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Por que os apostolados tradicionais florescem?

O Mistério do Florescimento - Por que os Apostolados Tridentinos Frutificam

Recentemente, o Cardeal Roche afirmou, em entrevista, que os grupos tridentinos são pequenos, mas fazem-se ouvir, confessando, num lapso, que Deus usa as coisas loucas do mundo para confundir as sábias. A declaração, ainda que despretensiosa, carrega em si um daqueles paradoxos típicos da Providência: as pedras são justamente as que falam.

Isso me levou a refletir sobre uma questão desconcertante: por que razão os apostolados tradicionais, mesmo enfrentando resistências incessantes e a costumeira sabotagem que parece brotar de dentro e de fora, deixam, em regra, um legado mais perene e vigoroso? Eis algumas razões:

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1. Primeiro, Deus

“Adorarás o Senhor teu Deus, e só a Ele servirás.”
— Mateus 4,10

Se pararmos para pensar com a seriedade com que se observa um milagre, veremos que os apostolados tradicionais realizam algo que está além da lógica humana. Enquanto, por exemplo, o movimento carismático se difunde por meio de grupos de oração, bandas, cercos de Jericó e pregações entusiasmadas, o católico tridentino se propaga pela simples divulgação de uma Missa — a Missa Tridentina, a mais solene, a mais silenciosa, a mais esquecida.

Num país em que apenas 8% dos católicos frequentam a Missa dominical, e onde menos de 1% dessas Missas são na forma tradicional, isso não deixa de ser um sinal. Ou, se preferir, uma provocação divina. Pois a Providência parece favorecer justamente os que colocam Deus no topo da hierarquia — não como símbolo, mas como Senhor. O católico tradicional não atrai multidões com carismas efusivos, nem promove sua fé com jingles ou palmas, mas busca agradar a Deus com o sacrifício puro, como o fez o justo Abel. E Deus, que não é indiferente, recompensa, não a eficácia, mas a fidelidade.

2. Resiliência

“Na vossa paciência possuireis as vossas almas.”
— Lucas 21,19

O católico tradicional é o homem que constrói castelos com areia e depois os reconstrói com pedra — tudo no mesmo dia. Ele vive entre ruínas, mas constrói como um herdeiro. Ele habita um ambiente eclesial onde sua paróquia, sua capela, sua comunidade podem ser desfeitas de um dia para o outro, como quem apaga uma vela acesa em nome de uma brisa pastoral. E ele recomeça. Escreve cartas, faz viagens, forma lideranças, conversa com bispos e padres, tudo isso não para defender uma nostalgia, mas para lembrar que a Missa não é uma performance, mas a Fonte de toda a vida da Igreja — como ensinou o próprio Concílio Vaticano II.

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É irônico — e ao mesmo tempo sublime — que os que mais valorizam a Missa tradicional sejam justamente aqueles que mais compreenderam o Concílio em seu espírito. E por isso eles fazem tudo de novo. E de novo. E de novo. Sua resiliência não é fruto de força própria, mas de uma aliança secreta com o Invisível. Cada nova perseguição apenas aprofunda suas raízes. E cada nova humilhação se transforma, com o tempo, em mais uma coroa depositada aos pés do altar.

3. A Ordem como Caminho da Graça

“Que tudo se faça com decência e com ordem.”
— 1 Coríntios 14,40

Enquanto alguns conservadores tentam salvar suas paróquias com estratégias tiradas de manuais revolucionários — apelando para a “ocupação de espaços” e outras táticas gramscianas em chave sacra —, o católico tradicional sabe que a Igreja não é uma república de influências, mas uma hierarquia de graças. Ele sabe que não se obtêm as bênçãos do Céu por subversão, mas por ordem. Pois onde há ordem, ali está Deus: Ubi est ordo, Deus ibi est.

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Por isso, ele começa pelos sacerdotes. Não por vaidade clerical, mas porque a Missa começa no altar. São necessários padres dispostos a tudo: a celebrar em horários inconvenientes, a atender mais de uma paróquia, a suportar o desprezo de seus próprios irmãos de batina. Depois vêm as famílias. Famílias dispostas a ensinar umas às outras, a gerar filhos como quem semeia eternidades, a construir lares onde a memória católica seja mais viva que a televisão. E quando há padres assim e famílias assim, não é de surpreender que os frutos venham em abundância. A ordem, afinal, é o idioma da criação.

4. Amor à Tradição

“Permanecei firmes e conservai as tradições que aprendestes, seja por palavra, seja por carta nossa.”
— 2 Tessalonicenses 2,15

O nome já o denuncia: o católico tradicional é um amante da Tradição. Mas não como quem se apega a um velho livro por nostalgia, e sim como quem reconhece que aquele livro foi escrito por Deus com a caligrafia dos séculos. Ele não precisa inventar novas fórmulas, porque já tem em mãos as que foram seladas com o sangue dos mártires e o silêncio dos monges.

Enquanto as novas pastorais se debatem em reuniões intermináveis tentando promover vocações sem tocar nos ídolos modernos — a promoção do leigo, da mulher, da sinodalidade, da participação ativa e outras abstrações —, o tridentino apenas segue o óbvio: repete o que sempre deu certo. E como Deus é eterno, o que sempre deu certo, ainda dá certo.

E então, vocações florescem. Famílias florescem. Igrejas florescem. E tudo isso em meio à perseguição, à escassez e ao desdém. Parece contraditório. E é. O apostolado tridentino é, por excelência, um sinal da contradição. Mas foi também contraditório que o Salvador nascesse num estábulo, que morresse numa cruz e que derrotasse a morte ao terceiro dia. O católico tradicional apenas segue o mesmo roteiro.

Em última análise, os apostolados tridentinos florescem porque não pertencem à lógica comum. Eles foram construídos como arcas antes do dilúvio. E, por isso, quando o temporal chega, eles ficam de pé, como capelas de pedra num mundo que se desfaz.

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