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Review: O Diabo e o Padre Amorth

Foto de Wiliam Friedkin com o padre Gabriele Amorth
Wiliam Friedkin (à esq.) e o padre Gabriele Amorth

O Documentário “O Diabo e o Padre Amorth” foi recentemtente lançado no Brasil pela Netflix e chama a atenção a falta de análises católicas a respeito do trabalho realizado. Contudo, encontramos e traduzimos o review do crítico de cinema Diácono Steven D. Greydanus que ajuda a trazer luz ao documentário de Willian Friedkin:

O diretor de O Exorcista fez um documentários sobre o exorcista mais famoso da era moderna. O resultado não é grandioso a nenhum de seus créditos.

“Aquele que come com o diabo”, diz um sábio provérbio medieval, “precisa de uma colher longa”.

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William Friedkin, o para sempre reconhecido diretor de O Exorcista, pode ou não apreciar o provérbio, mas em “O Diabo e o Padre Amorth”, um documentário de 69 minutos que tem Padre Gabriele Amorth como personagem principal – provavelmente o exorcista mais conhecido até sua morte em 2016 – Friedkin entrevista duas pessoas que certamente o apreciam.

Um deles é Jeffrey Burton Russel, um historiador conhecido por seus cinco volumes de história da demonologia, que falou sobre o quão depressivo foi “trabalhar com o mal o tempo todo”. Seu conselho: “Não concentre-se no mal o tempo todo… Concentre-se no bom, concentre-se em Deus, concentre-se no postivo e não pense muito a respeito sobre o lado do mal”.

O outro é o Bispo Robert Barron, o cativante conhecedor de mídia, bispo auxiliar de Los Angeles e fundador do Word on Fire Catholic Ministries. Para o espanto de Friedkin, Bispo Barron declarou inflexivelmente que não é digno de “se aproximar” do diabo. “Pessoas como Padre Amorth podem estar habilitadas a fazer isso”, diz cautelosamente. “Eu jamais ousaria”.

Certamente que Padre Amorth estava habilitado. Com mais de 30 anos de carreira, de 1986 a 2016, ele executou o que alegou ser centenas de milhares de exorcismos (160.000 a partir 2013), uma média de nove exorcismos por dia ao longo dos anos – uma taxa exorbitante que despertou críticas surpreendentes de sóbrios comentadores católicos como o canonista Edward Peters e o apologista Jimmy Akin.

Frequentemente e erroniamente anunciado como “o exorcista chefe do Vaticano” ou “exorcista do papa”, o padre Amorth nunca foi anexado à Santa Sé, mas sim à diocese de Roma, onde foi autorizado a atuar como exorcista, mas sem qualquer título especial.

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Ainda assim, como co-fundador da Associação Internacional de Exorcista, autor de vários livros sobre demônios e exorcismos, e um frequente comentarista na mídia, ele era de fato a face pública da comunidade de exorcistas. Nesta situação, ele ficou marcado por alegações extravagentes como a notória condenação aos livros de Harry Potter por serem de origem satânica e a afirmação de que não apenas Hitler e Stálin, mas todos os nazistas famosos e ordinários estavam sob possessão demoníaca.

Nada disso é mencionado em O Diabo e o Padre Amorth. Na verdade, além dos cerca de 20 minutos do exorcismo de uma italiana filmados por uma câmara portátil – era o nono exorcismo dela e foi administrado no aniversário de 91 anos do padre Amorth, cinco meses antes de sua morte – vemos muito pouco do próprio padre celebridade.

Em vez disso, após uma extensa introdução com filmagem de vários locais relacionados ao filme mais famoso de Friedkin, incluindo os icônicos passos do Exorcista de Georgetown, o ritmo do filme é em grande parte composto de trechos de entrevistas.

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As entrevistas incluem um irmão e uma irmão que creditam ao Padre Amorth o sucesso do exorcismo em sua irmã, uma segunda mulher que é em quem será realizado o presente exorcismo, e uma série da cabeças falantes. Entre eles está o colaborator de Friedkin em O Exorcita, o experiente Willian Peter Blatty, que adaptou sua novela às telas, e uma série de eminentes médicos e autoridades psicológicas que falaram com cautela sobre os limites de seu campo de atuação e de diagnósticos como o de transe de desordem dissociativa.

Friedkin dá destaque à novidade de filmar um exorcismo, alegando que o Vaticano nunca antes havia dado permissão para um exorcismo ser filmado. Na verdade, o Vaticano não supervisiona diretamente os exorcismos que são feitos ao redor do mundo, e exorcismos já foram filmados antes.

Por exemplo, em 1991, o 20/20 da ABC filmou e transmitiu o exorcismo de uma mulher que teria sido habitada por dez demônios, sendo o mais memorável um que se identificou como “Minga”.

A transmissão de 1991 teve momentos mais marcantes do que qualquer outro captado pela filmagem de Friedkin durante o exorcismo de Cristina, que foi administrado na residência da Congregação Sociedade de São Paulo em Roma, onde Padre Amorth viveu e trabalhou.

Embora Padre Amorth diga-nos que o diabo fala e age através de Cristina, parece que o diabo tinha pouca atuação em sua mente além da raiva recalcitrante.

O ritual começa com o padre, sua longa estola roxa estava sobre os ombros de Cristina e um longo rosário estava em seu pescoço, provocando o demônio ao liderar Cristina e seus familiares presentes (cerca de uma dúzia de pessoas) com a oração do Pai Nosso.

Entre outros, Padre Amorth invoca Padre Pio e o seu próprio mentor, o Padre Candido Amantini, que também realizou exorcismos por mais de 30 anos. Na parede sobre a cabeça de Cristina está a fotografia do Papa Francisco, que já falou mais sobre Satanás do que os últimos papas juntos.

A partir disso, Cristina fica agitada e começa a se balançar e a se contorcer na cadeira, obrigando os outros a contê-la. Suas explosões – geralmente com gritos e grunidos inarticulados como “Não!” e “Pare!” – são proferidas em uma voz que soa inequivocadamente como um efeito de áudio de coro. Eu sou apenas um diácono permanente e crítico de cinema, não um padre e certamente não um exorcista, mas se a voz de Cristina não foi digitalmente alterada, pelo meu dinheiro o diabo precisa de um nova equipe de engenharia sonora.

A fraude auditiva de Friedkin diminui o que parece ser a sincera angústia da mulher, seja qual for sua origem ou natureza. A natureza muito monótona de suas explosões confirma a sua autenticidade, pois um desempenho calculado ou roteirizado provavelmente seria mais dramático.

“Mande o padre embora! Eu não aguento mais! Ela Chora. “Ela pertence a mim!” Ela recusa-se a responder as perguntas do padre sobre quando a possessão começou e se identifica como “Satanás” e “legião” ou “exércitos”. Em um dado momento, padre Amorth diz com severidade ao espírito maligno que ele está condenado para sempre e recebe a resposta: “É você quem é amaldiçoado!”

Uma das trocas mais intrigantes ficou sem tradução. Quando o padre Amorth pergunta a ela quantos demônios estão ali, a resposta diz algo que soa parecido com “80 milhões”, mas que no interrogatório é esclarecido como “80 chefes” (capi em italiano)

Algum tempo depois do nono exorcismo ter sido feito, surge um episódio bizarro em que Cristina e seu namorado supostamente teriam combinado de se encontrar com Friedkin na cidade de Alatri, na Catedral Basílica de São Paulo (“considerdo um lugar sagrado”, esclarece hilariamente Friedkin, caso isso não fosse algo muito claro).

Friedkin oferece uma explicação complicada sobre o motivo deste encontro, que acabou acontecendo em uma outra igreja, não ter sido filmado, mas a questão é que temos apenas sua narrativa sinistra, feita com cenas estridentes e dramatizada com imagens e sons impressionistas, misturando as cenas do exorcismo anterior com vislumbres do interior da igreja. Entenda isso como quiser.

Perto do fim de “O Diabo e Padre Amorth” veio uma história que me fez estremecer. Padre Amorth mal podia esperar para chegar ao céu, um conhecido diz risonhamente, pois então poderia bater no diabo com uma bengala. Eu espero que essa piada não preste um desserviço ao homem.

Se Cristina e Padre Amorth pareceram sinceros, o mesmo não pode ser dito a respeito do cineasta. Além dos efeitos de áudio e do suspeito incidente que não foi filmado, Friedkin pareceu estar mais interessado em orientar as respostas dos entrevistados do que em ouvir suas perspectivas.

Para Blatty – um católico praticante que pesquisou a verdadeira história por trás de O Exorcista para um relato de não-ficção, mas que se tornou fictício por não ter conseguido a permissão da família para escrever a história real – a caçada ao diabo era genuinamente a parte por uma busca maior de Deus.

Friedkin até gesticula em direção a esse movimento pieodoso nos segundos finais do filme, mas não houve indício de tal sentimento nos mais dos 60 minutos anteriores.

Seja lá o que Bispo Barron ou outros tenham dito sobre Deus ou Jesus, praticamente nada sobre esse assunto chegou às telas. Tampouco houve qualquer perspectiva sobre comportamentos que podem abrir a porta para a influência demoníaca: envolvimento em atividades ocultas, magia ou adivinhação, por exemplo.

Em uma época secular, o mistério do mal pode servir como uma espécie de sinal que aponta para o poder superior do bem. Às vezes, porém, as pessoas não conseguem olhar para além de si mesmas, e a Congregação para Doutrina da Fé, em 1975, advertiu corretamente contra “a preocupação obsessiva com Satanás e os demônios”.

Há pouco, para não dizer nenhuma, dimensão genuinamente religiosa em O Diabo e Padre Amorth. É basicamente um filme “boo” em forma de documentário – isso e o exercício de reforço e exploração de uma marca.

Em uma era de filmes de terror, os fãs dos gênero podem se animar com a sugestão de que poderia haver algo para esse “woo-woo” no fim das contas.

Os espectadores piedosos podem ficar satisfeitos com o filme porque valida sua visão do mundo e por causa do tratamento reverencial dado a um clérigo conservador que combate o fogo e o enxofre. Os céticos encontrarão a confirmação de sua descrença nas evidentes artimanhas do filme. Provavelmente poucos encontrarão material para desafiar os preconceitos pelos quais já se sentaram.

O Diácono Steven D. Greydanus é crítico de cinema e criador da Decent Films. Ele é diácono permanente na Arquidiocese de Newark, Nova Jersey.

Fonte: National Catholic Register
Tradução: Instituto Santo Atanásio

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