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Dignitas Infinita: o Bom, o Mau e o Feio

A feia Catedral do Rio de Janeiro
Por Timothy S. Flanders

Ontem discuti alguns dos aspectos importantes que contextualizam o novo documento sobre a “dignidade infinita” da pessoa humana (Dignitas Infinita). Sem pretendermos fazer uma análise exaustiva, queremos aqui apresentar a natureza conflituosa do documento, a fim de agradecer pelo que é bom e apegar-nos ao que é verdadeiro.

Bom: Uma Defesa dos Pobres contra o Liberalismo

A maior força do documento, na minha opinião, é a sua defesa dos pobres (36-37) e dos mais pobres dentre os pobres: os nascituros. A forma mais importante de defender os pobres é destruir a mentira fundamental do liberalismo sobre a dignidade humana.

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A mentira fundamental do liberalismo é que a dignidade humana está baseada no poder. Em outras palavras, você é tão bom quanto aquilo que pode fazer.

É por isso que o Liberalismo mentiu e disse: “Se não podes votar, então a tua dignidade está sob ataque. Venha, vamos matar nosso pai, o Rei, e criar uma democracia.”

É por isso que o feminismo disse: “Mulher: tu não tens poder. Venha, vamos atacar o homem e tomar seu poder, e então terás tua dignidade feminina.”

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É por isso que o comunismo disse: “Ó pobres, vocês não têm poder. Venha, pegue esta metralhadora, mate os ricos e tire o poder deles. Então vocês terão dignidade.”

É por isso que o Liberalismo de 1776, 1789 e 1798 está diretamente relacionado com o holocausto que aconteceria futuramente. Afinal, uma criança no útero não tem poder, portanto não tem dignidade. Podemos matá-la sem batismo.

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Dignitas Infinita condena implicitamente esta mentira do liberalismo de que “dignidade é poder” através da crítica ao documento do pós-guerra sobre os direitos humanos:

Como já recordado por Papa Francisco, «na cultura moderna, a referência mais próxima ao princípio da dignidade inalienável da pessoa é a Declaração universal dos direitos do homem, que São João Paulo II definiu “pedra miliar colocada sobre o longo e difícil caminho do gênero humano”, e como “uma das mais altas expressões da consciência humana”. Para resistir às tentativas de alterar ou cancelar o significado profundo daquela Declaração, vale a pena recordar alguns princípios essenciais que devem ser sempre honrados.

Em primeiro lugar, ainda que seja difundida uma sempre maior sensibilidade quanto ao tema da dignidade humana, ainda hoje se observam numerosos mal-entendidos sobre o conceito de dignidade, que distorcem o seu significado. Alguns propõem que seria melhor usar a expressão “dignidade pessoal” (e direitos “da pessoa”) ao invés de “dignidade humana” (e direitos do homem), porque entendem como pessoa somente “um ser que é capaz de raciocinar”. Em consequência, sustentam que a dignidade e os direitos se deduzem da capacidade de conhecimento e de liberdade, que nem todos os seres humanos possuem. Logo, não teria dignidade pessoal a criança ainda não-nascida, nem o idoso não autossuficiente, nem o portador de deficiência mental. A Igreja, ao contrário, insiste no fato que a dignidade de cada pessoa humana, porque é intrínseca, permanece “para além de toda circunstância” e o seu reconhecimento não pode absolutamente depender do juízo sobre a capacidade da pessoa de entender e de agir livremente. De outro modo, a dignidade não seria, como tal, inerente à pessoa, independente dos seus condicionamentos e merecedora de um respeito *incondicionado*. Somente reconhecendo ao ser humano uma dignidade intrínseca, que não se perde jamais, é possível garantir a tal qualidade um inviolável e seguro fundamento. Sem nenhuma referência ontológica, o reconhecimento da dignidade humana oscilaria à mercê de diferentes e arbitrárias avaliações. A única condição para que se possa falar de dignidade inerente à pessoa é a sua pertença à espécie humana, pelo que «os direitos da pessoa são direitos do ser humano». (23-24).

Esta seção é provavelmente a melhor parte do documento, uma vez que julga a narrativa do pós-guerra criticando a mentira fundamental do Liberalismo. Mas, ao mesmo tempo, não consegue superar a narrativa do pós-guerra e, em última análise, mantém a Igreja presa no ano de 1965. Falaremos sobre isso mais abaixo.

Bom: A Distinção entre Dignidade Ontológica e Moral

Esta distinção é importante para superar a heresia da pena de morte, embora o documento não supere esta heresia. Mas esta distinção não deixa de ser necessária para resolver tal problema. Este tema é discutido no início, e então sumarizado com estas declarações:

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Toda pessoa é chamada a manifestar em nível existencial e moral o caráter ontológico da sua dignidade, na medida em que com a própria liberdade se orienta para o verdadeiro bem, em resposta ao amor de Deus. Desse modo, enquanto é criada à imagem de Deus, de uma parte, a pessoa humana jamais perde a sua dignidade e não deixa de ser chamada a acolher livremente o bem; de outra parte, enquanto a pessoa humana responde ao bem, a sua dignidade pode livremente, dinamicamente e progressivamente manifestar-se, crescer e amadurecer. Isto significa que o ser humano deve buscar viver à altura da própria dignidade. Compreende-se então em que sentido o pecado possa ferir e ofuscar a dignidade humana, como ato contrário a ela, mas ao mesmo tempo isso não pode jamais cancelar o fato de o ser humano ter sido criado à imagem de Deus. (grifo nosso, 22).

Trataremos disso mais abaixo.

Bom: Condenação da Agenda de Ideologia de Gênero

Outra seção que está entre as melhores do documento é a seção (citando extensivamente Sua Santidade) contra o novo regime Marxista de gênero:

A Igreja evidencia os intensos pontos críticos da teoria de gênero (gender). A tal propósito, Papa Francisco recordou que: «o caminho da paz exige o respeito dos direitos humanos, segundo aquela simples, mas clara, formulação contida na Declaração universal dos direitos humanos, cujo 75º aniversário celebramos há pouco. Trata-se de princípios racionalmente evidentes e comumente aceitados. Infelizmente, as tentativas realizadas nas últimas décadas para introduzir novos direitos, não plenamente consistentes em relação àqueles originalmente definidos e não sempre aceitáveis, deram espaço a colonizações ideológicas, entre as quais tem um papel central a teoria de gênero (gender), que é perigosíssima porque cancela as diferenças na pretensão de tornar todos iguais».

Em mérito à teoria de gênero, sobre cuja consistência científica muitas têm sido as discussões na comunidade dos especialistas, a Igreja recorda que a vida humana, em todos os seus componentes, físicos e espirituais, é um dom de Deus, que se deve acolher com gratidão e colocar a serviço do bem. Querer dispor de si, como prescreve a teoria de gênero, independentemente desta verdade basilar da vida humana como dom, não significa outra coisa senão ceder à antiquíssima tentação do homem que se faz Deus e entrar em concorrência com o verdadeiro Deus do amor, revelado no Evangelho. (56-57, grifo nosso).

Esta poderosa seção contra a conspiração de gênero dos anjos caídos aparece depois de um parágrafo ainda mais fundamental que este, o qual defendeu a lei natural contra o ídolo da “liberdade”:

Em segundo lugar, o conceito de dignidade humana foi às vezes usado de modo abusivo também para justificar uma multiplicação arbitrária de novos direitos, muitos dos quais em contraste com aqueles originalmente definidos e, não raro, postos em contraste com o direito fundamental à vida, como se fosse devido garantir a expressão e a realização de toda preferência individual ou desejo subjetivo. A dignidade se identificaria então com uma liberdade isolada e individualista, que pretende impor como “direitos”, garantidos e financiados pela coletividade, alguns desejos e algumas propensões subjetivas. Mas a dignidade humana não pode ser baseada sobre standards meramente individuais, nem identificada somente com o bem-estar psicofísico do indivíduo. Ao invés disso, a defesa da dignidade do ser humano é fundada sobre exigências constitutivas da natureza humana, que não dependem nem do arbítrio individual, nem do reconhecimento social. Os deveres que brotam do reconhecimento da dignidade do outro e os correspondentes direitos que disso derivam têm, pois, um conteúdo concreto e objetivo, fundado sobre a natureza humana possuída em comum. Sem uma tal referência objetiva, o conceito de dignidade acabaria por se sujeitar aos mais diversos arbítrios, como também aos interesses de poder (25).

E novamente em outro lugar:

Sempre mais frequentemente existe o risco de limitar a dignidade à capacidade de decidir de modo discricional sobre si e sobre o próprio destino, independentemente daquele dos outros, sem ter presente a pertença à comunidade humana. Em tal compreensão errada da liberdade, os deveres e os direitos não podem ser mutuamente reconhecidos, de modo que se cuide uns dos outros. Na verdade, como recorda São João Paulo II, a liberdade é colocada «a serviço da pessoa e da sua realização mediante o dom de si e o acolhimento do outro; quando, porém, é absolutizada em chave individualista, a liberdade é esvaziada do seu conteúdo originário e é contradita na sua própria vocação e dignidade» (26).

Ruim: homo-heresia omitida

A seção que acabamos de citar condena implicitamente toda a teoria do gênero e toda a homo-heresia em si. Contudo, na seção final que condena vários erros graves contra a dignidade humana em nossos tempos, uma condenação explícita à homo-heresia é notável pela sua ausência. Visto que Sua Eminência já elogiou os seus erros ridículos contidos em Fiducia e reivindicou poderes ditatoriais sobre todo o mundo para condenar as “leis iníquas” contra a sodomia, isto faz parecer que todos os pontos fortes deste presente documento pretendem ser uma cortina de fumaça para esconder a porta dos fundos que ficou aberta para a entrada dos anjos caídos com Fiducia. Este é um grande mal de omissão do documento, mas não é a pior parte dele, que o que discutiremos a seguir.

Bom: Contra a Violência Digital

Outro ponto forte do documento está no confrontamento da realidade de “violência digital”:

Sobre este ponto, Papa Francisco sublinha que «não é sadio confundir a comunicação com o simples contato virtual. Realmente, “o ambiente digital é também um território de solidão, manipulação, exploração e violência, até o caso extremo da dark web. Os meios de comunicação digitais podem expor ao risco de dependência, de isolamento e de progressiva perda de contato com a realidade concreta, obstaculizando o desenvolvimento de relações interpessoais autênticas. Novas formas de violência se difundem através das redes sociais, por exemplo o cyberbullying; a web é também um canal de difusão da pornografia e de exploração das pessoas para fins sexuais ou através dos jogos de azar”. [Nota de Rodapé: Francisco, Exort. ap. Christus vivit (25 de março de 2019), n. 88: AAS 111 (2019), 413, que cita o Documento Final da XV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos (27 de outubro de 2018), n. 23]. (61)

O terror do mal é realmente difícil de superestimar. Na minha opinião, este é um dos problemas mais prementes, pois vejo muitos pecados graves na Internet, mesmo por parte de “católicos fiéis” (“Não deixe as redes sociais mandarem você para o inferno”). Como eu disse antes a respeito do Church Militant, eu mesmo tremo de medo pela minha alma por causa disso. Queira Deus que o que aqui publico esteja sempre de acordo com a verdade e a caridade. Reze por mim e por OnePeterFive contra este pecado.

Ruim: Repetir a Heresia da Pena de Morte

Como discutimos ontem, este ponto é extremamente importante para o dogma das Duas Espadas. A heresia vai além do erro e se torna herética quando se diz (mesmo implicitamente) que a pena de morte é intrinsecamente má. E é isto que o documento diz: “É necessário mencionar aqui o tema da pena de morte, que também viola a dignidade inalienável de toda pessoa humana para além de toda circunstância (grifo nosso)” (34). Pelo contrário, o próprio Espírito Santo – considerando a distinção entre dignidade ontológica e moral mencionada acima – usa a dignidade humana para justificar a pena de morte: Todo aquele que derramar o sangue do homem, seu sangue será derramado: porque o homem foi feito à imagem de Deus (Gên. ix. 6).

Ruim: Ambiguidade da Liberdade Religiosa

Na narrativa do pós-guerra, a frase “liberdade religiosa” é perigosamente ambígua (foi mencionada de passagem no nº 31), porque existe uma verdadeira doutrina católica de tolerância, mas após o pós-guerra, ficou impossível distinguir esta verdadeira doutrina da heresia Americana e Liberal da liberdade religiosa. E este fracasso começou com o Vaticano II, apesar do preâmbulo do Dignitatus Humanae.

Ruim: Perda de Hierarquia

O termo “hierarquia” significa “ordem sagrada”. O fato é que o próprio Deus é uma hierarquia de Pessoas divinas, e Ele ordenou todas as pessoas – sejam angélicas ou humanas – numa ordem sagrada ou hierárquica. É deste modo que a verdadeira communio personarum cria “harmonia” em vez de monotonia.

O liberalismo, assumindo que dignidade é poder, atacou toda hierarquia. Começaram atacando a Monarquia (Republicanismo secular), depois as classes (Comunismo), depois os sexos (Feminismo). No mundo do pós-guerra, nem mesmo o novo Catecismo conseguiu repetir a hierarquia dos sexos contida no Matrimônio e inspirada pelo Espírito Santo nas Escrituras (e para ser justo, devemos mencionar que isso ganhou espaço quando Pio XII começou a abolir a nobreza entre o clero).

Dignitas Infinita não é diferente. A não ser que a hierarquia seja restaurada e afirmada como verdadeira doutrina, não conseguirá fazer nenhuma defesa duradoura da verdadeira dignidade humana contra o Liberalismo, já que é a doutrina da hierarquia a que oblitera completamente a mentira de que dignidade é poder. É que, na hierarquia cristã, o mais forte serve ao inferior e o inferior submete-se ao superior. Sem esta ênfase, a Igreja continuará presa à narrativa do pós-guerra, e essa é a feiura do documento.

Feio: Neo-Modernismo, Narrativa pós-Guerra

Como afirmei noutra ocasião, é extremamente importante que entendamos o Vaticano II como o “Concílio do pós-guerra”. É como se quase tudo decorresse disso. Depois que a ira de Deus foi derramada na Segunda Guerra Mundial, realmente soaria verdadeiras estas declarações em 1965:

Por isso, o Concílio Vaticano II fala da «eminente dignidade da pessoa humana, superior a todas as coisas e cujos direitos e deveres são universais e invioláveis». Como recorda o incipit da Declaração conciliar Dignitatis humanae, «os seres humanos tornam-se sempre mais conscientes da própria dignidade como pessoa e cresce o número daqueles que exigem poder agir por própria iniciativa, exercendo sua liberdade responsável, movidos pela consciência do dever e não obrigados por medidas coercitivas» (16).

Se não consegues compreender por que Concílio disse tal coisa (que parece absurdo para nós), então leia o artigo acima mencionado para entender o contexto de 1965. É de fato difícil para aqueles que não viveram a guerra compreender o trauma que ela trouxe e a esperança que cresceu quando ela terminou.

Mas depois de 1965, a realidade é que o mundo do pós-guerra rejeitou o remédio da misericórdia que foi oferecido pela Igreja no Vaticano II. Como resultado, uma torrente de feiura varreu o mundo: a feiura do pecado (a Segunda Revolução Sexual depois de 1968 e o holocausto dos nascituros), a feiura das mentiras (a falsa Guerra-Fria entre Impérios terrestres) e a feiura da arte moderna (em nome de “liberdade”).

Aqueles que não conseguem ver a feiura ainda estão presos à mentalidade do pós-guerra e não conseguem sair dela. Eles estão congelados em âmbar no ano de 1965. Podemos perdoar Wojtyła e Ratzinger por isso, porque eles realmente viveram a guerra e viram a beleza e o otimismo (que eram reais, não imaginários) da década de 1950. Bergoglio também viveu a guerra quando era muito pequeno, mas foi formado na década de 1960 e ordenado em 1969, época em que o otimismo racional do mundo do pós-guerra estava a ser transportado para longe da própria realidade. Este é o mundo de fantasia em que vivem Bergoglio e Fernández (o mundo de fantasia deste último parece ter sido criado por ele mesmo, o que de fato é mais problemático).

Este mundo feio de fantasia do pós-guerra está apresentado na seguinte citação:

Ao mesmo tempo, é evidente que a história da humanidade mostra um progresso na compreensão da dignidade e da liberdade das pessoas, não isento de sombras e perigos de involução. Disso é testemunha o fato que existe uma crescente aspiração – também sob a influência cristã, que continua a ser fermento, mesmo em sociedades sempre mais secularizadas – a erradicar o racismo, a escravidão, a marginalização das mulheres, crianças, doentes e pessoas deficientes. Mas este árduo caminho está longe de ser concluído (32).

“Progresso evidente” é que não é. Pelo contrário, este tipo de afirmação poderia ter sido escrito por revolucionários franceses genocidas que massacravam padres e freiras. Mas a narrativa do pós-guerra faz com que isso se torne de sobremaneira tentador. Notaste por acaso a condenação implícita da hierarquia? “O árduo caminho de progresso da dignidade humana” tem sido a ideologia do Liberalismo, do Comunismo e do Feminismo desde 1776. E isto nos leva de volta às seções 3-6, que são as partes mais feias do documento. Isto porque impõem sobre o Magisterium moderno a falsa narrativa do pós-guerra. Nem mesmo o Vaticano II foi tão longe, senão que Dignitatus Humanae disse especificamente que os decretos do “Pian Magisterium” contra o Liberalismo (1789-1958) permaneciam “intocados” e a Lumen Gentium confirmou que tudo no Vaticano II só carrega a nota teológica que está de acordo com as normas tradicionais (Lumen Gentium, apêndice). O Papa São João Paulo II, ele mesmo o líder carismático mas imprudente do sonho do pós-guerra, afirmou a fraseologia antimodernista em Veritatis Splendor (“mesmo sentido e mesmo significado”).

Mas para o pontificado de Francisco, esta “hermenêutica da continuidade” precisa ser eliminada para dar lugar ao progresso infinito do Neo-Modernismo. E é isso que as seções 3-6 fazem, citando seletivamente o Magisterium pré-Vaticano II e depois citando os Papas subsequentes que aprisionaram firmemente a Igreja dentro do ano de 1965, ao mesmo tempo que abriam a porta para a evolução do dogma. Essa ruptura é sintetizada mais a adiante, nesta declaração:

O mesmo Magistério eclesial amadureceu, com sempre maior perfeição, o significado de tal dignidade, junto com as exigências e as implicações a ele conexas, chegando à tomada de consciência de que a dignidade de cada ser humano é tal para além de toda circunstância (16).

Para o Liberalismo, isto significa que a Igreja tem tentado “progredir” em direção ao ano de 1965. Assim, todos os pronunciamentos do Magistério contra o Liberalismo anteriores ao Vaticano II podem agora ser jogados para sempre no lixo. É como se Pio IX e os outros papas daquela época estivessem completamente errados sobre o Liberalismo, Comunismo e Feminismo. Estes Papas simplesmente não conseguiam entender que a dignidade humana “permanece para além de todas as circunstâncias”. Com esta ideologia histórico-progressista, nunca mais haverá hermenêutica de continuidade novamente. Isto efetivamente remove aquela frase de Dignitatus Humanae que mantinha o Magisterium pré-Vaticano II “intocado”. Com Dignitas Infinita, há agora um “progresso infinito” da história em direção ao Ponto Ômega do Anticristo. Não é necessário que haja “o mesmo sentido e mesmo significado”. Os direitos de Cristo Rei foram derrubados, e a feiura do homem que se faz deus é a nova religião. Com estas declarações, Dignitas Infinita abre ainda mais a porta para este movimento progressista em direção ao desastre.

Em suma, há muitas coisas boas neste documento (algumas das quais não tive espaço para discutir, como a definição de pessoa de São Tomás), mas também há algumas coisas más e uma coisa muito feia que justifica habilmente a nova iconoclastia deste pontificado. No entanto, aqui estamos nós na Páscoa, conscientes de que Sua Majestade está prestes a ascender ao Seu trono. Cristo ressuscitou, e, diz Ele, ascendendo ao Seu trono celestial: Todo o poder me foi dado no céu e na terra (Mt. xxviii. 18).

T. S. Flanders
Cristo Ressuscitou!

Fonte: One Peter Five

Sobre Timothy S. Flanders

Editor de One Peter Five

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