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Papa Francisco nomeia bispo crítico da liturgia tradicional como chefe da Congregação para o Culto Divino

Arthur Roche
Foto: Marcin Mazur

O Papa Francisco nomeou o Arcebispo Arthur Roche como novo Prefeito da Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos (CCD), substituindo o Cardeal Robert Sarah e potencialmente inaugurando uma nova era de oposição ativa à Forma Extraordinária da Missa.

Ao comentar no Twitter mais cedo, o diácono Nick Donnelly descreveu a nomeação como um “perigo real e presente” para a Summorum Pontificum.

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A assessoria de imprensa da Santa Sé, divulgada em 27 de maio, anunciava a notícia da nomeação e Roche juntamente com a do novo secretário e subsecretário da Congregação.

O Arcebispo Roche, ex-bispo de Leeds, Reino Unido, serviu como Secretário da Congregação desde 2012 até este ano, tendo sido nomeado para este cargo pelo Para Emérito Bento XVI.

Roche serviu anteriormente como bispo de Leeds (2004 a 2012) e como bispo auxiliar da Arquidiocese de Westminster (2001 a 2002), sob Cardeal Cormac Murphy O’Connor.

Em comentário à notícia, o editor da CNA Europe, Luke Coppen, escreveu que a nomeação de Roche demonstrava o nível de influência de que gozava o Cardeal O’Connor, que era um dos que fazia parte do grupo de clérigos chamado “Máfia St. Gallen”, grupo que desejava mudar radicalmente a Igreja e torná-la “muito mais moderna”.

Roche será acompanhado por Dom Vittoria Francesco Viola, OFM, de Tortona, como novo Secretário da Congregação e por Monsenhor Aurelio Garcia Marcias, atual Chefe de Escritório da Congregação desde 2016, que será o novo subsecretário e também será elevado ao episcopado.

Roche preparado para dar à Congregação um novo visual

A nomeação de Roche acompanha os temores de que o Papa Francisco esteja prestes a restringir a celebração da Forma Extraordinária do Rito Romano (também conhecida como Missa Tradicional em Latim ou Missa Tridentina). Relatos surgiram nos últimos dias afirmando que Francisco disse à Conferência Episcopal Italiana que havia terminado o terceiro rascunho de um documento que restringirá a celebração da Forma Extraordinária.

A jornalista do Vaticano, Diane Montagna, noticiou hoje que o blog Messa in Latino, a fonte original da notícia, lhe confirmou que a informação era confiável e que foi recebida por meio de três bispos e dois membros do alto escalão da Cúria Romana, e que todos eles estavam presentes no evento.

Na verdade, o Papa Francisco iniciou recentemente uma peculiar investigação contra a CCD. O Arcebispo Roche tentou minimizar a notícia, mas fontes de Roma confirmaram na época ao LifeSiteNews que estava longe de ser um evento normal. O jornal italiano Il Messaggero chamou-a de “ato extraordinário certamente incomum que foi ordenado pessoalmente pelo Papa Francisco para ‘endireitar’ a Congregação para o Culto Divino”.

Uma vez que esse movimento veio após o anúncio das novas restrições à celebração da Missa Tradicional no Vaticano, a notícia gerou especulações a respeito de ser parte de um esforço de Francisco para retirar da Congregação aqueles membros que são mais simpáticos à Liturgia Latina Tradicional e sua teologia.

A história de Roche sobre a Missa Latina e o Vaticano II

Vários comentaristas fizeram notar que o Arcebispo Roche agiu várias vezes a fim de limitar a celebração da liturgia católica tradicional.

Após o Summorum Pontificum do Papa Bento XVI, que deu aos padres permissão para celebrar a missa tradicional sem pedir permissão a seu bispo, Roche rapidamente declarou que o poder dos bispos para impedir a missa em latim ainda estava em vigor, e emitiu diretrizes sobre o assunto.

Em 2020, ele escreveu uma carta aos bispos do mundo em que atacava a missa tradicional e elogiava a mudança de paradigma do Concílio Vaticano II sobre a visão de Igreja, enaltecendo o fato de que o Concílio havia removido a noção de Igreja como “sociedade perfeita e um poder mundial combativo” para, em vez disso, ser considerada como “constantemente aberta à reforma e conversão”.

O prelado de 71 anos classificou o novo rito da Missa, o Novus Ordo, como “fruto bom da árvore da Igreja”. E chamou de “dever eclesiástico” a implementação do Novus Ordo, criticando a Forma Extraordinária por não promover a celebração comunitária com os leigos, porque na Forma Extraordinária se tem “apenas o sacerdote como celebrante”.

Roche chamou o missal do Novus Ordo de Paulo VI de “uma testemunha de fé imutável e tradição ininterrupta”.

Ele também defendeu veementemente a celebração da comunidade em vez da celebração sacerdotal, condenando o que alegou ser o papel “passivo” desempenhado pela congregação na Missa Tradicional em Latim.

O Novus Ordo foi o resultado da “consciência nascente” que se distanciou da “visão exclusivamente clerical da liturgia”, escreveu Roche.

Contudo, teólogos tradicionais alertaram para os perigos dessa linguagem em torno da celebração da comunidade, denunciando uma indefinição dos limites entre o padre e as pessoas. Em seu trabalho sobre liturgia, The Destruction of the Roman Rite, Don Leone adverte que com esse tipo de ensinamento, “a congregação não mais se une espiritualmente com os mistérios insondáveis da Missa, mas usurpa as funções do clero”.

De fato, em sua encíclica Mediator Dei, o Papa Pio XII alertou para os perigos contidos na visão de Roche, descrevendo como errônea a afirmação de que “o sacrifício eucarístico é uma verdadeira e própria ‘concelebração’, e que é melhor que os sacerdotes ‘concelebrem’ junto com o povo presente, do que, na ausência destes, ofereçam privadamente o sacrifício”.

O “bom fruto” que Roche proclamou já havia sido anteriormente descrito pelo Dr. Peter Kwasniewski, especialista em liturgia, como responsável por diminuir a crença na Presença Real. Kwasniewski afirmou que “a reforma litúrgica minimizou cruelmente” os gestos litúrgicos de amor e reverência ao Santíssimo Sacramento, “e introduziu outras práticas, atualmente habituais a ponto de serem irremovíveis, que sugerem que estamos lidando com comida e bebidas comuns”.

Ao comentar a Carta de Roche escrita em 2020, Una Voce Scotland a descreveu como sendo “um fraco ataque à forma extraordinária da missa”.

Além de promover o novo estilo de liturgia, o arcebispo Roche também afirmou que o Vaticano II, descrito como “pastoral” no discurso de abertura de João XXIII, tinha de fato um grande peso, talvez mais do que qualquer concílio anterior.

“O Concílio Vaticano II, pela primeira vez, proclamou solenemente um corpo de doutrina sobre a Igreja que agora faz parte o Magistério da Igreja”, escreveu Roche em fevereiro de 2020.

Roche e a Sagrada Comunhão

Enquanto atuava como secretário do CCD, Roche deu seu nome a uma polêmica carta enviada da Congregação em que apoiava um bispo dos EUA na sua decisão de proibir os fiéis de receberem a Sagrada Comunhão na língua durante a crise de COVID-19.

“Conforme já anunciado na carta circular do Card. Robert Sarah de 15 de agosto de 2020, e aprovado para publicação por Sua Santidade o Papa Francisco, ’em tempos de dificuldade (guerras, pandemias, por exemplo), os Bispos e as Conferências Episcopais podem dar normas provisórias que devem ser obedecidas’, inclusive claramente, como neste caso, suspender, pelo tempo que for necessário, a recepção da Sagrada Comunhão na língua durante a celebração pública da Santa Missa”, afirma a carta.

Embora faltasse a importante assinatura do Cardeal Sarah, a carta, em vez disso, trazia a assinatura do Arcebispo Roche.

Conforme relatado pela LifeSiteNews na ocasião, a carta de Roche contradiz uma carta de 2009 da mesma Congregação que versava sobre a mesma questão em meio à pandemia de influenza H1N1. Naquela época, o Vaticano, sob o Papa Bento XVI, escreveu que a lei da Igreja sobre o assunto estipula que “cada fiel sempre tem o direito de receber a Sagrada Comunhão na língua” e que isso não pode ser revogado.

Além disso, Roche estava violando a instrução Redemptionis Sacramentum de 2004, que afirma que “cada fiel sempre tem o direito de receber a Sagrada Comunhão na língua”.

Comentando à LifeSiteNews na época, Kwasniewski mencionou que a carta de Roche “mina as normas universais e a tradição da Igreja, muitas vezes reiterada, a respeito da maneira mais apropriada e reverente de receber a Sagrada Eucaristia”.

Uma nova era de anti-tradicionalismo no Vaticano

Com a nomeação do Arcebispo Roche para Chefia a CCD, o Vaticano parece estar preparado para iniciar uma nova campanha contra o movimento tradicional na Igreja.

A próxima conferência do Vaticano, intitulada “Por uma teologia fundamental do sacerdócio”, que deve ocorrer no início de 2022, também tem em seu escopo a discussão de um dos principais interesses de Roche: a relação entre o sacerdócio ordenado e o sacerdócio dos fiéis. É esperado por muitos que a conferência consiga minar ainda mais o ensino tradicional sobre o sacramento das ordens sagradas, o celibato clerical e as mulheres diáconas.

A conferência acontecerá com a Igreja estando no meio do Sínodo de dois anos para toda Igreja sobre sinodalidade, recém anunciado pelo Papa Francisco, que segue o exemplo alemão de Igreja sinodal, que foi descrito com preocupação por católicos tradicionais como “Vaticano III”.

Revelando suas preocupações ao LifeSiteNews, Kwasniewski chamou o próximo “Vaticano III” de “submersão contínua na burocracia, uma rendição à mentalidade moderna da administração como cura para todos os males, e que mantém a Igreja ocupada olhando para o próprio umbigo enquanto a verdadeira evangelização esvai e os bancos ficam vazios”.

Comentando ao LifeSiteNews, o diácono Donnelly, autor e catequista do Reino Unido, falou sobre o perigo que a posição de Roche representa para a celebração da liturgia tradicional por muitos clérigos.

“A nomeação do Arcebispo Arthur Roche como principal liturgista da Igreja é uma má notícia para aqueles que amam a Missa Latina. Seu recente ensaio em defesa do Missal Romano do Papa Paulo VI, que foi enviado a todos os bispos do mundo, faz uma caricatura negativa da Missa Latina”, disse Donnelly ao LifeSiteNews.

“Ele repete a propaganda de que os leigos teriam sido reduzidos a um estado de passividade desengajada”, continuou Donnelly.

“Se ao menos tivesse lido The Small Person’s Mass Book escrito por Cecily Hallack em 1932, que revela a profundidade da ‘participação ativa, consciente e piedosa’ que era vista na missa até mesmo em crianças que estavam na pré-Primeira Comunhão, quanto mais então a riqueza do engajamento consciente dos adultos! O Cardeal Sarah apreciava esta verdade, o Arcebispo Roche claramente não”.

Fonte: LifeSiteNews

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