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Feminismo sinodal

Sínodo da Sinodalidade: feminismo sinodal.
Sínodo da Sinodalidade, Aula Pablo VI | © Agencia ACI

Algumas tendências já insinuadas anteciparam o propósito de aventurar novas rotas, inspiradas no progressismo que estendeu a Roma como calçadas dirigidas ao futuro. Isso tem um nome: feminismo.

Por Monsenhor Héctor Aguer*

Foi publicado o documento final da Sessão XVI do Sínodo (dos bispos). O parênteses indica que os Sucessores dos Apóstolos já não são seus protagonistas ou integrantes exclusivos; leigos, e entre eles mulheres, foram incorporados, com voz e voto. Este fato é absolutamente insólito, contrário à Tradição da Igreja. As coisas estão de tal modo reacomodadas, que pareceria se tratar de algo óbvio, que fosse lógico que assim ocorresse. Tal como é segundo os cânones, não do Direito Canônico, mas da cultura moderna dominante. Mas para quem conhece a Sagrada Escritura e a história do desenvolvimento das instituições eclesiais, trata-se de uma modificação essencial que causa aflição ao pensar no futuro. Algumas tendências já insinuadas anteciparam o propósito de aventurar novas rotas, inspiradas no progressismo que estendeu a Roma como calçadas dirigidas ao futuro. Isso tem um nome: feminismo. Assim foi notado nos meios de comunicação; entre eles com destaque o jornal “La Prensa”, de Buenos Aires, que dá conta do documento do Sínodo em uma excelente nota na qual, com citação textuais, expressa a nova perspectiva de gênero: uma maior presença das mulheres nos postos de comando do catolicismo. Implicitamente se formula um “mea culpa” e não tão implicitamente, porque inclusive se reconhece que até o presente a mulher tinha sido discriminada. Esta palavra mágica corre por minha conta, mas é adequada para descrever a índole do documento sinodal, o que neste se dá a entender.

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Chama a atenção o desconhecimento da obra de São João Paulo II, quem desenvolveu um amplíssimo magistério sobre a mulher, coroado pela Encíclica Mulieris dignitatem. Em numerosas intervenções do Papa Wojtyla, reconhecem-se os defeitos históricos e acolhem-se os resultados de uma evolução da cultura que responde à ordem natural. O atual Sínodo elege outros caminhos. Citemos: “É urgente garantir que as mulheres possam participar nos processos de tomada de decisões e assumir funções de responsabilidade no trabalho pastoral e no ministério”. O Sínodo já começou: a respeito dos 464 participantes da reunião, pela primeira vez integraram pessoas leigas e, entre elas, 54 mulheres. É pouca coisa? Mas é por algo que se começa! O documento, que foi aprovado com mais de dois terços, está divido em temas. Em cada um deles se propõe “convergências”, “questões a abordar” e “propostas”, e será a base para trabalhar todo o próximo ano em vistas à sessão final de outubro de 2024.

Uma das divisões é dedicada às “mulheres na vida e na missão da Igreja”. Ali se afirma que “o clericalismo, o machismo e o uso inadequado da autoridade continuam caracterizando resto da Igreja”, por isso “é necessária uma profunda conversão espiritual como base de qualquer mudança estrutural”. O Direito Canônico “deve adaptar-se em consequência”. Nas frases citadas não são apresentados qualquer dados, apenas expressam uma interpretação em função da ideologia feminista. Planeja-se, também, uma tarefa de futuro: “A exigência de um maior reconhecimento e valorização da contribuição das mulheres e de um aumento das responsabilidades pastorais que se lhes confiam em todos os âmbitos da vida e da missão da Igreja”. Para serem tratados no próximo ano, formulam-se algumas perguntas: “Como a Igreja pode incluir mais mulheres nas funções e ministérios existentes? Se são necessários novos ministérios, a que nível e de que maneira?”

Reconhece-se que existe uma divisão sobre o acesso das mulheres ao diaconato, como já existe entre os homens: “Alguns consideram que este passo seria inaceitável, já que estaria em descontinuidade com a Tradição. Para outros, contudo, conceder às mulheres o acesso ao diaconato restauraria uma prática da Igreja primitiva”. Neste ponto, aqueles que estão a favor dessa ampliação incorrem em equívoco: a função das diaconistas consistia em ungir as mulheres no rito batismal, para que não fizessem isso o bispo ou o presbítero, pois, como é óbvio, era considerado impróprio. Era este um princípio elemental da modéstia e da delicadeza. Não exerciam estas mulheres um ministério ordenado. Aliás, é interessante observar que em grego não existe o feminino de diácono. No apêndice da Carta aos Romanos (16, 1), Paulo escreve à comunidade para recomendar que recebam “como corresponde aos santos” a Febe, a diaconista da Igreja de Cencreas; a designa como diákonon.

Continua o documento indicando que deve continuar a investigação teológica e pastoral sobre o acesso das mulheres ao diaconato, partindo dos resultados das comissões que trabalham no assunto: “Se for possível, os resultados deverão ser apresentados na próxima sessão das assembleia”. Como se vê, o feminismo é tenaz, não recolhe as bandeiras. Por fim, digamos que o Sínodo não reconhece a possibilidade de um ofício humilde de serviço de tantas religiosas; que se santificam exercendo trabalhos gratuitos; a linguagem é de tipo sindical: “Que se abordem e resolvam os casos de discriminação trabalhista e de desigualdade de remuneração no seio da Igreja, em particular a respeito às mulheres consagradas, consideradas com demasiada frequência como mão de obra barata”. Seria preciso recordar aos sinodais que a caridade é grátis, que por amor se podem fazer muitas coisas que o mundo não compreende.

Aos alardes do Sínodo é possível opor alguns textos do Apóstolo que – não esqueçamos – são Escritura do Novo Testamento, e se referem à situação das mulheres cristãs na Igreja do século I. Na Carta a Tito, recomenda que seu discípulo ensine “tudo o que é conforme à sã doutrina”, e expõe como devem comportar-se as mulheres de idade (em grego, presbýtidas): nem ser murmuradoras nem entregar-se à bebida, ensinar às jovens a amar a seu marido e a seus filhos, a ser modestas, castas, mulheres de sua casa (oikourgous), boas e respeitosas com seu marido (Cf. Ti 2, 3-5). As viúvas tinham um lugar próprio na comunidade, eram honradas e atendidas de maneira especial. Na primeira Carta a Timóteo, são oferecidas regras a ter em conta como condições para serem integradas no registro daqueles que eram sustentadas pela comunidade: deveria evitar incorporar as jovens, as menores de 60 anos. Uma razão de peso é que as viúvas deveriam ser casadas uma só vez e comprometidas a não reincidir no matrimônio; as mais jovens “quando os desejos puramente humanos prevalecem sobre sua entrega a Cristo, querem casar-se outra vez, e tornam-se culpáveis de faltar a seu compromisso” (1 Tm 5, 11-12). Expressa o Apóstolo seu desejo: que as viúvas jovens se casem e tenham filhos. Em um longo parágrafo, demonstra um perspicaz conhecimento da realidade feminina (1 Tm 5, 3-16). Na mesma Carta (1 Tm 2,11) emprega um argumento bíblico para estabelecer a situação da mulher na comunidade cristã: Adão foi criado antes, e foi a mulher a seduzida pelo demônio. “Que as mulheres aprendam (manthanetō) no silêncio (hesyjía); “não permito que ensinem”; “a mulher se salvará cumprindo seus deveres de mãe” (dia tēs teknogonias) (1 Tm 2, 15). Também nesta passagem Paulo mostra sua capacidade de observação: “Que não pretenda dominar o marido” (1 Tm 2,12); a história é boa testemunha desta cautela.

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Outro texto especialmente significativo é 1 Cor 14, 34-35: como em todas as Igrejas dos santos, que as mulheres se calem, não se lhes permita falar (oú epitrépetai autaîs laleîn), falar na Igreja é aisjròn; o termo empregado é severo, trata-se de algo que não é bom, que é vergonhoso, obsceno; torpe, na versão latina. Se querem aprender (mathein) que perguntem em casa a seu marido.

Especula-se se se deve conceder o diaconato às mulheres. É interessante observar que em grego não existe um feminino do substantivo diácono, como o tem presbítero. Na Carta aos Romano (16,1), como escrevemos, menciona-se a Febe, que é diákonon da Igreja de Cencreas.

Qualquer progressista explicará que, sobre este tema, o Apóstolo é tributário da cultura judia, ou que se expressa de acordo com o que se pensava nos costumes da época. Contudo, a história da Tradição mostra que a posição paulina foi seguida na Igreja: mulieres in Ecclesia taceant foi dito, com uma pitada de intenção divertida. Citei essas passagens do Novo Testamento crendo que os sinodais deveriam tomar posse delas e reconhecer seu caráter normativo; não foram escritas com intenção discriminatória, mas observando a realidade social e a autoridade da Bíblia.

Os avatares do Sínodo continuarão em 2024. Sua existência e desenvolvimento revelam uma dimensão eclesiológica: ao contrário da ilusões progressistas, constituem uma derrocada; o encolhimento numérico da Igreja no mundo significa um encolhimento ante a Verdade. Ao mesmo tempo desponta uma questão escatológica; como em outras épocas, também neste atua o misterium iniquitatis. À medida que nos aproximamos do fim, este se revela cada vez pior.

+ Héctor Aguer
Arcebispo Emérito de La Plata.

Buenos Aires, terça 7 de novembro de 2023.
Memória de Maria, Mãe e Medianeira da Graça.

Fonte: InfoCatólica

* Arcebispo Emérito de La Plata, Acadêmico de Número da Academia Nacional de Ciências Morais e Política. Acadêmico Correspondente da Acadêmica de Ciência e artes de São Isidoro. Acadêmico Honorário da Pontifícia Academia de Santo Tomás de Aquino.

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