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Papa tinha o banimento da Missa Tridentina em sua mesa, mas não assinou o texto: relato

Podcast onde foi relatado que a Missa Tridentina estava por um triz

Um amigo do Papa Francisco afirmou que o Papa lhe disse que um documento — muito comentado durante o verão — para implementar novas restrições à Missa Tridentina existe, e que Francisco só não o assinou devido a uma conversa que os dois tiveram.

A revelação recente parece confirmar que esse documento, o qual visa restringir severamente a Missa Tradicional em Latim, de fato existe, apesar do fato de que as informações o sobre sua existência terem sido confusas durante os rumores do verão [inverno no hemisfério sul].

Resumo do caso

Antes de expor todos os detalhes, é necessário fazer um breve resumo dos últimos eventos sobre o caso para entender a importância do comentário do Papa.

No verão [inverno no sul] deste ano, surgiram rumores de que um novo documento para restringir severamente a Missa Tridentina estava prestes a ser emitido. Acreditava-se que ele teria como alvo principal os padres diocesanos, visto que duas das principais comunidades sacerdotais de Missa Tradicional em Latim – Fraternidade São Pedro e Instituto Cristo Rei – recentemente tiveram suas constituições e carismas aprovados pelo próprio Francisco em reuniões privadas, e provavelmente não seriam afetados. {Aqui e aqui }

Acredita-se que tenha sido escrito pelo secretário da Congregação para o Culto Divino (Arcebispo Vitoria Viola), tendo sido também relatado os apoios chaves do Cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado, do prefeito do Dicastério para as Igrejas Orientais, Cardeal Claudio Gugerotti, e do Núncio Francês, Arcebispo Celestino Migliore.

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Conforme relatado no PerMariam, várias fontes próximas ao Papa Francisco disseram não ter conhecimento de tal documento falado no rumor. Nem The Pillar pôde confirmar a existência do suposto documento, apesar de seu histórico de possuir fontes fiáveis e aparentemente bem colocadas em todo o Vaticano, especialmente na Secretaria de Estado – o escritório liderado pelo Cardeal Parolin.

Em agosto, o Arcebispo Migliore, o Cardeal Gugerotti e, eventualmente em setembro, o Cardeal Parolin, também negaram as notícias de que estavam envolvidos em tal complô. O Cardeal Parolin escreveu que “os relatos da mídia sobre um papel meu na questão da ‘Missa em Latim’ são completamente infundados. Só posso ficar triste por notícias falsas estarem circulando, mas minha defesa é o Senhor (cf. Sl. 7)”.

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Passado o verão sem que surgisse o suposto documento, somado às negações dos prelados de alto escalão envolvidos, parecia que o texto, no mínimo, não iria aparecer tão cedo.

Além disso, houve uma imensa demonstração de apoio público à Missa Tradicional logo após o surgimento dos rumores iniciais sobre o documento. Tanto leigos católicos quanto figuras não-católicas, e também cardeais respeitados, peticionaram a Francisco para que não tomasse nenhuma outra ação punitiva contra a Missa antiga.

O alegado papel do confidente papal

Com o assunto estando em silêncio, o veterano jornalista vaticanista, Dr. Robert Moynihan, revelou numa entrevista recente feita no Inside the Vatican que um amigo que ele apresentou ao Papa supostamente teve um papel fundamental no impedimento da publicação do documento.

Falando no podcast feito em 7 de novembro, Moynihan relatou:

Tenho um amigo que é ortodoxo russo, eu o apresentei ao Papa Francisco há alguns anos, mais de dez anos atrás. Eles trocaram seus números de telefone.

Eu sempre lhe disse que temos um grande desejo de manter um espaço na igreja … para a antiga liturgia, que era similar em muitos aspectos à liturgia Bizantina. E ele também aprecia esta ideia, porque é Ortodoxo [Russo].

Eu lhe disse: “Diga ao Papa, quando for se comunicar com ele, que há rumores de que ele pode estar querendo abolir a antiga liturgia, de uma forma que Joseph Ratzinger sugeriu não ser possível fazer”.

Ele disse que conversou com o Papa no verão passado, dizendo-lhe que havia muitas pessoas boas e jovens na América e em outros países que amavam a antiga liturgia, e que a amavam não como uma espécie de sinal de raiva contra ele, mas simplesmente porque amavam Jesus. Eles buscaram aproximar-se d’Ele e a liturgia possibilitou isso. E que este quadro era muito semelhante ao que passaram as pessoas simples na Rússia nos anos 1600, quando os Antigos Fiéis foram condenados porque queriam manter a mesma liturgia antiga e não a liturgia reformada nos anos 1660 na Rússia.

Tendo este russo contado essas coisas ao Papa, este lhe respondeu: “Tenho o texto na minha mesa. Eles me disseram que eu deveria assinar, mas já que você me contou tudo isso, eu não vou assinar”.

A identidade do amigo de Moynihan está mantida em sigilo público, mas PerMariam sabe que se trata de uma fonte confiável e de alto nível.

Um sinal de vida às comunidades tradicionais

Se a história da fonte russa for verdadeira, bem como a resposta de Francisco, então haveria uma evidência de que o documento relatado no rumor de fato existiu, e que a Igreja chegou muito perto de promulgá-lo. O Papa Francisco já foi acusado de causar uma grande divisão e sofrimento na Igreja ao emitir Traditionis Custodes em 2021. Quando este correspondente [Michael Haynes] lhe perguntou sobre isso, ele deixou de lado as preocupações e respondeu: “Leia o motu proprio; tudo está lá para você”.

O complô contra a Missa Tradicional a partir de altos funcionários da Congregação para o Culto Divino também já se encontra documentado de forma confiável. De fato, o ex-prefeito da Congregação para Doutrina da Fé, Cardeal Gerhard Müller, revelou este ano que “um representante sênior do Dicastério Romano para o Culto Divino” ficou consternado quando soube do grande número de jovens peregrinos que foram à Peregrinação de Chartres pela Missa Tradicional.

O Cardeal Müller disse que o oficial “objetou que não havia nenhuma razão para alegrar-se disso, porque a Santa Missa foi celebrada de acordo com o antigo Rito Extraordinário em Latim”.

Os detalhes precisos do documento do rumor nunca foram oficialmente confirmados. No entanto, vários clérigos e teólogos de alto nível – como o bispo Athanasius Schneider e o padre Chad Ripperger – alertaram que um Papa não tem autoridade para banir totalmente um rito da Missa, especialmente um tão antigo.

Essas questões foram abordas de maneira mais ampla em The Limits of Papal Authority Over the Liturgy, a nova obra do Pe. Ripperger, que citou Cardeal Joseph Ratzinger para observar:

O Papa não é um monarca absoluto, cujo pensar e querer são leis. Ao contrário: o ministério do Papa é garantia da obediência a Cristo e à Sua Palavra. Ele não pode fazer o que quer… é o guardião da Tradição autêntica e, portanto, o principal garantidor da obediência. Ele não pode fazer o que quer… Sua regra não é a do poder arbitrário, mas a da obediência na fé. É por isso que, em relação à Liturgia, ele tem a tarefa de um jardineiro, não a de um técnico que constrói máquinas novas e joga as velhas na pilha de lixo.

Independente do debate sobre o poder técnico de um Papa sobre a liturgia, a devastação em larga escala sobre as comunidades tradicionais na esteira de Traditionis Custodes permanece.

Ao responder sobre as notícias recentes de que a Congregação para o Culto Divino proibiu quase todas as missas tradicionais na antiga Diocese de Tyler do Bispo Strickland, o Bispo Schneider aplicou o termo “perseguição”.

Desde Traditionis Custodes, a Santa Sé está realmente perseguindo a Missa Tradicional em Latim, e com essa perseguição está perseguindo os bons católicos, que não são sedevacantistas, que não são cismáticos, que realmente amam o Papa, que amam o bispo, que simplesmente querem rezar como seus avós o fizeram, como os santos o fizeram.

“Esta é – acrescenta – a única razão pela qual eles são marginalizados. Eles são publicamente discriminados com tais ações da Santa Sé. Isso com certeza ficará registrado na história como uma grande injustiça perpetrada por aqueles que detêm o poder na Santa Sé”.

Em meio à devastação causada a tais comunidades de fiéis em todo o mundo, apelos crescentes estão sendo feitos para introduzir diaconisas — contra o ensinamento infalível da Igreja — juntamente com clérigos casados ​​e liderança leiga nas liturgias. Muitos citam a falta de vocações sacerdotais como razão para isso. O Cardeal Ulrich Steiner disse à imprensa do Vaticano em outubro que ele realiza um rito de quase-ordenação para as mulheres que ele envia para exercer o ministério — a razão para que elas façam essa função é devida à falta de clérigos na região [amazônica].

Enquanto tentativas de romper com o ensinamento da Igreja são feitas numa vã tentativa de resolver o problema das vocações, as comunidades tradicionais prosperam. Indiscutivelmente, até mesmo sob Traditionis Custodes, grupos de Missa Tridentina têm registrado, ano após ano, recordes de novas admissões em seus seminários.

Os quatro mais famosos reúnem cerca de 600 seminaristas.

A Fraternidade Sacerdotal São Pedro (FSSP) atualmente tem 197 seminaristas em seus dois seminários na Europa e um nos Estados Unidos. O Instituto Cristo Rei aceitou vinte candidatos este ano, totalizando 108 seminaristas em seu único seminário na Itália. O Instituto do Bom Pastor, muito menor e recente em comparação aos anteriores, conta atualmente com 44 seminaristas em sua casa na França.

Um total de 64 novos candidatos foram aceitos na Fraternidade São Pio X em seus 4 seminários, totalizando mais de 250 seminaristas.

Enquanto tentativas para acabar com a Missa Tridentina são feitas desde os mais altos cargos, nos lugares onde ela existe, continua prosperando. Se os mandatários da Cúria Romana realmente desejassem encontrar uma maneira de reverter o declínio na prática da Fé e nos números do clero, uma opção viável está bem diante deles, mas esta opção é justamente aquela que eles parecem determinados a erradicar.

Fonte: Per Mariam

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