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A Visita dos Pastores e o Nascimento de Jesus – Reflexão de Natal

A Visita dos Pastores e o Nascimento de Jesus Cristo

O Nascimento de Jesus

Reflexão sobre a Homilia VIII de São Gregório Magno.

1. Como hoje, graças à generosidade do Senhor, celebraremos três missas [2], não nos é concedido fazer uma longa homilia sobre a passagem evangélica; mas a própria natividade do nosso Redentor nos obriga a dizer algo, ainda que brevemente. O que significa o censo do mundo, que ocorreu quando o Senhor estava prestes a nascer, senão claramente isto: que Aquele que veio à carne iria recensear seus eleitos para a eternidade? Contrariamente, o profeta exclama a respeito dos réprobos: Sejam removidos do livro dos vivos e não sejam listados entre os justos (Sl 68, 29).

[Nota-se que assim como Maria e José foram se recensear em Belém, assim Deus recenseará – ou seja – coletará os dados das pessoas, para julgar quem irá para o céu]

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O nascimento em Belém também tem outro significado: Belém deve ser interpretado como a “casa do pão” [3]. Pois foi Ele quem disse: Eu sou o pão vivo que desceu do céu (Jo 6, 51). Portanto, o lugar onde nasceu o Senhor foi primeiro chamado de casa do pão porque era ali que deveria aparecer, revestido de carne, aquele capaz de saciar interiormente a alma dos eleitos. 

[A fome do corpo é saciada com alimentos; a fome da alma é saciada com a Verdade. E na Eucaristia, nós comungamos a própria verdade: por isso a hóstia é verdadeiramente comida, e o vinho consagrado é verdadeiramente bebida para a alma. A Eucaristia é o que alimenta a alma que vive na fé]

Não nasceu na casa dos pais, mas durante uma viagem, para assim mostrar que, ao assumir a natureza humana, nascia como se fosse num local estrangeiro; estranho não segundo o seu poder, mas segundo a sua natureza. Pois, quanto ao seu poder, está escrito: Veio para o que era seu (Jo 1, 11). Ou seja, nascido em sua natureza antes de todos os tempos, assumiu a nossa [natureza] no tempo; e como, permanecendo eterno, apareceu no tempo, devemos dizer que veio como se estivesse em um lugar que lhe era estranho.

[Como a distância entre Deus e os homens é infinita. Foi uma incomensurável humilhação Deus ter se feito homem. Como imaginar que Deus se encarnaria neste mundo que é um nada em comparação à sua Grandeza? Ele não precisava disso, mas fez isso porque também é infinito o seu Amor]

Ao dizer o profeta: Toda carne é como a erva (Is 40, 6), Cristo, fazendo-se homem, transforma nossa erva em trigo, segundo disse de si mesmo: Se o grão de trigo que cai na terra não morre, fica só (Jo 12, 24). Por isso, ao nascer, é colocado no presépio para que aqueles animais santos, que simbolizam todos os fiéis, pudessem alimentar-se com o trigo da sua carne, para que não ficassem com fome do alimento da inteligência eterna.

[Assim como o trigo nutri os animais; assim a Eucaristia – que envolve o trigo que se transforma no corpo de Cristo – nutre a inteligência humana para as coisas eternas, pois não é um alimento meramente espiritual (no sentido de alimentar a razão natural do homem), mas principalmente sobrenatural (que pressupõe a razão natural e eleva esta razão para a revelação dos mistérios divinos].

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E por que o anjo aparece aos pastores que vigiam e o esplendor de Deus os envolve, senão para significar que merecem mais aos outros contemplar as coisas de Deus aqueles que custodiam com solicitude o rebanho dos fiéis? Quanto mais piedosamente velam por este rebanho, mais a graça divina desce abundantemente sobre eles.

[Os pastores dos animais simbolizam os pastores das almas, ou seja, aqueles marcados com o Sacramento da Ordem: porque se é natural que os pastores de animais vigiem e custodiem seus animais; é sobrenatural que os pastores da fé vigiem e custodiam a alma de seus fiéis, para que alcancem a salvação de suas almas e não sejam atacados pelos lobos].

2. É um anjo que anuncia o nascimento do Rei, e os coros de anjos unem-se à sua voz cantando com júbilo: Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade [4] (Lc 2, 14).

[Há três traduções envolvendo esta passagem. Há aquela que diz “paz na terra aos homens por Ele amado”; há a tradução da Vulgata, que é esta que lemos: “paz na terra aos homens de boa vontade”; e há a tradução grega: “paz na terra aos homens objetos de sua benevolência”. Como amor em nossos dias tende a ser compreendido de modo romântico e sentimental, as outras duas expressam uma verdade teológica que parece esquecida em nossos tempos: A paz é um dos frutos do Espírito Santo, e por isso terão paz os homens de boa vontade, ou seja, que atuam com o seu querer para fazer a vontade de Deus, porque só Deus é bom. Mas a tradução nos revela uma questão complementar: a paz na terra aos homens que são objeto de sua benevolência significa aqueles homens que aceitam a graça que Deus lhes envia para obrarem segundo a Vontade divina. Sem a graça, sem a alma estar em estado de graça, não há nem verdadeiramente paz e nem são esses homens objetos da benevolência, não porque Deus não queira enviar sua Graça para eles, mas porque eles, usando de seu livre-arbítrio, rejeitam essa graça ao não quererem confessar seus pecados e se emendarem dos erros].

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Na verdade, antes de o nosso Redentor nascer na carne, estávamos em discórdia com os anjos, de cujo esplendor e pureza estávamos bastante afastados por causa do primeiro pecado e pelas nossas transgressões quotidianas. Com efeito, porque, pecando, éramos estranhos a Deus, os anjos, cidadãos da cidade de Deus, consideravam-nos completamente estranhos à sua companhia. Mas uma vez que reconhecemos o nosso Rei, os anjos também nos reconheceram como concidadãos. Pois como o Rei do céu assumiu nossa carne amassada pela terra, a grandeza angélica deixou de desprezar a nossa enfermidade. Assim, os anjos voltam à paz conosco e põem de lado as mágoas da antiga discórdia; e aqueles que antes desprezavam por serem fracos e pecadores, agora veneram como amigos. A partir disso, explica-se por que, por um lado, Ló (cf. Gn 19,1) e Josué (Js 5,14) adoraram anjos sem que esta adoração lhes fosse proibida, enquanto João, por outro lado, quando no Apocalipse quis adorar um anjo, foi proibido pelo mesmo anjo com estas palavras: ‘Não faças isto! Sou um servo como tu e teus irmãos’ (Ap. 22, 9). Por que os anjos, antes da vinda do Redentor, eram adorados pelos homens e ficavam em silêncio, mas, depois, se opuseram a isso, senão porque temem ver prostrada a seus pés a nossa natureza que, a princípio por eles desprezada, foi elevada acima da deles? Não ousam mais desprezar como inferior e fraca aquela natureza que agora, assumida pelo Rei do céu, veneram acima da sua. E assim não ousam recusar acolher o homem como amigo, aqueles que adoram o Homem-Deus. Cuidemos então, caríssimos irmãos, para não nos poluirmos com nenhuma impureza, nós que na presciência da mente divina somos concidadãos da cidade de Deus e iguais aos seus anjos.

[Assim como Jesus Cristo é Deus e Homem, os batizados e que estão em Estado de Graça também são homens divinizados. A diferença é que Jesus Cristo tem a divindade por natureza, enquanto nós a temos por participação, com o Espírito Santo habitando nossa alma. E é por isso que, embora em natureza sejamos inferiores aos Anjos, em graça somos superiores, há realmente – como enfatiza principalmente a teologia oriental – uma divinização de nossa alma. Há inclusive a hipótese teológica de que esta foi a revolta de Satanás, sua soberba não admitiu ter que servir aos homens (em especial, a Nossa Senhora). Seja como for, quando estamos em estado de graça, estamos em amizade com os Anjos, porque somos concidadãos do céu. Por outro lado, o pecado moral retira de nós a graça divina e, em inimizade com Deus, estamos fora da cidade celeste. Quando caímos nesse lastimável estado, o remédio é a Confissão].

[E para fechar com chave de ouro, temos esse belíssimo resumo de como deve ser a vida Cristã:]

Testemunhemos com a nossa vida a nossa dignidade: não deixemos que nenhuma luxúria nos contamine, que nenhum pensamento torpe nos acuse, que nenhuma malícia corrompa a nossa alma, que a ferrugem da inveja nos consuma, que nenhum orgulho nos inche, que nenhuma ambição nos rasgue pela sedução dos prazeres terrenos, que nenhuma ira nos inflame; pois, os homens foram chamados de deuses (cf. Sl 82,6). Portanto, ó homem, defende em ti a honra de Deus contra os vícios, porque, por causa de ti, se fez homem Deus, que vive e reina por todos os séculos dos séculos. Amém.

[Devemos, pois:

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Não nos contaminar com a luxúria, pois de fato, os vícios que dela procedem trazem impurezas para a alma, poluindo nossa mente para os bens espirituais e para a pureza.

Que não sejamos acusados pelos pensamentos torpes, isto é, que não consintamos em ideias malignas, pois caso contrário, servirão de provas para nossa condenação ao inferno.

Que não sejamos consumidos pela ferrugem da inveja. De fato, a ferrugem corrói a liga ferrosa, deixa-a fraca e distorcida. De fato, a inveja faz isso em nossa alma, porque em vez de nos alegramos com o bem alheio, ficamos tristes, ou seja, não vivo a minha vida, mas me meço pela alheia considerando que suas conquistas não são merecidas. E assim como a ferrugem assinala a perda de propriedade do ferro, assim a inveja consome nossa, por assim dizer, essência, pois passamos a medir a qualidade de nossa vida pela dos outros.

Que nenhuma malícia corrompa nossa alma. De fato, o pecado corrompe porque nos faz inimigos de Deus e amigos de Satã. De fato, a corrupção do mal nos desvia do caminho da salvação.

Que nenhum orgulho nos inche. De fato, o ego inchado sai de seus limites legítimos para cobrar e exigir mais do que é justo. É inchado porque o ego quer ocupar um lugar maior do que merece.

Que nenhuma ambição nos rasgue. Pois, realmente, se vivo para as coisas do mundo, estou rasgado, pois não sou que domino as coisas, mas as coisas que me dominam.

Que nenhuma ira nos inflame. O fogo pode ser tanto o símbolo do amor, porque ilumina e aquece, quanto do vício da ira, porque o fogo também pode queimar e causar dor e sofrimentos tanto à própria alma quanto aos outros.

“pois, os homens foram chamados de deuses” – a elevação de nossa natureza pela participação na divindade, o que se dá pela graça santificante.

“ó homem, defende em ti a honra de Deus contra os vícios, porque, por causa de ti, se fez homem Deus” – Pelo mérito da Cruz, Cristo obteve para nós o mérito dessa nova vida, que é a alma em estado de graça e com capacidade de praticar a caridade, isto é, atos sobrenaturais. Porém, podemos perder isso com os vícios, saindo da honra de ter uma alma em amizade em Deus para cair em desgraça, a queda do estado de graça que é passagem segura para os tormentos eternos.]

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Augusto Pola Júnior

Augusto Pola Júnior

Vice-presidente do Instituto Santo Atanásio, seu maior interesse de estudo é psicologia (em especial a tomista) e espiritualidade. Possui especialização em Logoterapia e Análise Existencial e em Aconselhamento e Orientação Espiritual.
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