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O Papa, Sucessor de S. Pedro

Padre Júlio Maria de Lombaerde defende que o Papa é o sucessor de S. Pedro
Padre Júlio Maria de Lombaerde

Esta é uma objeção (ou acusação) comum entre protestantes e evangélicos, querendo que os católicos provem que o papa é vigário de Cristo e sucessor de S. Pedro. Nada mais fácil. Não somente um texto, mas muitos textos posso citar-lhe em abono desta verdade.

Vou provar-lhe claramente, pela história, pelo bom-senso e pela Sagrada Escritura, que o papa é o sucessor legítimo e verdadeiro de S. Pedro e, como tal, depositário de toda primazia, autoridade e poder do mesmo S. Pedro. E depois de ler estas provas, se o amigo tiver sinceridade e bom senso, será obrigado a reconhecer a verdade provada.

1. Transmissão do poder

O amigo quer um texto que o prove que o papa é sucessor de S. Pedro; eu lhe peço um único texto que prove que ele não o seja. Esta verdade foi sempre aceita por todos, de modo que, para combatê-la, é preciso provar com um texto, como pelo bom-senso, que estamos errados.

Ora, protestante só nega, nada afirma nem prova! Só quer que provemos. Pois bem, provaremos, porque a verdade tem provas, enquanto o erro só ataques e negações.

Tome, pois, a sua Bíblia, pois é baseado sobre ela que vou mostrar-lhe a verdade da teste católico e o erro da negação protestante.

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Abramos o evangelho para aí verificar as palavras divinas da investidura perpétua dos apóstolos, para serem enviados do Cristo (Mt 28, 18-20): “É-me dado todo o poder no céu e na terra; ide pois e ensinai a todos os povos e eis que estou convosco todos os dias até a consumação do mundo.”

Que quer dizer isto, crente?

  • Cristo tem todo poder, é a primeira parte.
  • Cristo transmite este poder, é a segunda parte.
  •  Aos sucessores dos apóstolos, é a terceira parte. É este terceiro ponto que os protestantes não sabem compreender, apesar da lógica insofismável.

Eu pergunto agora: Cristo transmitiu este poder unicamente aos apóstolos presentes? Não pode ser, pois os apóstolos deviam morrer um dia, como todos os homens morrem, ele diz: “estarei convosco até a consumação do mundo”. Devia dizer: estarei convosco até o fim de vossas vidas.

Mas não, nada disso. Ele promete estar com os apóstolos até o fim do mundo! Que quer dizer isto? É simples. Cristo não se dirige aos apóstolos, como pessoas físicas, mas sim como um corpo moral, que deve se perpetuar nos seus sucessores e hão de durar até o fim dos tempos. Que esplendor de evidência!

Estarei convosco e com vossos sucessores até ao fim do mundo (Mt 28,20). Este texto não pode ter outro sentido sem cair na mais flagrante contradição. Eis o que prova claramente que o bispo de Roma, que é o papa, é o sucessor de S. Pedro.

Vamos à segunda parte, mostrando que S. Pedro e seus sucessores são vigários de Jesus Cristo. Abra de novo sua Bíblia, amigo crente, em Mt 16,18. Cristo pergunta aos apóstolos: “E vós, que dizeis que eu sou?” (Mt 16,15). Pedro, como chefe dos apóstolos, responde em nome de todos: “Tu és Cristo, o Filho de Deus vivo” (Mt 16,16).

Jesus proclama Pedro bem-aventurado por ter sido escolhido pelo Padre eterno, a quem ele mesmo revela esta grande verdade (Mt 16,17) e como para confirmar aquele que acabava de ser escolhido pelo Pai eterno, Jesus diz a S. Pedro: “Eu te digo, tu és Pedro (em aramaico pedra) e sobre esta pedra eu edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno (que são os erros e as paixões) nunca prevalecerão contra ela” (Mt 16,18).

Como isto é claro e positivo! Jesus Cristo muda o nome de Simão em pedra (aramaico: Kephas, significa pedra e Pedro, numa única palavra, como em francês Pierre é o nome de uma pessoa e nome do minério pedra).

Deus fez diversas vezes tais mudanças para que o nome exprimisse o papel especial que deve representar a pessoa. Assim, mudou o nome de Abrão em Abraão (Gn 17,5), para exprimir que devia ser o pai de muitos povos.

Mudou ainda o nome de Jacob em Israel (Gn 32,28) para significar a força contra Deus. Assim Jesus Cristo mudou o nome de Simão em Pedro, para significar que deve ser a pedra sobre a qual estará fundada a Igreja, sendo seu construtor o próprio Cristo.

E esta Igreja nunca poderá ser vencida nem corrompida pelo erro. Como isso pulveriza o protestantismo, que pretende que a Igreja de Pedro errou, viciou-se e foi reformada por Lutero! Neste caso, falhou a palavra de Cristo! Cristo mentiu!… e as portas do inferno prevaleceram contra a Igreja fundada sobre Pedro, feito pedra. Pobre crente, reflete um instante.

2. Tu es Petrus

Este texto é capital e de uma significação transcendente. Sobre a sua clareza meridiana, não levantaram a menos sombra de dúvida quinze séculos de cristianismo.

A interpretação pessoal protestante envolveu este texto numa névoa tão densa de sofismas, que eles julgam ter abatido este farol luminoso, que entretanto continua e continuará sempre a iluminar este mundo.

O texto, de fato, é tão claro, que todos os sofismas têm de abater-se diante do seu fulgor. Ele não precisa de explicação ou de comentário, basta-lhe a própria luz e a serenidade do leitor.

Tu es Petrus… Qual a interpretação literal destas palavras? Qual o seu valor demonstrativo?

Pelo seu sentido literal, imediato, S. Pedro é constituído pedra fundamental da Igreja.

Para iludir as momentosas consequências deste sentido óbvio e espontâneo, os pastores costumam distinguir entre Pedro e pedra. Eis como raciocinam:

  • O Pedro do primeiro membro: tu es Petrus (tu és Pedro) é o apóstolo.
  • A Pedra do segundo: super hanc petram (e sobre esta pedra) é Cristo.
  •  Assim, sobre esta pedra (não sobre S. Pedro) foi edificada a Igreja.

Tal distinção é injustificada, ridícula, contrária às regras comezinhas da hermenêutica!

Quem, livre de preconceitos, lê o passo de S. Mateus, fica logo persuadido que em todo ele Cristo se dirige a Pedro.

Mt 16,18: “E eu te digo, tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela; e eu te darei as chaves do reino dos céus: e tudo o que desatares sobre a terra, será desatado também nos céus”.

Em toda essa passagem é claro que o Salvador se dirige exclusivamente a Pedro; sem o mínimo desvio das palavras, nem no sentido.

Eu te digo … “Tu és Pedro… sobre esta pedra edificarei… Eu te darei… o que desatares…”

S. Pedro é a pessoa a quem tudo é dirigido… é ele o centro de todo esse texto.

Todos os membros do texto se articulam, seguem-se num todo, cuja continuidade não é possível interromper sem lhe quebrar as harmonias divinas.

Admitindo-se a interpretação protestante cai-se necessariamente no mais ridículo disparate. Eles dizem que o sentido é o seguinte:

Eu te digo: tu és Pedro, e eu edificarei a minha Igreja sobre mim… e eu te darei as chaves do reino dos céus e tudo o que desatares…  Poderá haver mais desconjuntada incoerência de sentido? Mas desalinho de construção?

É impossível imaginar no espírito do divino Mestre tanta versatilidade de idéias e tão incoerente falar.

Que coisa ridícula seria admitir que o Salvador nem soubesse exprimir uma verdade tão fundamental, como é a da supremacia do chefe da Igreja.

Tu és Pedro, diz o Mestre, e os protestantes dizem que não, que a pedra é Cristo.

É como se Jesus dissesse: Simão, tu és Pedro, mas não edificarei sobre ti a minha Igreja, porque não é pedra, senão sobre mim.

Uma tal linguagem não seria indigna dos lábios divinos?! Não, não… tudo isso é grotesco… Não há necessidade de tantos rodeios, de tanta explicação: Tu és pedra.

Tal pedra é Pedro e é sobre Pedro que Cristo edificou a sua Igreja.

3. Vigário de Cristo

Concluamos com uma citação do Pe. Leonel Franca: a Igreja e a Reforma, que aconselho ao crente de ler e estudar.

O Evangelho nos diz que S. Pedro é o fundamento sobre o qual Jesus construiu sua Igreja, sociedade visível que há de durar até ao fim dos tempos e contra a qual não hão de prevalecer as portas do inferno. De um lado a firma a perenidade da Igreja; de outro constitui a Pedro sua pedra fundamental. Ora a perpetuidade de um edifício é essencialmente condicionada pela estabilidade de seus alicerces. Repudiando esta pedra fundamental, que é a sua autoridade de governo, a Igreja apartar-se-ia das intenções de Cristo, destruiria a própria organização constitucional que lhe impôs a vontade de seu divino Fundador.

No dia em que viesse a faltar o principado hierárquico de Simão, a pedra escolhida pelo Salvador, as portas do inferno teriam prevalecido. Sem base, o edifício cairia em inevitável ruína.

Esse dia não despontará nunca! Há 20 séculos que todos os poderes da terra, coligados, arremetem-se contra essa rocha firmada pela mão de Deus. Há 20 séculos que a dinastia dos sucessores de Pedro continua na história, como um milagre vivo, sem exemplo na ordem moral.

Digitus Dei est hic! É o selo da divindade. Reflita sobre isso, caro crente, em vê de atacar, incline-se reverente diante desse milagre permanente, de Pedro sobrevivendo em seus sucessores até o fim do mundo (Mt 28,20), diante do papa, sucessor de S. Pedro e vigário de Cristo, como o foi o próprio Pedro.

Fonte: Padre Júlio Maria de Lombaerde – Luzes nas Trevas – Capítulo XIII

Obs: Artigo em “comemoração” à reforma protestante (31/10), que acentua a necessidade deles voltarem para casa, isto é, para a Igreja Católica. Verdadeira Igreja fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo.

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