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Contemplando o lero lero da CONFER (Conferência de Religiosos Espanhóis)

Religiosos espanhóis se dizem mais profundos e comprometidos com o discernimento comum

A Assembleia Geral da Conferência Espanhola dos Religiosos (CONFER) terminou com as conclusões esperadas: um discurso cheio de clichês, uma falta de autocrítica genuína diante do colapso das vocações e um apelo ao discernimento – sem se dizer para quê, à sinodalidade, à esperança e a ser “rostos da luz”.

«Tornamo-nos ainda mais conscientes de sermos chamados a buscar outros horizontes, a explorar novos caminhos, não só nos reciclarmos para sobreviver. Não queremos nos manter para subsistir». Assim expressou o presidente da Conferência Espanhola dos Religiosos (CONFER), Jesús Díaz Sariego, que exortou à superação dos temores de secularização no encerramento da Assembleia Geral

Ambicioso, profundo e comprometido

“Estamos mais ambiciosos em nossa busca. Mais profundos e comprometidos com o discernimento comum. Tomamos consciência, além disso, desta verdade inscrita em cada uma das Congregações a que pertencemos: quem não antecipar o futuro não encontrará um lugar no futuro”, expressou em seu discurso.

Por isso, disse, «queremos ser homens e mulheres de esperança, testemunhas do Evangelho na medida em que conseguirmos ser ‘rostos da Luz’. Sem esperança não podemos ser ‘rostos da Luz’. Para isso, devemos empreender o nosso esforço. A esperança, porque antes de tudo é confiança, luta-se e conquista-se com esforço. Não se improvisa, antes se amadurece nas tensões da vida. Nos desafios do presente. Chamados a seguir Jesus Cristo com esperança, propomo-nos despertar o mundo e iluminar o futuro. O Papa Francisco nos recorda o que Deus nos pede: que saiamos do ninho que nos prende e sejamos enviados para as fronteiras do mundo. Esta deverá ser uma experiência de vida na vocação de cada um e de cada uma. Ela nos é oferecida pela fé em Jesus Cristo».

Eles discernem claves, mas não dizem quais

O trabalho que marcou estes dias «permitiu-nos discernir juntos algumas claves da vida consagrada para o nosso tempo. Não escondemos nossos desafios e dificuldades». «A Vida Consagrada deve tecer essas “duas dimensões que reforçam nossa identidade carismática. Este é o nosso principal objetivo».

No entanto, afirmou, «agora, em nosso tempo, vamos percebendo a urgência que temos para interrelacionar ambas as dimensões. Já não podem mais existir uma separada da outra. «Tudo isso nos encoraja a viver para a missão. Acolhemos a luz ao identificar quatro compromissos de luz que resultou do discernimento sinodal desta Assembleia. A luz do equilíbrio. O importante está nos equilíbrios que consigamos amadurecer e integrar. Temos que aprender a integrar as tensões. O importante está no nexo que une os opostos. Esta arte da vida nos recorda onde está o importante».É nesse ponto, disse, «que arriscamos nossa própria identidade». Além disso, a Consagração religiosa é «equilíbrio», porque entrega tudo «pelo bem das relações comunitárias e pelo melhor serviço nas tarefas e apostolados. A partir deste equilíbrio temos que mostrar mais a nós mesmos no que somos e não só no que fazemos».

Fonte: InfoCatólica


CONFER: Felizes de si mesmos

Por Padre Jorge González Guadalix
(Sacerdote diocesano de Madrid, especialista em teologia pastoral)

Como bem sabem, fui religioso agostiniano. Deixei a ordem porque desde minha ordenação presbiterial fui destinado a paróquias de agostinianos, e, pouco a pouco, fui me incorporando à vida diocesana como arcipreste e membro do conselho presbiteral e do conselho pastoral diocesano. Senti-me tão bem na diocese, que pedi para entrar nela.

Dito isso, ainda tenho contato com os agostinianos, amo a ordem e não sou um frade refratário, senão o contrário, sou um sacerdote grato e me sinto em comunhão com todos meus irmãos.

Continuo interessado pelas notícias que falam da vida religiosa, porque a conheci por dentro. Estes dias, então, fiquei atento à assembleia da CONFER.

Compreendo que desejam transmitir ao mundo um olhar cheio de esperança, mas sabem muito bem da crise vocacional que, infelizmente, estão experimentando. Deixou de surpreender-nos o fechamento diário de conventos e, principalmente, o lento desaparecimento da vida contemplativa na Espanha, onde só é vivida em alguns lugares específicas. É o momento de reconhecer a realidade e fazer um planejamento de futuro que, de verdade, considere um fortalecimento da vida religiosa hoje.

A CONFER tem todo o direito de fazer seus planejamentos, os seus próprios, e não há nada de errado nisso. E um senhor tem todo o direito de expressar suas opiniões, e não há nada de errado nisso.

Leio que a assembleia da CONFER afirma que a vida religiosa espanhola está aberta “a explorar novos caminhos”. Ok. Mas não sei se não seria melhor aprofundar nos antigos, seguindo o que afirma a Perfectae caritatis do Vaticano II em seu número 2:

A conveniente renovação da vida religiosa compreende não só um contínuo regresso às fontes de toda a vida cristã e à genuína inspiração dos Institutos mas também a sua adaptação às novas condições dos tempos.

Esta renovação, sob o impulso do Espírito Santo e a orientação da Igreja, deve promover-se segundo os princípios seguintes:

a) Dado que a vida religiosa tem por última norma o seguimento de Cristo proposto no Evangelho, deve ser esta a regra suprema de todos os Institutos.

b) Reverte em bem da Igreja que os Institutos mantenham a sua índole e função particular; por isso, sejam fielmente aceites e guardados o espírito e as intenções dos fundadores bem como as sãs tradições, que constituem o património de cada Instituto.

c) Todos os Institutos participem da vida da Igreja, e, segundo a própria índole, tenham como suas e favoreçam quanto puderem as iniciativas e empresas da mesma Igreja em matéria bíblica, dogmática, pastoral, ecuménica, missionária e social.

d) Promovam os Institutos nos seus membros o conveniente conhecimento das circunstâncias dos tempos e dos homens bem como das necessidades da Igreja; de maneira que, sabendo julgar sàbiamente das situações do mundo dos nossos dias à luz da fé, e ardendo de zelo apostólico, possam mais eficazmente ir ao encontro dos homens.

e) Dado que a vida religiosa se ordena antes de tudo a que os seus membros sigam a Cristo e se unam a Deus, mediante a profissão dos conselhos evangélicos, deve pesar-se sèriamente que as melhores adaptações às necessidades do nosso tempo não sortirão efeito, se não forem animadas da renovação espiritual, que sempre, mesmo na promoção das obras exteriores, deve ter a parte principal.

Sendo assim, fiquei surpreso à exortação que fez a CONFER de promover um triplo olhar em seu caminho de renovação: o olhar ecológico, o olhar feminino e o olhar para os marginalizados do mundo.

Nestes tempos em que a palavra “concílio” é salsa para todos os molhos, valeria mais a pena reler Perfectar caritatis, voltar aos fundadores e às origens dos institutos e para com essas bobagens de se dirigir ao que está na moda: ecologia, feminismo e pobres.

Eu acho que, estando à beira de um precipício, decidiram dar um passo à frente. São livres para isso. O último que apague a luz.

Fonte: InfoCatólica


Livro indicado: Virtudes e Milagres: Os Diálogos de São Gregório Magno, incluindo a Vida de São Bento. Editora Santo Atanásio, 2023.


Curitiba,

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