[Oração do Santo Anjo]
Dileto ouvinte, hoje é dia de São João Maria Vianney, exemplo de padre. Iniciemos esta manhã de terça-feira ‘Em nome do pai, do filho e do Espírito Santo. Amém’.
São João Maria Vianney nasceu em 1786 e morreu em 1859. Ele é conhecido universalmente como Cura d’Ars. Nasceu na França, superou os obstáculos de uma inteligência modesta e da turbulência política da Revolução Francesa para realizar seu grande sonho de ser sacerdote. Enviado a uma paróquia remota, chegou a exercer o ministério extraordinário como confessor, dedicando a maior parte do seu tempo à comunicação sacramental do perdão de Deus. Levou uma vida de ascese esforçada e de oração contínua. Não é à toa que, para nós sacerdotes, São João Maria Vianney é um grande modelo de homem do altar, do confessionário e devoto de Nossa Senhora. São pilares essenciais para a vida do sacerdote.
Nós celebramos no domingo o dia do padre, dentro desta lógica estabelecida pela pastoral vocacional no mês de agosto. Mas no dia de hoje, eu quero cumprimentar você sacerdote que me escuta neste momento. Padre e bispo, quão grande é o exemplo deste padre para nós hoje. Se nós fizermos uma enquete entre o povo católico, como que o povo quer o padre? Uma grande e esmagadora maioria quer um padre do altar, da Santa Missa e da Oração; quer um padre da misericórdia, do confessionário, do atendimento ao povo, da ida ao encontro dos doentes, zelando entre as famílias em luto, confortando-lhes; dedicado à devoção à Virgem Maria, mãe dos sacerdotes.
Essa é a função primeira do padre. O padre não é para ser um animador de movimento; não é para ser outras coisas sem ser essas. O povo quer o padre celebrando bem a sua Missa, com amor, com muita fé. Pelo amor de Deus, o sacerdote nunca pode subir ao altar sem fé, sem amar o seu povo, sem ter o carinho de pai, pastor, médico e juiz do seu povo. O sacerdote deve ser o homem que oferece o sacrifício a Deus e cuida das coisas de Deus, porque o padre é um homem do céu e da terra. Todos nós fomos criados por Deus na eternidade; o sacerdote é o homem do céu e da terra para cuidar e zelar das coisas de Deus, fazendo aquilo que São João Maria Vianney fez: apontar o caminho do céu para o povo.
Nós vivemos em uma grande confusão no mundo. Não é pequena. Nosso mundo está uma bagunça nesses últimos 60 anos. É de impressionar. Todo o relativismo, toda uma ideologia que vai destruindo a família, destruindo os valores, acabando com as nossas universidades, com as escolas, entrando na cultura e tornando-a um gueto de imundice de tudo o que não presta.
Essa enxurrada mundana também está dentro da Igreja. Nós vivemos uma vida difícil no ambiente cristão do ocidente, por causa dessas influências. Porque nós sacerdotes não vigiamos, e deixamos que o inimigo entrasse em nosso rebanho. Mas o pior é quando esse inimigo entra no coração do sacerdote, daquele que é instituído por Deus para cuidar das coisas de Deus. Mas você só começa a cuidar das suas coisas, dos seus desejos, das suas vontades, das suas vaidades, e esquece daquilo que é essencial na vida do sacerdote: a pobreza, a obediência, a vida pura e casta. Esquece isso, e começa a navegar por caminhos que não são os deixados por Deus para os seus filhos sacerdotes.
Eu te convido, prezado padre que tem a paciência de escutar este programa: vamos salvar a Igreja. Nós não somos homens para ficar assinando panfletos, bobagens políticas. Não é isso que Deus quer do sacerdote. Deus quer que nós assinemos o cheque da misericórdia que Ele colocou em nossas mãos para distribuir aos pecadores, levá-los à conversão, ao arrependimento e a viver as graças do céu.
Agora quero te convidar, prezado ouvinte católico e católica, vocês que são de oração: comecem em suas comunidades um movimento de oração pela santificação do clero, pela perseverança das vocações – nós precisamos de vocações santas, de pessoas equilibradas e para o seminário também – e vamos pedir pela Igreja, por esse tempo difícil que estamos vivendo, pois é um tempo de grande dor para o coração do próprio Jesus.
A nós sacerdotes, precisamos voltar àquilo que é do nosso ministério: cuidar das coisas santas, amar o povo e viver na pobreza, viver na obediência e viver na pureza. Que Deus nos ajude, com a intercessão de São João Maria Vianney, a restaurar tantas coisas que precisam na nossa Igreja.
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A Antífona da entrada da Missa de hoje, está no Missal Romano (Lc 4, 18): “Repousa sobre mim o Espírito do Senhor. Ele me ungiu para levar a boa nova aos pobres e curar os corações contritos”. Essa é a palavra que Jesus verbaliza na sinagoga de sua terra quando lhe foi oferecida a Palavra de Deus para ser lida, proclamada àquele grupo que o escutava. Ele abre no profeta Isaías e São Lucas cita. A força do Espírito Santo que vem do alto para definir a missão de Jesus.
Meu caro padre, a nossa missão é a que o Espírito Santo conduz. Não é a nossa teologia ou filosofia muitas vezes profundamente influenciadas por esta ideologia medonha do relativismo e do marxismo que nós recebemos. Não é isso. Não é essa vertente que nos levará ao coração de Deus. Não é essa vertente que levará conosco as pessoas ao coração de Deus. É o Espírito. É a obediência e abertura ao divino Espírito Santo que vai nos dar esse cabedal, essa força, esse direcionamento do nosso ministério. Não podemos ficar parados: nós precisamos restaurar a dignidade do sacerdócio.
Não é a mídia nem a cultura que vai nos ensinar como fazer isso. Quem vai dizer no seu coração de sacerdote o que nós precisamos realizar é o Espírito Santo. Então nós precisamos deixar o Espírito Santo falar. Não é para padre e bispo serem guiados por ideologia. Nós devemos ser guiados por aquilo que o Espírito Santo coloca em nós e que a Igreja já determinou ao longo de sua Tradição. Ser padre é algo muito bonito, e nós sacerdotes não podemos nos curvar diante de tantos ataques que temos recebido como se fôssemos imprestáveis.
Levante sua cabeça padre! Você é o homem de Deus na terra! Você é chamado a ser anunciador! Você é chamado a ser médico de almas! Você é chamado a ser juiz das consciências! Você é chamado a ser Cristo para os outros! Esqueça as críticas, e vamos fazer tudo para restaurar a túnica de Cristo, rasgada às vezes pelos nossos pecados e misérias. Quantos pecados!
A Igreja de Cristo é de Cristo, não é nossa. Nós temos obrigação de cuidar dela. As portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja. É muito triste o sacerdote que perde o zelo. Eu recebo mensagens de familiares, de amigos, de gente que viaja por este Brasil todo, dizendo que há lugares onde a Igreja está há 4 meses fechada, sem missa. Cadê o sacerdote? Cadê o homem de Deus, o homem dos sacramentos?
Temos que enfrentar estas autoridades que querem implantar uma prática inconstitucional de proibir o culto e as pessoas de ir e vir. Não podemos aceitar isso. O padre precisa ser profeta nas coisas santas de Deus. O mundo da política já tem as pessoas que cuidam, não somos nós sacerdotes que vamos cuidar disso. Então é melhor cuidar daquilo que é próprio e deixar o que é dos outros para que eles cuidem. O sacerdote é isso: o homem das coisas de Deus.
Todas as vezes que vamos imiscuindo neste campo que não é nosso, nós ferimos a túnica da Igreja e criamos as adstringências e os sofrimentos que estamos vivendo nos últimos tempos.
Que Deus nos ajude e nos fortaleça como sacerdote de Deus Altíssimo.
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Pai Santo, Deus de amor,
Abençoa cada sacerdote de sua Igreja, padres e bispos. Dai-nos, Senhor, o discernimento para ouvirmos a sua vontade na força do Espírito e realizá-la contento segundo seu olhar.
Toca, Senhor, o sacerdote idoso, doente e sofrido. Toca, Senhor, o sacerdote que está em crise, angustiado e triste. Toca, Senhor, o sacerdote que está em acídia, que está em deserto e não consegue orar, não consegue ir adiante com sua missão. Levanta, Senhor, o coração desses nossos irmãos.
Abençoa, Senhor, o padre feliz, o padre ungido que não tem vergonha de ser padre, que tem dado tudo de si pelos enfermos, pelos penitentes, que tem se entregado na liturgia com tanta paixão e amor ao teu coração, ó Deus.
Dai-nos sacerdotes santos, prontos e abençoados. Toca, Senhor, o coração da nossa Igreja para que nunca falte santos e abençoados sacerdotes.
E livra-nos, Senhor, dos maus sacerdotes, daqueles que não são chamados por Ti, mas que entram na sua seara para causar divisão, sofrimento e a dor.
Que os teus sacerdotes, Senhor, façam a tua vontade hoje e sempre. Amém.
[Benção ao sacerdotes e vocacionados e despedida]
- Transcrição da reflexão do bispo de Formosa-GO transmitido no programa Oração da Manhã da Rádio Coração Fiel.