No século VI a.C., os celtas do norte da Europa celebravam o fim de ano com a festa do “Samhein” (ou Samon).
Há mais de 2500 anos que os celtas celebram, a 31 de outubro, o seu novo ano, o fim das colheitas, a mudança de estação e a chegada do inverno. Esta cerimônia festiva, em honra da divindade Samhain (deus da morte), permitiria comunicar com o espírito dos mortos. Nesse dia, abriam-se as portas entre o mundo dos vivos e dos mortos. De acordo com a tradição, nessa noite os fantasmas dos mortos visitavam os vivos. Para acalmar os espíritos, a população depositava ofertas diante das portas das casas.[1]
A principal lenda celta ligada a essa festividade relatava que naquele dia todos os espíritos das pessoas que haviam morrido durante o ano, voltariam em busca de corpos vivos para os possuírem e, assim, viverem no ano seguinte. Mas, como é natural, os vivos não queriam ser possuídos pelos espíritos dos mortos e, assim, quando a noite do dia 31 de outubro, apagavam as tochas e as fogueiras de suas casas para que se tornassem frias e desconfortáveis, e vestiam fantasias para, em seguida, desfilarem de forma ruidosa pelas ruas, sendo tão destrutivos quanto possível, com o único intuito de assustarem os espíritos que buscavam corpos para possuir.
Os druidas transportavam lanternas feitas com nabos escavados, dentro dos quais eram colocadas velas feitas com a gordura dos animais sacrificados, e passavam de casa em casa, a recolher ofertas, para apaziguar os espíritos malignos. A porta ficava entreaberta, com a lareira acessa e a mesa posta, para acolher os defuntos. Quem se recusasse a participar seria amaldiçoado. É este o significado original de trick or treat (doçura ou travessura): sacrifício ou maldição.[2]
Tratava-se de um rito em honra do Príncipe da morte, que se concretizava em atos orgiásticos, no uso de bebidas alcoólicas e numa série de sacrifícios, inclusivamente humanos, considerados necessários para apaziguar os espíritos malignos. Para ocultar a sua própria identidade, os participantes costumavam usar máscaras ou outros disfarces.[3]
Outro costume do Halloween era o de prever o futuro; previa-se a data da morte de uma pessoa ou o nome do futuro marido ou mulher. Muitos desses rituais de adivinhação envolviam a agricultura.
A festa de Todos os Santos era antigamente comemorada em 13 de maio, mas o Papa Gregório III a mudou para 1º de novembro no século VIII – porque esse é o dia da dedicação da Capela de Todos os Santos na basílica vaticana de São Pedro. No ano de 834 o Papa Gregório IV ordenou que a festa de Todos os Santos fosse observada em todos os lugares da cristandade. Foi assim que ela começou a ser celebrada na Irlanda, ainda influenciada por tradições pagãs celtas.
Em meados do século do século VIII, o Papa Gregório III mudou a data do Dia de Todos os Santos de 13 de maio – a data do festival romano dos mortos – para 1º de novembro, a data do Samhain. Não se tem certeza se Gregório III ou seu sucessor, Gregório IV, tornaram a celebração do Dia de Todos os Santos obrigatória na tentativa de ofuscar o Samhain (Ir. Alexandre Mazzali).[4]
Passadas mais algumas décadas, o abade Santo Odilo, do poderoso mosteiro de Cluny, no sul da França, instituiu no ano de 998 uma nova celebração para o dia 2 de novembro: aquela passaria a ser uma jornada de oração pelas almas de todos os fiéis falecidos.
Os séculos XIV e XV foram marcados, na Europa, por repetidos surtos de peste bubônica, a famigerada “Peste Negra”. Com mortes massivas que chegaram a varrer o incrível número de mais de um terço da população do continente, cada vez mais Missas eram rezadas no Dia de Finados. Nesse contexto, começaram a se popularizar na França as representações artísticas que hoje conhecemos como “Danças Macabras” ou “Danças da Morte“: comumente pintadas em muros de cemitérios, as cenas mostravam o diabo conduzindo uma fila de pessoas, incluindo papas, reis, damas, cavaleiros, monges, camponeses, leprosos, etc., para dentro do túmulo. Essa dança era às vezes apresentada teatralmente no Dia de Finados, com pessoas vestidas em trajes que representavam os vários estados de vida medievais.
Os franceses se fantasiavam desse jeito no dia de Finados – e não na véspera de Todos os Santos, que é a data do atual Halloween. Já os irlandeses celebravam a véspera de Todos os Santos (“All Hallows’ Eve”)[5] – mas não se fantasiavam. Mais tarde, como logo veremos, essas duas tradições se misturaram. E não só elas: ainda entraria em cena a “contribuição” de um terceiro povo, o inglês.
Durante o período de repressão anticatólica na Inglaterra, entre os séculos XVI e XVIII, os católicos passaram por momentos bem difíceis, desde perseguições até o martírio. É neste contexto que surgira a tradição doçura ou travessura.
[…] a tradição doce ou travessura (trick or treat) e tem sua origem na perseguição que fizeram os protestantes na Inglaterra (1500-1700) contra os católicos. Nesse período, na Inglaterra os católicos não tinham direitos legais: não podiam ocupar nenhum cargo público e eram perseguidos com multas, altos impostos e até prisão. Celebrar Missa era uma ofensa capital e centenas de sacerdotes foram martirizados. […] Muitos grupos de protestantes, ocultos com máscaras, festejavam esta data visitando os católicos locais e exigindo cerveja e bolos para a sua festa, dizendo-lhes: trick or treat”.[6]
Em 1845, durante o período conhecido na Irlanda como a “Grande Fome”, um milhão de pessoas foram forçadas a abandonar sua terra e imigrar aos Estados Unidos, levando junto suas histórias e tradições. Imigrantes católicos irlandeses e franceses começaram a se casar entre si e, com isso, a misturar suas tradições: os irlandeses trouxeram o costume de recordar, na véspera de todos os santos, as almas condenadas ao inferno; os franceses, o costume de usar fantasias macabras no dia de finados. Não tardaria para que as duas celebrações se fundissem. Os ingleses agregaram à mistura a tradição do “trick or treat”, que se estendeu às crianças: elas passaram a sair fantasiadas (inclusive de seres monstruosos) e a bater à porta dos outros pedindo doces. Se os donos da casa dão as guloseimas solicitadas, tudo bem; se não dão, as crianças já avisaram: vão aprontar alguma. É por isso que, em português, a frase “trick or treat” (“brincadeira ou acordo”) foi adaptada para a rima “gostosuras ou travessuras”[7]. Um dos acréscimos norte-americanos mais recentes ao Halloween chegou por intermédio da indústria dos cartões festivos, no final do século XIX. O Halloween já tinha a sua faceta “macabra”: Por que, então, não dar às bruxas um lugar de destaque nos cartões a serem distribuídos aos amigos nessa data?[8]
A designação de “Dia das Bruxas” nasceu nos Estados Unidos. Não há Halloween sem referência às bruxas. Hoje Halloween é sinônimo de Dia das Bruxas.
Grande parte da simbologia atual tem um pouco ou nada em comum com a celta. Bruxas, morcegos, gatos pretos, fantasmas, almas penadas, todas estas figuras, que são preferidas das crianças e dos jovens em termos de máscaras, são invenções associadas a situações mais modernas, mas, de qualquer modo, não nascem do nada. Trata-se, com efeito, de símbolos usados no mundo do ocultismo que encontraram um dos seus âmbitos específicos na festa do Halloween.[9]
Lanternas talhadas em forma de cabeças monstruosas representam espíritos malignos, a Lua em quarto crescente é um símbolo da magia negra, os morcegos e as corujas estão associados à evocação dos mortos, e há quase sempre significados macabros associados aos elementos de uma festa que não passa de um rito maléfico de ‘aterradora alegria’, que dessacraliza o sentido da morte e do Além e mortifica liberdade da pessoa humana.[10]
O sistema comercial imposto pelo Halloween provém de uma cultura esotérico-satânica, que induz a coletividade a realizar rituais de bruxaria, espiritismo, e satanismo implícito, que, em algumas seitas, podem até dar azo a sacrifícios rituais, violações e até atos de violência.[11]
Precisamente devido aos interesses crescentes em causa, o caráter esotérico da festa continuou sempre bem oculto. Os meios de comunicação, perfeitamente instruídos, têm cuidado de apresentá-la como uma festa laica, isenta de qualquer significado. Isso não é verdade. O significado é religioso, mas em sentido negativo.[12]
Em nossa época, poucas pessoas têm consciência dos bastidores do Halloween. Hoje os satanistas não temem tratar abertamente o significado desta data para eles.
O Halloween é, para os satanistas, o dia mais mágico do ano, e quanto mais próximo está, mais se multiplicam, de noite em noite, horrendos rituais, como as missas negras, as iniciações mágico esotéricas e a iniciação ao espiritismo e à bruxaria. O mês de outubro é um período particularmente propício para aliciar jovens para o satanismo. Não é por acaso que em cada dia 31 de outubro se realizam ritos satânicos em muitas igrejas abandonadas, se roubam hóstias consagradas e se profanam lugares da nossa tradição cristã. O Halloween incentiva as novas gerações a dar crédito ao mundo mágico-esotérico fundado na ‘cultura da morte’, que tem por objetivo subverter os princípios da religião, associando o sagrado e os valores do espírito mediante uma sub-reptícia iniciação às artes e às imagens do oculto.[13]
Para os satanistas, para os adoradores do Mal, o Halloween é a festa mais importante, o início do ano, o aniversário de Lúcifer, e a ocasião para aliciar adeptos. Na noite do dia 31 de outubro, enquanto jovens ingênuos pensam estar a divertir- se de forma inocente e alegre num jogo social, os ocultistas realizam ritos sacrílegos e desumanos, profanam cemitérios, matam recém-nascidos, sacrificam seres humanos e animais, fazem missas negras, escondem drogas e veneno nos doces e nas frutas que oferecem às crianças. O Halloween, portanto, é a travessura do diabo: por trás do aspecto carnavalesco, está o universo obscuro do horror e do mal, o gosto pelo horrendo e pelas trevas, a vitória da morte sobre a vida, da escuridão sobre a luz, do mal sobre o bem.[14]
Anton La Vey, autor da bíblia satânica, sublinha que a igreja satânica assume como sua esta festa, que encerra um ciclo de rituais, iniciado nas semanas anteriores.[15] Entre estes, citemos, por exemplo, o batismo com sangue de seres humanos sacrificados, ou então a decapitação de um bode de grandes chifres e a exposição do ‘troféu’, símbolo da perfeição de Satanás, ou ainda o sacrifício de um bebê recém-nascido, habitualmente filho de uma mulher do grupo (se não nascesse a tempo, seria extraído mediante cesariana e, se no grupo não houvessem mulheres grávidas, raptar-se-ia ou comprar-se-ia um bebê no mercado negro). A própria polícia dá testemunho de um aumento do desaparecimento de crianças precisamente nesse período. Após o sacrifício, os adeptos comem pedaços do coração da criança e bebem o seu sangue.[16]
Estou feliz por ver os pais cristãos deixarem seus filhos adorarem ao diabo pelo menos uma noite por ano. Bem-vindos ao Halloween” (Anton LaVey, fundador da igreja de Satanás / cf. Christian Broadcasting Network)
Vários ex-satanitas tem vindo a público denunciar o quão grave é a celebração do Halloween. São relatos chocantes:
Quando éramos adoradores do diabo, esta era uma data muito especial para nós e ansiávamos em celebrá-lo, pois sabíamos de suas implicações e o poder das trevas por trás daquela noite. No mundo da feitiçaria, ela é muito diferente de todas as outras noites. Seria como perguntar a um cristão o quanto a sexta-feira santa e o domingo da ressurreição eram importantes para ele. O Halloween tem grande peso e importância para aqueles que vivem do lado das trevas (John Ramirez, ex- satanista / cf. revista Charisma).[17]
Lembro-me que em uma das noites de Halloween, eu presenciei o sacrifício de uma criança. Causou-me imensa pena ver como o sacerdote negro pendurou a criança, abriu-a com uma adaga, tirou-lhe o coração e comeu-o… (Wilson Fernando López, ex-satanista colombiano[18]).[19]
Hoje, quem são os maiores alvos? As crianças. Satanás quer cedo macular sua pureza e inocência. Mais do que nunca os pais precisam estar atentos para resguardar e preservar seus filhos de todo e qualquer contato com o mundo oculto.
Mais tarde, com o pico dos nascimentos ocorrido nos anos cinquenta (famoso baby-boom), os organizadores fizeram com que os festejos passassem das praças para as salas de aula e para as casas particulares, para que também as crianças pudessem ser abrangidas em massa.[20]
Deixamos os nossos filhos se vestirem de diabos, bruxos e bruxas, se pintarem dos mais bizarros personagens trashs da TV Americana, e tudo isso para que? Para que exaltar aquilo que não deve ser exaltado? Qual o intuito de se vestir de diabo, de demônios, de bruxos, magos e coisas do tipo? Para os satanistas é uma maneira de instigarem as crianças e os jovens a fazerem memória para o mundo daquilo que eles comemoram: o Dia do Diabo. A verdade é que este dia se tornou um dia propicio para se cultuar o demônio das mais diversas maneiras que você imaginar (Danilo Gesualdo).[21]
Não importa quão empolgante ou divertida possa parecer, nenhuma festa de Halloween é para ter a participação de católicos. Se verdadeiramente buscamos glorificar a Deus, então como é que podemos dedicar um dia do ano para celebrar Satanás? Nós não podemos! (Ir. Alexandre Mazzali)
[…] assim desnaturada, a festa acaba por abrir as portas ao oculto sob todas as suas manifestações possíveis.[22]
O Halloween não é uma festa de máscaras para crianças, como gostariam de o dar a entender, mas é a principal celebração mágico-ocultista-satânica do ano![23]
Exorcistas em todo o mundo tem advertido os fieis para os perigos e os riscos espirituais que estão em torno desta data satânica.
As vitrines das pastelarias, decoradas à moda do Halloween; o negócio dos brinquedos, as revistas para crianças, os sites da internet chamam constantemente a atenção da sociedade para o Halloween; até as escolas são decoradas com fantasmas, cabeças de abóbora e máscaras monstruosas, que constituem uma real exaltação do macabro. Tendo em vista essa noite, produzem-se fatos de bruxa, de fantasmas, de demônios, de vampiros, de lobisomens, de esqueletos, de monstros sanguinários e nessa noite organizam-se também manifestações deliberada e gravemente ofensivas em relação à nossa fé cristã, como por exemplo o que aconteceu numa grande discoteca de Roma em que na noite de Halloween se exibiu um fantoche que representava um sacerdote, enforcado pelos pés, com a cabeça para baixo. Na noite de Halloween também se registra um aumento impressionante das práticas do ocultismo e de todos os rituais do satanismo, dado que aquela noite corresponde, segundo o calendário das bruxas, à vigília do Ano novo satânico, na qual o ritual de iniciação e consagração a Satanás ocorre em moldes perversos e desumanos. Assim o Halloween, em vez de promover os valores, as atitudes e os comportamentos morais e espirituais que edificam a personalidade das crianças e dos jovens e consequentemente da sociedade de amanhã, propõe desvalores que não constroem mas destroem, que não elevam mas brutalizam o ser humano, feito à imagem e semelhança de Deus e criado para O conhecer, amar e servir (Pe. Francesco Bamonte, exorcista da Diocese de Roma e Presidente da Associação Internacional de Exorcistas).
O Halloween é o Hosana do Diabo. Halloween é uma armadilha do Demônio. É uma festa nojenta e me dá nojo…
Trata- se de uma coisa pagã, anticristã e anticatólica… (Pe. Gabriele Amorth, exorcista da Diocese de Roma).
A participação direta ou indiretamente no Halloween, inclusive ausência de contestação, promove a realização de um rito maléfico (Pe. Aldo Buonaiuto).[24]
No Brasil, Monsenhor Rubens Miraglia Zani, Exorcista da Diocese de Bauru (SP) e Delegado Coordenador da Secretaria Linguística Portuguesa da Associação Internacional dos Exorcistas tem feito serias advertências:
[…] imprimindo nas crianças a feiura, o gosto pelo horroroso, pelo deformado, pelo monstruoso posto no mesmo nível do belo, os orienta de algum modo ao mal.
Halloween faz parte de um projeto mais vasto, fortemente apoiado pelos meios de comunicação que é não tanto aquele comercial quanto aquele de induzir a opinião pública, em particular as crianças, os adolescentes e os jovens, a se familiarizar com mentalidades ocultas e mágicas, estranhas e hostis à fé e à cultura cristã. Querem o desaparecimento da visão cristã da vida e que se retorne àquela pagã. Baste-nos olhar para o que se faz, hoje, de produtos dedicados às crianças (desenhos e filmes, principalmente – muitas vezes em série) para vermos como o mundo mágico e a mentalidade ocultista se está introduzindo subliminarmente e as crianças estão acostumadas a essa linguagem e simbologia. E isso tudo entra no mundo infantil como diversão, brincadeira, atividade lúdica.
Existe o calendário que todos conhecemos. Mas existe também um outro, aquele demoníaco e da neo-bruxaria. Na prática, um escorrer do tempo paralelo que ‘imita’ as festas cristãs. Os adoradores de Satanás têm encontros precisos, durante os quais as várias seitas, apesar das suas diferenças, realizam mais ou menos os mesmos ritos.[25]
Hoje o ‘lado escuro’ de Halloween é mantido oculto para não quebrar o ‘brinquedo’ comercial que se criou.
Quase todo o “establishment”, “mainstream”, tem se mantido em silêncio sobre este tema. Mas mesmo assim, a verdade tem aparecido em alguns meios, principalmente nas mídias alternativas. Partilho aqui algumas chamadas que alguns órgãos sérios de mídia noticiaram a respeito desta data:
- “O Halloween é uma data ‘anticristã’ e ‘perigosa’, por ter ligação com o oculto” (Jornal “Daily Mail”, outubro de 2009). [O Dia das Bruxas é uma] “perigosa celebração do terror e do macabro” (Jornal italiano “Avvenire”, em 2008).
- A festa de Halloween tem um fundo de ocultismo e é absolutamente anticristã. [exortamos os pais e as famílias] a tomarem consciência disso e orientarem o sentido da festa para o bem e a beleza, em vez do terror, do medo e da própria morte” (L’Osservatore Romano, n° 251, 30 de outubro de 2009).[26]
- “Com o pretexto de diversão, convidam crianças, jovens e adultos a praticarem o ocultismo, que está em contradição com os ensinamentos da Igreja e a vocação do cristão” (Mensagem da Arquidiocese de Varsóvia, 29 de outubro de 2012).
Resumiu muito bem Dom Ariel Torrado Mosconi, Bispo Auxiliar de Santiago del Estero (Argentina), no dia 27 de outubro de 2014, quando disse: “[Halloween] um costume estrangeiro, frívolo, malévolo e pagão”. É verdade. O mundo hoje quer o desaparecimento da visão cristã da vida e da morte. Se deseja com todas as forças a volta do mundanismo e do paganismo. Precisamos com urgência anunciar a verdade, dizendo não ao “Halloween“, e sim ao “Holywins“, pois a santidade sempre vence. Só por meio da verdade as pessoas viverão com responsabilidade, determinada determinação e beleza a sua fé.
Como numa paródia, o diabo inventou a comemoração do Dia das Bruxas, que contém uma miséria escondida porque celebra as pessoas condenadas ao inferno. Muitos acham que o inferno não existe porque Deus é Misericórdia, mas é preciso entender que o inferno existe porque o homem é livre, ou seja, nós podemos ou não escolher entrar na felicidade eterna. É importante lembrar que nossa alma ainda está em risco, podemos ser salvos, mas ainda podemos nos perder” (Pe. Paulo Ricardo de Azevedo Junior, 06 de novembro de 2010).
O cristão não deve ter medo de ser sinal de contradição e de ir contra a corrente, nem deve desistir frente as críticas de quem banaliza o perigo do Halloween. Os cristãos festejam a solenidade de Todos os Santos desde a noite de 31 de outubro, com as Vésperas da liturgia. A família cristã honra os santos e comemora os queridos defuntos que nos precederam na vida eterna, como testemunhas da esperança e do Amor de Deus, Senhor da Vida, que, com sua Luz, vence o Príncipe das trevas e da morte. Esta data deve, então, ser dignamente festejada, através da participação na Santa Missa e dos sinais visíveis da cerimônia litúrgica, em casa e em toda parte: velas brancas acesas, imagens dos santos, flores frescas perfumadas e tudo aquilo que possa evocar a beleza e a alegria de sermos filhos de Deus, com a vocação para a santidade, a exemplo de Jesus, em contraposição com as imagens esquálidas do Halloween (Pe. Aldo Buonaiuto).[27]
[…] a solenidade de Todos os Santos é uma festa mais ‘interior’. A Igreja liberta do medo da morte ao insistir, no primeiro dia de novembro, na esperança da ressurreição e na alegria daqueles que colocaram as Bem-aventuranças no centro da sua vida. O centro de Todos os Santos é Cristo, vencedor da morte (cf. Jo 1,9; Mt 5,14; Sl 139,12). Enquanto que o ‘Halloween’ é uma festa do medo, com as crianças (e adultos) a divertirem-se a causar medo aos outros e a elas próprias, a evocação católica é uma festa de comunhão, comunhão com os santos, a 1 de novembro, e com os ‘fiéis defuntos’, no dia seguinte. Comunhão de todos por e com um Deus de amor. Estar em comunhão de pensamento, pela oração, é estar em ligação, em relação, em simpatia com os outros. Ao contrário, cultivar o medo é afastar-se dos outros, isolar-se deles, recolher-se nos seus próprios medos. O ‘Halloween’ é uma festa do negativo: o medo, o susto, a morte anônima, a angústia. A solenidade de Todos os Santos é uma festa do positivo: a proximidade com os mortos da família, a memória dos outros (Conferência Episcopal Francesa, 31 de outubro de 2017).[28]
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Aprofundamento
“A festa das abóboras é, na realidade, uma festa para abóboras ocas. A travessura do demônio é doçura mortal para a alma” (Pe. Aldo Buonaiuto).[29]
David Murgia: “Vade Retro – Halloween, una festa tra business e inganni”
Pe. Lucio Zappatore: “Halloween: una festa pericolosa?”
Don Aldo Buonaiuto: “Vade Retro – Halloween, tra inganni e folclore”
Pe. Francesco Bamonte: “halloween e ocultismo”
Artigos:
[1] Conferência Episcopal Francesa, 31 de outubro de 2017.
[2] Pe. Aldo Buonaiuto, Halloween, a travessura do Diabo (Halloween. Lo scherzetto del diavolo, 2015), pág. 12. Sacerdote exorcista, estudou Filosofia e Teologia no Ateneu Pontifício Santo Anselmo (Roma) e Antropologia Teológica no Ateneu Pontifício Teresianum (Roma). Pároco e Diretor do Gabinete de Migrantes, trabalha há vários anos na Comunidade Papa João XXIII, fundada pelo Pe. Oreste Benzi para recuperação das vítimas de tráfico e de prostituição. É responsavel do Serviço Anti-Seitas e do respetivo Número Verde, instituído pela mesma Associação. Como perito em seitas, desempenha trabalhos de consultoria junto das Procuradorias e das Forças da Ordem. É também professor no curso anual para exorcistas na Universidade Pontifícia Regina Apostolorum (Roma), dá numerosas aulas e conferências sobre o fenómeno do ocultismo e de temas ligados à marginalização e à pobreza. Blogue pessoal: www.donaldobuonaiuto.it
[3] Halloween, a travessura do Diabo, 24-25.
[4] Ir. Alexandre Mazzali é fundador da Comunidade Dominus Salus, Diocese de Jundiaí/SP. É licenciado em Filosofia pelo Centro Universitário Claretiano. É bacharel em Teologia pela Faculdade São Bento/SP. Possui estudos em demonologia e exorcismo pelo Ateneo Pontificio Regina Apostolorum (Roma). É autor do livro “Halloween: A festa acabou”.
[5] O termo “Hallowe’en” surgiu apenas no século XVII/XVIII e é uma abreviatura escocesa de “Allhallow-even”, que significa “All Holy Evening”, literalmente “noite de todos os santos” (“eve of all saints”). Esse termo teve o seguinte desenvolvimento: “All Hallows Eve”, “All Hallowed Eve”, “All Hallow Een”, “Hallowe’en”, “Halloween”. “All Hallow Eve”: significa “Véspera (Eve) de Todos (All) os Santos (Hallows)”.
[6] Pe. Ernesto María Caro, Exorcista da Arquidiocese de Monterrey (México), Halloween, p. 3.
[7] Vale também recordar aqui um fato ocorrido neste período repressão anticatólica. Um dos atos de resistência dos católicos ingleses foi bastante desastrado: um complô para explodir o rei protestante James I e o parlamento inteiro em Londres. A mal concebida “Conspiração da Pólvora” foi frustrada em 5 de novembro de 1605, quando o homem que guardava a pólvora, um imprudente convertido chamado Guy Fawkes, foi capturado e enforcado, levando a trama ao fracasso. Essa data se tornou conhecida como o Dia de Guy Fawkes e virou na Inglaterra uma celebração em que foliões mascarados batiam à porta dos católicos locais, de madrugada, exigindo cerveja e bolos para fazerem a sua festa, dizendo-lhes “trick or treat”. Os católicos eram obrigados a entregar o que os foliões pediam, se não esses aprontariam com eles alguma brincadeira nem sempre de bom gosto.
[8] Os cartões de Halloween não deram certo, mas as bruxas sim. Foi por isso que, também no final dos anos 1800, os folcloristas mal informados introduziram nessa mistura de tradições o “jack-o’-lantern”, ou seja, as abóboras iluminadas com uma vela. Apelando para descontextualizadas origens druidas do Halloween, eles resgataram as luminárias dos antigos festivais celtas de colheita – que, aliás, eram feitas originalmente de nabos, não de abóboras.
[9] Halloween, a travessura do Diabo, pág. 76.
[10] Idem, pág. 108.
[11] Idem, pág. 88.
[12] Idem, pág. 45.
[13] Idem, pág. 89.
[14] Idem, pág. 13.
[15] LaVey diz que nesta noite os poderes satânicos ocultos e de bruxaria estão no seu nível de potência mais alto, e qualquer bruxo ou ocultista encontrará mais êxito no dia 31 de outubro, porque satanás e seus poderes estão em seu ponto mais alto nesta noite. Estes seguidores do príncipe da mentira asseguram que durante a noite do Halloween, os anjos decaídos, assim como toda a classe de espíritos malignos percorrem o mundo inteiro.
[16] Halloween, a travessura do Diabo, pág. 99.
[17] https://curaelibertacao.com.br/halloween-feliz-ano-novo-so-que-do-diabo/
[18] Wilson Fernando López entrou aos 17 anos na seita satânica “Os doze do Zodíaco.
[19] Cf. https://www.youtube.com/watch?v=nyQjVKAzYkA&t=1s
[20] Halloween, a travessura do Diabo, pág. 44.
[21] Danilo Gesualdo trabalha desde o ano de 2003 com o Ministério de Cura e Libertação. O missionário participa de encontros e retiros espirituais, em que é convidado a palestrar sobre essa temática. Atualmente, Gesualdo faz um trabalho junto às pessoas que procuram ajuda por meio da oração, na Casa de Maria, em Cachoeira Paulista.
[22] Halloween, a travessura do Diabo, pág. 49.
[23] Idem, pág. 82.
[24] Idem, pág. 110.
[25] Calendário Satânico: 31 de outubro (Ano Novo de Satanás chamado Samhain ou, vulgarmente, Halloween, noite de Sabbá); 21 de dezembro (primeira noite de Tregenda, dita Yule, durante a qual os ritos demoníacos se mesclam com aquele pagãos pré-cristãos – solstício de inverno no hemisfério Norte, noite mais longa do ano); 2 de fevereiro (chamado Imbolc, […] com um Sabbá dedicado à consagração das velas e luzes que serão usados nos ritos dos meses sucessivos e também noite se faz a iniciação dos aprendizes de feiticeiro); 21 de março (dito Ostara equinócio de primavera, que se festeja com a segunda noite de Tregenda); 30 de abril (dito Beltane, é o início do verão esotérico, com Sabbá dedicado aos ritos propiciatórios para o acúmulo de dinheiro e de sucesso); 21 de junho (dito Litha, é o solstício de verão, dia mais longo do ano); 24 de junho (terceira noite de Tregenda, com ritos de proteção para os aderentes à seita e de lançamento de anátemas e malefícios contra os inimigos); 31 de julho (dito Lughnasadh ou, vulgarmente, Lammas, acontece um dos Sabbás mais importantes, com o qual de repeles os influxos maléficos externos); 21 de setembro (dito Mabon, equinócio de outono); 29 de setembro (quarta e última noite de Tregenda, por ocasião do equinócio de outono. É a recorrência mais culta, aquela na qual se canta o conhecimento demoníaco); 21 de dezembro (dita Yule, é a noite do solstício de inverno no hemisfério Norte, a mais longa do ano, aquela na qual a obscuridade triunfa, celebrada com o fogo. Para as seitas adoradoras do demônio é o momento de deixar andar o passado e de caminhar para a luz; algumas bruxas acendem uma vela). As oito maiores festas Wicca: os quatro sabbás maiores (Samhain, Imbolc, Lammas, Beltane) e os quatro menores (Yule, Mabon, Ostara, Litha).
[26] “I messaggi pericolosi di Halloween”, p. 6.
[27] Halloween, a travessura do Diabo, pág. 110.
[28] https://snpcultura.org/todos_os_santos_e_halloween_tao_proximos_tao_diferentes.html
[29] Halloween, a travessura do Diabo, pág. 14.