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Os Tradicionalistas e o Novo Papa

Foto: Getty Images / Purepeople

É evidente — e há evidências que não se provam, mas se sentem, como o perfume de uma vela recém-apagada — que existem tradicionalistas feridos, desconfiados, com olhos treinados para ver o erro antes da esperança. Homens endurecidos pela guerra, tão acostumados ao cerco que já não sabem distinguir o soar dos sinos do estourar das bombas. Sim, alguns deles ainda esperam o “Papa tradicional” como se esperassem um comandante para a última cruzada. E se não o veem surgir no balcão da bênção, franzem o cenho e armam o coração.

Mas eis o milagre: a maioria dos grandes nomes do Tradicionalismo, esses mesmos que há pouco estavam nas trincheiras, levantou os olhos… e baixou as armas. Porque não é sempre que o céu troveja — às vezes ele chora, às vezes sorri. E desta vez, parece que sorriu.

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No dia 1º de Leão XIV, não ouvimos o som de escudos se batendo, nem de lanças se quebrando. O que ouvimos foi mais parecido com um suspiro.

— Taylor Marshall, que alguns esperavam encontrar de espada desembainhada, disse simplesmente: “Eu me submeto a Leão XIV.”

— Peter Kwasniewski, que raramente escolhe palavras leves, afirmou com sobriedade: “Considero esse pânico com Leão XIV um erro.”

— Michael Matt, veterano das trincheiras, exclamou: “Devemos dar a Leão XIV o benefício da dúvida. Não há razão para entrarmos em pânico.”

— Bonifácio, do Unam Sanctam, confessou, quase com ternura: “O Papa Leão parece ser um homem genuinamente bom. Senti por ele um afeto paterno sincero.”

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— E o editorial do Rorate Caeli, com uma simplicidade desarmada, escreveu com singeleza: “Podem nos criticar o quanto quiserem, mas sentimos uma afinidade cada vez mais calorosa com Leão XIV. Que os católicos tradicionais deem ao novo Papa o amor, a estima, o respeito e as orações que ele merece. Livremente, sem medo, esperando o melhor.”

Ora, isso não é pouco. É como ver, depois de uma longa noite difícil e em claro, a primeira linha dourada da alvorada. Durante os últimos anos, o clima na Igreja foi de guerra — uma guerra fria, silenciosa e invisível, mas profundamente real. As palavras carregavam pólvora. Os olhares, suspeita. E os fiéis andavam como quem pisa em terreno minado, sem saber onde ainda se podia amar a Igreja sem ser acusado de ódio.

Mas, de repente — como num desses momentos em que o Céu resolve brincar de poeta — tudo mudou.

Não veio o raio. Não veio o trovão. Veio… uma brisa. Suave. Como aquela que Elias ouviu na caverna. Como o sopro que antecede a paz. Como a mão de uma mãe no rosto do filho assustado.

E então todos se entreolharam, como que saindo de um pesadelo, e perguntaram baixinho num misto de confusão e alegria: “Foi… Deus?”

E o que se seguiu foi estranho, belo, inesperado: do medo, nasceu o alívio; e do alívio, uma alegria tímida, mas verdadeira. Uma alegria que não grita nem dança, mas que chora em silêncio. Como quem, depois de muito tempo, reencontra um pai. E percebe que ainda é filho.

Muitos, ao olharem o trono de Pedro, esperavam encontrar um administrador tirano de ruínas, um burocrata de esperanças mortas, um eco do passado recente. E então — num gesto tão calmo que pareceu eterno — apareceu um homem que disse: “É necessário que Cristo cresça e eu diminua.”

Esperávamos um lobo. E vimos o Bom Pastor.

É uma dessas viradas que só o Céu sabe fazer. É uma daquelas ironias divinas em que só podemos sorrir, desconcertados e agradecidos.

Os católicos tradicionais foram pintados nos últimos tempos como se fossem demônios vestidos de rendas, vampiros da sacristia, inquisidores ressuscitados das cinzas. E ainda há viúvas de tiranias que os tratam como tal. Mas eles — injustamente acusados, caricaturados, abandonados como se fossem filhos malditos da própria Igreja — não pediam um papa tradicionalista. Pediam um pai. E agora que o veem surgir, muitos se descobriram prontos para amar — não por estratégia, nem por cálculo, mas porque o coração, depois de muito tempo sob o peso da cruz, finalmente respirou.

A verdade é que não viam a hora de poder amar novamente o pai. Porque o Papa não precisa ser um tradicionalista para ser amado. Basta, como Cristo, ser pai.

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