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Sobre o “Tradismatismo”

RTC - Renovação Tradismática Católica

Em um recente reels de Instagram a página de humor “Brasil RTC” compartilhou um vídeo do Pe. Roger Luis, numa missa de Vígilia Pascal 30.03.2024 da Canção Nova, puxando em latim o “Gloria” da Missa De Angelis ou Missa VIII [ver 1:42:55]:

Para a surpresa de todos o que se seguiu, no entanto, foi o Gloria cantado em português ao som de bateria, guitarra, palmas e danças.

A página atribuiu o episódio ao fenômeno do “tradismatismo”. A expressão foi cunhada pela primeira vez pelo Pe. José Eduardo, sacerdote da diocese de Osasco-SP, em 2016, no seu Facebook.

A postagem teve muitas reações, compartilhamentos e comentários. Gostaríamos, assim, de investigar o conceito de “tradismático” e se ele é, como dizem alguns, uma pessoa tradicionalista que gosta siricantalanapraia.

O que é o tradismatismo?

Começemos então com o autor do conceito de tradismatismo, o Pe. José Eduardo. Em uma postagem do dia seguinte o sacerdote prestou alguns esclarecimentos sobre a nova palavra cunhada:

OS TRADISMÁTICOS E A CONTRADIÇÃO 

Ao escrever ontem sobre os #Tradismáticos, estava apenas descrevendo um fenômeno real (basta olhar o número de curtidas e de pessoas que se identificaram com a descrição), e não fazendo um juízo de valores. Cada qual tenha sua opinião sobre o fato. Mas, o que me parece impossível é negá-lo.

Nossa Igreja é católica, universal, justamente por isso: cabem todos, aliás, como disse Nosso Senhor ao comparar a Igreja com uma rede de pesca que recolhe peixes de todo tipo, rompendo, assim, todo nazismo religioso.

O filósofo marxista Ernst Laclau, em “Hegemonia e estratégia socialista”, ensina que o movimento revolucionário, para alcançar o poder, precisa dividir a sociedade em grupos antagônicos, criar contradições e usá-las em seu favor, escolhendo eventualmente a contradição que for mais favorável à sua vontade de dominação.

De algum modo, os católicos de nossos dias se cansaram desse jogo dialético, estão jogando fora os rótulos e criando liberdade de tráfego, excluindo todas as tendências progressistas e socialistas, que eles já perceberam ser justamente uma das causadoras de rotulacões, além de serem a representação oposta do que desejam: a exclusão completa do sobrenatural e a usurpação da Igreja como instrumento de poder.

Como no Brasil muita gente tem a mentalidade de torcedor, e se apega ao rótulo que foi criado para ser sua camisa de força mental como o fanático de um time, leituras como essa acabam se tornando quase impossíveis. De fato, as pessoas apressam-se em identificar quem é a favor ou contra à sua tribo, incapacitando-se para entender realidades mais complexas, que transcendem esse jogo.

Cabe à nós, como Igreja, não apenas interpretar o fenômeno, mas interagir com o mesmo de modo criativo, sabendo integrá-lo num esforço positivo de apostolado. Caso contrário, pela pressa de separar o joio do trigo, iremos sacrificar o trigo e, como diz Jesus no Evangelho, isso não é tarefa nossa. 

No mundo do puritanismo, repetidas vezes condenado pela Igreja, tudo se reduz ao simplismo do “preto ou branco”, no contraste mais absoluto entre ambos. Desde o maniqueísmo, montanismo, catarismo, até chegarmos à tendências puritanistas mais modernas, a contradição sempre foi a armadilha em que caíram aqueles que não sabem viver no tempo das ambivalências, no tempo da Igreja militante, e querem viver apocalipticamente a antecipação da Jerusalém celeste aqui. Esconde-se aí um complexo de milenarismo, complexo que arroga à sua inconsciente vítima a prerogativa de acusar de hereges a todos que não recaem sob seu estreito horizonte de consciência, enquanto ele mesmo desconhece ou tem uma noção vaga e confusa do que seja “heresia”, a negação pertinaz do dogma, que não foi negado por ninguém.

Não percebem estes que, deste modo, caem nas malhas dialéticas da contradição, e fazem direitinho o jogo do inimigo. Aceitam a divisão ao invés de verem de um ponto mais alto as consonâncias, integrando num todo harmônico aquilo que, em si, nunca foi contraposto.

A culpada do engodo é a ignorância histórica. Quando se lê a vida dos santos pregadores e místicos vê-se claramente que os mesmos sofreram as mesmas incompreensões, exatamente por enxergarem esse todo desde cima, não se implicando nas contradições daqueles que têm uma visão metonímica.

O fato é que os #Tradismáticos escandalizam os progressistas, os tradicionalistas e até os próprios carismáticos. Estão hoje em maior e crescente número, mas são os mais “desigrejados” de todos. Perambulam de lado a lado sem encontrar guarida e compreensão…

Este é o fenômeno. As opiniões acerca dele podem ser as mais plurais possíveis. 

Os rótulos já foram rasgados, o tráfego está aberto e bem-aventurado quem não se escandalizar disso, antes, souber ser Cristo de braços abertos, como São Paulo, que se fez tudo para todos!

Notemos que o padre fala que está descrevendo um novo movimento e que os “rótulos já foram rasgados”, mas quando olhamos as postagens do sacerdote de 9 e 10 de outubro de 2016 não vemos qualquer descrição do movimento e nem definição do conceito.

Então, afinal, do que estamos falando?

Em um shorts do Youtube o Pe. Francisco do Amaral buscou tentar explicar o que é o tradismatismo:

Transcrição:

Existe católico tradismático?

Em certo sentido todo católico é tradismático. Porque o católico é chamado a abraçar tudo aquilo que Jesus deixou. Então o católico abraça o Magistério, a Tradição, a Escritura, os sacramentos, as devoções e os carismas da Igreja.

Agora, a gente pode falar também “ser tradismático”, como eu me identifico, no sentido de amar as tradições litúrgicas da Igreja, os ritos válidos, o incenso, a batina, e ao mesmo tempo se identificar com a espiritualidade de Pentecostes, como a gente vive da Renovação Carismática Católica. E nesse sentido, também eu me identifico como tradismático.

Mas eu vou falar a verdade para vocês. Eu não gosto muito desse negócio de rótulo, não. Católico carismático, católico tradicional, católico isso, católico aquilo. Eu acho que isso pode dividir a Igreja. Então, o tradismático, nesse sentido que eu estou falando, ele não quer ser um novo rótulo, não. Ele quer falar de um católico que quer abraçar toda a verdade deixada por Jesus na Igreja.

Pedro Isnard, carismático, em canal no Youtube também buscou definir o que é tradismático:

Nas palavras, você é tradicional quando “ama liturgia, ama tudo que a Igreja trouxe pra você ao longo dos anos, reza um Pai Nosso e uma Ave Maria em latim, vai ao Novus Ordo, vai a Missa Tradicional (tridentina) e está tudo bem. Você está em casa, você é católico.” [01’42”]. Após, Pedro acrescenta que tradismático é o indivíduo que é tradicional e que vive o carisma mais tradicional de todos, o dom de línguas vivido pela RCC.

Por fim, Padre Paulo Ricardo, ao receber a pergunta “É possível ser tradismático?” de uma moça carismática que se identifica com a Missa Tridentina, responde que ser católico e tradicional é pleonasmo. Em seguida, ela faz uma alusão à Carta aos Coríntios de São Paulo, na qual o apóstolo fala em “guardar tradições” e também descreve os dons carismáticos. Assim, dá a entender o padre que é possível ser “tradismático”.

O que se observa nas três definições colhidas é que “tradicional” nunca é definido no sentido de “tradicionalista”, e sim num significado mais largo que mais se aproxima de “conservador”, isto é, aquele que gosta que as coisas sejam feitas “conforme as regras da Igreja”, independente de quais sejam essas regras.

Tradicionalista, contudo, esteja ou não em comunhão com a Igreja, nunca pode ser descrito como um mero conservador, pois ele é fruto de um incômodo. Um incômodo com a direção pastoral que a Igreja tomou após o Concílio Vaticano II, ou seja, as atuais regras.

Pode-se dizer que a espiritualidade tradicionalista consiste na preservação da Missa de São Pio V, dos hábitos e devoções preconciliares e um acento crítico ou de reserva às novas pastorais litúrgica, catequética e de evangelização pós-conciliares.

Nesse sentido, destaca-se a descrição do carisma do Instituto Bom Pastor (IBP) em seu site:

“O carisma específico do Instituto do Bom Pastor, ou seja, o que o torna específico e a sua razão de ser, é a defesa e difusão da Tradição Católica em todas as suas formas: doutrinal, apostólica e litúrgica. Em particular, os padres do IBP celebram a missa exclusivamente no rito tradicional, ou seja, segundo a liturgia conhecida como “São Pio V”. Além disso, o Instituto foi fundado com a tarefa explícita de oferecer uma crítica construtiva e teológica de certas reformas nascidas do Concílio Vaticano II, uma crítica que visa oferecer a toda a Igreja um novo olhar sobre a sua própria identidade.

Este apego à Tradição é decididamente para os sacerdotes da IBP uma forma de servir a Igreja, na submissão ao Papa, ao serviço dos bispos católicos, e para o bem de todos os fiéis: é a expressão do seu desejo de oferecer a toda a Igreja e ao mundo as riquezas e os benefícios da Tradição Católica como um tesouro do qual todos devem haurir.”

No protocolo de acordo assinado por Mons. Lefebvre e a Santa Sé em 1988, nota-se igualmente um certo “direito de reserva” da FSSPX a respeito de certas reformas conciliares:

“Em relação a certos pontos ensinados pelo Concílio Vaticano II ou relativos a reformas posteriores da liturgia e do direito, e que nos parecem dificilmente conciliáveis ​​com a Tradição, comprometemo-nos a ter uma atitude positiva de estudo e de comunicação com a Santa Sé, evitando toda a polêmica.”

No livro “Considerações sobre as formas do rito romano da santa missa“, a Administração Apostólica São João Maria Vianney justifica a preferência pela Missa de São Pio V reconhecendo o cenário crítico do Novus Ordo:

“Ninguém de correta visão pode negar a existência da atual crise na Igreja, afirmada por vários Papas. E essa crise tem muito a ver com a Liturgia, especialmente após a reforma conciliar, que, infelizmente deu azo a muitos abusos litúrgicos. […] a Missa na forma extraordinária do Rito Romano, por sua maior precisão e rigor nas rubricas, apresenta mais segurança e proteção contra tais abusos litúrgicos.”

No site do Instituto Cristo Rei e Sacerdote também justifica a celebração da missa tradicional em razão das muitas mudanças ocorridas na liturgia após o Concílio Vaticano II:

“O Instituto de Cristo Rei celebra a Liturgia Romana clássica, a “Missa Latina”, em sua forma tradicional de acordo com os livros litúrgicos promulgados em 1962 pelo Papa São João XXIII. Durante seu pontificado, o Papa São João Paulo II exortou os bispos a serem generosos em permitir seu uso. Foi com sua bênção que o Instituto começou a celebrar a Missa Tradicional.

O Papa Bento XVI também desejou que o tesouro da liturgia romana tradicional, que foi celebrada sem mudanças por séculos e séculos, fosse preservada para todas as gerações. Seguindo os passos de São João Paulo II, o Papa Bento XVI, com seu documento histórico Summorum Pontificum, restaurou aos padres a liberdade de celebrar a “forma extraordinária” do rito romano.

A Missa Latina Tradicional foi a forma exclusiva celebrada durante o Concílio Vaticano II. Na verdade, a maioria das mudanças que foram introduzidas pela reforma litúrgica dos anos 1960 ocorreram nos anos após o Concílio Vaticano II. O próprio Concílio nunca aboliu a liturgia tradicional, e seu famoso documento sobre a Liturgia da Igreja, Sacrosanctum Concillium, menciona apenas a possibilidade de algumas adaptações; ele nunca pediu uma mudança de linguagem, a remoção de orações, nem virtualmente nenhuma das práticas agora comuns no Novus Ordo Missae, a “Nova Missa”.”

Portanto, um católico tradicionalista nunca será um “tradicional” no sentido de “conservador”. A distinção é importante, porque pode parecer para muitos que, ao se falar em “tradismáticos”,  que há um movimento de adesão de católicos tradicionalistas à espiritualidade carismática quando simplesmente não há. Este é o tema o que abordaremos no tópico a seguir.

Buscando entender o fenômeno

1. Tradismatismo: um movimento unilateral

É necessário constatar o seguinte fato: o tradismatismo não é uma tendência nos círculos tradicionalistas. Não se vê o fenômeno tradismático entre católicos ligados ao Instituto Bom Pastor, Administração Apostólica São João Maria Vianney, Montfort, Centro Dom Bosco, IPCO, etc. Não há grupos de oração em línguas, batismos no Espírito Santo e Cercos de Jericó entre tradicionalistas, mas há grupos inteiros de carismáticos cada vez mais adotando formas tradicionalistas. O tradismatismo é um fenômeno específico da Renovação Carismática.

Neste ponto discordamos do Pe. José Eduardo que os tradismáticos sejam pessoas não compreendidas e “desigrejadas”. Tradismáticos são carismáticos em busca da Tradição.

2. A romanização da Renovação Carismática

Conforme descrevemos aqui, entre os anos 2011-2019, houve um verdadeiro boom do catolicismo tradicional no Brasil. Neste período, se observou muitos católicos carismáticos descobrindo a Missa Tradicional e aderindo-a. Em regra, os carismáticos que participavam ativamente de apostolados tradicionais deixavam a Renovação Carismática entendendo que ela havia sido uma importante porta de entrada para o Catolicismo, uma espécie de infância do católico, mas que ao se adquirir maior formação catequética e litúrgica a consequência natural seria o catolicismo tradicional. Outros não tão assíduos permaneceram em suas comunidades carismáticas, mas se tornaram mais comedidos. Quiseram manter seu carisma, mas entenderam os diversos problemas que permeiam o carismatismo.

Em suma, o desenvolvimento do catolicismo tradicional no país provocou e têm provocado o que chamaremos aqui de romanização da Renovação Carismática, isto é, uma maior tomada de consciência da necessidade de readequação do carismatismo à identidade católica.

Expliquemos.

Como é arquisabido, a RCC é oriunda de movimentos neopentecostais e historicamente sempre lhe foi muito ínsito certa assimilação da cultura protestante neopentecostal (biblicismo, fundamentalismo, sentimentalismo, worship, etc). Todavia, o crescimento do catolicismo tradicional no Brasil desencadeou em alguns setores da Renovação um processo de afastamento das fontes protestantes e de aproximação das fontes católicas. Entendemos que este é o verdadeiro tradismatismo que vem ocorrendo entre os carismáticos nos últimos anos, a purgação gradual do neopentecostalismo protestante no movimento.

A esquerda e a direita da RCC se posicionam conforme o afastamento ou a aproximação das fontes católicas.

3. Um processo lento

Evidentemente, essa romanização não significa uma “tridentinização” da carismatismo como alguns querem fazer crer, mas sim uma certa dose de conservadorismo num movimento muito conhecido pela sua índole antilitúrgica e desprendida de fórmulas, que cheirava mais a protestantismo do que catolicismo. Fazemos essa distinção porque, realmente, o tradicionalismo ligado à Missa Tridentina não têm recebido influências carismáticas em sua espiritualidade. Parece-nos que o tradicionalismo e o carismatismo ainda são espiritualidades antagônicas. O tradicionalismo é afirmação triunfante do romanismo enquanto que o carismatismo é uma afirmação triunfante do ecumenismo. Tradicionalistas rejeitam ou não promovem o ecumenismo. Carismáticos, por sua vez, falam, muitas vezes, de pregadores, pregadores e avivamentos protestantes como se pertencessem à sua religião.

É patente, no entanto, que o processo de romanização da RCC tem sido muito lento. A Renovação Carismática ainda possui muitos trejeitos protestantes. Ela não consegue separar muito bem, por exemplo, o que é próprio para grupos de oração do que é adequado para a liturgia.

A RCC, ordinariamente, ao invés de se render ao sensus perennis universalis Ecclesiae da tradição musical católica, promove na liturgia, via de regra, a marca e o estilo dos seus próprios grupos, geralmente gospel, e assim massificam o seu produto musical. 

Nota-se, a respeito, a Comunidade Colo de Deus, que praticamente reproduz os seus shows na missa e talvez seja, neste aspecto, o pior dos exemplos. Neste vídeo, tomado apenas para ilustrar, a missa e o padre realmente ficam em segundo plano enquanto predominam as “performances” dos músicos e, claro, a “Voz Gigantesca” dos seus animadores (gritaria e falatório intermináveis).

Já outras comunidades como Shalom, Fraternidade João Paulo II, Caminho, Instituto Hesed, etc., possuem missas mais comedidas, mas, musicalmente, dificilmente reproduzem um canto litúrgico autêntico. Suas músicas são quase sempre modernas (gospel) acompanhadas de violão, bateria e guitarra; o órgão de tubos, instrumento preferido pela Igreja, fica aos cuidados das teias de aranha. 

Neste vídeo de uma missa do Instituto Hesed observa-se moças de véu, religiosos de hábito, altar com arranjo beneditino, cantos em latim, etc., mas, novamente, com melodia inadequada, instrumentos inadequados, freira na bateria, músicas não litúrgicas cantadas em shows de cantores carismáticos como Irmã Kelly e Eugênio Jorge, danças, entre outros.

Nesta outro vídeo, agora da missa da Pe. Roger Luis, além de todo o paranoma inadequado anterior há o acréscimo de orações espontâneas e em línguas em menos de 15 min de missa.

Estes exemplos comprovam que ainda há na RCC um contínuo esquecimento das orientações do Discatério para o Culto Divino acerca da liturgia, mesmo entre carismáticos que seriam denominados por muitos como “tradismáticos”.

“A eficácia das ações litúrgicas não está na busca contínua de novidades rituais, ou de simplicações ulteriores, mas no aprofundamento da palavra de Deus e do mistério celebrado, cuja presença está assegurada pela observância dos ritos da Igreja e não dos impostos pelo gosto pessoal de cada sacerdote. Tenha-se presente, ademais, que a imposição de reconstruções pessoais dos ritos sagrados por parte do sacerdote ofende a dignidade dos fiéis e abre caminho para o individualismo e o personalismo na celebração de ações que diretamente pertencem a toda Igreja”. (Liturgicae instaurationes, n. 1)

O panorama da música carismática atual na liturgia é fundamentalmente contrário ao ensino da Igreja sobre a música sacra e litúrgica. Contudo, esperamos que o processo de romanização que passa alguns setores da RCC possa finalmente trazer a devida maturidade ao movimento.

Talvez, seja o Pe. José Eduardo o melhor exemplo de carismático “romanizado” ou “tradismático” que sabe distinguir o culto de oração carismático da liturgia pública da Igreja. Note-se como em suas missas o órgão é utilizado bem como o canto gregoriano:

Pe. José Eduardo não é um católico tradicionalista ou um sacerdote conhecido por rezar Missas Tridentinas. Suas missas são versus populum, possui leitoras, acólitas, totalmente em vernáculo, coisas que um sacerdote tradicionalista simplesmente rejeitaria. Mas é notório que suas missas não possuem um espírito carismático. Nenhum católico se sente “colonizado” pela RCC nas missas do padre como ocorre nas missas da Canção Nova, Colo de Deus, Instituto Hesed e afins.

Conclusões

1. O tradismatismo não é a síntese de tradicionalismo com carismatismo.

2. É um movimento que parte de dentro da RCC.

3. O tradicionalismo e a RCC são espiritualidades antagônicas, visto que a primeira parte de um acento crítico ao ecumenismo e às novas pastorais enquanto que a segunda é essencialmente ecumênica e amante das novas formas pastorais.

4. O tradismatismo é, na verdade, a romanização do carismatismo, isto é, uma maior assimilação da identidade católica em um movimento essencialmente caracterizado pela sua afirmação ecumênica.

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