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Parolin é o candidato de que todos falam, mas ele é um fracasso

Cardeal Parolin
Por Sandro Magister

A saúde precária do Papa Francisco alimenta a conjectura sobre um não tão distante conclave. E o papel de vigário assumido nesta especulação pelo Cardeal Pietro Parolin, 70 anos, Secretário de Estado, parece torná-lo o homem certo para a transição e a sucessão, com o prudente equilíbrio que demonstra neste momento difícil [nota: o artigo foi escrito originalmente em 10/04, quando o Papa Francisco, embora muito debilitado após a saída do hospital, ainda estava vivo].

Nada poderia ser mais ilusório. Francisco nunca confiou totalmente em Parolin, nem parece capaz de reunir entre os cardeais tal confiança que é necessária para a eleição.

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Entre Parolin e Francisco, os contatos são muito mais raros e frios do que se acredita, mesmo agora que sua colaboração seria mais útil do que antes. Questionado por jornalistas alguns dias após o retorno do Papa do hospital, o cardeal respondeu que sabia pouco ou nada: “Pelo que eu sei, o Papa não está vendo ninguém no momento, não está recebendo nenhuma notícia e não tenho outras informações”.

Mas nos dias em que o Papa esteve internado na Policlínica Gemelli, Parolin passou por coisas piores.

A primeira visita do Secretário de Estado a Francisco estava marcada para 19 de fevereiro. Mas, em vez dele, o Papa preferiu receber a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, a quem disse saber “que há quem reze pela minha morte”, mas, enquanto isso, “o Senhor da messe decidiu me deixar aqui”.

O Papa concedeu a Parolin sua primeira visita em 24 de fevereiro, desde que fosse acompanhado por seu “substituto” Edgar Peña Parra, muito mais familiarizado com Francisco.

E a mesma coisa aconteceu em 2 de março, dois dias depois da pior crise respiratória do Papa. Mas ele deixou Parolin do lado de fora da porta, permitindo apenas a entrada de Peña Parra.

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Em 9 de março, ambos foram admitidos em sua presença. E então não haverá mais reuniões com Parolin até 7 de abril, quinze dias inteiros após o retorno de Francisco ao Vaticano em 23 de março.

Pouco antes do mês passado no hospital, uma outra ofensa foi feita a Parolin pelo Papa, em 6 de fevereiro, a prorrogação por tempo indeterminado, como decano do colégio cardinalício, do mandato de Giovanni Battista Re, de noventa e um anos. Quem ocupa esse cargo é responsável por supervisionar o pré-conclave e o conclave, e Parolin tinha todas as credenciais para ser eleito como o novo decano, dado o círculo restrito de “cardeais bispos” que têm tal faculdade de escolha, e da qual ele também faz parte. Mas, evidentemente, a Francisco não agrada que Parolin fique responsável por sua sucessão.

Parolin, com efeito, mais sofreu do que recebeu apoio no pontificado de Francisco. Inicialmente excluído do pequeno grupo, o chamado C9, dos cardeais escolhidos pelo Papa para aconselhá-lo no governo da Igreja universal, viu os poderes da Secretaria de Estado corroerem ano após ano, a ponto de retirar completamente os fundos sob sua competência. Sem mencionar a péssima reputação que lhe foi infligida pelo julgamento do Vaticano baseado na compra imprudente de um edifício na Sloane Avenue, em Londres: um julgamento no qual Parolin não figura entre os réus, mas que o mostrou incapaz de governar a máquina da Secretaria de Estado confiada à sua liderança.

Quanto à política internacional, que é o principal campo de ação da Secretaria de Estado, aqui também Francisco sempre preferiu fazer e desfazer as coisas por sua própria vontade, se possível com o auxílio da Comunidade de Sant’Egidio, sem que nem Parolin, nem seu ministro das Relações Exteriores, Paul R. Gallagher, pudessem atuar como uma barreira – se quisessem – às decisões papais das quais muitas vezes nem sequer eram avisados.

O único sucesso que a diplomacia do Vaticano pôde se orgulhar nos últimos doze anos é o acordo entre os Estados Unidos e Cuba, concluído em 2014, mas negociado com a mediação da Santa Sé antes que Parolin se tornasse Secretário de Estado. Um sucesso contrariado pela posterior viagem do Papa a Cuba, ostensivamente desprovida de qualquer gesto ou palavra de apoio ao martírio dos opositores ao regime de Castro.

A China é o maior ponto sensível. Na questão-chave da nomeação de bispos, Parolin vinha trabalhando desde 1996 para chegar a um acordo com o Vietnã, onde a escolha de cada novo bispo agora pertence ao Papa, com as autoridades vietnamitas tendo a faculdade de aceitar ou não sua nomeação. Mas com a China, o acordo assinado em 2018 inverteu a prioridade, concedendo a Pequim a escolha de cada novo bispo, com o Papa sendo chamado a assiná-la ou não só em segunda instância, sendo que, na prática, ele foi de fato obrigado a engoli-la mesmo quando imposta com prepotência e sem aviso prévio, como aconteceu com a posse, em 2023, de um homem do regime [comunista] como bispo de Xangai.

Parolin admitiu, em meados de janeiro, que “às vezes há um pequeno retrocesso” na implementação do acordo. Mas não é de estranhar que o mais credível e indomável crítico do regime persecutório chinês, o cardeal de Hong Kong Joseph Zen Zekiun, de 93 anos, preso em 11 de maio de 2022, depois libertado sob fiança, condenado a uma multa e ainda sob investigação por violação da segurança nacional, identifique no Secretário de Estado o responsável pela implementação daquele acordo de forca, em obediência ao Papa que, em setembro de 2020, chegou a se recusar a encontrar Zen, que foi em vão a Roma para lhe contar sua aflição e a de tantos católicos chineses.

Na América Latina, a Nicarágua é outro cenário de clamoroso fracasso da diplomacia vaticana. Desde a expulsão do núncio, ordenada em 2022 pelo presidente tirânico Daniel Ortega, houve um crescimento dos abusos, expulsões, sequestros e encarceramentos, culminando na condenação do heróico bispo de Matagalpa a 26 anos de prisão, depois transformada em seu exílio, suportada em silêncio por Roma.

Sem mencionar a agressão da Rússia contra a Ucrânia, sobre a qual o Papa Francisco, a Secretaria de Estado e a sempre presente Comunidade de Sant’Egidio vêm adotando há muito tempo linhas diferentes e muitas vezes contrastantes, o que torna a ação da Igreja confusa e ineficaz, fazendo com que a ação da Igreja fique confusa e sem influência. A par com a marginalidade da Santa Sé em relação aos conflitos no Oriente Médio de ontem e de hoje: uma marginalidade ainda mais agravada pela incauta proximidade com companheiros de viagem pouco confiáveis como a Rússia de Putin e o Irã.

Em suma, o Cardeal Parolin não entrará para a história como o arquiteto de uma grande geopolítica da Igreja. Será recordado, se tanto, como o último emulador desbotado daquela “Ostpolitik” que teve como mestre, nos anos 60 e 70 do século passado, o Cardeal Agostino Casaroli.

Casaroli e sua política de “apaziguamento” com o império soviético são homenageados com “o martírio da paciência”. Mas o verdadeiro herói do colapso daquele império, com uma visão política completamente diferente, não foi ele, mas João Paulo II, em cuja memória coube, paradoxalmente, a Parolin celebrar a missa em São Pedro no último dia 2 de abril, no vigésimo aniversário de sua morte.

Nem mesmo Bento XVI foi gentil em seu julgamento da “Ostpolitik”. Em seu último livro de entrevistas, após sua renúncia, ele disse que “a política de Casaroli, embora bem-intencionada, falhou substancialmente”.

No Colégio Cardinalício, uma crítica forte e explícita a esse método diplomático ao qual Parolin adere foi recentemente expressa por Dominik Duka, 81 anos, dominicano, teólogo de valor e arcebispo de Praga de 2010 a 2022, que também pagou com a prisão os custos da opressão comunista.

Mas, por outro lado, na bagagem de um candidato a bispo de Roma não pode faltar o dom de ser pastor de almas, um terreno, este, sobre o qual Parolin nunca deu provas, carente de experiência à frente de uma diocese, no fim de uma vida inteiramente dedicada ao serviço da diplomacia vaticana.

No duplo sínodo sobre a família de 2014 e 2015, o mais combatido de todos os convocados por Francisco, Parolin aliou-se aos inovadores e depois trabalhou para dar uma forma canonicamente mais sólida à comunhão para divorciados recasados, inicialmente permitida pelo Papa — na exortação pós-sinodal — apenas em uma nota de rodapé ambígua da qual ele depois disse nem se lembrar, em uma de suas coletivas de imprensa no avião.

Em outras ocasiões, Parolin nem sequer descartou a possibilidade de haver um clero casado também na Igreja Latina. Com o efeito de ser visto com certa simpatia pela ala progressista do colégio cardinalício.

Mas aos cardeais que, aproximando-se dele, demonstram interesse em incluí-lo entre os “papabili”, ele sempre responde que não, nem pensa nisso, aliás, simplesmente não quer aceitar tal papel, pois seu único sonho é retirar-se para a vida de um simples padre no campo de seu Vêneto.

E não há razão para pensar que ele não está sendo sincero.

Fonte: Diakonos

Sobre Sandro Magister

Sandro Magister é um antigo “vaticanista” do semanário italiano L’Espresso.

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