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Paradoxos do Catolicismo: Santidade e Pecado

Grade do confessionário - Santidade e Pecado

Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores (1Tm 1,15)

Santo, Santo, Santo (Is 6,3)

Muito mais importante que as de ordem econômica, consideradas no capítulo anterior, são as acusações que fazem à Igreja Católica a propósito do grau de perfeição de vida, por ela ensinada e de sua conhecida incapacidade em se manter à altura do mesmo.

Imputações que podemos resumir brevemente dizendo que metade do mundo a considera demasiadamente santa e outra metade a julga pouco santa. Aos primeiros, chamamos de Pagão e a estes de Puritanos.

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O paganismo acusa-a de excessiva santidade e diz: “Vós católicos, sois muito intolerantes com o pecado e pouco indulgentes com a pobre natureza humana”. Como exemplos, tomemos o pecado da carne.

Deus ou a Natureza – caso deseje chamar assim, o poder que preside a vida – suscita em nós, para fins providenciais e essenciais, desejos que são dos mais violentos e certamente dos mais agradáveis, que agitam o homem, o qual é notoriamente muito inconstante e vacilante. O abuso dessas paixões, como todos sabem, leva ao desastre. A natureza tem leis e punições inexoráveis, a que os católicos acrescem um novo erro, com a absurda e irritante insistência em declarar que esse abuso acarreta, além de tudo, um ofensa a Deus. E como se não bastasse condenar o ato pecaminoso, consideram o simples desejo, também pecado. São cruéis, afirmando que só o pensamento do pecado, deliberadamente consentido, pode privar a alma dos favores de Deus.

Mudando de assunto, considerai como absurdos e impossíveis se tornam os ideais que defendem relativos ao matrimônio. Podem os vossos conselhos se aceitos com caminho de perfeição, mas, por favor, não digam que devem ser regras de vida para o gênero humano. Não escravizem a natureza humana com vossas extravagâncias.

Olhando ainda sobre um ponto de vista mais universal, considerai o efeito produzido pelo grau de perfeição que vos propõe a admirar nos vossos santos.

Não encontro neles, homens normais, nada que mereça elogios. Um São Luís, que não ergue os olhos do chão; uma Santa Teresa, encerrada numa cela; um  São Francisco, que dilacera a carne com espinhos quando tentado; nada têm de admirável aos nossos olhos. Sem considerar que este modo de agir causa tédio, para não dizer desgosto. O grau de perfeição a que aspirais, nada tem de desejável. Os métodos por vós empregados e as finalidades, são totalmente fora da realidade desse mundo.

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A verdadeira religião tem que ser mais prática e não aparentar como finalidade o impossível, nem impedir o progresso da natureza humana, subordinando-a a uma processo de mutilações. Sob certos aspectos, os vossos sistemas e finalidades são excelentes, nós o reconhecemos, mas as vossas exigências excedem a medida. Nós, pagãos, não podemos aprovar a vossa moral, nem admirar os que se apresentam como modelo dela. Se fosseis menos santos e mais razoáveis, menos idealistas e mais práticos, haveríeis de prestar um serviço bem maior à humanidade. A religião deve ser uma árvore robusta, forte e viril, vós a fizeste uma flor delicadíssima.

A outra acusação é dos Puritanos: “O catolicismo não é suficiente santo para ser a Igreja de Cristo”. Não me atrevo a afirmar o que muitos pensam, que os sacerdotes católicos chegam a dar licença aos penitentes para pecar; contudo digo e sustento que a extrema facilidade com que eles absolvem, praticamente é a mesma coisa. Longe de elevar o nível moral e espiritual do gênero humano, a Igreja faz descer por meio de atitudes de tolerância com os filhos que transgridem a lei de Deus.

De que espécie foram seus filhos? Quem nunca ouviu falar das iniquidades de vários católicos? Apenas como exemplo, temos: Gil de Bais, os Bórgias e outras dezenas de homens e mulheres que eram “bons católicos” no tocante à sua fé, mas que nas sua ações foram uma verdadeira ignomínia para a humanidade.

Haverá talvez na cristandade exemplos tão deploráveis como os das monjas egressas, dos padres apóstatas e dos papas corruptos? Notam como os países latinos possuem a primazia na corrupção? E a imoralidade sensual que viver a Espanha e a França, as turbulências e misérias da Irlanda, a brutal ignorância da antiga Inglaterra católica. E agora, dizei-me se tem conhecimento de iniquidades comparáveis a essas em outras seitas cristãs?

Fazendo restrições ao exagero, aos equívocos dos historiadores, à malícia dos inimigos, os delitos sempre permanecem por si mesmos e suficientes para demonstrar que na melhor das hipóteses, a Igreja Católica não está acima de nenhuma seita cristã, portanto não é suficientemente santa para ser a Igreja de Jesus Cristo.

Meditemos o Evangelho e havemos de encontrar essas duas mesmas imputações contra Nosso Senhor.

Em primeiro lugar, foi odiado por causa da sua Santidade. Ninguém duvida que a elevação moral ensinada por Cristo – a qual o pagão acha excessiva e reprova a Igreja por continuar a pregá-la – fosse uma das causas que afastava o povo. Cristo foi o primeiro a proclamar que as leis de Deus abrangem não só as ações, mas também os pensamentos. Jesus declarou adúlteros e assassinos os que deliberadamente pensam nesses pecados, ainda que não os cometa. Cristo disse: “Deveis ser perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48).

Foi a sua radiosa e perfeita Santidade, emanada de sua santa Humanidade, que atraiu a hostilidade dos homens. “Quem dentre vós, me acusa de pecado?” (Jo 8, 46). “Quem dentre vós estiver sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra!” (Jo 8, 7). Essas palavras feriram as formalidades hipócritas dos escribas e fariseus, trazendo o ódio destes. Foi a santidade que induziu o povo a repudiá-lo no tribunal de Pilatos, preferindo Barrabás. “Este homem, não! Abaixo com esse protótipo de imaculada perfeição! Abaixo com esse Santo que penetra os segredos dos corações! Viva Barrabás, esse pecador que por ser semelhante a nós, não nos perturba a paz interior e cuja vida não contrasta com a nossa, nem a reprova”. Jesus Cristo foi julgado pelo mundo demasiadamente santo.

E tratando com eles, propõe antes de tudo – e muitas vezes consegue – leva-los à santidade, porque somente ela possui a permissão de “elevar os pobres da imundice e coloca-los entre os príncipes”. Para obter o seu fim, apresenta Madalena e o bom ladrão como modelos de perfeição. Enquanto num sentido não se pode declarar satisfeita com algo de imperfeito, em outro está disposta a se contentar com a mínima parte.

Se conseguir elevar o pecador dentro do limite da graça; suscitar no coração de um assassino moribundo um grito de contrição, induzindo-o a olhar para o crucifixo suplicando amor; a Igreja pelo fato de ter vindo para reconduzir o pecador aos degraus da escada sobrenatural – que começa na soleira do inferno e atinge o céu – sente-se recompensada largamente por seu trabalho.

É a única que possui este poder. A única que conhece o segredo da cura que o pecador suplica, não esmorecendo perante as culpas mais nocivas. Sabe que nos seus confessionários o Sangue do Cristo pode purificar as almas; que nos seus tabernáculos está o Corpo de Cristo, o qual pode dar a vida eterna.

A única que ousa se declarar amiga do pecador, porque só ela tem o poder de o salvar. Assim, como os santos são sinal de sua santidade, os pecadores também o são. Apresenta ao mesmo tempo a Majestade de Deus e o seu Amor na terra, por isso não conhece limites para esse Amor Divino. O sol da misericórdia e o orvalho da caridade caem sobre os justos e pecadores e lhes fornecem a vida.

É a mesma escada de Jacó vista há tantos nãos “elevando-se da lama e do sangue da terra até os esplendores do Cordeiro”. Santidade e impiedade, ambas lhe pertencem: Santidade da sua própria Divindade, que é Cristo, e a impiedade dos membros corrompidos de sua mesma Humanidade, pelos quais exercita o seu ministério e deles não se envergonha.

Por seu poder, que é de Cristo, Madalena se torna penitente; o ladrão, o primeiro redimido; e Pedro, grãozinho de areia, se torna a rocha sobre a qual foi edificada.

Fonte: Capítulo do livro Paradoxos do Catolicismo de Robert Hugh Benson

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