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Para discernir o verdadeiro do falso ecumenismo (Dr. Alberto Caturelli)

Falso Ecumenismo - Meme

E os teólogos da libertação e simpatizantes não param de demonizar aqueles que criticam a aberrante Campanha da Fraternidade 2021. A crítica que se vê com mais frequência é chamar aos críticos de “fundamentalistas”. Flatus vocis que tenta lançar uma cortina de fumaça para que não se alerte que o texto-base da CF 2021, repleto de impiedade revolucionária, também está impregnado de um abominável, porque falso, ecumenismo.

Contra esta e outras acusações desses detratores perversos, nós respondemos que não somente sabemos o que é o verdadeiro ecumenismo, como também sabemos discernir o verdadeiro (o católico), do falso (repleto de irenismo e/ou indiferentismo religioso). É que além de podermos exemplificar a questão, ainda editamos, em 2020, a obra A Igreja Católica e as Catacumbas de Hoje do Dr. Alberto Catureli, obra que explica o processo de crise de autodemolição da Igreja e que vê nos falsos ecumenismos um dos sintomas desse processo de traição à fé católica.

Segue mais um trecho deste livro.


FALSO E VERDADEIRO ECUMENISMO

Uma mera composição, ainda que fosse o resultado de uma her­menêutica fina e doutíssima (mas falsa), seria falso “ecumenismo”. Na realidade, seria oposta ao ecumenismo que supõe a unidade e unicidade da Verdade. Aquele “ecumenismo”, ainda que se use pro­fusamente e confusamente, seria uma palavra vazia que expressa o vazio do sincretismo.

Seria impossível falar de ecumenismo (caráter essencial da Igreja) se a Igreja não fosse una. Os primeiros Padres viam-no com absoluta clareza: São Justino, por exemplo, explicava que em todas as religiões, em todos os homens, existem “algo como germes de verdade” (spérmata alétheias)[1], isto é, como uma parte do lógos spermaticós. No entanto, todos necessitariam chegar ao conhecimento e à contemplação do Lógos Pantós, que é Cristo[2]. E este só se revela na única e una Igreja de Cristo. A infinita distância entre as sementes de verdade (da única verdade), que pugnam na terra da ordem natural, e a revelação do Lógos total somente pode ser salva por Cristo Redentor, o único mediador, que confiou à única Igreja, sua Esposa, o sagrado depósito. Este, sim, é o único e verdadeiro ecumenismo.

O falso ecumenismo supõe a evolução essencial do dogma (que São Pio X condenou na Pascendi) e ignora o desenvolvimento (“evolução”, se preferir) homogêneo efetuado por conclusão teológica, o qual São Tomás chama explicatio fidei, que sempre mostra um “crescimento” no mesmo sentido[3].

É falso um “ecumenismo” de composição que suponha ser mem­bro atual da Igreja quem não está unido à sua Cabeça. A mera soma ou adição extrínseca e imperfeita das “Igrejas” constitui uma adição inorgânica, por isso as chamadas comunidades imperfeitas não são Igreja, conforme explica a Dominus Iesus (nº 17). Esta carência abismal só se cura pela conversão.

É falso “ecumenismo” o que “junta” o heterogêneo, dissimulando por não expor ou por suprir a integridade da doutrina. Cuidado! Não se apequenar quando se incomodem ou ofendam porque pregamos a única doutrina integralmente verdadeira! Seria falso ecumenismo não encarar francamente as divergências essenciais quanto à interpretação da Verdade revelada. Temos os católicos a segurança do Magistério, que guarda e ensina o sagrado depósito, o que torna quase ridícu­los os diversos irenismos. Pio XII alertava contra o “irenismo” que às vezes se oculta “sob a capa de virtude”, querendo passar por cima das “questões que dividem os homens” para então “reconciliar opiniões contrárias, mesmo no campo dogmático”. Querem inclusive reformar “a teologia e seu método”, e, conquistados, diz o Papa, por imprudente irenismo, querem restabelecer a unidade fraterna conduzindo à ruína a integridade da fé[4]. A solicitude de nos aproximarmos dos irmãos, acrescenta Paulo VI, “não pode ser fraqueza nos compromissos com a nossa fé”. No fundo, “o irenismo e o sincretismo são (…) formas de cepticismo a respeito da força e do conteúdo da Palavra de Deus, que desejamos pregar[5]. O mesmo ensina João Paulo II em sua encíclica sobre o ecumenismo[6].

Não há, pois, lugar para acomodações, para “compromissos” equí­vocos, para composições e respeitos humanos. Vejo e leio muitas vezes notícias sobre assembleias, reuniões e congressos “ecumênicos” que se parecem demasiado a sincretismos, sendo até é possível que possam nos deixar tranquilos (assim ninguém nos persegue e todos nos “querem” bem), mas tais coisas vulneram o essencial. Deixemos sempre que seja o Vigário de Cristo quem nos guie — e os Bispos em comunidade com ele. Eles saberão discernir o falso do verdadeiro ecumenismo.

Um parágrafo final para os “irmãos separados”, os judeus e os demais. Os protestantes são nossos irmãos pela fé em Jesus Cristo e pelo Batismo em Cristo, todavia, infelizmente, estão fora da unidade orgânica da Igreja e não dispõem da plenitude dos meios sobrenatu­rais da salvação, estão separados da comunhão perfeita.

Os judeus podem ser chamados, como disse João Paulo II, de “irmãos mais velhos” no Senhor Yahvé, que se revelou a nosso Pai Abraão e de cuja descendência veio o Messias Salvador. São, pois, “mais velhos” enquanto “nasceram” primeiro pela Aliança de Yahvé com seu povo. Não são “mais velhos” propriamente quanto à plenitude da revelação em Cristo, que foi não recebido, não foi aceito. Eles constituem para nós um mistério de fé ou de perfídia, de salvação ou de iniquidade, de caridade ou de ódio, de esperança ou desesperança. Povo sagrado que esperamos de braços abertos na una e única Mãe Comum, cuja Cabeça é Cristo-Crucificado em Jerusalém.

Todos os homens, de toda religião ou de nenhuma, são nossos irmãos enquanto criados à imagem e semelhança de Deus e membros potenciais do Corpo Místico. Eles esperam que lhes seja pregada a Palavra pela única Igreja verdadeira, que é a Igreja Católica.

A oração desempenha aqui um papel essencial.

Nós rogamos ao Salvador que já conhecemos pela fé e lhe implo­ramos: “Vinde, Senhor Jesus[7].
Pedimos pelos irmãos ortodoxos: Senhor, que reconheçam a Pedro vosso Vigário!
Rogamos pelos “irmãos separados”: Senhor, que voltem a Cristo!
Rogamos pelos judeus: Que vos reconheçam, Senhor!
Imploramos por todos os demais: Que vos descubram e venham para Casa, Senhor!

Trecho de: Alberto Caturelli, O Verdadeiro e o Falso Ecumenismo. In: A Igreja Católica e as Catabumbas de Hoje. Curitiba: Editora Santo Atanásio, 2020, pp. 256-259. A Igreja Católica e as Catacumbas de Hoje pode ser adquirida em nossa loja.


Notas:

[1] Apologia I, 44, 10.

[2] Apologia II, 7, 3.

[3] Cf. A extraordinária obra do P. Fco. Marín Solá, O.P., La evolución homogénea del dogma católico, 2ª ed., Bibl. de Autores Cristianos, Madri, 1963.

[4] Humani Generis, I, nº 6, II, nº 20.

[5] Ecclesiam Suam, II nº 93.

[6] Ut Unum Sint, nº 36 in fine, nº 38, 42, 79 e o Concílio Vaticano II que o Papa vai expondo: Unitatis Redintegratio, nº 4 e 11.

[7] Ap 22,20.

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