As férias – alguns pensam – são para esquecer os deveres pesados, responsabilidades difíceis e normas opressivas. O cristianismo, contudo, não permite que as férias sejam uma fuga para seus compromissos espirituais.
Existe o perigo de viver os tempos de férias como se Deus não existisse, como se a fé cristã fosse apenas para os dias ordinários, para o trabalho, quando os familiares, conhecidos e amigos põem seus olhos em nós e acompanham cada um de nossos movimentos.
Seria interessante nos perguntar se a vida interior pode ou deve ter férias. Primeiramente partiremos do que significa ou o que corresponde a palavra férias.
Férias é a suspensão do trabalho ou do estudo durante algum tempo, e este tempo de feriado, descanso e recreio sempre foi sumamente necessário para o homem, principalmente para o homem de nossos dias. E ao dizer homem, também nos referimos à mulher, as crianças e aos estudantes maiores que passam um longe tempo focados em seus afazeres e trabalhos.
O período de férias é muito saudável para a mente e para o corpo, pois a rotina e o esforço da vida diária podem nos submeter ao stress e, portanto, ao menor rendimento de nossas capacidades. Todo mundo sabe disso, e até aqui tudo vai bem, mas… E a vida interior, o espírito?
Decididamente é outra parte da qual sabemos que o homem se compõe, e esta parte não pode entrar em férias. O inimigo ronda, está sempre alerta… ele não tira férias.
Dar férias a nossa vida interior seria começar a perder terreno na batalha do bem contra o mal.
Estamos de acordo que a mudança de nosso modo de viver durante as férias fará com que nossa rotina seja diferente da habitual, mas temos que procurar dar, a todo momento, um espaço preponderante a esta parte íntima de nosso ser.
Temos que acrescentar o desejo de rezar, de elevar nossa alma ao Criador quando contemplamos um pôr do sol, ou um mar, ou uma montanha. Quem é que não pode encontrar, se quiser, um momento para dar graças a Deus pelo lindo dia de campo, de viagem, de museus, de alegre diversão, de descanso, de encontro com amigos ou familiares distantes, e pedir que Ele continue nos abençoando e aumentando nossa fé para o dia seguinte?
Quem é que não pode, sabendo da importância, cumprir com o preceito da Missa Dominical e tratar de buscar a palavra adequada, a boa semente deixada cair ao léu, para que mais tarde germine na alma de quem tiver a ocasião de tratar em uma viagem ou em uma reunião?
As férias, para nosso espírito, devem corresponder a uma maior aproximação com Deus. Ali nosso espírito se robustece, ali cobra maior vigor. Por outro lado, ver o verão apenas como um momento de relaxamento pleno para com as tentações é injusto para conosco e para com o próprio Deus. Quando dispusermos de mais tempo livre, quando os momentos de descanso são abundantes, podemos nos dedicar com maior serenidade a muitas atividades que embelezam o coração, que nos aproximam de Deus. O Papa João Paulo II nos dizia isso no domingo de 6 de julho de 2003, quando expressava seu desejo de que “o descanso de verão fosse proveitoso para crescer espiritualmente”.
Não esqueçamos, porque estamos de férias, todo os esforço que fizemos para melhorar dia a dia quando estávamos em tempo de trabalho, mas, ao contrário, nos empenhemos em obter, onde quer que estejamos, um melhoramento e superação em nossa vida interior, bem como o propósito de, por onde passarmos, tentar deixar uma fonte de luz para os demais.
Fonte: catholic.net / formación católica