

Atualmente, é muito comum as pessoas se casarem mais tarde e tanto o homem quanto a mulher serem independentes financeiramente. Todavia, em regra, isso gera um problema para as mulheres, principalmente aquelas que têm um grande hype social, que ainda solteiras chegaram a um patamar de carreira muito alto e difícil de abandonar; pois o carreirismo, para a mulher, representa sempre uma grande armadilha e tentação para sua índole feminina, tendo em vista que não pertence à sua vocação natural.

Uma mulher carreirista ou de “Linkedin” que pretenda casar deverá ter consciência que o matrimônio é uma opção por um estado de vida que lhe exigirá muitas renúncias. Não é diferente para quem opta pelas vocações sacerdotal e religiosa. A mulher deve ter plena maturidade de reconhecer que sua carreira poderá ter vida curta ou, se ela permanecer no trabalho, que sua carreira estará totalmente subordinada à vida conjugal e familiar.

É um intolerável abuso e condenável feminismo a moça exigir ou obrigar o marido a aceitar que ela trabalhe fora de casa. Se ela pensa em fazer isso ou já exige isso do seu namorado ou do seu noivo, é melhor que não se case.

Objeções da Direita Feminista

1) Nem todas mulheres podem trabalhar em casa. A família, muitas vezes, precisa complementar renda.

R: Neste caso, as mulheres podem e devem trabalhar fora, já que o marido não pode sustentá-las. 

2) E mulheres solteiras que ainda não se casaram?

R: Mulheres solteiras precisam prover a si mesmas, então não há óbice para o trabalho externo.

3) Mulheres trabalhadoras podem ser simultaneamente excelentes esposas, mães e funcionárias! (“opusdeísmo cultural alert“)

R: Esta possibilidade de fato existe, mas não é presumida pelo Magistério. Em regra, se uma mulher não tiver o dom da bilocação, ela sempre escolherá mais o trabalho ou mais a casa. E será medíocre em uma das duas coisas. A presunção do Magistério é que, ordinariamente, o trabalho externo será um obstáculo para a mulher no cumprimento dos deveres domésticos e familiares.

4) Nós precisamos de mulheres no mercado de trabalho. Santa Joana era guerreira. Precisamos de mulheres em todos os postos de trabalho.

R: Santa Joana D’arc nunca entrou em uma batalha, como relata a historiadora Jennie Cohen em “7 Surprising Facts about Joan of Arc”. Ela inspirava os homens que lutavam.

Precisamos de mulheres no mercado de trabalho? Bom, em profissões tipicamente femininas, sim. Mas sempre haverá mulheres solteiras para elas. Quanto ao mercado de trabalho em geral, não se deve pensar que a Igreja defenda um mercado 50/50 de homens e mulheres. Afinal, somente os homens têm a presunção de precisarem de trabalho independente de serem solteiros ou casados.

A escritora Stephanie Gordon em seu livro “Ask your Husband” relembra que o lugar onde, de fato, a mãe é requerida e há real necessidade da sua presença é o lar:

“Acreditamos falsamente que criar os filhos por estranhos na creche é tão bom quanto criar os filhos por uma mãe amorosa em casa. Outras vezes, vendemos a mentira de que os pais que ficam em casa são tão bons quanto as mães que ficam em casa (o que é basicamente uma forma de transgenerismo).

Primeiro, sem algum conjunto de circunstâncias emergentes, as crianças podem mudar até mesmo para os membros da família extensa. Em segundo lugar, mesmo um pai não pode substituir a mãe de uma criança. Homens e mulheres têm tendências e preferências diferentes, e é por isso que Deus definiu cada sexo para cada sexo tarefas diferentes dentro da hierarquia da família cristã. Terceiro, as crianças nunca deixam de precisar da atenção da mãe depois de terem terminado de ocupar o ventre materno. Na verdade, elas começam a precisar da atenção da mãe nesse momento. Quarto, uma miríade de profissionais poderia substituí-las no trabalho: o único lugar onde vocês são insubstituíveis é em sua casa, senhoras. Não se engane, ninguém jamais poderá substituí-la em casa, onde o seu papel é absolutamente precioso.

Se você afirma tolamente que seu trabalho é tão vital para a humanidade que não pode ser substituído, então você está cega por uma ambição insignificante e vaidosa. Todo tolo diz isso sobre seu trabalho. Acredito que uma vez uma cabeleireira me disse isso. Eu diria que nada é mais importante para Deus do que educar seus próprios filhos para o céu enquanto cuida de sua vocação de esposa. Nada poderia ser mais pessoal. O bem presumido (e geralmente exagerado) da humanidade não o isenta dos deveres para com a sua própria família.

Em vez de reagirem defensivamente, todas as mães deveriam sentir-se imensamente orgulhosas do quão insubstituíveis são. Mas, infelizmente, aqui estão elas a tentar convencer o mundo de que são totalmente substituíveis em casa, mas insubstituíveis no trabalho. Ninguém pode substituí-los em casa! É verdadeiramente diabólico e ilógico.” (p. 105)

O Pe. George A. Kelly em seu “Manual do Matrimônio Católico” também alerta sobre as armadilhas do trabalho externo da esposa:

“Quase sempre, a esposa que se emprega com um objetivo temporário (comprar uma nova mobília para a sala, por exemplo), cedo descobre que o padrão de vida da família melhorou e que esta precisa de seu salário para continuar vivendo no nível a que se acostumou. Quando as mulheres ajudam no sustento da casa, alguns maridos tendem a tornar-se preguiçosos e negligentes para com seus próprios deveres. É provável também que, aproximando-se o salário da esposa do percebido pelo marido ou mesmo excedendo-o, o orgulho dele fique profundamente ferido e surjam disputas dentro do casal para decidir quem é o cabeça do lar.

O trabalho fora de casa pode também desenvolver numa esposa traços indesejáveis. Tornando-se economicamente independente, ela pode perder a disposição para os sacrifícios e para os ajustes emocionais indispensáveis à manutenção de relações felizes com o marido. Por outro lado, tendo contato com outros homens, surge o risco de complicações românticas. Mas não é só. Ela se depara com o perigo de passar a dar excessiva importância às roupas e aos enfeites e também com o de perder sua feminilidade e tornar-se menos refinada. O pior de tudo, porém, é que, no afã de conseguir bens materiais, a esposa deixará em segundo plano a educação dos filhos. As assistentes sociais são unânimes em proclamar que a delinquência infantil é mais acentuada entre os filhos das mulheres que mourejam fora de casa, os quais, por levarem as mães a maior parte do tempo ausentes do lar, não podem ser devidamente assistidos. (p. 111)

5) Meu marido não traz dinheiro suficiente. Preciso trabalhar.

R: É necessário não confundir a pobreza ou a vida simples com a miséria. Não é obrigação do marido ser rico, mas dar teto, comida e roupa para sua família. Se ele está dando conta disso, então a mulher não precisa realmente trabalhar. Contudo, se as contas estiverem atrasadas e as coisas começarem a faltar, a mulher pode ajudar o marido trabalhando externamente. Mas sempre tendo em mente em retornar à situação ideal, isto é, que ela não trabalhe fora.

6) Não gosto de ficar em casa. Prefiro trabalhar.

R: Era melhor não ter casado, pois o gosto pelo lar faz parte da índole da mulher casada. 

7) Santa Gianna Molla foi uma mãe trabalhadora. Toda mãe tem o direito de trabalhar e seguir sua carreira.

R: É muito comum que feministas, quando se veem sem apoio da Igreja para suas teorias, façam uso do exemplo de alguns santos. Talvez, Santa Gianna Molla seja o exemplo favorito do feminismo “católico”, mas a página O Catequista também forneceu outros exemplos de “mães santas e trabalhadoras” para reforçar o paradigma feminista. 

Contudo, respondamos o seguinte:

Primeiramente, é preciso recordar que os santos não viveram sempre nas condições ideais desejadas pela Igreja e nem tudo em suas vidas é realmente imitável.

Em segundo lugar, se há conflito entre a vida de um santo e a doutrina da Igreja devemos preferir sempre a última, pois ela sim é lâmpada para os nossos pés e luz para os nossos caminhos. Os ensinos da Igreja são seguros e perenes, mas a vida de um santo pode ter muitas influências condicionadas pela mentalidade de seu próprio tempo.

Terceiro, acerca de Santa Gianna, é preciso dizer que ela seguiu o ensino da Igreja fielmente. Pietro Molla, seu marido, conta em seu livro “Santa Gianna Molla: esposa, mãe e médica” o contexto que Santa Gianna desejaria atuar como médica:

“Já durante o nosso noivado, Gianna me perguntou sobre continuar sua profissão pelo menos enquanto suas obrigações como esposa e, acima de tudo, como mãe o permitissem. Não me opus a isso porque eu sabia muito bem o quanto ela praticava a medicina com entusiasmo, o quanto ela era apegada aos seus pacientes. Mais tarde, de comum acordo, tomamos a decisão de que ela parasse no nascimento do nosso quarto filho. Nesse entendimento, ela continuou a sua profissão até ao último parto.”

Em “Santa Gianna Beretta Molla: A Woman’s Life”, a autora Giuliana Pelucchi detalha esta história contada pelo próprio Pietro Molla:

“Depois de retornar a Ponte Nuovo, Gianna tentou reorganizar sua vida, querendo encontrar tempo para tudo: Pietro e seus filhos, o gerenciamento de sua casa e sua prática médica. Pietro viu como ela sempre estava ocupada e perguntou se ela consideraria desistir de sua prática. O olhar que Gianna lhe deu em resposta, no entanto, desencorajou Pietro de perguntar novamente. “Eu prometo a você”, ela lhe disse um dia, “que quando tivermos mais um filho, interromperei meu trabalho médico e serei mãe em tempo integral, mesmo que isso seja difícil para mim”.

Observa-se que Santa Gianna foi o exemplo oposto da típica feminista católica. Ela não exigiu de Pietro trabalhar fora, mas pediu sua permissão e condicionou o trabalho às possibilidades da família. E, no casamento, quando as coisas se tornaram irreconciliáveis, ela desistiu do trabalho por amor ao matrimônio.

Não são poucas as católicas feministas que defendem que, para a mulher ter mais longevidade na carreira, é necessário que o marido tenha mais participação na vida doméstica. Mas a perspectiva está errada. Se a mulher não está dando conta da sua vida familiar por conta de seu trabalho, não é a família que precisa mudar, mas ela. 

7) São João Paulo II agradeceu as mulheres que trabalhavam em sua “Carta às mulheres” de 1995.

R: São João Paulo II não menciona que essas mulheres sejam mães. Presumivelmente, ele se referia às mulheres solteiras e àquelas que conseguiam harmonizar seu trabalho com os deveres familiares.

Ademais, embora os Pontífices falem muito sobre a presença feminina na sociedade, eles nunca dizem que mulher casada possui direito ao trabalho externo.

Os próprios Papas também não promovem ocupações de cargos no Vaticano por mulheres casadas. Em grande maioria, as mulheres que ali trabalham são freiras. O único leigo que chefia algum discatério da Santa Sé é um homem, o prefeito do Discatério das Comunicações Paolo Ruffini.

Assim, não há qualquer motivo para pensar que São João Paulo II estivesse endossando o carreirismo da mulher casada, se nem pela palavra e nem pelo exemplo ele fez tal coisa.

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