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Porno-exegese: Sodomia e hospitalidade na interpretação LGBT

Bíblia LGBT - Porno-exegese
Por Padre Javier Olivera Ravasi

Há mais de um ano publicamos em nosso site certas exegeses bem peculiares que, há anos, vem acontecendo em alguns círculos eclesiástico muito “prafrentex” que tentam interpretar as Sagradas Escrituras e os ensinamentos da Igreja conforme sua analidade. Referimo-nos, por exemplo, à famosa história narrada em Mateus 8, onde o centurião pede a Nosso Senhor pela saúde de um de seus servos.

O que pedia o centurião? Ora, nada mais nada menos que a melhora de seu companheiro de andanças homo. Sim; a interpretação é deste jeito.

O restante pode ser lido no post correspondente – Sermão: O centurião “homossexual” – Domingo da Palavra de Deus.

Tanto é assim que já existem alguns grupelhos dedicados não tanto à acolhida para a cura desta postura (não busquem vocês duplos sentidos) mas, ao que parece, para a confirmação no erro, e que inclusive levam o nome de centurião (exemplo, ver aqui)

Hoje traremos a vocês, depois de muito ruminar, uma segunda interpretação porno-exegética, baseada, desta vez, na famosa história de Sodoma e Gomorra que, seguramente, o leitor fascista e retrógrado como você deve ter sempre interpretado mal. Pois – digamos logo -, Sodoma e Gomorra não foram aniquiladas por causa de seu pecado nefando e contra-natura, mas sim por… não terem recebido ao peregrino e aos refugiados…

Sim, assim mesmo…

Em vários escritos que pupulam pela internet podemos ver a tentativa de mostrar que, a Igreja equivocou-se ao interpretar, durante 2000 anos, o termo “sodomia”.

Exemplo disso são: Sodomia: a mítica invenção de um pecado ou Os imigrantes, a Igreja e a luta contra Sodoma, onde se interpreta o texto bíblico (Gn 19, 1-11) na clave de “imigrantes bons-sodomitas maus”.

Vamos então ao texto em questão, que seguramente todos recordam.

Abraão, depois de despedir-se dos anjos, pede a Deus que não destrua a Sodoma se ali houvesse ao menos 10 justos (porque Sodoma havia cometido um grande pecado). E dois dos três anjos dirigiram-se a casa de Ló, em Sodoma.

E ali sucede o que sucede.

Leiamos:

Eles não tinham ainda deitado quando a casa foi cercada pelos homens da cidade, os homens de Sodoma, desde os jovens até os velhos, todo o povo sem exceção. Chamaram Ló e lhe disseram “Onde estão os homens que vieram para tua casa esta noite? Traze-os para que os conheçamos. Ló saiu à porta e, fechando-a atrás de si, disse-lhes: “Suplico-vos, meus irmãos, não façais o mal. Ouvi: tenho duas filhas que ainda não conheceram homem; eu vo-las trarei: fazei-lhes o que bem vos aprouver, mas a estes homens, nada façais, porque entraram sob a sombra do meu teto (Gn 19, 4-8).

Afinal, qual seria o “pecado” dos sodomitas?

Abuso e ofensa contra estrangeiros. Insulto ao viajante. Inospitalidade para com o necessitado. Este é o ponto crucial da história entendida em seu próprio contexto histórico” (ver aqui) – dizem.

Não ter tratado bem aos estrangeiros, não lhes ter dado asilo e, inclusive, sugerir que poderiam agir violentamente com eles, é o que havia sido o pecado que os levou a sua pulverização…

Porém, o leitor irá buscar no texto hebreu, se desejar no próprio Talmud, algo parecido com isso, mas não encontrará…

É que, ademais, se tal tivesse sido o pecado dos sodomitas, a quem seriam as reprovações anteriores de Deus que podem ser lidas antes da “falta de hospitalidade”?

Os habitantes de Sodoma eram grandes criminosos e pecavam contra Deus… O grito contra Sodoma e Gomorra é muito grande! Seu pecado é muito grave! (Gn 13,13 e 18,20).

Alguns querem dar a entender para justificar esta inversão (nunca melhor dita), que Ezequiel estaria a favor dos invertidos ao dizer:

O crime de tua irmã Sodoma era este: opulência, glutonaria, indolência, ociosidade; eis como vivia ela, assim como suas filhas, sem socorrer ao pobre e ao indigente. E assim tornaram-se soberbos e, sob os meus olhos, entregaram-se à abominação; por isso, eu as fiz desaparecer, como viste (Ez 16,49-50).

E então sempre remarcam: “sem socorrer ao pobre e ao indigente”, esquecendo que isso foi a causa do outro: “tornaram-se soberbos e, sob os meus olhos, entregaram-se à abominação”.

Porque o esquecimento de Deus e o esquecimento do próximo por amor a Deus são algumas das causas que faz com que a sodomia (como São Paulo relata até com ironia) receba o castigo no próprio corpo…

Por isso, Deus os entregou aos desejos dos seus corações, à imundície, de modo que desonraram entre si os próprios corpos. (…) Por isso, Deus os entregou a paixões vergonhosas: as suas mulheres mudaram as relações naturais em relações contra a natureza. Do mesmo modo também os homens, deixando o uso natural da mulher, arderam em mútua concupiscência, cometendo homens com homens a torpeza, e recebendo em seus corpos a paga devida aos seus desvarios. (Rm 1,24-27)

As mesmas Sagradas Escrituras, ao falar da sodomia, nomeiam-na, ademais, na mão dos fornicadores, como se lê (para citar um exemplo), em São Judas:

Da mesma forma Sodoma, Gomorra e as cidades circunvizinhas, que praticaram as mesmas fornicações e se entregaram a vícios contra a natureza, jazem lá como exemplo, sofrendo a pena do fogo eterno (Judas, v.7).

Ou as clássicas citações “homofóbicas” de São Paulo:

”Acaso não sabeis que os injustos não hão de possuir o Reino de Deus? Não vos enganeis: nem os impuros, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os homossexuais (…) hão de possuir o Reino de Deus” (1Cor 6,9-10).

“A lei não foi instituída para o justo, mas para os assassinos, adúltero, homossexuais (…) e para todo aquele que se opõe à sã doutrina” (1Tm 1,9-10).

– Mas e daí? – dirá o porno-exegeta – nenhuma vez Cristo condena a homossexualidade! Portanto, não é pecado, e sim uma invenção medieval!

Claro: então, já que nenhuma vez Cristo condena a pedofilia, seria algo permitido, ou o canibalismo, ou a coprografia…

Todavia, não somente as Sagradas Escrituras mostram com clareza o tema da sodomia como sinônimo da homossexualidade, mas também os Padres da Igreja que são reconhecidos pela Tradição (para citar apenas alguns).

– São Clemente de Alexandria (século II)

Por conseguinte, é evidente que nós, de comum acordo, devemos recusar as relações contra a natureza: as cópulas estéreis, a pederastia e as uniões incompatíveis entre afeminados, e seguir à natureza mesma no que ela proíbe, devido à disposição que deu aos órgãos, outorgando ao homem sua virilidade, não para a recepção do sêmem, mas para sua expulsão (…). Os sodomitas, deixando-se levar à deriva pelo excessivo prazer até a libertinagem… transtornados apaixonadamente pela pederastia, foram vistos pelo Logos que tudo vê [que então] (…) decretou que Sodoma fosse posta às chamas, vertendo um pouco daquele prudente fogo sobre a selvageria” (O pedagogo. Livro 2 e 3).

– São Hipólito de Roma (século II)

A prostituta, o sodomita ou que se castrou, aquele que fizer algo que não é decente mencionar, devem ser expulsos. Porque são impuros (Tradição Apostólica).

– Orígenes (século II)

Jesus queria justamente evitar que o juiz que o condenou e os que o insultaram não fossem feridos pela cegueira, como foram os de Sodoma quando tentaram abusar da beleza dos anjos hospedados na casa de Ló (Contra Celso).

– Santo Agostinho (século IV)

”Aqueles que pela força do mal obrar se prenderem ao mau costume (…) convertem-se em defensores de suas más ações, comportando-se como os sodomitas (…). Tão arraigado estava ali o costume da nefanda torpeza, que a maldade lhes parecia justa” (Sermão XCVIII).

“Ló disse aos sodomitas: Tenho duas filhas que ainda não conheceram homem; eu vo-las trarei: fazei-lhes o que bem vos aprouver; mas a estes homens, nada façais… Estando disposto a prostituir suas filhas em troca de que seus hóspedes não sofressem um ataque desta natureza por parte dos sodomitas” (Escritos bíblicos. Livro I).

“As torpezas que vão contra natura, como a dos sodomitas, sempre serão odiadas e castigadas” (Confissões, Livro 3).

– Santo Ambrósio (século IV)

A libido alimenta-se com os banquetes, nutre-se com os prazeres, acende-se com o vinho, inflama-se com a embriaguez. Mais perigosos do que estas coisas são os incentivos das palavras que embriagam a mente com certo vinho da vida sodomitana. Guardemo-nos deste vinho (Sobre a penitência. Livro primeiro).

Além disso – nunca será de mais recordar – o próprio Catecismo, ao falar dos “pecados que bradam ao Céu”, enumera, como um pecado distinto ao do maltrato com o estrangeiro, o pecado dos sodomitas:

A tradição catequética lembra também a existência de “pecados que bradam ao céu”. Bradam ao céu: o sangue de Abel; o pecado dos sodomitas; o clamor do povo oprimido no Egito; o lamento do estrangeiro, da viúva e do órfão; a injustiça para com o assalariado (CIC, 1867).

Portanto, até aqui, temos algo da doutrina.

*   *   *

O que pensar disso tudo? Que uma homo-interpretação está tentando cada vez mais justificar diversas inclinações espirituais para, pouco a pouco, acomodar as corporais (para perceber isso, basta ver o que está acontecendo na Alemanha).

Em segundo lugar, que a Igreja não muda seu depositum fidei porque o mundo mudou, senão que tenta transmitir o que é crido “sempre, em todo lugar e por todos”, conforme a conhecida sentença de São Vicente Lerins.

Por fim, que se baterem na porta de sua casa, não rejeite o peregrino, não que isso vá convertê-lo em um sodomita…

Que no te la cuenten…

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