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O cultivo da interioridade na vocação leiga

Por Luiz de Moraes

“No centro da alma está plantada a árvore da santa cruz, onde repousa o Cordeiro imaculado, que derrama sangue e inunda todo o jardim da alma, fazendo-o produzir frutos maduros de verdadeiras e autênticas virtudes…”

Em nosso último artigo para este blog, trazíamos ao debate o caso dos muitos sacerdotes que, no contexto eclesial de hoje, se sentem tristes e angustiados em meio aos seus afazeres paroquiais e pastorais. Intimamente desolados, a despeito da riqueza e da beleza da sua vocação, vários acabam até desenvolvendo graves sintomas de depressão. Ajuizávamos se isto não estaria se tornando um mal comum entre os padres por causa  de uma situação de carestia espiritual vivida por eles, de uma “rotina pastoral” na qual a vida de oração do padre se torna escassa e superficial, enquanto o sentido de sua vocação acaba se esvaindo em sucessivas tarefas espiritualmente improfícuas. Nesta correria, a sua confirmação na fé pelo amoroso diálogo com Deus e pela proximidade paternal no serviço aos irmãos é substituída por incessantes trabalhos que se revelam estéreis para a alma.

Dando certa sequência ao tema, neste artigo queremos salientar que aquelas observações referentes aos sacerdotes servem e são inteiramente válidas também para nós, leigos. Quando nos tornamos relapsos na nossa vida espiritual, rezando e contemplando pouco, recolhendo-nos nunca ou raramente num silêncio orante sem pressa, ou dedicando-nos somente a trabalhos áridos, que não consolam e alimentam o espírito, facilmente podemos nos sentir mais desanimados, confusos e tristes. E padecemos enquanto o santo remédio está bem ao nosso alcance!

Muito importa, portanto, que a alma do cristão leigo ocupe-se sempre de coisas revigorantes ao espírito, busque boas leituras, faça preces repletas de amor filial e sem pressa, empreenda apostolados salutares e busque caminhar sempre com Aquele que disse “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos.” (S. Mt. XXVIII, 20).

Facilmente se angustia o cristão que não reza com frequência ou não emprega o coração enquanto ora. Tanto na oração quanto no apostolado é preciso pôr o coração! Por isso São Camilo de Léllis exortava aos seus ministros dos enfermos: “Mais coração nas mãos, irmãos!

Que aprazível é para a alma sentir-se sempre na presença paterna e amorosa de Deus! E quão consolador é recordar-se sempre que temos do nosso lado também o fiel companheiro de jornada por Ele designado, o nosso Santo Anjo da Guarda, sempre disposto a nos defender, assistir e orientar no melhor caminho!

Este senso da presença divina e angélica junto de nós (e em nós!) não apenas nos previne do pecado, mas também da tristeza e da desolação.

Segundo diversos mestres e autores espirituais, faz bem até respirar orando! E que deliciosa experiência se tem ao orar com a respiração! Uma sugestão é inspirar o ar devagar enquanto se reza mentalmente: “Enchei-me, Senhor, com o Vosso Espírito.”. E expirar dizendo: “E esvaziai-me de mim mesmo.” Outra consiste em inspirar com a prece: “Recebo de Vós, ó Pai, o dom da vida.”. E expirar rezando: “E dou-Vos graças por ele.”. São muitas possibilidades de oração respiratória; o teor da prece vai da piedade pessoal de cada um.

São Josemaría Escrivá também insistia na importância de transformar o nosso trabalho e estudo corriqueiros em oração, fazendo com diligência e perfeição mesmo o mais simples trabalho doméstico; não por perfeccionismo, por vaidade ou amor ao lucro, mas por amor a Deus, para dar maior glória a Ele, que tudo nos dá e que é Perfeito e três vezes Santo!

É claro que a nossa mente se dispersa com facilidade e nem sempre estaremos respirando ou trabalhando com o espírito voltado para o Senhor, mas é bom e saudável para a alma exercitar-se nessa espiritualidade da oração constante. Isso ajuda muito a afastar os sentimentos e pensamentos ruins que muitas vezes nos acometem ou que o próprio demônio nos incute para fomentar em nós a desesperança e a tristeza.

As mazelas da alma que carece de alegria espiritual não são ruins apenas pela angústia que nos causam, mas também porque expressam: 1) ingratidão a Deus, que nos quer ver alegres pelos dons incontáveis que Ele já nos concede desde que nos chamou à existência, e 2) uma injusta desconfiança no Amor d’Ele e nos dons que Ele ainda nos quer conceder, se esperarmos fielmente na Sua generosa providência.

Em seu livro O Coração Orante, recentemente lançado, o arteterapeuta Lincoln Haas Hein, amigo do nosso Instituto, admoesta: “para que o extermínio dos maus não nos atinja, precisamos viver em santo recolhimento sob o abrigo do sinal batismal que foi em nós marcado. Precisamos mergulhar no interior e viver a partir dele, na presença de Deus” (p. 16)

Assim, não convém pensarmos na nossa interioridade como uma espécie de vácuo abismal ou de deserto, como um lugar vazio a ser preenchido, mas sim como um amplo, arejado e belo jardim. O seu jardim interior! E você é o guardião dele: a chave do portão que dá acesso ao jardim é sua! Esta chave chama-se “vida de oração”. Abra-o com frequência.

Dentro dele está Divino Jardineiro esperando-te. Ele quer que você O ajude a regá-lo, a arrancar as ervas daninhas, podar as flores, fertilizar a terra, rastelar as folhas secas. Ele quer passear nele, fazer-te companhia e deleitar-se contigo neste teu jardim interior! 

Na carta de Santa Catarina de Sena sobre o autoconhecimento (241) dirigida a Joana Maconi, a santa doutora assegura que “na cela interior de vossa alma encontrareis o homem-Deus, com grande doçura, refrigério e consolação. Assim, nada do que acontecer perturbará a alma, agora capaz de fazer a vontade divina.

Sem dúvida, vossa alma se transformará num jardim cheio de perfumadas flores no desejo santo. No centro da alma está plantada a árvore da santa cruz, onde repousa o Cordeiro imaculado, que derrama sangue e inunda todo o jardim da alma, fazendo-o produzir frutos maduros de verdadeiras e autênticas virtudes… Por isso eu não me maravilho quando quem fez da sua alma um jardim, pelo autoconhecimento, se mostre mais forte que o mundo inteiro. Ele se configurou com a suprema fortaleza e nesta vida começa a gozar as garantias da vida eterna. Domina o mundo e dele escarnece. Os demônios temem aproximar-se dela, que arde no fogo do amor divino.”

Sobre Luiz de Moraes

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