A organização “Diversxs Alto Paraná” organizou em Hernandaria, cidade do Paraguai, mesmo com a proibição do prefeito, uma parada LGBT. A manifestação terminou em violência com três manifestantes feridos, segundo informa H2FO. A razão é que os moradores locais foram impedir que atos exibicionistas fossem manifestados em público após o término da marcha.
Quando isso acontece, é comum o debate se dar de modo a se querer implementar um discurso de pacifismo politicamente correto, que inclusive enlaça muitos católicos. Neste sentido, Padre Miguel Martinez fez um vídeo para ajudar a esclarecer este tipo de questão, trazendo racionalidade ao tema.
A fala do padre, transcrita e traduzida, está abaixo. Através da distinção de violência justa e violência injusta, condena a segunda. Diante disso, lamentou os possíveis excessos dos moradores na agressividade, porém lembrou que na questão da violência existe uma hierarquia. A violência contra a verdade, justamente a promovida pelos movimentos LGBT, é muito mais grave que a violência física injusta ou desproporcional. Sendo assim, o católico não deve cair em irenismo, em um pacifismo de condenar a violência sem antes analisar seu contexto e circunstância. Também relembrou um princípio básico da Doutrina Social da Igreja: o pecado, o erro e o mal não possuem direito. Não devem, portanto, serem positivados pela lei humana e tampouco podem ser justificados por Deus.
Após a transcrição, também inserimos o vídeo de esclarecimento do padre (que foi censurado no Facebook, mas está presente em seu canal do Youtube).
Olá a todos! Fim do dia de São Miguel Arcanjo, 29 de setembro, não foi um dia fácil. Um grupo LGBT realizou uma marcha para exigir direitos da comunidade, uma marcha chamada “Diversxs Alto Paraná”. O que queriam fazer era uma marcha na avenida Costanera de Hernandarias, a qual se encontra dentro de minha jurisdição paroquial e então posso falar com propriedade sobre o ocorrido. O que se sucedeu foi que um grupo de cidadãos hernandarienses decidiu também se manifestar, usando o direito de manifestação presente na Constituição Nacional, com o que eles chamaram de ato dos lençóis [Sabanazo]. Levaram metros de tecidos e lençóis para cobrir aquilo que eles consideravam como uma vergonha, para proteger assim a vista das crianças e dos jovens daquele exibicionismo que só se produz nesse tipo de evento. Havia também um terceiro grupo de manifestantes, os moradores do lugar que, ao que parece, estavam cansados – muito muito cansados e meio fartos desse tipo de situação – e então se excederam um pouco em suas reações. Daí que agora toda essa gente fica falando sobre o tema da violência, dizendo que os pró-vidas são violentos, que os grupos anti-direitos são compostos por gente violenta.
A violência injusta é certamente reprovável, mas há uma violência justa, tal qual foi justa a violência que Nosso Senhor Jesus Cristo usou para expulsar os vendedores do templo. É violência justa quando é usada para poder se defender, quando utilizada em autodefesa. Por outro lado, a violência injusta é certamente sempre reprovável. Sempre é reprovável.
Sempre ouvimos dizer que não é possível construir sociedades de paz com violência, mas isso não se aplica ao caso da manifestação dos pró-vidas com seus lençóis, mas sim aos moradores do lugar que perderam a paciência. A partir disso todo mundo sai dizendo, para poder justificar seu rótulo pacifista, (ou melhor) irenista, dizendo eu não tenho nada a ver com isso, sou pró-vida, mas não tenho nada a ver com essa violência.
Deixa-me dizer uma coisa. Há uma violência muitíssimo mais grave – a outra é má e também leva ao inferno -, mas há uma violência muito mais grave que é, digamos, como que uma violência metafísica: a violência contra a verdade. É querer elevar a direito o que é mau. É querer elevar a direito o pecado. É querer elevar a direito o que é uma quebra, uma ruptura, um atentado contra a lei natural.
Assim, fornicar é mau, concubinato é mau, o adultério é mau, roubar é mau e os atos homossexuais também são maus. Deste modo, nada poderiam fazer essas marchas para conseguir legitimar o roubo, nem para conseguir legitimar o adultério. Contudo, existem pessoas, que inclusive se dizem católicas, que querem dar o direito de expressão ao mal, ao pecado, ao erro, ao atentado contra a lei natural. É isso que está em jogo nessas questões.
O pecado não tem direitos. O erro não tem direitos. Sendo assim, não pode ser elevado a direitos, por mais que haja um grupo de pessoas, mesmo que sejam multidões, que peçam; porque sentem isso pensam que esse direito lhes devem ser dado. Isso é uma violência muito grave e, acima de tudo, é pretender que não somente as leis humanas legitimem esse desejo, essa desordem intrinsecamente má, como direito, mas também pretendem que Deus lhes justifique.
Um católico pode ser má gente, mas se se arrepende, se confessa e busca reparação, então seus pecados serão perdoados. Todavia, se um católico pretende que Deus justifique seu pecado, então isso não é possível de ser justificado. Por conta disso, o pecado não pode se converter em direito. Nunca, jamais!
Pretendem que Deus aprove o mal somente porque consideram bonito, segundo frequentemente alguns pensam, só porque chamam isso de amor. Porém não chamam de amor a verdade, não amam a Deus sobre todas as coisas, nem suas obras. Assim, desejar que Deus legitime o pecado e achar que Deus aprova o pecado é uma blasfêmia. Isso é algo que ofende muito a Deus e que ofendeu a essa gente simples que reclamou dizendo isso não pode ser assim, não pode ser, não podem vir aqui fazer uma manifestação desse tipo em nossa casa, em nosso bairro, em nossa comunidade, ou seja, que isso que se está vendo se converta em um direito, se converta em uma coisa legítima e que, uma vez legitimada, seja ensinada aos jovens como algo bom, como uma coisa legal, como uma coisa legítima. Isso é blasfemar contra a verdade.
Portanto, não nos façamos de politicamente corretos para dizer assim: “ah, condenamos a violência. Não estou de acordo com a violência”. Sim, de fato não devemos estar de acordo com a violência injusta. Condeno a violência injusta, condeno a agressão! Contudo, se sou realmente honesto, devo condenar o pecado e devo condenar a promoção pública do pecado.
Se a pessoa peca em privado, será seu problema, ponto pacífico. Todavia, se além disso pretende dizer publicamente que todos devem aceitar esse pecado e que, além disso, devem assumir que está tudo bem, então isso não se pode aceitar.