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Análise da Via Sacra da Campanha da Fraternidade 2025 - Ecologia Integral

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Análise da Via Sacra da Campanha da Fraternidade 2025 – Ecologia Integral

Campanha da Fraternidade 2025 - Via sacra - mico leão dourado

Minha mãe foi convidada a fazer a Via Sacra junto com sua comunidade num remoto bairro de uma cidade pequena. Ao saber que seria usada o material da CNBB, ou seja, da Campanha da Fraternidade 2025, cujo tema é uma tal de Ecologia Integral, recusou justificando que ela é Católica, enquanto que o material da CNBB não o é.

Como eu já me emancipei, estando na vida adulta, não sou obrigado a concordar com ela. Por isso vou tentar refutá-la nesse artigo. Onde já seu viu? Acusar a Conferência Nacional de Bispos [Católicos] do Brasil de não estar sendo católica em plena quaresma, período no qual nos preparamos para a data mais importante do ano, a Páscoa, soa absurdo. Santa Carona e o espírito Pedro-affonssetiano explicam: Devemos estar em comunhão com nossos bispos! Ponto.

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Não tem jeito, vou tentar criticar a minha própria mãe. Não tenho do castigo.

Apresentação

A apresentação da via sacra da CNBB ficou sob a responsabilidade do Padre Hideraldo Veríssimo Vieira, Assessor da Equipe de elaboração do Material da Reflexão, dos Grupos de Reflexão, do Curso de Inverno, Ecumenismos e das CEBs.

Não tem como dar errado.

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Padre Hieraldo não nega que a Quaresma é “um tempo de intenso jejum, oração e penitência”, que a Igreja “não apenas durante a Quarema, mas durante toda a vida” pede pela nossa conversão e nos aponta três caminhos: oração, jejum e esmola. 

No parágrafo seguinte (estamos na p. 2), diz: “No caminho de conversão quaresmal, a Igreja no Brasil nos apresenta a CAMPANHA DA FRATERNIDADE como itinerário de libertação”, cujo tema é “Fraternidade e Ecologia Integral”. De repente, tivemos um salto duplo twist carpado da hermenêutica teológica, e a linguagem, católica nos parágrafos anteriores, tornou-se algo completamente estranho[1].

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Acolhida

Passemos à acolhida (p. 5). Eis o que deve dizer – sem nenhum espírito crítico, só confiando na nossa querida CNBB – o animador [de torcida?]:

Queridos irmãos e irmãs, hoje nos reunimos para acompanhar o Senhor Jesus no seu trajeto de dor e sofrimento no caminho do Calvário. Ele, que é Deus, desceu ao nosso encontro para nos conduzir em nossa caminhada. O caminho do Calvário de Jesus é o caminho do calvário de toda a Criação. Por isso, hoje, ao acompanhar o sofrimento redentor de Jesus, acompanharemos também – motivados pela Campanha da Fraternidade 2025 – os sofrimentos de toda obra criada por Deus, que vive em desarmonia pela ganância do ser humano. [O grifo é nosso]

O centro da mensagem é: “O caminho do Calvário de Jesus é o caminho do calvário de toda a Criação”. Mas que namoro com o panteísmo é esse? Não, o Calvário de Jesus é o caminho para redenção do gênero humano, para que o homem se veja livre dos grilhões do pecado.

Bom, acolhidos estamos, mas o que devemos responder, sempre em espírito não-crítico?

Bom Deus, neste caminho com a Criação, dai-nos cultivar em nós os mesmos sentimentos que havia em Cristo Jesus, vosso Filho amado e nosso Irmão Redentor. Inspirai-nos o vosso Espírito que tudo renova. Amém!

Ou seja, nós compramos a narrativa que o Calvário é um “caminho com a Criação”. Que burro nós somos.

Na página 6, temos um Refrão Orante do Mons. Jonas Abib: “Jesus Cristo é o Senhor, o Senhor, o Senhor! (bis) Glória a ti, Senhor!”. Quanta glória! Quase fico sem palavras, sobretudo porque tenho na minha memória que se canta isso meio que em ritmo de marchinha de carnaval. Bom, pelo menos a Renovação Carismática Católica não poderá reclamar.

Temos ainda uma motivação no item 5: “O piedoso exercício da Via-Sacra é um exercício de contemplação que nos ajuda a deixar crescer em nós o senhorio de Jesus Cristo, isto é, a deixar que Jesus seja aquele que é decisivo em nossas escolhas e opções (…)”. Concordo. Por isso devemos fugir desse tipo de material. Mas o senso crítico está proibido. Assim, não podendo a lobotomia parar, todos devem responder:

Bom Jesus, vós que sempre contemplastes os grandes e pequenos detalhes da Criação, ajudai-nos a contemplar vossa Cruz e as cruzes da Criação, ferida pela exploração desenfreada, e a nos comprometermos a cultivar e guardar a maravilha que Deus nos confiou.

Cruzes da criação! Cruz credo! Prefiro contemplar a cruz do homem, ferido pelo pecado original, mas que pode vencer o pecado mediante a graça de Deus. Aliás, quem faz a via sacra de Santo Afonso Maria de Ligório, conseguirá meditar isso.

1º Estação – Jesus é condenado à morte

Leitor(a) 2: Hoje, nossas irmãs e nossos irmãos das comunidades tradicionais são condenados à morte em seus territórios, com contaminação de suas águas e solos por mercúrio e outros rejeitos oriundos da mineração.

Todos (as): Senhor Jesus, ensinai-nos a amar e a cuidar da água e do solo, dádivas generosas de Deus-Pai.

É isso aí leitora 2. E ótima resposta de todas. De fato, vamos amar a água e o solo, porque isso vai fazer com que as pessoas parem de morrer por falta de saneamento básico, que é uma questão mais de política pública do que de amor.

2ª Estação – Jesus toma a pesada Cruz aos ombros

Leitor(a) 2: Hoje, nossas irmãs e nossos irmãos tomam nos ombros a pesada cruz de uma carga horária de trabalho que lhes impede de ter uma vida digna e plena. Muitas vezes, o desejo do lucro, que pretende imperar sobre a Criação, subjuga também as pessoas a uma exploração trabalhista desumana. 

Todos (as): Senhor Jesus, que o trabalho dignifique o homem e a mulher, sendo instrumento e expressão de sua liberdade e criatividade.

E a cruz pesada do governo sobre os nossos rendimentos, com multidões de impostos, por que está fora da reflexão lida pela leitora e respondida por todas?

E se todas rezaram que querem um trabalho que dignifique o homem e a mulher, podemos tirar disto que queremos que Deus mande a graça para que as mulheres trabalhem no lar, a fim de melhor educar os filhos? Ou a crítica ao capitalismo liberal – não de todo errada – só vai até essa página, sugerindo que a mulher continue sendo uma engrenagem no sistema econômico para inflar o mercado e diminuir os salários, plano arquitetado e exitoso dos Rockfellers?

3ª Estação – Jesus cai pela primeira vez.

Leitor (a) 2: Hoje, as notícias falsas e a negação da crise climática colocam irmãos e irmãs na escuridão da desinformação, dificultando a conversão ecológica e o empenho nas necessárias ações concretas para a superação da crise ambiental.

Todos (as): Senhor Jesus, que a vossa Palavra seja a luz e a força que movem as nossas ações no resgate ambiental por meio de uma ecologia integral.

A leitora 2 não pára. Agora temos uma associação entre notícias falsas e negação de crise climática. O que deveria ser um debate científico, virou artigo de “fé”. Devemos acreditar em toda a agenda ambiental da ONU para que não caiamos na “escuridão da desinformação”. Mas e se é a própria ONU que nos desinforma, algo que fez recentemente numa crise sanitária, como vou saber a respeito do mérito dos dados e das argumentações científicas, se não e não podem ser debatidos?

Mas mais bizarro é que todas respondem que a solução para uma suposta crise ambiental é por meio de uma ecologia integral, ou seja, a graça de Deus foi substituída por ideologia racionalista-cientificista.

4ª Estação – Jesus encontra sua querida Mãe

Leitor(a) 2: Hoje, em nosso país, diversas famílias sofrem o luto da perda de entes queridos, cujas vidas foram ceifadas em um desastre ambiental. Como tudo está “interligado no mundo” (Laudato Si, n. 16), cada ação predatória deve ser considerada em suas consequências.

Todos (as): Senhor Jesus, ajudai-nos a enxergar a natureza como mãe generosa e a devolver a ela o cuidado dispensado a nós.

Mas o que é que vocês todas estão pedindo? A natureza é, no máximo, nossa irmã, como metaforizava São Francisco de Assis, e inferior em dignidade ao homem. Os entes da natureza, exceto o homem, não têm intelecto. E atribuir intelecto à natureza geral, sugerindo que um desastre ambiental aqui ocorreu por causa de crimes ambientais de lá, é flertar com um panteísmo grosseiro.

Ou seja, mãe terra é o escambau! E fazer esse pedido numa estação diretamente ligada à nossa verdadeira Mãe, que é Nossa Senhora, é simplesmente sacrílego.

5ª Estação – Simão Cirineu ajuda Jesus a Carregar a Cruz

Leitor (a) 2: Hoje, o ser humano continua sendo requisitado a ser colaborador de Deus na sua obra criadora. A Criação, entregue por Deus aos seres humanos, deve ser recebida como um dom a ser cultivado e não como uma propriedade a ser subjugada em um extrativismo sem fim.

Todos (as): Senhor Jesus, ensinai-nos a cuidar da Criação e protegela, como dom do vosso amor e da vossa bondade.

A segunda leitora fala como se não tivesse leis ambientais em roga. Como se a ciência agronômica não tivesse evoluído a fim de produzir mais sem maiores necessidades de terra. É como se os produtores fossem, em sua maioria, extrativistas irracionais e inconsequentes. Não é só uma substituição simbólica da nossa fé em favor de uma herética Ecologia Integral o que está sendo feito, mas a criação de todo um imaginário histérico.

6ª Estação – Verônica enxuga o Rosto de Jesus

Leitor (a) 2: Hoje, contemplamos Verônica em cada pessoa que assume a luta em defesa da Criação, empenhando-se em pastorais e movimentos que buscam soluções para a crise socioambiental e para o sofrimento dos mais vulneráveis.

Todos (as): Senhor Jesus, assim como destes a Verônica, dai-nos a sensibilidade de aliviar o sofrimento daqueles que assumem a causa da proteção socioambiental.

Deus me livre dessas pastorais ativistas, e sobretudo do ativismo ideológico ambiental de nossos tempos.

7ª Estação – Jesus cai pela segunda vez

Leitor (a) 2: Hoje, o extrativismo predatório que domina o nosso modelo de desenvolvimento, arruína não apenas as florestas, mas também os meios de vida e de trabalho digno de tantos povos que nelas habitam.

Todos (as): Senhor Jesus, livrai-nos da ganância e não permitais que nossas florestas sucumbam sob seu peso.

É verdade que há problema no Brasil de desmatamento ilegal. Mas está longe – pelo menos segundo as estatísticas – de ser o modelo de desenvolvimento. A leitora 2 está simplesmente mentindo e todas estão respondendo com base em histeria.

8ª Estação – Jesus consola as mulheres que choravam

Leitor (a) 2: Hoje a palavra de consolo do Senhor às mulheres de Jerusalém é também apelo à nossa geração, para que assuma a responsabilidade frente às futuras gerações, que herdarão de nós a mesma Casa Comum que estamos destruindo.

Todos (as): Senhor Jesus, que as novas gerações, a exemplo de nossa Mãe, Maria, saibam ser fecundas na docilidade ao projeto do Pai e cuidem de nossa Casa comum.

Escatologia de buteco. Vejamos o que Nosso Senhor diz (Mt 24, 6-13): “Ouvireis falar de guerras e de rumores de guerra. Atenção: que isso não vos perturbe, porque é preciso que isso aconteça. Mas ainda não será o fim. Muitos virão em meu nome, dizendo: Sou eu o Cristo. E seduzirão a muitos. Irá levantar-se nação contra nação, reino contra reino, e haverá fome, peste e grandes desgraças em diversos lugares. Tudo isso será apenas o início das dores. Então, sereis entregues aos tormentos, sereis mortos e sereis por minha causa, sereis objeto de ódio para todas as nações. Muitos sucumbirão, serão traídos mutuamente e mutuamente se odiarão. Irão levantar-se muitos falsos profetas e seduzirão a muitos. E, ante o progresso crescente da iniquidade, a caridade de muitos esfriará”.

Notemos que Nosso Senhor Jesus Cristo até fala de desastres ambientais, mas o foco de toda passagem está nas guerras e na apostasia. Ora, o que gera a guerra é o pecado; o que gera a apostasia é o pecado que, racionalizado, toma a forma de iniquidade doutrinal. O coração de todo o capítulo 24 de São Mateus está centrado nas mazelas e perseguições que os verdadeiros seguidores de Cristo sofrerão.

Não esqueçamos que, atrelado ao Anticristo, haverá uma impostura religiosa, que consiste no homem gloriar a si mesmo (Catecismo da Igreja Católica, 675). E não é difícil perceber que uma consequência desta impostura será precisamente colocar as preocupações terrestres acima da divina. O que muito bem se harmoniza com que Jesus disse em São Mateus.

Curiosamente, na literatura, o Anticristo de Soloviev tem como característica o pacifismo, o ecumenismo e o ecologismo. Será que ainda é cedo para perguntar quem é o pai dessa ecologia integral que quer eclipsar a fé da Igreja Católica no Brasil?

Quando comparamos as profecias de Cristo com a conversa mole de Ecologia Integral, não dá para não associar os arautos do ecologismo com os falsos profetas que seduzirão a muitos. Há várias leitoras 2 aí pelo país. E há várias todas da via-sacra para responder tortamente.

Ademais, só existe uma casa comum, que é o Céu, a casa dos Santos de Deus, onde subsiste em plenitude a caridade. Nesta terra, podemos falar de casa secundum quid, do local de acolhimento e amor no seio da família, mas não quanto ao planeta terra, que, tomado como objeto, não tem senão a característica a impessoalidade e será, até o fim dos tempos, como vimos em São Mateus, terra de conflitos geopolíticos. No inferno, nada há de casa, pois lá só há o império do ódio. De fato, o Reino de Deus, a verdadeira casa dos católicos[2], não é deste mundo.

9ª Estação – Jesus cai pela terceira vez

Leitor (a) 2: Hoje, Jesus ainda se encontra caído em cada grupo humano e povo tradicional que, desprezado pelas autoridades locais e mundiais, sofre os efeitos mais devastadores das mudanças climáticas.

Todos (as): Senhor Jesus, ajudai-nos a ser força para os esquecidos que estão às margens, sofrendo as consequências da degradação da natureza.

É curioso notar que, no léxico da CNBB, povo tradicional não significa o povo de Deus que – legitimamente e moralmente – deseja a liturgia tradicional. Não, povo tradicional quer dizer os povos indígenas. 

Para esclarecer este quadro, basta dizer que, para a Teologia da Libertação, o índio é tido por herói. Não porque tenha virtudes heróicas, mas porque se afasta da cultura ocidental, justamente a cultura cuja base é cristã. Sim, baita contradição, mas o ponto é que a mente marxista opera com outro tipo de lógica, cujo mentalidade não cabe abordar aqui, mas que já tratei em outra ocasião.

10ª Estação – Jesus é despido de suas vestes

Leitor (a) 2: A realidade socioambiental na qual vivemos lança luz à consciência humana expondo nossa nudez: somos dependentes dos demais seres criados. Hoje, porém, o ser humano deve se envergonhar da maneira como tem tratado a Terra, a nossa Casa Comum, despindo-a de sua riqueza mineral, vegetal e animal.

Todos (as): Senhor Jesus, que o verde de nossas matas, a riqueza de nossas terras e a variedade de nossa fauna não sejam despidos pelas ações predatórias do ser humano.

Só a título de comparação, vejamos um trecho do que o São Cardeal Newman diz nesta estação: “Ó Tu que em Tua Paixão foste despojado de todas as Tuas vestes, e exposto a curiosidade e escárnio da turba, despoja-me de mim mesmo aqui e agora, para que no Último Dia eu não me envergonhe diante dos homens e dos Anjos”.

O Santo associa o despojamento das vestes e o escarnecimento de Cristo com os pecados dos quais o homem precisa se despojar: “Mas eu, ó Senhor, qual será minha aparência se Tu me levares daqui para a outra vida, despojado daquele manto de graça que é Teu, para ser contemplado e visto em minha própria vida pessoal e natureza? Oh, quão hediondo sou por mim mesmo, ainda que em meu melhor estado!” Ou seja, associa ainda a necessidade da graça para, além de não pecar, tornar-se agradável – bem vestido – a Deus.

A CNBB, ao contrário, em espírito de histeria, está preocupada com matas, fauna e flora (não que não se deva preocupar, mas são questões menos de religião do que de ciência profana), associando o despojamento das vestes de Nosso Senhor com as ações predatórias! Parece até uma outra religião. Quem é o pai da Ecologia Integral?

11ª Estação – Jesus é pregado na Cruz

Leitor (a) 2: Hoje, muitos são os instrumentos de morte que utilizamos sem a devida reflexão: os agrotóxicos que contaminam alimentos, água e terra; o descarte irregular de resíduos contaminantes; a poluição do ar pela queima inconsequente de combustíveis fósseis; e tantos outros.

Todos (as): Senhor Jesus, ensinai-nos a tirar da terra o nosso sustento, fruto de um cultivo limpo e consciente.

Puro suco de ideologia.

12ª Estação – Jesus morre na Cruz

Leitor (a) 2: Hoje, contemplamos a morte de Cristo em tantos irmãos e irmãs que perderam suas vidas por causa da ganância inescrupulosa dos que almejam o lucro sobre tudo e sobre todos: os atingidos por barragens, os povos indígenas assassinados e os defensores das causas ambientais e sociais.

Todos (as): Senhor Jesus, ouça o clamor da Mãe-Terra, que chora a perda dos filhos que buscavam protege-la

Mas o que vocês todas estão rezando? Clamor da Mãe-Terra? Como já vimos, não é nossa mãe. E tampouco pode clamar, pois não tem alma. A metafísica não permite.

Quanto às vidas perdidas que poderiam ser preservadas se houvesse maior zelo e prevenção, será que contemplamos a Cristo nelas? Por acaso, tais indígenas e defensores das causas ambientais e sociais morreram em estado de graça? Não dá para saber. Agora, se agiram mais por ideologia política – marxismo ecológico, por exemplo – sinto dizer, mas provavelmente o destino deles não foi o céu. Se agiram por puro ativismo, sem antes buscar o Reino de Deus e a sua Justiça, as notícias também não são boas. E longe de mim trazer notícias falsas. A CNBB não deixa.

13ª Estação – Jesus é descido da Cruz

Leitor (a) 2: Hoje, ao contrário do zelo de José de Arimateia, ignoramos a dignidade humana e o seu Criador ao reproduzirmos a cultura do descarte, “que afeta tanto os seres humanos excluídos como as coisas que se convertem rapidamente em lixo” (Laudato Si, n. 22).

Todos (as): Senhor Jesus, ajudai-nos a aprender da natureza o poder da renovação.

Concedamos que, por analogia, podemos aprender o poder da renovação pela natureza. Contudo, o poder da renovação mesmo só ocorre mediante a graça, que está acima – embora não a negue – da natureza. No homem, a renovação tem caráter sobrenatural, cuja operação se dá por meio da graça.

14ª Estação – Jesus é sepultado

Leitor (a) 2: Hoje relegamos, ao túmulo do esquecimento e da indiferença, países e povos inteiros mais vulneráveis economicamente às consequências do desequilíbrio ambiental, porém explorados ao máximo em suas capacidades naturais.

Todos (as): Senhor Jesus, ensinai-nos a respeitar os ciclos da natureza, promovendo, assim, o reequilíbrio dos recursos naturais.

Nula teologia, fraca geopolítica.

Encerramento

Bom, é hora de finalizar essa lavagem cerebr, quer dizer, essa Via Sacra.

O que nos tem a dizer a leitora 1?

Leitor (a) 1: Diante dos irmãos, assumamos um compromisso concreto, um gesto de conversão pessoal, comunitário e social, e atuemos no cuidado e cultivo da natureza em nossa comunidade. Coloquemos em cima da mesa das nossas casas, dos Conselhos, das Câmaras Municipais e das Prefeituras as realidades de nossa Casa comum, e disponhamo-nos a trabalhar juntos pela ecologia integral.

Tô fora.

Leitor (a) 2: Com a Igreja, assumamos os compromissos desta Campanha da Fraternidade.

Ou assumimos os compromissos desta Campanha da Fraternidade, ou estamos com a Igreja Una, Santa, Católica, Apostólica (#Tradição). As duas coisas, não dá, porque diferentes são os espíritos que anima um e outra.

Livreto da CNBB a todo vapor, e há ainda quem diga que devemos ter uma fervorosa vida comunitária-paroquial. Deus me livre desse carteiraço da moda por parte dos católicos conservadores. Ao contrário destes, não quero contemplar a grama e comer capim. Quero meditar os mistérios da Via Crucis catolicamente. Se a paróquia não permite isso, algo de errado há na paróquia, a qual não está sendo um “estabelecimento no estrangeiro”, mas uma “compincha do mundo”. Frutos visíveis da crise.

Conclusão

E não é que minha mãe tinha razão? De fato, devemos honrar pai e mãe. Mãe, mãe, não a mãe-terra. Sou católico.

Nossa Senhora da Piedade,
Rogai por nós.


[1] Certamente sabemos o que significa termos como “itinerário de libertação”, mas não é o propósito deste artigo adentrar no espírito revolucionário que está no âmago dessas heterodoxias.

[2] Aliás, consta que o termo paróquia, oriundo do grego, significa “estabelecimento no estrangeiro”, indicando que nós, os católicos, não somos desse mundo, que nossa casa é o Céu. Com efeito, a paróquia, assim como os católicos, está no mundo, mas não é deste mundo.

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Augusto Pola Júnior

Vice-presidente do Instituto Santo Atanásio, seu maior interesse de estudo é psicologia (em especial a tomista) e espiritualidade. Possui especialização em Logoterapia e Análise Existencial e em Aconselhamento e Orientação Espiritual.
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