Influencer é mais ou menos assim: precisa fazer pose. E se não faz pose, faz pose de que não faz pose. Satanás é o pai da mentira, o que significa, em linguagem moderna, que é o pai do Marketing Digital.
Por conta disso, mesmo num caso moral simples, o influencer consegue fazer lambança. Eis o que foi perguntado ao tal Pedro Augusto: “Levar a morena (ainda é apenas paquera) no show e ficar o show inteiro abraçado com ela (sem beijar). Ocasião de pecado (castidade) ou dentro dos conformes?“

A própria pessoa que pergunta já tem certa consciência de seu erro, bastava responder: “evidentemente, ocasião de pecado”. E, se fosse competente, ainda recomendaria leituras que ajudassem no combate e obtenção da castidade. Afinal, esse influencer supostamente é um terapeuta com noção de espiritualidade.
Porém, faz parte da psicologia do laxismo ver neurose onde não necessariamente há e, no ímpeto de tripudiar em cima de uma pergunta (pose), quanto maior a tripudiação, maior a vergonha que passa sem se dar conta. Na verdade, neste caso a vergonha vem com um agravante, pois o influencer deveria, em vez de passar vergonha, ter uma posição de autoridade.
Analisemos o show de horrores
Dado a imagem acima:
1) Como foi dito, evidentemente (e o que é evidente não é neurose) o rapaz que enviou a pergunta se colocou em ocasião de pecado. Contudo, ademais, embora tenha agido segundo os maus costumes do mundo (flerte mundano), suspeita de que está agindo errado. Ou seja, ele está mais com dúvida – o que é um bom sinal – do que com escrúpulo. Parece ser uma alma fácil de emendar. Sendo assim, bastava uma orientação madura, o que parece ser impossível a certos influencers fazer (a tentação de posar de bonzão geralmente fala mais alto).
2) É juízo temerário presumir o divórcio a partir de uma dúvida legítima dado o contexto hedonista de nossos dias. Disse no parágrafo anterior que é evidente o pecado do rapaz (colocar-se voluntariamente em ocasião de pecado, é pecado), mas é evidente para almas que abandonaram esse costume mundano, não para as almas – como parece ser o caso do rapaz – que ainda estão presas no mundo, lutando na via purgativa. Tais almas precisam de orientação de almas mais maduras, que estejam na via iluminativa, e não de resposta que não responde nada. Aliás, a resposta de Pedro Augusto foi tão absurda, que é possível suspeitar que o mesmo não saiba a resposta! Com efeito, foi um non sequitur gigante. O rapaz quer saber se agiu errado em relação à morena, e a resposta já vai na linha do divórcio futuro pressupondo neurose moralista. O mentor está mais doido que o mentoreado.
3) E mesmo a resposta que foi dada, uma espécie de profecia de sabichão, é mera pose. Ora, já existe festival de divórcios. Como profetizar o que já existe? Com efeito, como não há esforço de conversão nas massas, a tendência das massas (por isso é massa) é só acompanhar os maus costumes mundanos. Portanto, não há nada demais na previsão de Pedro Augusto. Ademais, sua previsão dificilmente poderá ser comprovada, porque faltam pesquisas no Brasil neste sentido (ao contrário dos Estados Unidos, onde já se sabe por investigações estatísticas que a castidade no namoro diminui grandemente a chance de divórcio).
4) Mas saiamos do mundo, porque não é parâmetro para os católicos. Pois outra é a sorte de quem vive realmente o sacramento do matrimônio. Neste caso, há a graça a favor das almas devotas. Sendo assim, apostar contra o casamento seria duvidar de Deus, e, que maravilha!, isso é insensatez segundo as Escrituras. Pedro Augusto realmente tem noção de espiritualidade?
Ou seja, na ânsia de “mitar” em cima de uma dúvida legítima para nossos tempos, o influencer laxista acaba tirando Deus para otário. Tudo porque presume neurose a priori. Do juízo temerário acaba caindo, implicitamente, num naturalismo blasfêmico. Cara bom!
5) Se a previsão fosse realmente séria – o que não é, como fica evidente pelo drama do segundo parágrafo: “Não queria dizer isso, realmente não queria, mas…” – haveria algum conselho, embora genérico, favorável ao matrimônio. Mas o que temos? Absolutamente nada! Ele prevê, mas não faz nada. Magia do marketing digital.
O influencer aprendeu a dizer “famílias disfuncionais” e agora ninguém mais o segura. Cara bom!
Mas a coisa piora quando ele volta à questão em outra caixinha (ao contrário do dinheiro, quanto menos senso de vergonha se tem, menos se percebe a vergonha que passa):
“O ponto é que estamos vendo a tentativa de uma superação da crise moral através de uma moralidade baseada na mesma mentalidade revolucionária que gestou a crise moral da qual se tenta sair [esse fenômeno existe, precisamos superar o nominalismo em nossas almas]; rigidez ao invés de adequação orgânica [hã?], imposição de modelos fixos ao invés de aperfeiçoamento dos carácteres individuais [hã?]; juízos e anátemas ao invés de paciência e ensino [olha quem fala…], me parece a fórmula para o fracasso”.
Quer algo tão igualmente revolucionário quanto querer combater a rigidez com adequação orgânica? E não só isso, emendando logo na sequência um “imposição de modelos fixos ao invés de aperfeiçoamento dos carácteres individuais”?
Mas acabou? Não, falta a cereja do bolo:
“A aridez desse novo farisaísmo jamais conseguirá construir famílias saudáveis. Jamais”.
Estamos aqui diante de dois vícios da bolha laxista:
1) Presunção de neurose diante de valores válidos. Ora, a rigidez nos ditames da lei natural e divina, também conhecidos com princípios, não só são benéficos, como necessários para o aperfeiçoamento individual.
2) Dificuldade na cogitativa de sair dos princípios gerais para os casos particulares. Ora, é próprio da educação do caráter o uso de modelos. Estamos falando dos bons e velhos “bons exemplos”. Hoje os influencers ainda gostam de usar o termo “educação do imaginário” para causar mais confusão nesse tópico, mas, seja como for, os exemplos, sobretudo vindo de autoridades, é sumamente benéfico no processo de aprendizagem.
Quer melhor educação do imaginário do que ler (presumindo maturidade para isso), por exemplo, os Apotegmas dos Padres do Deserto (cheio de insights a favor da castidade, recomendo aos que fazem mentoria a católicos) ou Os Diálogos de São Gregório Magno? Entretanto, certos modelos contidos nesses escritos, na cabeça desses influencers laxistas, não seriam ardor de santidade, mas neurose mental, o que mostra que estão mais próximos à Freud do que a Santo Tomás de Aquino.
É que o influencer aprendeu a falar “aridez”, e agora ninguém mais o detém. Cara bom! É a fórmula certa para disfarçar que não sabe dar respostas prudentes. Vou fingir que não notei.